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O
que é trabalhar em equipe? O que as pessoas precisam aprender para exercer o
trabalho em grupo? Porque a maioria das pessoas sente tanta dificuldade em se
adaptar?
Nos
dias de hoje parece uma coisa natural o termo trabalho em equipe. É como se a
sociedade moderna tivesse simplesmente se reinventado, como se isso fosse
amplamente possível, sem os meios adequados.
Até
os capitalistas de plantão descobriram que podem produzir e ganhar mais ao
adotar o trabalho em equipe, o que seria uma verdadeira evolução, a partir da
Teoria Z de William Ouchi, se no meio disso tudo não existisse a exploração.
Onde estão as contradições? Na essência da discussão, na possibilidade
subversiva de juntar pessoas, onde de um lado, passa a ser plenamente aceitável
para a produção e até mesmo para a qualidade, porém terminantemente proibido e reprimido
quando o caso se refere à cobrança de direitos.
No
mundo empresarial moderno chegou-se a conclusão, que quanto mais se investe no
ser humano, mais ele produz e com prazer, embora não participe da divisão dos
lucros, mas a sensação de bem estar acaba produzindo uma forma de recompensa.
Essa evolução está presente, se iniciando pela Teoria Y e se configurando na
Teoria Z.
Acredito
que é nesse gueto que se encontra, por exemplo, parte do sindicalismo no
Brasil, que vai desde a renúncia do trabalhador atual em não acreditar ser
possível ter sindicatos que defendem seus direitos, sem ter nada em troca, até
alguns sindicalistas que se perderam no tempo, seja pela desatualização ou
mesmo por ter se vendido à promiscuidade. É claro que não estou generalizando, pois
existem sindicatos e sindicalistas procurando se adaptarem às mudanças do mundo
do trabalho, porém a maioria se encontra nessa eterna contradição.
Vale
ressaltar mais uma contradição, que é o deslocamento existente, por exemplo,
nos últimos 20 milhões de trabalhadores com carteira assinada, com um grande
contingente de prestadores de serviços, que sem serem sindicalizados, pelo
menos por opção, cria uma espécie de bolha de poder ou sua negação, requerendo
um estudo específico de como tratar política e economicamente essa situação. Esse fato, além de resultar uma nova classe
trabalhadora, resulta também no desprestígio às instituições sindicais que não estão
acompanhando as mudanças do Século XXI .
Quando
trazemos a discussão da importância do trabalho em equipe para a Gestão
Pública, as contradições são ainda maiores. Primeiro pelo fato dos funcionários,
servidores e colaboradores, virem de um mundo onde jamais foram chamados sequer
para discutir as tarefas, quanto mais o que e como fazer essas tarefas de forma
coletiva.
Tratando-se,
portanto, de um mundo ou de uma relação estática, onde o ser humano vira apenas
maquina e desenvolve precariamente sua função ou ainda da tarefa mal trabalhada,
onde de um lado o servidor desmotivado finge que ganha e que trabalha e de
outro um grande contingente de gestores satisfeitos com essa situação, pelo
fato da possibilidade de terceirizar da máquina pública, rifando assim a sorte
principalmente da população carente.
Trabalhar
em equipe requer antes de tudo uma mudança de postura, mudança de valores e consequentemente
de atitudes. Talvez tudo fique mais fácil quando se tem ou um problema ou um
propósito coletivos, pois a necessidade impõe a ação, só que para isso requer outra
configuração.
Só
para lembrar, nenhum gestor que esteja na promiscuidade ou ainda que não
respeite a organização popular, por exemplo, se atreve em desenvolver um
trabalho em equipe, pois quando as pessoas se juntam com um propósito, nasce a
partir daí algo tão grandioso, que além de impor respeito, para aqueles que o
rejeitam, os demais na plateia também sentirão vontade de incorporá-lo. É a aí
que nasce a subversão da ordem vertical em favor da ordem horizontalizada, onde
todos serão ouvidos e respeitados.
Uma
ação coletiva pode representar até mesmo a busca da liberdade para alguns, o
encontro de elos perdidos pela contradição da vida para outros, mas, sobretudo representará
antes de tudo, a busca da superação construída em comunhão, na medida em que “eu”
sozinho não dou conta da tarefa e preciso do “nós” para completar a ação.
Como dizia Paulo Freire:
"A liberdade, que é uma conquista, e
não uma doação exige permanente busca. Busca permanente que só existe no ato
responsável de quem a faz. Ninguém tem liberdade para ser livre: pelo
contrário, luta por ela precisamente porque não a tem. Ninguém liberta ninguém,
ninguém se liberta sozinho, as pessoas se libertam em comunhão."
Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Coordenador do Programa de Capacitação Continuada
em Gestão Pública e Social da Fundação Perseu Abramo
em Gestão Pública e Social da Fundação Perseu Abramo
toni.cordeiro1608@gmail.com
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