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Há
algum tempo venho escrevendo sobre o cotidiano da vida e a partir de
um campo de introspecção, buscando também atender meus diversos
momentos e minhas inquietudes naturais. Seguindo essa linha e
buscando um roteiro que prenda a atenção de quem lê, o desafio de
hoje é construir uma narrativa sobre o ato de viver, usando algumas
figuras de linguagem bem conhecidas.
Apesar
do frio, acordei pensando nos banhos de rio que tomava no sítio onde
nasci nos arredores da cidade de Belo Jardim, PE, junto com meus
primos. Uma doce lembrança de momentos que não voltam mais, mas
continuam tão vivos em minha mente, que parece que foi ontem.
Ao
pensar em um rio, penso também em suas curvas, onde se escondem o
que a correnteza não teve condições de levar e só depois de uma
forte chuva para que ele volte ao seu curso natural. Lembrando que em
tempos de tempestades as águas agitadas do rio leva tudo o que
encontra pela frente. Assim também é em nossas vidas. As vezes
temos a sensação de estarmos presos nas curvas que a vida dá e
precisando de uma mudança radical ou de um grande incentivo para que
novamente possamos seguir de forma natural na caminhada da nossa
existência. Porém, se a tempestade for longa, precisaremos de muito
mais para que a vida volte ao normal.
Em
tempos de crises os problemas tendem a aumentar e nossa visão de
solução encurta, pois as vezes é o imediatismo que comanda as
decisões e isso nos deixa em alerta permanente, pois é sinal que
não conseguimos organizar nossas demandas em o que é necessário,
importante e urgente e tudo passa a ser urgente. O que fazer em
situações como essa? Creio que o melhor caminho seja avaliar o que
passou, reforçar o presente e mirar no futuro, a partir de uma Plano
de Ação.
Como
é impossível voltar no tempo para reviver seus momentos, vou
mudando meu pensamento para uma cidadezinha florida de nome Urbano
Santos no Maranhão, onde passa um rio ainda sem poluição e que nos
deliciamos nele após um curso da Fundação Perseu Abramo e depois
do lazer no rio almoçamos num restaurante construído à beira de um
Igarapé, vendo os peixes ao nosso lado. Uma extrema beleza que me
alimenta em pensamento até hoje. Um passado mais recente, que me
permite voltar num futuro próximo e reviver mais um dia de sol com
os pés numa água cristalina.
Usando
a figura de linguagem de um rio, imagino a vida como um rio que
deságua no oceano da nossa existência e leva com ele tudo que
construímos, fragmentos do que não fizemos ou ainda as vitórias e
derrotas ocasionadas pelas nossas escolhas. Um percurso finito, porém
de uma beleza sem igual para quem sabe viver e quem faz da vida um
cenário perfeito para compor nossas histórias.
Caro
destino calma aí. Primeiro vamos arrumar cuidadosamente as malas e
depois estudamos o caminho e que rio vamos navegar. Nasci no Bitury,
andei pelo São Francisco, sonhei no Tapajos e velejei por horas a
fio pelo Amazonas até Cametá, Gurupá e Almerim. Um mar d'Água
capaz de afogar qualquer mágoa e nos trazer perspectivas para os
sonhos futuros. Quem sabe o brinde especial tenha sido o arco iris
que me esperava ao chegar em Santarém ou ainda uma leve garoa nas
serras baianas que me fez lembrar de São Paulo da garoa. Como
esquecer do que me guardava e aguardava uma periferia do país?
Encontrei por lá o que não procurava e me fiz sujeito da história.
Estou
numa época de balanço de vida. De ouvir muitas vezes a música do
meu sambista predileto Paulinho da Viola e sua inconfundível música
“Foi um Rio que passou em minha vida”. Uma viagem percorrendo o
passado, vivendo intensamente o presente e sonhando em enxergar um
futuro com as cores da esperança, das conquistas pessoais e
coletivas e do amor incondicional pela vida, que se desenha em cada
manhã que se inicia nos dando boas vindas ao dia que virá.
O
que é a felicidade? De que se compõe a felicidade? E se olhássemos
a felicidade como um rio? Águas que se renovam com momentos de
renovação. Quem sabe a felicidade esteja onde nossos pensamentos
estiverem? Ao falar nisso, penso numa frase que li certa vez de
Danielle Gomes: “Se você encontrar o rio da felicidade, se afogue
nele”. Entendendo o se afogar como um ato de curtir ao extremo o
encontro com a felicidade. Ser feliz é um estado de espírito e
manter a felicidade um exercício permanente, que requer antes de
tudo habilidade e muita sabedoria.
Para
quem navega pelas águas dos rios da vida pode-se considerar um ser
em permanente viagem. Uma junção de certezas e incertezas, de ser
ou não ser, mas em curso com os momentos que a vida proporciona. Um
pingo de amor em peitos que pulsam por querer muito mais. Viver é
isso!
Somos
as vezes o ponto de luz para quem nos acha e em outras procuramos
essa luz e não a encontramos. Porém o que nos faz caminhar é
descobrir que podemos ser a saga de estarmos vários passos à frente
de quem se entrega à vida e não consegue enxergar o amanhã. Que
venha o amanhã, pois o que tínhamos de fazer para que desse certo
fizemos hoje até o pôr do sol.
Bom
mesmo é viver pensando que a vida seja aquela viagem de rio sem
curvas, feita em dias de sol e à luz do dia, onde as belas paisagens
da natureza se misturam aos nossos pensamentos e juntos nos dá a
certeza de que a vida existe e o melhor ainda está por vir.
Rio
abaixo sou rima. Rio acima poesia. Rio afora sou o conto inacabado à
procura de quem venha e me faça companhia e escreva junto comigo um capítulo
a quatro mãos da minha história de vida.
Antonio
Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico
e Pesquisador em Gestão Social
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