Em
busca de mais uma temática que chamasse a atenção de quem lê, me
deparei com um título sugestivo, que de alguma forma me permite
dialogar sobre a Linha do Tempo entre o Ontem e o Hoje, pensando no
Amanhã. Um percurso de vida que nos coloca à prova em várias
situações. Particularmente tenho tentado entender como as pessoas
enxergam essa transição do tempo (Passado, Presente e Futuro) e
como se organizam para o próximo passo, muitas vezes sem sonhos e
sem nenhum Plano de Ação.
Pessoalmente
sinto que nesse momento da vida me encontro nas reticências que
criei. No ponto de convergência entre o ser e o não ser. Quem sabe
sobrevoando uma área da minha existência que não tinha o menor
conhecimento, em busca de referenciais, de algumas convicções e
principalmente de motivação que me faça subir a colina da vida em
busca de novos ares, revendo alguns valores e buscando segurança
para as minhas decisões para o amanhã. O amanhã é incerto? Será
muito mais se eu não o planejar.
Alguns
autores partem do princípio de que tudo acontece a partir do agora,
do hoje, ou seja, do presente que é onde se vive intensamente, que o
passado não se muda e que o futuro é o que ainda virá de forma
incerta, o que é um fato. Porém, indo para uma discussão mais
profunda e pensando como alguém de planejamento, entendo que o hoje
(presente) é o resultado do que foi planejado e realizado ou não no
ontem (passado) e só terá um amanhã (futuro) perto do que se
espera, caso se esteja ainda nessa dimensão, se houver um
planejamento mínimo para as ações do amanhã a partir do hoje.
Nesse
contexto, sonhos e fantasias emolduram nossas mentes e na nossa
imaginação podemos ser o que queremos ser, mas na prática só com
muita ousadia. Porém, se não ousarmos avançar a vida vai
subtraindo os dias que temos e acabamos no ontem. Não existe futuro
para quem ancora sua vida no hoje. O futuro se encontra no
jogo da vida.
Porque
negar a sedução pelo futuro? Porque viver só o hoje? Porque não
projetar sonhos e fantasias que se misturem ao hoje para colorir um
cenário incerto, mas desejável?
Minha
grande pergunta do momento é o porque de uma parte da população
viver apenas no presente, como se a vida fosse eterna, presa ao
passado e negando a existência do amanhã. Uma situação bem cômoda
para quem a vive, pois evita que se façam planos, que se criem
perspectivas futuras e principalmente se faça um planejamento de
vida.
Além
disso, a tese da vida presente é algo muito interessante, pois não
se pauta por compromissos futuros, simplifica possíveis atropelos e
evita também sentimentos de dor ou ansiedade por algo que não se
projetou. Uma visão simplista que transforma quem pensa e age assim
em seres sem sonhos. Quem sabe seja por essa falta de sonhos que a
sociedade atual vive uma de suas maiores crises de identidade. O bem
e o mal convivendo lado a lado e produzindo o imediatismo e as
compensações pessoais, tragando a possibilidade das pessoas
entenderem qual é a missão enquanto vida.
Na
radicalidade dos fatos, as grandes batalhas, as revoluções ou as
revoltas populares e até os golpes, todas elas e eles são e foram
projetados e planejados no ontem, vividos no hoje, com metas claras
para o amanhã e com a necessidade de avaliações futuras.
A
utopia é um estado de espírito que nos remete ao futuro. Nesse
sentido, me chamou a atenção um texto de Sonia Terezinha Felipe: “O
conceito de utopia na proposta Paulofreireana”, que faz uma viagem
no universo sonhador de Paulo Freire e nos traz várias reflexões,
entre elas essa a seguir:
“No
sentido não pejorativo de fantasia, a utopia é uma construção
mental que apresenta um mundo diferente onde se efetiva a felicidade
humana. Tem um caráter de "antecipação" que as vezes
chega a ser realizada não completamente, outras vezes não se
realiza nem parcialmente. Fantasiar é criar um sistema de
pensamentos que estão mais além da realidade e a sobrepassam.
Existe um vácuo, porém, entre esta construção mental que vai além
da realidade e a tentativa de instaurar a mudança pensada”.
Quem
sabe esse vácuo que a autora se refere não esteja nas dispersões,
nas viagens mentais sem assumi-las, na falta de compromisso para
assumir as mudanças ou ainda projetar algo sem planejar. Sonho e
fantasias fazem parte do universo humano, porém um sonho, diferente
da fantasia, tem metas envolvidas, cenários diversos e o compromisso
de se chegar bem perto do que se planejou. É claro que a vida não
nos dá certeza de nada, mas temos o livre arbítrio das escolhas dos
caminhos a seguir e são esses caminhos e essas escolhas que acabam
refletindo o que pensamos e como agimos ou não. Futuro é sonhar em
viver. É andar de mãos dadas hoje sem medo do amanhã.
A
vida é uma passagem. Uma vereda que vai se estreitando ao longo do
tempo. Alegrias e tristezas vivem a se confrontarem. Amores e
desamores contam nossas histórias. Portas entreabertas que
necessitamos fechar. Valores irreais e tentações circundam a
imaginação de quem não se prende a nada e acha que isso é ser
livre. Enfim, quem somos? Somos o que achamos ser ou alguém com
vontade de ser o que já foi?
Sonhar
é viver e viver é sonhar. Vida que te quero vida. Vida que se
constrói a cada dia. Vida que nos possibilita errar e aprender, cair
e levantar, com a esperança de que o amanhã poderá ser diferente a
partir da nossa percepção de aprender, crescer e mudar.
Ontem
eu brinquei de ser artista, de ser cantor e até de ser poeta. Como
faltaram pernas e talento para continuar a viagem rumo às
realizações pretendidas, fiquei quietinho no meu canto e hoje
brinco de ser escritor e sujeito da história.
Quem
sabe amanhã eu possa brincar de ser um sábio, onde ao cair da noite
eu possa deitar em meu travesseiro e sonhar com um mundo onde caiba
todos os desejos possíveis de pessoas que transformam o amor numa
entidade divina, capaz de iluminar os caminhos de quem não consegue
partilhar e nem compartilhar esse sentimento que tem poder de
transformar o mundo. Salve todas as formas de Amar!
Antonio
Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico
e Pesquisador em Gestão Pública Social
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