É
inegável afirmar que a sociedade tem uma nova doença contagiosa, elaborada
passo-a-passo pela direita e pela extrema direita. Trata-se do ódio, individual
e coletivo, que não chega a ser um fenômeno isolado quando estamos falando de ciúmes,
invejas e tantas outras loucuras humanas, porém no campo da política e do modo
como vem sendo tratado e disseminado, podemos sim afirmar que é algo novo e assustador
para a democracia.
Esse
ambiente de ódio revelou duas criaturas ocultas até então. A primeira o “Coxinha” e de quebra
ampliou o espectro fascista. Entre ambos habita uma galera alienada comandada pelo
caos midiático e com pouca massa cinzenta na cabeça, que não luta desfila.
Esse conjunto forma uma
tropa de paranoicos travestidos de éticos, de democratas e com a visão de que
nada presta nessa Nação chamada Brasil. Bom mesmo é o EUA, principalmente pelo
fato do fascínio de saber que estão tratando com um império que tenta dominar o
planeta. Sonham inclusive de voltarmos a ser um agregado dos Estados Unidos e
do FMI, como éramos nos governos tucanos.
Enquanto
coxinhas são espécies alienadas, normalmente de classe média, pessoas
mimadinhas pelo dinheiro, que se julgam melhores que os outros, comandados pelo
PIG e nem sabem por que desfilam de verde e amarelo contra o PT, Lula e Dilma;
fascistas são vermes de outra categoria, que seguem um ritual ideológico e são
de alta periculosidade.
Apoiado
no artigo da filósofa Marcia Tiburi, escrito para a Carta capital, me arisco a
traçar um breve perfil dessas criaturas, no sentido, muito mais de alerta do
que de enfrentamento político a eles, principalmente porque temos que combater
primeiro quem fomenta suas criações, quem lhes dá guarida e quem altera o
comportamento da sociedade com o envenenamento coletivo.
Segundo
Marcia, é impossível estabelecer uma conversa com um ou uma fascista, pois essa
gente sofre de uma grave incapacidade de se relacionar com pessoas que pensem
de forma diferente, sobre qualquer aspecto e sobre qualquer assunto.
Normalmente reagem aos berros. Exaltam-se com tudo e com nada. Sentem-se
vítimas constantes da sociedade e se consideram eternos perseguidos. Acreditam
que só gritando e humilhando as pessoas, poderão mostrar que são superiores ou ainda
como esconder suas inferioridades humanas.
Outra
faceta desse tipo de gente é odiar a democracia. Aliás, nem imaginam o que venha
a ser isso e enxergam na ditadura militar a única forma de estabelecer a ordem
e a luta constante contra o comunismo, que também, nem de longe, sabem de que
se trata. Imaginam algo como era a frase que originou o lema da Bandeira
Nacional: “Ordem é Progresso”. Ou seja, só com ordens repressivas haverá
progresso. Quem não conhece alguém assim?
Aqui
no Brasil odeiam tudo que se referira às questões sociais e adoram a
meritocracia. Adoram a riqueza e odeiam não a pobreza, mas os pobres.
Porém,
o ódio maior é destinado ao PT, a Dilma e principalmente ao Lula, pois ousaram intervir
e mudar radicalmente um cenário nacional esculpido desde a invasão de 1500,
exclusivamente para os moradores da casa-grande e seus representantes e o ódio
aumenta quando lembram que o PT e alguns de seus aliados, que militam por uma
causa, impedem na prática que fascistas e direitistas de toda ordem, transformem
os menos favorecidos, numa gigantesca senzala a lhe servir.
Em
regras gerais, tanto “coxinhas”, como fascistas, são preconceituosos, machistas,
racistas, homofóbicos e em especial odeiam pobres. São pessoas (se podem ser
chamados assim), que mesmo sabendo que de alguma forma são elas as grandes
responsáveis pelas desigualdades humanas, imputam isso, ou a sorte imaginam
ter, ou ainda a falsa visão de que as oportunidades estão para todos e todas,
só não aproveita quem não quer. Muitos deles ou delas se escondem atrás de uma
religião e viram adoradores da Teologia da Prosperidade e odeiam a Teologia da
Libertação.
Ainda
segundo Marcia, que concordo plenamente, o fascismo é uma aberração política, que
se origina da miséria de nossa época. A pobreza e a miséria no mundo acabam
sendo uma grande fonte de renda e de inspiração para fascistas, direitistas,
populistas, políticos que transformam a política em profissão, o tal do
terceiro setor, ONGs, OSCIPs e tantas outras patifarias e comportamentos neoliberais
e de extrema direita, que ao invés de combater os males em suas raízes, se
nutrem deles.
A
falta de informação e de conhecimentos acaba sendo em última instância, os
alicerces dos oportunistas, dos falsos líderes e dos paranoicos pelo poder. Essas
pessoas sequer se amam, pois não conhecem o que é amar e sim serem servidas. São
consumidas diariamente pelos inimigos invisíveis e pelo ódio que habitam em
suas mentes e corações.
A
única coisa boa a se pensar é que representam a extrema minoria da sociedade e
parecem muitos devido à mídia golpista os transformarem em milhares de dragões,
com forças sobrenaturais, porém não passam de pessoas oportunistas, doentes
mentais e atormentadas pela defesa do lado que ocupam na luta de classe.
É
bom que se diga que quando um(a) gestor(a) ou um(a) legislador(a) se comporta
como alguém que não quer perder o que chama de poder, também, em maior ou menor
proporção, não passa de instrumento que fortalece, tanto “coxinhas”, como fascistas.
A
partir desse cenário, infelizmente a eleição de 2016 será o palco de novas
disputas, não políticas e ideológicas, mas do bem contra o mal, dos que lutam
pela liberdade contra os que querem a volta da ditadura militar. Dos que sonham
com uma sociedade justa, fraterna e igual para todos e todas e aqueles e
aquelas que querem aprisionar a liberdade e transformar o povo de bem desse
país em escravos a lhes servir.
O
antídoto para essa situação e a essa gente é a união intransigente das pessoas de
bem que militam e lutam por uma causa, formando uma grande rede que luta por justiça e
liberdade.
Quem se cala diante de uma injustiça é
tão cúmplice do processo, como aqueles e aquelas que a provocaram.
Antonio Lopes Cordeiro
Pesquisador em Gestão Pública e Social
toni.cordeiro@ig.com.br