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sexta-feira, 2 de outubro de 2020

Os Desafios do Processo Eleitoral Atual - Vale a Vida por um Voto?

 

O processo eleitoral embrutece e aliena uma parte da sociedade? Que tipo de abordagem poderá ser diferente nessas eleições? Vale tudo por um voto? Que estratégia seguir para atrair a atenção do eleitorado sem riscos? Como atingir números exponenciais de votos sem invadir a vida das pessoas ou levar o vírus a tiracolo nas diversas formas de abordagens?

São perguntas de respostas complexas, que exigem muita responsabilidade para respondê-las ou um grau de comprometimento muito alto de quem está planejando em equipe e buscando as melhores alternativas em busca de resultados.

Desafiando-nos em busca do grande Eixo que sustentava um mutirão habitacional de 200 famílias em São Bernardo do Campo em 1989, Paulo Freire nos fez uma analogia com um carrossel e nos pôs a refletir por dois dias, até chegarmos à conclusão de que aquele trabalho só poderia ser chamado de mutirão quando a entidade e as pessoas que o compunham saíssem do individual para o coletivo, que muda todo percurso e cria uma nova concepção de projeto e de estratégias de planejamento. Paulo Freire viajou conosco nos nossos sonhos de moradia e na concepção de habitar em comunidade a partir de uma prática coletiva, que remete a um trabalho de mente e coração na construção de vários sentimentos juntos e ações a várias mãos.

Passadas algumas décadas da nobre conversa com Paulo Freire e com um trabalho de gestão e científico que lhe dá sustentação, não tenho dúvidas que um trabalho eleitoral compartilhado e participativo é um grande mutirão, com todos os ingredientes, crises humanas e interesses diversos que pauta o dia a dia de quem o compõe. Porém se uma casa for erguida nesse formato ou uma campanha eleitoral for bem trabalhada nessa direção, o sabor de vitória será vivenciado independente do resultado final.

Como pesquisador focado no momento, trago uma visão bem conservadora a partir de algumas leituras do que vivemos e de algumas conversas sobre a abordagem convencional de candidatos e candidatas em tempos de pandemia. Há um sentimento de necessidade de distanciamento de candidatos e candidatas, que surgem do nada para atrair a atenção da população em todos os ambientes possíveis e uma irritação grande sobre o grande número de materiais que irá inundar as caixinhas de correio de milhares de pessoas, onde a maioria não será lida e sim irá direto ao lixo.

Não precisa ser um exímio analista político formado em Harvard para se chegar à conclusão de que estaremos diante de uma eleição com uma complexidade jamais imaginada e que requer muita calma diante dos perigos eminentes e uma dose alta de sabedoria para se buscar os resultados esperados sem se comprometer com o que possa ocorrer nas abordagens e ações impensadas em busca de votos, assim como com os cuidados com a própria vida. O que fazer para se tornar uma campanha competitiva?

Creio que a melhor saída para quem preserva a vida ou não quer se comprometer com a saúde alheia, seja uso inteligente, estratégico e planejado das Redes e Mídias Sociais, aliado a um plano de ação de pequenas reuniões agendadas, com todo cuidado sanitário possível e alternativas virtuais que sejam capazes de levar a proposta a milhares de pessoas com um custo baixo e pelo menos um momento de materiais impressos, principalmente na reta final, mesmo se correndo o risco de contaminar alguém e o material ir direto ao lixo. Para os bons ou para as boas, entendedores e entendedoras, chegou o momento de se intensificar o trabalho em rede, tanto virtual como presencial, com agentes multiplicadores de um projeto, uma ideia e uma ação.

Tem duas coisas na política que nossas mães nos ensinaram e continuam como verdades quase absolutas: “Diz-me com quem andas que direi quem és” e “Tudo na vida tem um preço”, ainda mais na vida política eleitoral que é pautada cem por cento por interesses diversos, sejam pessoais ou dos grupos onde a maioria está envolvida.

Que possamos tirar desse processo eleitoral os ensinamentos necessários para a construção de um futuro sem Medo de Ser Feliz, com Campanhas e possíveis Mandatos Compartilhados e Participativos, onde a nossa dignidade seja preservada e a luta por direitos, através da organização popular, seja a pauta principal, independentemente dos resultados eleitorais. Que tal?

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social
tonicordeiro1608@gmail.com

5 comentários:

  1. Essas eleições serão as mais difíceis dessa nossa retomada de processo democrático. Sim, retomada. Ainda temos uma democracia frágil onde as pessoas não conseguem nem diferenciar o bem do mal. Temos um vírus mortal que está ceifando vidas. Temos redes sociais sendo usadas de modo irresponsável e destrutivo. Precisamos parar e usar a cabeça. Meditar sobre um assunto não é repetir chavões. É realmente entender a diferença entre plataforma eleitoral, que vise um bem maior, e uma campanha eleitoreira, que só visa o poder a qualquer preço. Precisamos dessa análise do amigo Toni para seguir com responsabilidade.
    Quem sabe nos livramos de mais do que um vírus mortal?

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  2. Olá minha amiga Rita. Muito grato pela leitura e pelo comentário.
    A busca de votos se tornou o mesmo sempre e precisamos mostrar que existem pessoas diferentes se candidatando e métodos novos. Só que para isso se faz necessário humildade e aprender, crescer e mudar.

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  3. O desafio maior é sair de si para o coletivo - a companheira Dulce Xavier me segredou esse ingrediente fundamental para a concretização da Educação Popular.

    Pelo texto do companheiro Toni, percebo que em todo espaço de luta, é isso que vale: pensar e agir no plural.

    Obrigada por fazer parte do "nós", companheiro.

    Sigamos

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  4. Olá Carol muito grato pela leitura e pelo comentário.
    Ser plural é o diferente e como é difícil ser diferente num mundo tão igual...
    Eu que agradeço esse aprendizado coletivo.

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  5. Muito bom o artigo Toni. Particularmente estou cético com essas eleições, ainda está sofre o efeitos dos fakes, do ódio e da falta de compreensão da maioria da população sobre os objetivos do golpe que levou-nos a esse beco sem saída. Não estou vendo luz no final do túnel.

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