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terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

Uma viagem à Linha do Horizonte...

Céu bonito do mar e da nuvem no horizonte, fundo do seascape Foto Premium

Diz uma lenda que no início dos tempos o céu, a terra e o mar brincavam de um mundo de faz de conta, mesmo com a distância que os separavam, enquanto os séculos passavam, e para não correrem o risco de nunca mais se avistarem recorreram à Linha do Horizonte para ficarem mais próximos e num passe de mágica ficaram tão juntos que imaginamos um coladinho ao outro.

Chamamos de Linha do Horizonte o ponto onde o céu parece encontrar com a terra no limite de uma esplanada ou num encontro com mar até onde nossa visão alcançar. É ali, naquele ponto, onde a nossa imaginação alça voo, onde depositamos nossos pensamentos e às vezes nos perdemos na imensidão sem fim que essa linha reproduz. Uma viagem no campo das nossas emoções.  

Só me dei conta dessa cena quando já era adolescente e tive contato com o mar. Nasci num sítio, num vilarejo e longe do mar e depois cresci em contato com outra selva. Uma selva de pedra, em descompasso com a minha infância.

Às vezes fecho os olhos e me imagino seguindo em direção à Linha do Horizonte, quem sabe num resgate das várias viagens que fiz por diversos rios do norte do país que parecem mares. Miro em direção àquele ponto onde na nossa imaginação a terra acaba ali e o céu acabou de encontrar o mar.

Sinto-me em viagem. Uma leve brisa vem ao meu encontro, junto com ela pingos de água reproduzidos pela embarcação que imagino estar. Sinto frio e não há nada por perto para me aquecer. Um filme de vida desfila suas cenas pelos meus pensamentos e uma sensação de que a vida é o encontro entre as nossas fantasias, os sonhos refletidos num instante como esse e a realidade quando estamos de os olhos bem abertos e encaramos a vida de frente.

Nesse instante me lembro de muitas coisas, entre elas da gostosa brincadeira da arte de Pipar. Linha, carretel, uma pipa na mão, o desafio ao vento e o sabor de horas de um leve pensar, onde se permite fantasiar até mesmo o que queremos ser quando crescer e na brincadeira do dia seguinte.

De repente começo a recordar das várias músicas que cantei para alguém ou cantarolei no percurso da minha vida e que me podiam fazer companhia numa viagem mental como essa e uma delas não me sai da cabeça, pois fala de um percurso de vida, da precaução que a maturidade nos trás, do choro incontido que às vezes chega às pessoas que se comovem com o que vem do coração, mas principalmente fala de esperança nas flores que ainda vão nascer.

Obrigado Flávia Wenceslau por compor algo tão belo. “Por uma folha” é uma daquelas canções que nos faz viajar dentro de uma viagem onde se busca a paz interior e o sonho justo que embala nosso sono.

Ainda em viagem vou deslizando pelos rios da vida e lá na frente abro os olhos e dou de cara com uma revoada de pássaros, onde minha imaginação voa junto rumo ao que sonho, ao que amo e principalmente ao que quero ser. Pego carona com a primeira ave que passa e voo lentamente em busca da felicidade e do que fazer amanhã, quando abrir os olhos, enxergar o sol que brilha e olhar a telinha do computador para ver quem de forma descuidada me deu um bom dia e quem me deixou a ver os barquinhos que deslizam rio afora.

O horizonte revela que quem sonha acordado chega mais perto do infinito e se esse sonho tiver uma boa companhia à próxima viagem poderá ser ao Jardim do Éden via Linha do Horizonte.
Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social

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