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sexta-feira, 23 de julho de 2021

Dizem os contos que podemos ser o que quisermos ser. Será...?

 

Quem somos de fato diante de uma sociedade de valores tão vis? Quem sabe sejamos o resultado das nossas escolhas, das nossas crenças e principalmente do que defendemos como modelo de vida e sociedade e com isso nos vão excluindo. No entanto, isso nos define e nos loga ao mundo das utopias, rumo a uma sociedade que não nasça do espólio de quem tem, mas que seja resultado da luta que travamos para que todos e todas possam também ter o que sonham desde crianças. Somos a resistência viva que pulsa nos corações utópicos.

Do outro lado do nosso mundo imaginário, uma sociedade pálida, sem cor, sem brilho e principalmente sem amor ou em desamor, onde os guetos tecnológicos substituem as brincadeiras de rodas, de pião, de bolas de gude, de pipas no ar e a construção de pequenos sonhos que se criavam num leve pensar do que seríamos quando crescesse.

Uma sociedade perdida nos desencontros amorosos, descartados em muitos casos com o risco de virar “casais margarina”. Algo que se aproxime do velho patriarcado. Sedenta apenas por prazer, como se só o prazer, desse conta da solidão, das incompleitudes humanas e das humaneidades ou humanescencias (como diz Mia Couto), que os seres humanos normais necessitam e se fundem quando Almam juntos.

Uma sociedade que nos mede pelas contas bancárias, pelo tipo e valor do carro que temos, pelos iphones versus os pobres celulares e por tantos outros equipamentos e bens de ultima geração, que só uma pequena parte tem direito a ter. Uma sociedade loucamente consumista que gira apenas para no máximo um terço da humanidade. As demais pessoas procuram a felicidade à sua maneira. Ao seu modo.

Nós pobres mortais do mundo real, às vezes sonhamos apenas em ser o último pensamento da noite e o primeiro do dia na vida de alguém e com o que gostaríamos de ser que ainda não somos, mas que um dia poderemos ser. Isso nos faz não desistirmos nunca.

Diante das nossas emoções, dizem as fadas e os duendes de plantão, que podemos ser o que quisermos ser, no micro universo que idealizamos ao sonhar com duas almas se encontrando para vadiar em noites estreladas ou numa estradinha qualquer de uma floresta encantada, que pintamos em nossas imaginações. Chamam isso de amor. Eu prefiro me metamorfosear sempre a ser aquela velha opinião formada sobre tudo... Por isso continuo em sonho... 

Ontem eu me lembrei que eu já fui tudo. Já fui nada e hoje me procuro para saber quem eu sou. Apenas sei que trago na bagagem anos de experiências e de vivências humanas e reais. Luto diariamente contra a dolorida discriminação de quem acha que não tenho mais idade para ser e sonho com uma casinha pintada de branco, com uma rede na varanda e uma noite estrelada, onde eu possa cantarolar o que o meu coração pedir, pois quem vai estar ao meu lado vai cantar comigo até o raiar do dia.

Que sejamos o que for possível ser e onde as nossas imaginações nos levar, mas bom mesmo é se formos liberdade de asas que voam nos pensamentos de alguém, que nos recebe em manhãs, tardes ou noites, porque o pulsar do coração não se limita ao tempo e pede sempre companhia para compor um conto que sirva para o futuro.

Quem sabe sejamos flores que nasceram por destino ou acaso, sem avisar, num lugar que seria quase impossível germinar. Reguem-nos que seremos jardim!

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em gestao Social


11 comentários:

  1. Esperançar emociona.

    Esperançar é sempre no plural.

    Agradeço por mais esse abraço!

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    1. Olá Carol
      O que nos resta é esperançarmos.
      Viver é isso. Vencer os obstáculos e esperar a tempestade passar, pelo prazer de um arco-iris. Obrigado pela leitura e comentário.

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  2. Dizem que querer e poder. Nem sempre é assim, mas o fato de querer abre uma possibiidade futura. Vale a pena cotinuar acreditando ser possível.
    Grato pela leitura e comentário

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  3. Parabéns pela sua percepção, sensibilidade, linguagem inspirada e instigante a reflexão.

