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quarta-feira, 18 de maio de 2016
domingo, 15 de maio de 2016
Ai que saudades das Cebolas do Egito
Bruno Francisco Pereira
Os últimos
acontecimentos do país são sinais claros que estamos em tempos de muita disputa
e muitas coisas ainda necessitam ser esclarecidas, mas uma coisa é muito clara
o GOLPE da elite brasileira cada vez mais se consolida. Cabe também neste
momento uma reflexão bastante coerente, clara e objetiva do que está por detrás
deste golpe, e ao mesmo tempo temos clareza que ele se consolida porque foram
deixados espaços para que ele avançasse.
Nesta última década que
experimentamos os governos pós-neoliberais na América Latina, a elite deste continente
sempre esteve por detrás de tentativas de desestabilizações da democracia. Foi
assim na Bolívia, Venezuela, Paraguai, Equador, Argentina e agora no Brasil.
Países estes que durante os anos de 2000 para cá tem se demonstrado, com todas
as suas limitações, trincheiras de resistência contra a degradação socioambiental
que o capitalismo neoliberal provocou e ainda vem provocando no continente e
não dá para negar a história que as políticas implantadas nestes países e que
favoreceram milhões e milhões de pessoas deram certo e elevou o grau de
cooperação e solidariedade entre as nações do continente.
Estes avanços vão contra
os interesses das grandes corporações, que aliadas às mídias tradicionais viram
seus interesses serem ameaçados, e por isto que uma nova agenda neoliberal
avança neste continente e o Brasil se torna o exemplo mais claro desta nova
conjuntura. E todos nós sabemos que foi este mesmo neoliberalismo econômico que
chegou ao Brasil nos anos 1990 com e eleição de Fernando Collor de Mello, mas
que foi aprofundado nos oito anos de outro Fernando o Henrique Cardoso, que
levou o Brasil a quebradeira nos final da década.
Voltar ao passado,
retomar estas politicas que penalizam os pobres, me fez lembrar-se do Antigo Testamento
em que o povo estava a caminho da terra prometida e que na primeira grande
dificuldade quis lembrar o tempo em que estavam na escravidão do Egito,
querendo voltar aquelas mesmas situações anteriores sobre a opressão e
violência por parte do Faraó, esta passagem que está no livro de Números,
capitulo 11 versículos de 1 a 23, podem explicitar em muito o momento atual em
que estamos inseridos. Como a nossa sociedade tem saudades das “cebolas do
Egito”, tempos em que as dificuldades eram maiores e que este mesmo povo estava
á margem da sociedade. Onde seus direitos eram deixados de lado, onde o lucro e
o poder eram o que interessavam para a elite brasileira.
O que o governo Temer
nos mostrou nestes dois dias foi exatamente isto, a volta de uma política que
já deu errado e tem tudo para dar novamente, em 12 horas de governo de quinta a
sexta feira, os primeiros anúncios já eram o prenuncio de que seria de fato um
governo que iria olhar somente para a elite esquecer os anos de avanços na
democracia e no respeito aos direitos sociais da maioria da população,
valorizar o deus mercado em detrimento da maioria da população.
Cabe a nós, manter as
trincheiras da Resistência, denunciar ao mundo o golpe que esta em curso no
Brasil, buscar a solidariedade de nações e organismo que não compactuam com
estes desmandos da elite, criar uma frente de resistência dos pobres para que
este governo, ilegítimo e impopular possa ser derrotado de uma vez por todas.
Agora é a hora de radicalizar a democracia, e radicalizar a democracia no dia
de hoje e estar presente nas periferias, nos movimentos sociais, nas classes de
lutadores e lutadoras sociais para retomar aquilo que nos roubaram a contra
revolução social no Brasil só esta no começo.
Se temos algo a nos
alimentar de esperança é saber que não saímos pela porta dos fundos como a
elite entrou, saímos pelo mesmo local que entramos com apoio da população, com
apoio dos pobres que sabem que tudo isto não passa de um golpe da elite
brasileira e das grandes corporações transnacionais que querem tirar proveito
das nossas riquezas, para liquidar com algo que temos de valor estratégico para
a nossa população que é o Pré-Sal que se estivesse sendo mantido a mesmo
sistema de partilha nos colocaria em outro patamar em relação aos países do
mundo todo, beneficiando setores estratégicos da população como Saúde e
Educação.
Serão até cento e
oitenta dias de debate em que teremos que fazer valer a vós do povo, de fato o
projeto popular começa agora a ser construído e defender este projeto, contra a
usurpação da democracia feita por esta elite é dever de cada um de nós, é dever
de cada um de nós.
Bruno Francisco Pereira
Sociólogo - Militante do Coletivo do Grito
dos Excluídos
de Americana e Nova Odessa
de Americana e Nova Odessa
segunda-feira, 2 de maio de 2016
Que lições podemos tirar do golpismo
Antes de qualquer conversa é
necessário que se esclareça que o golpe de estado em curso no Brasil se situa
entre a ignorância política e o neoliberalismo disfarçado, comandado por uma
trupe do mal que comungou com o golpe de 64, lutou contra as diretas já,
aprovou várias leis e medidas contra o povo e outros que aderiram por puro
oportunismo e enterraram de vez as convicções que diziam ter. Trata-se de uma modalidade
moderna de golpe, pois ocorre no campo institucional e sem necessidade de
envolver as forças armadas.
Outra questão tão importante
quanto, é que essa intervenção moderna e de extrema direita, faz parte de uma
nova fase do capitalismo mundial, visto que essa mesma prática ocorre nesse
momento em várias partes do mundo capitalista, principalmente em vários países
da América Latina, no sentido de conter o avanço das forças progressistas e intervir
nas conquistas trabalhistas e os avanços de setores que sempre estiveram
excluídos da sociedade.
Para o bem e para o mal, o
triste episódio do último dia 17 de abril ficou marcado na história do país, primeiro
pelas aberrações que vimos e ouvimos dos defensores do “sim” e segundo pelo
fato de que jamais teria ocorrido algo semelhante se o país estivesse sendo governado
pelo PSDB e seus aliados neoliberais. Podemos afirmar que só ocorreu a
aceitação do impeachment porque é o PT que está no comando e corre-se o risco
de Lula voltar como presidente em 2018. Isso levou os agentes da casa-grande ao
tudo ou nada.
