O processo eleitoral embrutece e
aliena uma parte da sociedade? Que tipo de abordagem poderá ser diferente nessas
eleições? Vale tudo por um voto? Que estratégia seguir para atrair a atenção do eleitorado sem riscos? Como atingir
números exponenciais de votos sem invadir a vida das pessoas ou levar o vírus a
tiracolo nas diversas formas de abordagens?
São perguntas de respostas complexas,
que exigem muita responsabilidade para respondê-las ou um grau de
comprometimento muito alto de quem está planejando em equipe e buscando as
melhores alternativas em busca de resultados.
Desafiando-nos em busca do grande Eixo
que sustentava um mutirão habitacional de 200 famílias em São Bernardo do Campo
em 1989, Paulo Freire nos fez uma analogia com um carrossel e nos pôs a refletir por
dois dias, até chegarmos à conclusão de que aquele trabalho só poderia ser
chamado de mutirão quando a entidade e as pessoas que o compunham saíssem do
individual para o coletivo, que muda todo percurso e cria uma nova concepção de
projeto e de estratégias de planejamento. Paulo Freire viajou conosco nos
nossos sonhos de moradia e na concepção de habitar em comunidade a partir de uma prática coletiva, que remete a um
trabalho de mente e coração na construção de vários sentimentos juntos e ações a várias mãos.
Passadas algumas décadas da nobre conversa com Paulo Freire e com um
trabalho de gestão e científico que lhe dá sustentação, não tenho dúvidas que um trabalho eleitoral
compartilhado e participativo é um grande mutirão, com todos os ingredientes, crises
humanas e interesses diversos que pauta o dia a dia de quem o compõe. Porém se uma casa for erguida nesse formato
ou uma campanha eleitoral for bem trabalhada nessa direção, o sabor de vitória
será vivenciado independente do resultado final.
Como pesquisador focado no momento,
trago uma visão bem conservadora a partir de algumas leituras do que vivemos e
de algumas conversas sobre a abordagem convencional de candidatos e candidatas
em tempos de pandemia. Há um sentimento de necessidade de distanciamento de
candidatos e candidatas, que surgem do nada para atrair a atenção da população em
todos os ambientes possíveis e uma irritação grande sobre o grande número de
materiais que irá inundar as caixinhas de correio de milhares de pessoas, onde
a maioria não será lida e sim irá direto ao lixo.
Não precisa ser um exímio analista
político formado em Harvard para se chegar à conclusão de que estaremos diante
de uma eleição com uma complexidade jamais imaginada e que requer muita calma
diante dos perigos eminentes e uma dose alta de sabedoria para se buscar os
resultados esperados sem se comprometer com o que possa ocorrer nas abordagens
e ações impensadas em busca de votos, assim como com os cuidados com a própria
vida. O que fazer para se tornar uma campanha competitiva?
Creio que a melhor saída para quem
preserva a vida ou não quer se comprometer com a saúde alheia, seja uso
inteligente, estratégico e planejado das Redes e Mídias Sociais, aliado a um
plano de ação de pequenas reuniões agendadas, com todo cuidado sanitário
possível e alternativas virtuais que sejam capazes de levar a proposta a
milhares de pessoas com um custo baixo e pelo menos um momento de materiais
impressos, principalmente na reta final, mesmo se correndo o risco de
contaminar alguém e o material ir direto ao lixo. Para os bons ou para as boas,
entendedores e entendedoras, chegou o momento de se intensificar o trabalho em
rede, tanto virtual como presencial, com agentes multiplicadores de um projeto,
uma ideia e uma ação.
Tem duas coisas na política que
nossas mães nos ensinaram e continuam como verdades quase absolutas: “Diz-me com quem andas que direi quem és” e “Tudo na vida tem um preço”, ainda mais
na vida política eleitoral que é pautada cem por cento por interesses diversos,
sejam pessoais ou dos grupos onde a maioria está envolvida.
Que possamos tirar desse processo
eleitoral os ensinamentos necessários para a construção de um futuro sem Medo de Ser Feliz, com Campanhas e possíveis Mandatos Compartilhados e Participativos, onde a nossa dignidade seja preservada e a luta por direitos, através da organização popular, seja a pauta principal, independentemente dos resultados eleitorais. Que tal?
tonicordeiro1608@gmail.com
Essas eleições serão as mais difíceis dessa nossa retomada de processo democrático. Sim, retomada. Ainda temos uma democracia frágil onde as pessoas não conseguem nem diferenciar o bem do mal. Temos um vírus mortal que está ceifando vidas. Temos redes sociais sendo usadas de modo irresponsável e destrutivo. Precisamos parar e usar a cabeça. Meditar sobre um assunto não é repetir chavões. É realmente entender a diferença entre plataforma eleitoral, que vise um bem maior, e uma campanha eleitoreira, que só visa o poder a qualquer preço. Precisamos dessa análise do amigo Toni para seguir com responsabilidade.
ResponderExcluirQuem sabe nos livramos de mais do que um vírus mortal?
Olá minha amiga Rita. Muito grato pela leitura e pelo comentário.
ResponderExcluirA busca de votos se tornou o mesmo sempre e precisamos mostrar que existem pessoas diferentes se candidatando e métodos novos. Só que para isso se faz necessário humildade e aprender, crescer e mudar.
O desafio maior é sair de si para o coletivo - a companheira Dulce Xavier me segredou esse ingrediente fundamental para a concretização da Educação Popular.
ResponderExcluirPelo texto do companheiro Toni, percebo que em todo espaço de luta, é isso que vale: pensar e agir no plural.
Obrigada por fazer parte do "nós", companheiro.
Sigamos
Olá Carol muito grato pela leitura e pelo comentário.
ResponderExcluirSer plural é o diferente e como é difícil ser diferente num mundo tão igual...
Eu que agradeço esse aprendizado coletivo.
Muito bom o artigo Toni. Particularmente estou cético com essas eleições, ainda está sofre o efeitos dos fakes, do ódio e da falta de compreensão da maioria da população sobre os objetivos do golpe que levou-nos a esse beco sem saída. Não estou vendo luz no final do túnel.
ResponderExcluir