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    1. Pena que nao consegui ver quem escreveu, mas obrigado pela sensibilidade da resposta. Isso sempre me anima.
      Grato pela leitura e comentário.

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  4. Gostei dos "casais margarina" cada texto um termo novo, parabéns 😏

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    1. Olá meu irmão
      Pois é. É uma longa história...
      Obrigado pela leitura e comentário.
      Procuro sempre inovar buscando pensamentos e reflexões que tragam leitoras leioraes para o universo que descrevo.
      Grande abraço

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  5. Esse texto é um belo diálogo interno entre vida, sonho, realidade e expectativas.
    Uma viagem!
    Que bom, Toni!
    Um exercício de auto conhecimento, um dialogo interior, reflexões sobre o drama existencial da humanidade, ser uno, ser com,e seus “entretantos” , em uma sociedade que homogeneiza o diferente e difere o semelhante.
    Um dilema de dentro pra fora e de fora para dentro, que não tem modelo e nem receita. Pois o que seria afinal para tantas diferentes gentes a tal felicidade?
    Ela sobrevive em situações tão inóspitas e sucumbe em vidas tão abundantes e resiste, apesar de tempos sombrios e de luto.
    Pegar leve, viver cada segundo como se último fosse, dar vazão ao que de melhor se pode ser, sem esperar de outrens, com a mente aberta, espinha ereta, talvez, sejam mistérios para um coração tranquilo. VAI SABER!!!
    Estamos em passagem e tudo passa, as dores, as alegrias, os dissabores e os sabores, cabe-nos, resielientemente, desesperar jamais.
    E fazer de cada dia de vida, um dia de graça, um regozijo, um descanso, uma luta, um aprendizagem, um refazer-se, um desfazer-se, uma viagem interior, um interagir, um uno, um com.
    O riso e choro, são face dessa aventura chamada vida, não passamos ilesas por ela. Faz parte dessa jornada.
    O que nos anima é a utopia de eliminarmos as condições que subjugam e aniquilam o sonho, a justiça, a dignidade humana, a existência.
    E a luta diária por um mundo plural, democrático, inclusivo, solidário e afetuoso que faz com que flores, amor, poesia se sobreponham à violência, pobreza, desigualdades, injustiça, exclusões, tirania.
    Entre a luta e resistências, seu texto é um convite a brincar de viver, experiência que cada um tem seu modo de ser.
    Sem pressa de algum ou nenhum juízo final.
    Que tal?

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    1. Minha cara Angélica
      Numa sociedade de classes como vivemos nunca foi fácil, principalmente para a maioria da população composta por mulheres, negros e negras e trabalhadora, onde a exploração fala mais alto e acabam virando massa de manobra de um pequeno setor que domina os meios de comunicação, que se tornou o quarto poder e conseguem passar o medo e a descrença do que para nós continua em luta por direitos. Quem tem uma causa par lutar nunca abandonará o fronte, pois a luta é contínua em busca das nossas utopias
      Em regras gerais a pandemia nos desconstruiu, não em termos de princípios, mas em alguns valores e no próprio comportamento de vida. Nunca mais seremos os mesmos ou as mesmas depois desse furacão que abalou o planeta. Precisamos todos os dias nos reinventar.
      Quando eu escrevo, me desnudo. Ponho pra fora minhas angustias, sonhos e também minhas utopias. Fico muito feliz quando quem me lê consegue, não só entender minha narrativa, mas embarca comigo nas minhas viagens mentais em busca da essência de vida.
      Sua narrativa abrangente em reposta consegue ser mais precisa que o próprio texto. Que bom que o texto conseguiu te fazer viajar também por esse mundo louco em busca de brincar de viver. Algo que nos faz acreditar que o melhor ainda está por vir.
      Muito grato pela leitura e principalmente pela leveza de seus comentários, que me faz querer continuar escrevendo em busca de sinergia com outro mundo possivel.

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  6. Ótima leitura, concordo com o que vc fala

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