Estamos falando de um daqueles
momentos que chegamos a sentir vergonha de sermos humanos, tamanha a farsa e a hipocrisia.
Tamanha a montagem amadora para velhos profissionais da política. Por outro
lado o episódio mostrou como é fácil enganar grande parte da população, pois se
assim não fosse os bizarros personagens legislativos seriam outros.
É importante salientar que
se trata de um enfrentamento de classe e de medição de forças e pouco tem a ver
com a competência da Presidenta Dilma e muito menos com o combate à corrupção.
É na verdade um embate ideológico pela disputa do projeto que está em curso e o que a burguesia quer em substituição, a mando principalmente do capital
internacional.
O que imagino ser de grande relevância
avaliar, principalmente no campo da organização política e social, é o fato do
país ter eleito um Congresso tão sinistro como esse, composto por mais da
metade de parlamentares com grandes dívidas com a tal da justiça, quase metade
ser da bancada milionária, além de mais da metade representar o latifúndio, num
país eminentemente urbano. Isso sem contar, que num país de trabalhadores a
maioria deles representa a bancada empresarial e muito pouca representação trabalhista,
o que mostra também uma enorme fragilidade e desconexão com a realidade das
entidades sindicais e a escassez de novas lideranças.
Um cenário ideal para o
golpismo. Uma grande oportunidade para os golpistas rasgarem a CLT, junto com a
Constituição e de quebra terem milhares de pessoas alienadas, cheias de ódio ao
PT, aprovando seus atos e pedindo a volta da ditadura. O golpismo tem como
grande suporte ideológico o PIG - Partido da Imprensa Golpista, que se comporta
como protagonista do pensamento neoliberal e por outro lado mostra o grande
erro do governo federal, de não ter criado regras para os meios de comunicação.
O fato mais grave é que essas
criaturas do pobre e falido poder legislativo só se sai bem e fazem o que bem
querem porque grande parte da justiça de fato é cega, surda e muda para as
ocorrências com quaisquer pessoas ligadas ao PSDB e seus aliados, pois se forem
ligadas ao PT, a eles simplesmente a lei.
A primeira lição que fica vem do fato do governo federal não ter
investido na comunicação alternativa, como as Rádios e TVs Comunitárias, por
exemplo, ou ainda a criação de um canal exclusivo com repercussão nacional, como
fez a Venezuela e outros países governados pela esquerda.
A segunda lição a ser aprendida é saber que cada vez que um prefeito
ou prefeita, governador ou governadora e principalmente um presidente ou
presidenta faz alianças mercantilistas ao invés de programáticas, ficam reféns
de oportunismos e oportunistas e só conseguem caminhar em seus mandatos, a
custa de muitos cargos e/ou de muito dinheiro.
A terceira lição é reconhecer publicamente que a democracia representativa em curso agoniza. Encontra-se em estado terminal. A maioria dos eleitos do Congresso, com votos e apoio da população pobre, representa exatamente seus opositores, ou seja, o grande capital e dia a dia vai delapidando direitos trabalhistas, dos índios, dos quilombolas e principalmente os direitos sociais, que os classificam como gastos sociais e não como um dever do Estado.
A quarta
lição é enxergar e entender que o grande enredo de fundo do golpe em curso
é o controle absoluto do processo econômico do país. Querem novamente um
exército industrial de reserva (contingente de desempregados), que possibilite
o controle salarial e trabalhista. São atores políticos com a missão de
facilitarem o acesso americano na gestão do pré sal e das reservas florestais,
por exemplo. Além disso, pretendem aprovar os mais de 50 projetos que delapidam
todas as conquistas e avanços dos últimos 100 anos, entre eles, a terceirização
geral, a mudança de curso dos Projetos Sociais, além do fim do SUS e a prioridade
absoluta ao ensino privado.
A quinta
lição é entender o processo. Ou se
governa com o povo, respeitando suas organizações e incentivando a criação de
outros instrumentos participativos e criando oportunidades de ouvir a população,
ou tem que apostar na identidade das lutas, como é o que esta ocorrendo neste
momento. O povo está nas ruas, muito mais por entender a gravidade dos fatos e
o tamanho do prejuízo que pode ocorrer na tão frágil democracia do que pelo
fato de ter sido ouvido ou ser protagonista no processo de governança.
A sexta lição vem das ruas nos mandando um
recado. Se por um lado nunca vimos tantos e tantas fascistas e zumbis de
direita juntos defendendo o golpe e contra a democracia, por outro vemos
milhares de jovens, mulheres, negros, brancos, índios, quilombolas e
trabalhadores de várias categorias, unidos se manifestando no Brasil e em
várias partes do mundo contra o golpe, contra a mídia partidária e golpista e
pela manutenção plena da democracia. Ou seja, o povo que luta pelos direitos,
por liberdade e por uma sociedade justa, fraterna e igual para todos e todas, organizado
ou não, sempre esteve lá aguardando ser chamado à participação. Que isso sirva
de lição.
A sétima
lição é a de que o golpe de estado em curso vai revelando a cara e a intensão
de seus articulistas, como a traição e a falta de compromisso com a boa política.
Fatos esses criados no seio das alianças mercantilistas, onde por um cargo ou
uma parcela de poder vale tudo. Isso mostra duas realidades. A primeira é a de
que se faz necessário capacitar e formar politicamente a população,
principalmente no sentido de seus direitos e para que exerçam melhor o direito
de votar e a segunda é de que juntar gente “boa de voto” para ganhar eleições
pode levar ao atoleiro, como estamos vendo na atualidade.
A partir dessas constatações ficam algumas
inquietações no ar. Como mudar essa realidade? Será via institucional ou via
enfrentamento? O que virá após o golpe? Como resgatar alguns valores perdidos?
