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quinta-feira, 29 de abril de 2021

O amanhã é uma esperança na moeda atirada na fonte dos desejos...

Como será o amanhã? Onde devemos concentrar as nossas expectativas para o amanhã? Quem estará conosco quando a primavera passar e chegar aquele frio na alma que a aparência já não dá mais conta? Tem como compor um projeto ou uma vida com alguém pensando apenas no hoje?

Diante do momento atual numa sociedade em crise de valores, que vive de resultados e de aparências de corpos e de vida, onde uma grande parte discrimina as pessoas, seja pela cor, pela idade, pela opção sexual, pela etnia, pela aparência e principalmente pela questão econômica pessoal, o amanhã passa a ser um desejo depositado numa moeda atirada na fonte da vida ou num poço da sorte. Quem viveu o ontem e não aprendeu com as diversas relações, ou quem vive o hoje sem rever suas marcas no corpo, na pele e na alma, não está preparado ou preparada para o amanhã. Lembrando que tudo que vivemos hoje amanhã será passado.

Caminhando pelo interior da discriminação com as pessoas idosas, materializada politicamente há alguns anos pela Christine Lagarde, na ocasião diretora do FMI, afirmando que o mundo tinha muitos velhos e era um custo muito alto para o capitalismo e agora chancelado pelo Ministro da Economia do genocida, ela apenas sinaliza para o topo do iceberg existente. É uma discriminação que está no centro da sociedade, escondida nas aparências. Algo que está presente até em várias relações amorosas.

A partir desse cenário, ponho a me perguntar: O que as pessoas que acham que serão eternamente jovens de aparência, buscam e esperam de fato para o amanhã? Que expectativas terão? Onde guardarão seus preconceitos? Como agirão caso um dia sejam também discriminadas? Quem eles ou elas gostariam de ter aos seus lados quando a velhice chegar? O que farão quando a aparência já não for mais o cartão de visita para qualquer tipo de relacionamento?

Enfim, são inquietudes que nos levam a uma profunda reflexão de vida e de que sociedade temos e que sociedade queremos. Vale lembrar que a sociedade de uma forma geral expõe o pensamento vivo de seus habitantes e também as suas contradições.

Como projeto de vida, o amanhã é apenas uma aposta que habita em nossas imaginações. Algo presente em nossos sonhos diários. É uma manifestação individual, mesmo num processo coletivo, por estarmos falando de uma fração de tempo onde não temos o menor controle sobre ele. Dependemos da sorte para continuarmos em vida e bem, para que as nossas expectativas tenham chance de se realizarem. Além disso, sabemos que tudo pode mudar numa fração de segundo, para uma situação melhor ou pior.

Estamos num momento de plena contradição humana, com muita gente perdida ou afogada em suas vaidades ou decepções. Vivemos nos guetos da vida por pensarmos diferente da maioria, sonharmos com uma nova sociedade e não aceitarmos negociar nossas dignidades. Buscamos muitas vezes em plena escuridão uma dose de bem estar para que possamos dormir bem hoje e acordarmos amanhã com um ar de quem deu de cara com uma expectativa realizada. Por isso o encontro de almas é tão essencial.

O amanhã é sonho. É fantasia. É a ponte para os nossos desejos. É a busca incontida de qualidade de vida. É um caminho a ser trilhado por amor e por amar e também uma aposta nos encontros humanos. Por isso requer sonhos, vontades, lealdade, transparências nas etapas, carinhos e planos discutidos passo a passo, que contenham nossas expectativas, mesmo que não aconteçam. O amanhã é uma mistura de brincadeira de roda em noite enluarada, com outras formas de brincar de vida na ciranda do tempo.

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social


Imagem disponível em: 
https://fpinacia.blogspot.com/2017/01/dinamica-fonte-dos-desejos.html


6 comentários:

  1. Excelente texto,uma reflexão para atualidade

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  2. Grato pela leitura e comentário
    Abraço

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  3. Minha neta Manuela, 6 anos, ontem me perguntou:” Vó porque tem horas que eu sou grande para algumas coisas e pequena para outras? Isso é muito chato!
    E eu fiquei a pensar em que medida estamos adequadas/os/es as exigências da vida e aos nossos desejos e necessidades mais secretos?
    Penso que equilibrar-se diante dessas contradições da vida sem perder a nós mesmos e sem nos perdermos do outro, do cosmo torna-se em cada época a grande aventura de viver.
    O que é incondicional é inegociável e a garantia do respeito à dignidade humana.

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    Respostas
    1. Pois é Angelica.
      Entre a raiz e a flor há o tempo que é senhor da razão e que no leva a depurar a vida e a seguirmos em frente em busca dos nossos sonhos.
      Obrigado pela leitura e pelo comentário.

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  4. Finalmente lendo seu texto, que está lindo, e me pego novamente pensando nas coisas que vejo e ouço. Gente boquirrota dizendo que deveriam era vacinar os mais jovens, porque os idosos "já viveram"; ou coisas como essa vaga não é adequada para você e o único motivo é a sua idade. Me peguei lembrando a cena de Danton indo para a guilhotina e passando embaixo da janela de Robespierre. Em um olhar ele dizia: você é o próximo! É o que me pego pensando quando alguém, no auge da juventude fica pasmo diante da velhice. Você é o próximo...

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  5. Olá minha amiga Rita de tantas caminhadas e de luta. Viver é isso.
    Ora provamos do mel e ora temos que lutar pela pura sobrevivência e contra todas as formas de discriminação existentes na sociedade. Muitas delas veladas ou disfarçadas de uma risada marota. Vou morrer lutando. Sonhando e me refazendo todos os dias.
    Obrigado pela leitura e comentário

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