Estruturas
Verticais de Poder são formas de relacionamentos, aonde as decisões vêm sempre
de cima para baixo, seguindo uma hierarquia de comando, constituída nem sempre
de forma consensual e democrática, onde quem tem mais poder, seja pelo
econômico, por mandato ou na hierarquia das direções acaba impondo as regras.
Esse é um fenômeno recorrente em praticamente todas as instituições e
organismos.
A
meu ver duas coisas no universo político andam em descompasso com o modelo de
estrutura de participação que defendemos, além de encará-las como um processo
excludente em qualquer organismo ou estrutura de poder.
Uma
delas comentada no post anterior versa sobre que enxerga a base como “massa”,
por ser desrespeitoso, nivelar por baixo e seguir o mantra instituído pela
direita de que a massa só serve para experiências de exploração e para servir ao
poder. Algo essencial para a manutenção do poder vertical.
A
outra é a estrutura vertical de poder construída no seio dos organismos,
instituições, partidos e na maioria de qualquer coletivo, onde o andar de baixo
na pirâmide hierárquica não participa das conversas com o andar de cima e muito
menos das decisões principais. Só chega o que seus representantes, imbuídos
muitas vezes por questões emocionais ou política-ideológica querem e podem
passar. Isso interfere diretamente num processo de integração, retarda o
crescimento de criticidade, além de não contribuir para o crescimento
intelectual de quem compõe o grupo, que serão quando muito, tarefeiros e tarefeiras de uma
ação de comando ou de uma atividade qualquer.
Ao
participar de um organismo ou entidade, subtende-se que todos e todas que
integram tenham interesse e/ou necessidade de discutir para onde, com quem e
como se caminha, além da discussão das táticas de atuação em tempo. Quando a coisa chega
pronta ou não chega, fica presa na esfera superior, a base desse organismo ou
entidade também é tratada como “massa” e “massa” não pensa e nem age.
Não estou me referindo a uma
regra do tipo de um centralismo democrático, que normalmente é algo construído
de forma coletiva e que é acatado por todos e por todas a partir de acordos,
pois sabem de suas tarefas e importância no grupo e sim de praticas que vivenciamos
nos organismos e entidades, onde as decisões não são informadas ou socializadas
e os encaminhamentos chegam a doses homeopáticas, o que a meu ver nada agrega, apenas interferem no comportamento geral de seus e de suas participantes.
Estruturar
um projeto participativo e popular a várias mãos, sem enxergar o popular apena
como “massa”, a ser usada na hora do bolo, que tenha conteúdo suficiente para
dar conta das diversas carências e necessidades da sociedade e também
valorizando as pessoas, cada uma com seu potencial interior e de experiência de
vida, além de valorizar as pessoas através de tarefas programadas, para que as
mesmas não se sintam menores numa escala de valores existente nas estruturas de
poder, quem sabe seja a maior tarefa de um ou uma representante do povo, que
defende a construção da luta de forma coletiva, seja num cargo público, na direção
partidária ou de uma instituição.
O que fazer diante dessa
cultura vertical? Quais seriam as possíveis saídas?
Creio que mexer num processo cultural não é nada fácil, pois as estruturas de poder já estão montadas a partir de velhos métodos. Fazem da representatividade pessol algo comum e natural, como se fato fosse. Porém, se defendemos a participação como eixo de uma causa coletiva e defendemos o crescimento das pessoas através da formação, faz-se necessário mexermos nas estruturas, socializarmos os processos, criarmos juntos e juntas em grupos de trabalho e descermos às bases em busca de contribuições. Imagino ser esse o caminho de quem se apresenta como liderança.
Porém se nada for feito, quem sabe um dia, cheguemos ao que um pensamento da década de 80 dizia: “Acima os de baixo e abaixo os de cima”!
Bem vindos e bem vindas ao mundo
das discussões na essência e pela base.
Antonio Lopes Cordeiro
(Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social
Mais uma vez, o olhar respeitoso e crítico do Toni vai além, descortinando possibilidades de recomeços aonde parecia tudo perdido.
ResponderExcluirParece mesmo um processo cansativo e doloroso, este de enxergar possibilidades no meio da "massa," sempre tão explorada pelos podres poderes.
Desanima não, companheiro Toni! Tua luta de sonhador há de ter a recompensa do guerreiro que não se cansa de tentar descobertas, todas ao alcance das pessoas que também estejam dispostas a caminhar por outras estradas. Por veredas de justiça e de verdade.
Olá companheira.
ResponderExcluirQuem luta por uma causa não desiste nunca, mesmo diante das tempestades. Obrigado pela leitura e pelo olhar sempre carinhoso. Grato
Vários obstáculos nos surgem quando tratamos de consciência da realidade, principalmente o jogo de interesses dos envolvidos...
ResponderExcluirO sistema nos escraviza e nos molda para que sigamos o jogo ditado pelos "de cima". Medo, insegurança e alienação fazem parte da cartilha do capitalismo, a fim de se perpetuarem no poder e garantir suas riquezas;
Nos resta a resistência e a união de quem já caiu na real, com força, coragem e muita persistência, no sentido de convencer a massa a tomar consciência da sua realidade.
Olá companheira Arlete
ResponderExcluirSomos a vanguarda de uma inquietude coletiva. Trabalhamos pelo bem comum.
É isso que nos une. É isso que nos fortalece para seguir caminho rumo a uma sociedade justa, fraterna e igual para todos e todas. Grato pela leitura e comentário.