Creio que só será possível estancar
esse cenário golpista com um enfrentamento organizado, seja no campo, nas
cidades, nas redes, mas principalmente nas ruas, que em nome da democracia e da
mudança da sociedade, mostre aos envolvidos que a luta é por uma causa e não
apenas pela manutenção do governo ou de mandatos. Caso contrário, o país corre
o risco de voltar pelo menos uns 100 anos na história. Seja o que for que virá,
ou aprendemos e enfrentamos os erros ou eles poderão vir com muito mais vigor.
Há de se entender, que se for para moralizar de
fato esse país, uma das coisas que tem que acabar é com o profissional de
mandatos. Aquela criatura que uma vez vereador, deputado ou senador, não quer
mais largar o osso, quer morrer grudado no cargo. Essa prática, além de
perniciosa, intervém diretamente de forma negativa, no surgimento de novas
lideranças. É como se os eleitores necessitassem sempre de heróis ou heroínas e
não de lideranças construídas no âmbito da participação.
A democracia representativa só sobreviverá se
acabarem as candidaturas eternas e as pessoas eleitas tiverem bases participativas
de fato e de direito, principalmente para se cumpram na prática os direitos
constitucionais de participação e de controle social de todas as políticas
públicas. Um dos caminhos para isso é criação e organização dos conselhos de
mandatos.
A realidade nos mostra que a partir
desse momento, nenhum de nós, nenhum partido, nem mesmo o país será o mesmo,
pois grande parte da população busca luz enquanto outra parte caminha para as
trevas e conta às lendas que quando estamos bem intencionados e bem
acompanhados, todos os caminhos levam à luz e para lá que estou indo.
Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Pesquisador em Gestão Pública e Social
tonicordeiro1608@gmail.com
segunda-feira, 18 de abril de 2016
A luta continua!
O dia de hoje
estará amanhã descrito nos livros de história. Como bom educador aprendi a
contar na sala de aula que índios e negros sofreram a escravidão dos brancos,
plebeus massacrados por reis, trabalhadores gerando lucro para burgueses e quem
sofre todo processo golpista é o povo.
A luta é o que
muda! Deputados votam por seus bens e família, não serão das panelas batendo,
dos noticiários da Globo ou das camisas da seleção a saída do problema
que afeta todos nós: a corrupção.
Mas não vamos
perder a esperança. Lenin de forma poética disse que nas noites mais escuras,
se mostram mais brilhantes as estrelas. Se é a luta que promove mudanças não
deixaremos as ruas se esvaziar. O rio e o mar dependem do encontro para juntos
seguirem. Este encontro é tortuoso, mas é necessário para simbolizar a
liberdade.
Avante, pois só
mudaremos com luta e força. Devemos bombear todo o sangue para causar batidas
de esperança e amor em nossos corações.
Leonardo Koury -
Escritor, blogueiro e militante dos movimentos sociais
domingo, 3 de abril de 2016
Lutar pela liberdade mesmo que por caminhos não conhecidos
Quando
ocorreu o fatídico golpe militar de 64 eu tinha apenas nove anos de idade e
lembro apenas do som de um tiro de canhão, transmitido pelo rádio. Algo que não
sabia explicar, porém a sensação que tinha era de muito medo.
Os
anos se passaram e meu primeiro contato com a ditadura veio na militância política,
iniciada na minha cidade de Belo Jardim-PE, a partir da intervenção do Padre
Reginaldo, que acabou largando a batina e casando com uma colega de trabalho. Reginaldo
nos passava que o pior da ditadura são seus instrumentos, como a AI-5, a LSN
(Lei de Segurança Nacional), o SNI (Sistema Nacional de Informação), assim como
os instrumentos de repressão e que por trás de várias pessoas que se diziam
lideranças locais se escondiam os delatores do SNI. Entre eles padres,
políticos de toda ordem, lideranças comunitárias infiltradas e outros vermes
que serviram à ditadura.
Quando
voltamos para São Paulo, a luta foi via CEBs (Comunidades Eclesiais de Base),
já no debate da igreja conservadora versus a Teologia da Libertação, no Teatro
Amador através da COTAESP e com o Grupo Móbile de Teatro, nas lutas estudantis,
na luta sindical e depois minha filiação no Partido dos Trabalhadores, onde
permaneço até hoje.
A
partir de então, nunca mais abandonei as lutas concretas por liberdade, justiça
e por democracia plena. Entre tantas lutas que participei destaco a luta pelas
Diretas Já, com o memorável Comício no Vale do Anhangabaú, o enfrentamento nas
lutas estudantis, as memoráveis greves do ABC de 78, 79 e 80 e a caminhada da
Igreja Matriz de São Bernardo do Campo ao Estádio da Vila Euclides no dia 1º de
maio de 1980. Fazer parte de tudo isso me faz refletir e compreender que com
certeza vim ao mundo a trabalho e não para passear pela vida, seja qual for à
dimensão que vai alienando as pessoas.
Essa
reflexão me leva ao absurdo que estamos vivemos na atualidade. Onde a mídia
partidária e golpista se coloca ao lado dos herdeiros dos tempos de trevas para
solapar todas as conquistas dos trabalhadores e das pessoas sofridas do país,
que a partir dos governos Lula e Dilma conquistaram direitos que nunca tiveram
e começam a enxerga que de uma hora para outra poderão perder tudo de uma só
vez. Ou seja, ou vão à luta ou voltarão ao passado.
A
ditadura representou uma ruptura nos sonhos. Um aborto dos pensamentos de uma
vida melhor e principalmente a morte do processo de liberdade e de justiça,
onde apenas um grupo e seus colaboradores tinham o que queriam e as demais
pessoas lhes serviam. Foram milhares de pessoas que pagaram com a morte,
torturas e a completa perseguição contra a liberdade de expressão e de
pensamentos e por direitos antes conquistados. Quem defende algo como o que
aconteceu no Brasil e em vários países da América Latina, ou vai lucrar com
isso, como é o caso dos empresários, que financiaram tantos golpes na América Latina ou serão
delatores permanentes a entregarem quem se colocar contra os privilégios da
casa-grande.
