Ultimamente tem aumentado o número de manifestações
contra a corrupção e isso é muito bom, pois nos leva a uma reflexão sobre essa
prática nefasta que está enraizada na sociedade como um todo e porque toda
manifestação pelo seu fim deve ser aplaudida e apoiada, desde que pacífica e
ordeira.
As manifestações tem tido como centro das discussões
os agentes políticos, como se fossem esses os responsáveis por tudo que de mal
acontece no país, o que sabemos não é verdade, pois se existe corrupção
envolvendo agentes políticos é porque outros segmentos da sociedade entram na
roda, afinal, se há corrupção é porque existem o corrupto e o corruptor.
Existem políticos fazendo grandes discursos contra a
corrupção, mas fazem caixa dois nas suas campanhas eleitorais, não declaram de
onde vêm os recursos que financiam suas campanhas e fazem com que a disputa
seja desigual. Esses, sem dúvidas, levam vantagem na hora da apuração, mas quem
paga a conta dos gastos indevidos é justamente o povo que sofre com licitações
fraudulentas e outras formas que o poder econômico encontra para lucrar com os
apoios que distribui.
Já a população que está nas ruas manifestando,
coberta de razão, deve também refletir sobre suas ações para que possam ser coerentes
em relação ao que exigem. Senão vejamos; o empresário que subfatura ou deixa de
emitir nota fiscal para pagar menos impostos ou deixa de incluir na folha de
pagamento os ganhos de horas extras e outros benefícios de seus trabalhadores;
o trabalhador que acerta com o patrão para ser demitido e continua a trabalhar
sem registro para receber o seguro desemprego; o motorista que comete
irregularidade no transito e no momento da penalidade dá o nome de outro para
que receba a pontuação a ser lançada na carteira de habilitação; quem oferece
ao policial algum valor para que não seja autuado por alguma outra infração;
quem compra produtos piratas, os agentes públicos que aceitam algum benefício
para deixar passar algum ato ilícito, quem estaciona nas vagas de idosos ou de
pessoas portadoras de deficiência; todos esses também são responsáveis pelo
estado de coisas que devemos criticar e exigir mudanças.
Para exterminar esse mal secular, portanto, primeiro
é preciso que cada um de nós “por que você fica olhando o cisco do olho do seu
irmão e não presta atenção à trave que está no seu próprio olho?” (Mt 7,3).
Moacir Romero
Líder do PT na Câmara dos Vereadores em Americana.
moacirromero@camara-americana.sp.gov.br
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