Ontem
à noite na cidade de Campinas, aconteceu um daqueles momentos, capaz de
revigorar nossas energias, nos fazer voltar a sonhar e não perder a esperança jamais
de que de fato a sociedade se reinventa a cada instante e as lutas do passado,
não resolvidas, se entrelaçam à conjuntura atual.
Só
vai entender o que estou a falar, quem não se pauta pela mídia conservadora e
parcial, quem não foi contaminado pela direita raivosa e quem toma decisões
estratégicas na vida a partir de um referencial coletivo, que passa a integrar
seu próprio projeto de vida. Ou seja, quem milita por uma causa político-econômica
e social que supere as injustiças e inclua todas as pessoas banidas da
sociedade.
Fui
convidado para o encerramento da Caravana Horizonte Paulista, coordenada pelo
Ex-Ministro Alexandre Padilha e virtual pré-candidato ao governo do Estado de
São Paulo, ocorrida no Sarau que a juventude preparou para ele.
O
diretório do Partido dos Trabalhadores de Campinas estava repleto. Num clima descontraído,
vários jovens de diversas regiões, matrizes étnicas e lideranças de diversas
causas e entidades, estavam presentes, além de muitas outras pessoas de todas
as idades e puderam livremente se posicionar com suas reivindicações e,
sobretudo com suas opiniões para o conteúdo de um Plano de Governo
Participativo, em busca de uma nova forma de governar São Paulo.
Rostos
alegres e descontraídos. Falas carregadas de emoções. Indignação pelo abandono
do Estado de São Paulo, pela forte repressão e assassinato de jovens paulistas,
principalmente os da periferia e negros. Tudo isso aliado ao compromisso de irem
às ruas e fazer a disputa rumo a um novo projeto de governo do Estado.
Do
outro lado um pré-candidato atento, conectado com os interesses da juventude e,
sobretudo vibrando junto a cada depoimento. Foi assim, o tempo todo, o
comportamento de Alexandre Padilha. Naquele momento, mal dava para separar quem
era povo e quem era o personagem principal daquele encontro. Assim como não
dava para separar jovens e pessoas mais idosas, misturadas numa forte energia
prontas para a segunda etapa.
Por
um instante eu passei a entender perfeitamente o porquê tinha escolhido em
1974, numa pequena cidade de Pernambuco, minha querida Belo Jardim, ter um lado,
apoiando junto com um pequeno grupo de pessoas Marcos Freire para Senador e o
MDB como ponto de partida na minha militância à esquerda, com opções claras e
prontas para no futuro ajudar as Comunidades Eclesiais de Base ligadas à
Teologia da Libertação, as longas caminhadas ao Estádio da Vila Euclides e ao
Paço Municipal de São Bernardo do Campo nas greves de 79 e 80 e principalmente a
opção sem hesitar de me filiar ao Partido dos Trabalhadores. Aliás, por duas
vezes. Uma em 1980 que a ficha desapareceu e a outra em 1982.
Imagino
que viver é isso. Numa semana estar com os gestores, militantes e pessoas da
aldeia indígena numa pequena cidade na divisa de Mato Grosso com Rondônia, chamada
Rondolândia, ajudando a capacitá-los e aprendendo com eles e na outra viver as
emoções da alegria incontida daquela juventude e poder dizer: estamos juntos.
Para completar o
cenário, como esquecer as palavras do Vereador Líder da Bancada do Partido dos
Trabalhadores em Americana, Moacir Romeiro, proferidas no evento com o
Ex-Ministro Padilha. Disse ele: “Companheiro
Padilha, por certo você terá apoio do empresariado, de vários partidos e de várias
partes da sociedade, mas de nada vale se você não vier a governar com o povo,
respeitando os setores organizados e ouvindo suas reivindicações. Só assim seu
governo poderá ser considerado um governo democrático e popular”.
Só consegue entender
o que significa isso quem escolheu um lado para atuar e quem ainda se indigna com
todo processo de exclusão provocado pelo poder econômico global.
Ser petista, não é ter
cargo e muito menos posição em qualquer tipo de poder. Ser petista é antes de
tudo sentir na alma o pulsar da sociedade se reinventando e se sentir também
sujeito dessa história que está sendo escrita a várias mãos.
Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Coordenador do Programa de Capacitação Continuada
em Gestão Pública e Social da Fundação Perseu Abramo
em Gestão Pública e Social da Fundação Perseu Abramo
toni.cordeiro1608@gmail.com
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