Mensagem

Faça seu comentário no link abaixo da matéria publicada.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Os desafios do trabalho em equipe

Figura: www.portalcocal.com.br

O que é trabalhar em equipe? O que as pessoas precisam aprender para exercer o trabalho em grupo? Porque a maioria das pessoas sente tanta dificuldade em se adaptar?

Nos dias de hoje parece uma coisa natural o termo trabalho em equipe. É como se a sociedade moderna tivesse simplesmente se reinventado, como se isso fosse amplamente possível, sem os meios adequados.

Até os capitalistas de plantão descobriram que podem produzir e ganhar mais ao adotar o trabalho em equipe, o que seria uma verdadeira evolução, a partir da Teoria Z de William Ouchi, se no meio disso tudo não existisse a exploração. Onde estão as contradições? Na essência da discussão, na possibilidade subversiva de juntar pessoas, onde de um lado, passa a ser plenamente aceitável para a produção e até mesmo para a qualidade, porém terminantemente proibido e reprimido quando o caso se refere à cobrança de direitos.

No mundo empresarial moderno chegou-se a conclusão, que quanto mais se investe no ser humano, mais ele produz e com prazer, embora não participe da divisão dos lucros, mas a sensação de bem estar acaba produzindo uma forma de recompensa. Essa evolução está presente, se iniciando pela Teoria Y e se configurando na Teoria Z.

Acredito que é nesse gueto que se encontra, por exemplo, parte do sindicalismo no Brasil, que vai desde a renúncia do trabalhador atual em não acreditar ser possível ter sindicatos que defendem seus direitos, sem ter nada em troca, até alguns sindicalistas que se perderam no tempo, seja pela desatualização ou mesmo por ter se vendido à promiscuidade. É claro que não estou generalizando, pois existem sindicatos e sindicalistas procurando se adaptarem às mudanças do mundo do trabalho, porém a maioria se encontra nessa eterna contradição.

Vale ressaltar mais uma contradição, que é o deslocamento existente, por exemplo, nos últimos 20 milhões de trabalhadores com carteira assinada, com um grande contingente de prestadores de serviços, que sem serem sindicalizados, pelo menos por opção, cria uma espécie de bolha de poder ou sua negação, requerendo um estudo específico de como tratar política e economicamente essa situação.  Esse fato, além de resultar uma nova classe trabalhadora, resulta também no desprestígio às instituições sindicais que não estão acompanhando as mudanças do Século XXI .

Quando trazemos a discussão da importância do trabalho em equipe para a Gestão Pública, as contradições são ainda maiores. Primeiro pelo fato dos funcionários, servidores e colaboradores, virem de um mundo onde jamais foram chamados sequer para discutir as tarefas, quanto mais o que e como fazer essas tarefas de forma coletiva.

Tratando-se, portanto, de um mundo ou de uma relação estática, onde o ser humano vira apenas maquina e desenvolve precariamente sua função ou ainda da tarefa mal trabalhada, onde de um lado o servidor desmotivado finge que ganha e que trabalha e de outro um grande contingente de gestores satisfeitos com essa situação, pelo fato da possibilidade de terceirizar da máquina pública, rifando assim a sorte principalmente da população carente.
Trabalhar em equipe requer antes de tudo uma mudança de postura, mudança de valores e consequentemente de atitudes. Talvez tudo fique mais fácil quando se tem ou um problema ou um propósito coletivos, pois a necessidade impõe a ação, só que para isso requer outra configuração.

Só para lembrar, nenhum gestor que esteja na promiscuidade ou ainda que não respeite a organização popular, por exemplo, se atreve em desenvolver um trabalho em equipe, pois quando as pessoas se juntam com um propósito, nasce a partir daí algo tão grandioso, que além de impor respeito, para aqueles que o rejeitam, os demais na plateia também sentirão vontade de incorporá-lo. É a aí que nasce a subversão da ordem vertical em favor da ordem horizontalizada, onde todos serão ouvidos e respeitados.

Uma ação coletiva pode representar até mesmo a busca da liberdade para alguns, o encontro de elos perdidos pela contradição da vida para outros, mas, sobretudo representará antes de tudo, a busca da superação construída em comunhão, na medida em que “eu” sozinho não dou conta da tarefa e preciso do “nós” para completar a ação.

Como dizia Paulo Freire: "A liberdade, que é uma conquista, e não uma doação exige permanente busca. Busca permanente que só existe no ato responsável de quem a faz. Ninguém tem liberdade para ser livre: pelo contrário, luta por ela precisamente porque não a tem. Ninguém liberta ninguém, ninguém se liberta sozinho, as pessoas se libertam em comunhão."

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Coordenador do Programa de Capacitação Continuada
em Gestão Pública e Social da Fundação Perseu Abramo
toni.cordeiro1608@gmail.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Faça seu comentário sobre o Post