Muitos
e muitas se venderam e continuam a venda. Um processo de traição que começa às
vezes quando um político se torna profissional e seu exercício de servir à população
construída numa peça de marketing eleitoral se transforma numa profissão, ou
ainda quando alguém que nada tinha descobre como é fácil enganar e usar a
população em benefício próprio, como diversos pastores, políticos e muitas
pessoas envolvidas com o famigerado terceiro
setor, que é instrumento neoliberal de suporte às privatizações das
questões sociais do Estado.
A
única coisa boa nessa história toda é saber que milhares de pessoas que se
achavam distantes de tudo e que não sonhavam mais ou ainda que estavam
acomodadas com suas poucas conquistas, estão dando a demonstração de que estão
mais vivas do que nunca e não hesitarão em lutar por liberdade e por seus
direitos que a turma da casa-grande quer solapar.
Jovens
de todas as idades estão se alistando para as lutas e isso é certeza de que
águas novas estão brotando e o povo se amando sem parar. Há um fio de esperança
nascendo por entre as veredas deixadas pelo PIG e isso nos fortalece e nos faz
acreditar que o melhor ainda está por vir, mesmo que seja através de uma luta
concreta.
Como
dizia Brecht: “Que continuemos a nos omitir da política é tudo
o que os malfeitores da vida pública mais querem.”
NÃO HAVERÁ GOLPE. HAVERÁ
LUTA!
Antonio Lopes
Cordeiro
Pesquisador em Gestão Pública e Social
tonicordeiro1608@gmail.com
Pesquisador em Gestão Pública e Social
tonicordeiro1608@gmail.com
terça-feira, 29 de março de 2016
Quando a escolha de um vice faz toda a diferença
Tenho
afirmado nos cursos que ministro pela Fundação Perseu Abramo sobre Gestão
Pública, que na extrema maioria dos municípios, os governos são arquitetados,
formados e geridos de forma mercantilista e não de forma programática. Ou seja,
se junta pessoas para governar um município ou um estado, a partir de seus
interesses e não a partir de um Plano de Governo, que pudesse ser o indicativo
inicial para todas as ações de governo.
Esse
fator faz com que cada secretaria de um governo se torne uma “caixinha de poder”.
Uma nova prefeitura com regras próprias, como se fossem várias prefeituras num
só governo.
A
coisa se torna mais séria ainda, quando a escolha do vice se dá por interesse.
Seja porque a figura é boa de voto ou faz parte de um partido que trará votos
para a vitória eleitoral. Centenas de prefeitos e prefeitas adorariam que seus
vices virarem pó. Desaparecessem do mapa. Porém, isso se torna impossível na
medida dos pactos estabelecidos no processo eleitoral.
A
escolha de Lula com o empresário José Alencar para vice, apesar de muita gente
do PT achar que Lula iria ficar refém do empresariado, para o tipo de governo
que Lula fez foi acertada, enquanto a escolha de Dilma trazendo Temer do PMDB,
partido até então fiel aos acordos, se configurou no maior caso de traição dos
tempos modernos. Um verdadeiro amigo-da-onça. Um clássico traidor, que primeiro
conquista a confiança da pessoa e depois a entrega aos leões para ser devorada
e ele assumir sua posição.
A
chamada base aliada, a começar por um vice. Ou vem para a composição do governo
a partir de um Plano de Ação Participativo, que comprometa as ações futuras e
construa uma linha ideológica de atuação ou se tornará mais dias, menos dias,
num clássico caso de traição como Temer representa nesse momento para o Brasil
e para o mundo. Um golpista sem caráter, que tem por trás a maçonaria, que já esteve
por trás também de tantas ações golpistas, como por exemplo, na renúncia de
Jânio Quadros como presidente.
Uma
coisa é certa. Quem sempre esteve do lado do império jamais estará ao lado do
povo. Quem sempre esteve com a casa-grande jamais se aliará à senzala. Alia-se
a eles achando que era assim, mas mudará a partir de um projeto quem quer
ganhar eleições, porém correrá sempre o risco de não governar, como de forma
tão didática está se vendo no caso de Dilma.
Uma
coisa tem que ficar muito claro. Quem vende a ilusão de que a luta de classe
acabou, comunga com o neoliberalismo, se apoia no famigerado terceiro setor e de quebra golpeia a
democracia, na medida em que usa a teoria da conspiração como principal
elemento de mediação na sociedade. A luta de classe está mais presente do que
nunca e precisa reagir contra o desmonte democrático e de direitos, promovidos
pelo Congresso.
O
único aliado que se pode contar é o povo organizado e formado conscientemente a
partir de seus direitos.
Voltar
às ruas será a única saída para não haver golpe, assim como a manutenção da
democracia requer menos políticos de carreira e mais lideranças populares
organizadas.
As
velhas raposas se unem para acabar com o galinheiro, com o firme propósito de
trocar galinhas por tucanos, não se sabe se pela beleza das penas ou ainda pelo
tamanho dos bicos que acumulará muito mais comida no futuro.
Antonio
Lopes Cordeiro (Toni)
Pesquisador em Gestão Pública Social
tonicordeiro1608@gmail.com
Pesquisador em Gestão Pública Social
tonicordeiro1608@gmail.com
quarta-feira, 23 de março de 2016
A espera ansiosa da direita e do PIG pelo primeiro cadáver
De repente voltamos ao cenário do início do fatídico ano de
1964. Um clima de revolta abala a sociedade. De um lado golpistas e fascistas
de toda ordem e do outro os defensores de uma causa, misturados à população
atônita pelo que possa ocorrer.
Um clima de incerteza invade mentes e corações de quem já
viveu essa mesma situação. Não sabemos sequer o que pode ocorrer no final de
cada dia.
No olho do furacão, dois setores necessitam destaques. O
primeiro setor empresarial, envolvido no processo cultural de corrupção através
da sonegação fiscal e achando que isso não é corrupção e sim meio de
sobrevivência, usa de forma clássica a crise de origem mundial, para aumentar
os preços, demitir pessoas e pressionar de todas as formas a queda de
conquistas trabalhistas históricas, através de seus aliados e
representantes do Congresso Nacional. Tudo em nome da democracia e da ordem
pública. O segundo muito mais pernicioso é a mídia golpista, pertencente a
apenas seis famílias abastadas, com todos seus instrumentos, que prega o ódio
diário e a divisão de classes, jogando uns contra os outros. No meu
entendimento é a mídia, a grande responsável pela desavença atual e toda
violência que ocorre em vários setores da sociedade.
O que pretende essa turma de golpistas juntos, além do golpe?
O primeiro cadáver em confronto de ruas como já ocorre no futebol, para que o
PT, Lula e Dilma sejam responsabilizados? Uma revolução para matar milhares de
pessoas? Uma convulsão social que abale as estruturas da democracia? Como se
permite ameaças declaradas de vários setores ao Ministro Teori e a divulgação
do endereço de seu filho para ser linchado em nome do combate da corrupção e a
imprensa maldita achando isso normal? Como admitir que a polícia brucutu de
Alckmin proíba sob repressão, que petistas se reúnam, em plena democracia e
isso ser encarado como normal? Como espionar a Presidenta da República e o
ex-presidente Lula e também acharem isso normal, ferindo a Constituição?
A única saída possível diante de um cenário tão conturbado
será a organização popular e o enfrentamento ao desmonte das instituições e do
processo democrático tão frágil da atualidade. Organizar e enfrentar para que
as conquistas não sejam surrupiadas.
É bom que os golpistas saibam. Se acharem que o povo vai
ficar de braços cruzados com impeachment de Dilma sem provas de crimes de
responsabilidade e a prisão de Lula, também sem provas, tenham a certeza de que
uma vez que isso ocorra, será como o rompimento de uma enorme barragem. Não
haverá mais controle da situação.
Quem viver verá.
Antonio Lopes Cordeiro
Pesquisador em Gestão Pública e Social
tonicordeiro1608@gmail.com
sábado, 20 de fevereiro de 2016
Não tem avaliação de conjuntura que dê conta do cenário político nacional
Tenho
comentado em outros posts o descaramento da oposição ao governo federal, em não
admitir ter pedido as eleições para Presidente. Claro que isso é uma estratégia
descarada, tanto da oposição, como da elite devassa e da imprensa golpista, que
visam, através de “golpe legal”, derrubar o governo eleito de forma democrática
e em especial o Partido dos Trabalhadores, com alegações que anteriormente
passavam despercebidas, como por exemplo, a captação de recursos eleitorais via
“caixa dois”, ou ainda as tais “pedaladas fiscais”, que são apropriações de
recursos públicos, no caso do governo federal, para continuidade de alguns
importantes programas sociais.
Ao
ampliar essa conversa, chega-se à conclusão que não faz o menor sentido o valor
gasto numa campanha eleitoral, seja em nível municipal, estadual ou federal,
para todos os cargos eletivos. Tornam-se campanhas milionárias, onde os eleitos
se tornam presas fáceis de seus investidores e uma pessoa sem recurso e sem
apoio financeiro, jamais se elegerá.
Só
para se ter uma ideia, oficialmente declarado (fora o que entrou por fora),
cada deputado federal eleito investiu em média R$ 1.429.000,00, sendo que os
seis deputados que mais investiram, suas campanhas custaram entre 6 a 8 milhões
de reais cada uma (Arlindo Chinaglia/PT, Iracema Portela/PP, Marco Antonio
Cabral/PMDB, Eduardo Cunha/PMDB e Carlos Zaratini/PT). O investimento no senado
também foi alto. Cada um dos 27 senadores eleitos investiu em média R$
1.859.000 cada. As campanas mais caras foram a de Anastasia (PSDB) que custou
18,33 milhões, a do Serra (PSDB) 12,67 milhões e a do Caiado (DEM) que custou
9,62 milhões.
A
pergunta que cada brasileiro e cada brasileira faz é de onde veio esse dinheiro,
visto que é um valor muito alto para uma pessoa dispor em caixa próprio, a não
ser de forma ilícita. Aí entra parte dos recursos dos Fundos Partidários e as
empresas, que investiram pesado nas campanhas eleitorais, visando negócios
futuros.
Vale
lembrar que a maioria dessas empresas não tiraram esses recursos de seus lucros
e sim do “caixa dois”, advindos da sonegação fiscal, que é um dos ralos
gigantes de recursos públicos e alimentando cada vez mais a indústria da
corrupção.
Imaginemos em 2015 as infinitas conjunturas vividas. Desde a votação dos deputados
recusando o Plano Nacional de Participação Social, sugerido pela Presidenta
Dilma, passando pelas inúmeras tentativas de golpe e as midiáticas manifestações,
com patrocínio da TV Globo, contra o governo federal e contra o PT e chegando à
caça ao ex-presidente Lula. Teve dias de termos vários cenários de conjuntura política, econômica e social.
Se
um leigo em política fizesse uma análise da conjuntura nacional na semana
passada, chegaria à conclusão de que tudo estava consumado. Dilma ia ser caçada,
Lula ia ser preso e o PT na visão do PIG estava liquidado, não só com a
debandada de inúmeros oportunistas e a difamação diária sofrida. Além disso, a
direita surfava em altas ondas, pois a chamada Operação Lava a Jato, comandada
por um juiz tucano, prendia apenas petistas, enquanto o pupilo Cunha continuava
livre leve e solto.
O
PSDB e o DEM comandavam a festa. Pousavam bons e éticos samaritanos, enquanto
imputavam ao PT ser o inventor e Lula o
pai da corrução.
Eis
que alguns fatos tenderam a mudar completamente o cenário. Primeiro foi o STF
que rejeitou a comissão ilegal de Cunha. Depois veio a ocupação das escolas
estaduais de São Paulo, se estendendo para outros estados, pelos meninos e
meninas em luta pela educação. Além disso, a caminhada da esquerda em dezembro
contra o golpe reforçou a ideia de que, mesmo descontente com a postura da
Presidenta que criou um grupo de governo neoliberal na área econômica, a
esquerda foi unida às ruas do país em defesa de seu governo e principalmente da
democracia.
Porém,
ninguém podia imaginar o que estaria para acontecer. Primeiro o roubo da merenda em São Paulo, comprometendo a cúpula tucana e seus aliados e segundo a ex-amante de FHC, que desnudou o até então o intocável presidente, que mesmo tendo comparado sua
reeleição por 200 mil cada voto, privatizado todos patrimônio público federal e
quebrado o país três vezes, pousava como o ídolo maior dos chamados “coxinhas”
e uma galera alienada que pedia a volta da ditadura e o impeachment da
Presidenta Dilma.
A
coisa é muito séria, pois envolve a traição, o pagamento da mesada mensal com
empresa de fachada, o pagamento de dois abortos, a falsificação do DNA do
próprio filho e tantas outras acusações. Além disso, a irmã de sua ex-amante é
funcionária fantasma de Serra e ele se defende que ela não aparece por estar em
missão secreta. Só não falou qual é a missão.
Uma
coisa é certa. O PIG fustigou tanto a vida de Dilma e de Lula, que as pessoas
já estão se dando conta de que o grande objetivo é afastar Lula de 2018 e
intervir diretamente nas conquistas do povo brasileiro de 2003 a 2015.
Principalmente
esse ano eleitoral e de tantos interesses em jogo, com certeza teremos centenas
de casos que mudarão, quase que diariamente a conjuntura nacional. O importante
é quem luta por uma causa estar sempre vigilante.
Cabe
a esquerda brasileira e os militantes de uma causa, se organizarem e se unirem
em torno do projeto de inclusão em curso e pela manutenção plena da democracia
brasileira tão jovem e tão perseguida.
Os próximos dias e meses prometem. Quem viver
verá!
Antonio Lopes Cordeiro
Pesquisador em Gestão Pública e Social
toni.cordeiro@ig.com.br
segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016
Erradicação do analfabetismo continua como meta não alcançada
Ricardo Costa Gonçalves[1]
A
erradicação do analfabetismo é a primeira das dez diretrizes estabelecidas no
Plano Nacional de Educação (PNE), no qual duas metas tentam atacar diretamente
este problema. Presente em planos anteriores, o objetivo de combater o
analfabetismo no país se desenvolve a passos lentos, com redução muito pequena
nos índices a cada ano. De acordo com a última Pesquisa Nacional de Amostra de
Domicílio (PNAD), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) em 2009, o Brasil possui ainda 14, 1 milhões de analfabetos
e mais de 20% da população é considerada analfabeta funcional. Questões como a
formação de educadores, as estratégias para manter adultos nos programas de
alfabetização e o próprio conceito de analfabetismo estão presente na discussão
sobre como evitar que a meta tenha que ser prolongada para o decênio seguinte.
No
PNE, a meta número 5 (cinco) prevê a alfabetização de todas as crianças até, no
máximo, o final do 3º (terceiro) ano do ensino fundamental. A estratégia
apresentada para consecução desta meta é ampliação do ensino fundamental para
nove anos, já implementada em todo país. Segundo o texto do PNE, o objetivo é
garantir a alfabetização plena de todas as crianças, no máximo, até ao final do
terceiro ano, como recomendado pela Conferência Nacional de Educação (CONAE).
Atualmente, as crianças de seis anos devem estar matriculadas no 1º
ano, encerrando aos oito anos o chamado ciclo de alfabetização, de forma que o
último ano da pré-escola configura agora o primeiro ano do ensino fundamental.
No entanto, esta estratégia ainda parte da ideia de que aumentar o tempo
dedicado à alfabetização é a solução para o problema do fracasso escolar.
Medidas como esta já foram adotadas anteriormente, sem dar resultados
expressivos.
Outra
estratégia assinalada para atingir a meta 5 (cinco) é aplicação de exames para
avaliação alfabetização de crianças. Em 2008, o Instituto Nacional de Estudos e
Pesquisas Educacionais (INEP) aplicou a primeira Provinha Brasil, cujo objetivo
é avaliar a alfabetização de crianças matriculadas no segundo ano de
escolarização das escolas públicas do país. Os resultados da Provinha é de uso
privativo dos professores e gestores das escolas, que interpretam os resultados
a partir de orientações contidas no material distribuído pelo Ministério da
Educação (MEC) às escolas.
Outra
meta é a número 9 (nove) que propõe elevar a taxa de escolarização da população
com 15 anos ou mais para 93, 5% até 2015 e erradicar até 2020, o analfabetismo
absoluto e reduzir em 50% a taxa de analfabetismo funcional. Esta meta tem
relação com o compromisso firmado no Fórum Mundial de Educação em Dakar, em
2000, mas enfrenta um imenso desafio: a evasão de adultos dos programas de
alfabetização.
Em
2003, o governo federal institui o Programa Brasil alfabetizado (PAB). Este
programa é voltado para a educação de jovens e adultos (EJA), através de apoio
a estudantes e aos professores da rede pública. Conforme dados da página do
programa na internet, relativos a 2010, mais de um milhão e meio de pessoas estão
sendo alfabetizadas por meio do PBA. No entanto, os resultados ainda estão
distante do esperado. Entre 2000 e 2010, a taxa de analfabetismo entre a
população a partir de 15 anos caiu de 13,63% para 9,63%, segundo IBGE.
Em
relação ao analfabetismo funcional, os dados coletados pelo IBGE seguem as
recomendações da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a
Cultura (UNESCO), que considera analfabetismo funcional aquele que teve menos
de quatro anos de estudos completos. A partir desse critério, é possível
afirmar que mais de 20% da população é analfabeta funcional. Contudo os números
não refletem a realidade da população brasileira quando se fala em habilidades
de leitura e escrita e no conceito de letramento, ou seja, o uso social dessas
habilidades.
Outra
questão é em relação ao conceito de analfabetismo. A própria diretriz indicada
pelo plano pode ser considera inadequada. A diretriz parte da visão errônea de
que o analfabetismo é uma doença, um câncer, uma peste que precisa ser
erradicada, curada de forma radical. A grafia erradicação só serve para situar
o analfabetismo na ordem do biológico, do psicológico, do individual,
escondendo a sua natureza social, ou seja, que é resultado das desigualdades e
dos processos de marginalização social que sustentam o desenvolvimento das
sociedades capitalistas. A diretriz deveria ser alterada para universalização
da alfabetização.
Embora
as metas estabelecidas no PNE sejam consideradas difíceis de atingir, alcançá-las
pode não significar o avanço que se espera na educação brasileira. Portanto,
precisamos refletir sobre “que tipo de educação estamos buscando”? Apenas de
números ou realmente uma educação que busque o desenvolvimento pleno, crítico,
cidadão desse sujeito? Logo, a questão do analfabetismo é uma questão de
justiça social, portanto, exige uma atuação conjunta que leve em consideração
as condições estruturais de exclusão política, socioeconômica, pedagógica e
cultural.
A
importância da alfabetização, como se pode inferir não só dos PNEs elaborados
até o momento atual, mas da própria constituição brasileira, das discussões nas
diversas instâncias da educação no país, governamentais ou não, é questão
unânime, porem repleta de incongruência. Portanto, não basta afirmar que a
alfabetização e a escolarização constituem objetivos prioritários. É necessário
muito mais que isso. Há que traduzir tal discurso em fatos concretos: em
dotação orçamentária adequada, em prédios escolares que mereçam o nome de
escolas, com a devida infraestrutura e equipamentos; em docentes em número
suficiente, qualificados e devidamente remunerados.
[1]
Professor de Matemática da Rede Estadual de Ensino do Maranhão, Mestrando em
Estado e Políticas Públicas pela FLACSO/FPA
sexta-feira, 22 de janeiro de 2016
Como identificar um ou uma fascista travestido de democrata?
É
inegável afirmar que a sociedade tem uma nova doença contagiosa, elaborada
passo-a-passo pela direita e pela extrema direita. Trata-se do ódio, individual
e coletivo, que não chega a ser um fenômeno isolado quando estamos falando de ciúmes,
invejas e tantas outras loucuras humanas, porém no campo da política e do modo
como vem sendo tratado e disseminado, podemos sim afirmar que é algo novo e assustador
para a democracia.
Esse
ambiente de ódio revelou duas criaturas ocultas até então. A primeira o “Coxinha” e de quebra
ampliou o espectro fascista. Entre ambos habita uma galera alienada comandada pelo
caos midiático e com pouca massa cinzenta na cabeça, que não luta desfila.
Esse conjunto forma uma
tropa de paranoicos travestidos de éticos, de democratas e com a visão de que
nada presta nessa Nação chamada Brasil. Bom mesmo é o EUA, principalmente pelo
fato do fascínio de saber que estão tratando com um império que tenta dominar o
planeta. Sonham inclusive de voltarmos a ser um agregado dos Estados Unidos e
do FMI, como éramos nos governos tucanos.
Enquanto
coxinhas são espécies alienadas, normalmente de classe média, pessoas
mimadinhas pelo dinheiro, que se julgam melhores que os outros, comandados pelo
PIG e nem sabem por que desfilam de verde e amarelo contra o PT, Lula e Dilma;
fascistas são vermes de outra categoria, que seguem um ritual ideológico e são
de alta periculosidade.
Apoiado
no artigo da filósofa Marcia Tiburi, escrito para a Carta capital, me arisco a
traçar um breve perfil dessas criaturas, no sentido, muito mais de alerta do
que de enfrentamento político a eles, principalmente porque temos que combater
primeiro quem fomenta suas criações, quem lhes dá guarida e quem altera o
comportamento da sociedade com o envenenamento coletivo.
Segundo
Marcia, é impossível estabelecer uma conversa com um ou uma fascista, pois essa
gente sofre de uma grave incapacidade de se relacionar com pessoas que pensem
de forma diferente, sobre qualquer aspecto e sobre qualquer assunto.
Normalmente reagem aos berros. Exaltam-se com tudo e com nada. Sentem-se
vítimas constantes da sociedade e se consideram eternos perseguidos. Acreditam
que só gritando e humilhando as pessoas, poderão mostrar que são superiores ou ainda
como esconder suas inferioridades humanas.
Outra
faceta desse tipo de gente é odiar a democracia. Aliás, nem imaginam o que venha
a ser isso e enxergam na ditadura militar a única forma de estabelecer a ordem
e a luta constante contra o comunismo, que também, nem de longe, sabem de que
se trata. Imaginam algo como era a frase que originou o lema da Bandeira
Nacional: “Ordem é Progresso”. Ou seja, só com ordens repressivas haverá
progresso. Quem não conhece alguém assim?
Aqui
no Brasil odeiam tudo que se referira às questões sociais e adoram a
meritocracia. Adoram a riqueza e odeiam não a pobreza, mas os pobres.
Porém,
o ódio maior é destinado ao PT, a Dilma e principalmente ao Lula, pois ousaram intervir
e mudar radicalmente um cenário nacional esculpido desde a invasão de 1500,
exclusivamente para os moradores da casa-grande e seus representantes e o ódio
aumenta quando lembram que o PT e alguns de seus aliados, que militam por uma
causa, impedem na prática que fascistas e direitistas de toda ordem, transformem
os menos favorecidos, numa gigantesca senzala a lhe servir.
Em
regras gerais, tanto “coxinhas”, como fascistas, são preconceituosos, machistas,
racistas, homofóbicos e em especial odeiam pobres. São pessoas (se podem ser
chamados assim), que mesmo sabendo que de alguma forma são elas as grandes
responsáveis pelas desigualdades humanas, imputam isso, ou a sorte imaginam
ter, ou ainda a falsa visão de que as oportunidades estão para todos e todas,
só não aproveita quem não quer. Muitos deles ou delas se escondem atrás de uma
religião e viram adoradores da Teologia da Prosperidade e odeiam a Teologia da
Libertação.
Ainda
segundo Marcia, que concordo plenamente, o fascismo é uma aberração política, que
se origina da miséria de nossa época. A pobreza e a miséria no mundo acabam
sendo uma grande fonte de renda e de inspiração para fascistas, direitistas,
populistas, políticos que transformam a política em profissão, o tal do
terceiro setor, ONGs, OSCIPs e tantas outras patifarias e comportamentos neoliberais
e de extrema direita, que ao invés de combater os males em suas raízes, se
nutrem deles.
A
falta de informação e de conhecimentos acaba sendo em última instância, os
alicerces dos oportunistas, dos falsos líderes e dos paranoicos pelo poder. Essas
pessoas sequer se amam, pois não conhecem o que é amar e sim serem servidas. São
consumidas diariamente pelos inimigos invisíveis e pelo ódio que habitam em
suas mentes e corações.
A
única coisa boa a se pensar é que representam a extrema minoria da sociedade e
parecem muitos devido à mídia golpista os transformarem em milhares de dragões,
com forças sobrenaturais, porém não passam de pessoas oportunistas, doentes
mentais e atormentadas pela defesa do lado que ocupam na luta de classe.
É
bom que se diga que quando um(a) gestor(a) ou um(a) legislador(a) se comporta
como alguém que não quer perder o que chama de poder, também, em maior ou menor
proporção, não passa de instrumento que fortalece, tanto “coxinhas”, como fascistas.
A
partir desse cenário, infelizmente a eleição de 2016 será o palco de novas
disputas, não políticas e ideológicas, mas do bem contra o mal, dos que lutam
pela liberdade contra os que querem a volta da ditadura militar. Dos que sonham
com uma sociedade justa, fraterna e igual para todos e todas e aqueles e
aquelas que querem aprisionar a liberdade e transformar o povo de bem desse
país em escravos a lhes servir.
O
antídoto para essa situação e a essa gente é a união intransigente das pessoas de
bem que militam e lutam por uma causa, formando uma grande rede que luta por justiça e
liberdade.
Quem se cala diante de uma injustiça é
tão cúmplice do processo, como aqueles e aquelas que a provocaram.
Antonio Lopes Cordeiro
Pesquisador em Gestão Pública e Social
toni.cordeiro@ig.com.br
segunda-feira, 4 de janeiro de 2016
Uma dose de otimismo num cenário adulterado
Você
já parou para pensar no cenário político-econômico-social que estamos vivendo?
O que deve ser verdade? O que deve ser mentira? Quais as maldades em jogo? Qual
é a real situação da sociedade e do país? Quem adulterou o cenário em beneficio
próprio? Qual o seu papel nessa história?
Enfim,
são tantas perguntas que às vezes muitos se perdem nas possíveis respostas,
pelo simples fato de não estarem atentos ao que se defende como projeto de vida
e não estarem conectados com as causas humanas que estão sendo delapidadas. Aliás,
nunca foi tão difícil acompanhar as inúmeras conjunturas que ocorre no país, às
vezes no mesmo dia. O próprio PIG que se mostra grande sabedor passa cada mico
que só.
Muitas
pessoas desistem até de sonhar, perdidas no horizonte pintado por ilustres
representantes da elite devassa sem cores. Isso gera, além do desconforto de
achar que nunca mais será possível, certa aptidão pelas pessoas tristes em
seguir falsos líderes ou em acreditar na bruxa da Branca de Neve.
A
sociedade capitalista é cruel. Classifica as pessoas e as selecionam a partir
da meritocracia, comandada e disputada por apenas 20% da humanidade e os 80%
restantes, segundo eles, vieram ao mundo para servi-los.
Aprofundando
esse problema, chegamos às religiões, onde muitas delas pregam a Teologia da
Prosperidade, vendendo a ideia de que basta seguir os mandos de um pastor, para
que sua vida tenha prosperidade. Uma heresia, tratada como se o mundo se
dividisse apenas na dualidade de ricos e pobres, ou os de bem de vida e os que
nunca terão nada e, portanto, deverão sempre servir os que têm ou que
conseguiram ter.
Certa
vez li um artigo com o título: “No universo da sociedade nem tudo é verdade”.
Há tantos interesses em jogo que seria impossível enumerá-los nesse post. Desde
o deus mercado que oferece o paraíso e vende o purgatório, passando por várias
igrejas que vende a salvação, mas em troca a alma já foi vendida e chegando-se
ao sombrio mundo da política como profissão, onde uma pessoa, que se acha
iluminada, quer ter o direito de nascer político de carreira e morrer como tal.
Exatamente como era o Senado antigamente no tempo do Império. Ninguém é tão bom
que não mereça ser substituído, desde que seja por alguém que defende as causas
coletivas.
Há
de se entender que tudo não passa de uma grande peça teatral e o que é pior, em
certos casos, uma grande tragédia humana. O que é o capitalismo onde metade da
população mundial passa fome, senão uma grande tragédia? O que é a oposição direitista
e golpista brasileira posando de democratas éticos, senão uma grande chanchada?
A vida é como uma peça teatral. O grande problema é que não se permite ensaios.
Errar e acertar fará parte do resultado final, mesmo contra a nossa vontade.
Normalmente pensamos que se o ano que acabou não foi bom,
que venha o próximo que o receberemos com muito mais energia. Sem planejamento,
mas com muita vontade de mudar. Não é o ano de 2016 que tem que ser diferente e
sim cada um e cada uma de nós. Temos que ter atitudes positivas, imaginando que
se não conseguirmos mudar a sociedade como um todo, mas se fizermos a caminhada
juntos com quem confiamos e que defende a mesma causa que defendemos,
plantaremos a mudança durante o caminho. Faremos uma grande revolução
silenciosa.
Em
minha opinião, um dos maiores problemas humanos, vem do fato das pessoas não
saberem o que vieram fazer na vida. Não terem um projeto. Qual a missão a ser
cumprida e principalmente que caminhos e com quem seguirão. Essas pessoas na
prática não vivem e sim vegetam. Não conduzem. São conduzidas. Assim, a primeira mudança que tem que ocorrer dentro
de nós é identificarmos qual a razão das nossas existências e verificarmos se
daríamos nossa própria vida para que ela pudesse acontecer.
Acredite menos no que você não vê e busque mais aliados para construir a tão sonhada ponte do presente incerto ao futuro promissor. Na dúvida consulte quem está fazendo.
Que o ano de 2016 possa provocar em
cada um e cada uma que estará lendo esse post, as mudanças necessárias para que
possamos transformar juntos, esse enorme limão que a mídia mostra e que a
politicalha provoca, numa grande e saborosa limonada.
Antonio Lopes Cordeiro
Pesquisador em Gestão Pública e Social
toni.cordeiro@ig.com.br
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