No
último final de semana estive ministrando o Curso Plano de Governo e Ações para
Governar da Fundação Perseu Abramo, em Santo Antonio do Pinhal. Uma estância
turística cravada na Serra da Mantiqueira.
Como
toda cidade pequena, Santo Antonio carrega um charme particular. A maioria da
população se conhece por nome. Isso faz com que fique mais transparente o
pensamento e a prática das pessoas. O povo praticamente se junta nos cultos, nas
missas e principalmente nas festas. Imagino que deva ser lá também que os
comentários são plantados e a vida da cidade vai sendo contada.
Diversas
coisas me chamaram a atenção. Em primeiro lugar a dificuldade de se fazer
gestão participativa na cidade, apresentado por alguns gestores participantes,
porém, com mais ênfase pelo Prefeito Junior, que de forma gentil esteve conosco
o tempo inteiro. Todos afirmaram que numa cidade como aquela era quase
impossível as pessoas se dispuserem a vir num evento, seja ele o que for. Não
me dei por vencido e fiz durante o curso, diversas provocações.
Em
segundo, uma frase dita por uma das gêmeas que trabalham num restaurante que
almocei antes do jogo do Brasil e que fica ao lado da pousada que estava
hospedado. Ao conversamos, ela foi logo perguntando se eu estava a trabalho e
eu lhe disse que sim num curso com os gestores da prefeitura. Ela ficou
entusiasmada para ir, sendo que o que a impedia ela e a sua irmã, vinha do fato
de trabalharem de manhã à noite no restaurante. Seu interesse vinha do fato de
ambas serem do Conselho Municipal de Juventude e queriam aprender um pouco mais
sobre o que estava em jogo. No meio da conversa ela me disse: “Precisamos de uma
nova forma de governar”.
Foi
uma frase que adorei ouvir, pois mesmo sem ela saber, foi esse tema que deu
origem a esse curso que desenvolvi para a Fundação Perseu Abramo. O tema daquela
palestra proferida no segundo semestre de 2012, na Prefeitura de Teixeira de
Freitas na Bahia, a convite do amigo Dr. Paulo Sergio da Associação
Transparência Municipal de Salvador e do Prefeito João Bosco, foi: “Em busca de
uma nova forma de governar”. Algo que as pessoas associam como uma mudança
radical, principalmente na relação entre governo e sociedade, buscando se distanciarem
da bandalheira da corrupção de atinge inúmeras prefeituras e que tem um custo
estimado de 85 bilhões de reais por ano. Mesmo sem saberem, as pessoas desejam
serem convidadas para participar, isso seria justamente para que se cumpra o
direito constitucional de Participação e Controle Social, por parte da sociedade
organizada em suas entidades.
Em
curso, fomos contemplados com a presença de um jovem, que mesmo com algumas
confusões, como é peculiar, como por exemplo, desconhecer que cada Partido
Político vem ou nasce de uma concepção ideológica, nos brindou com sua
inquietação. Disse-lhe entre outras coisas, que o mais importante não era ele
se filiar a partido nenhum, enquanto tivesse dúvidas quanto ao seu papel nele,
mas sim o de ser o elo de ligação entre jovens rebeldes da cidade e a luta
concreta para se mudar a sociedade.
O
mais interessante é que também uma frase do curso parece ter feito toda
diferença para a compreensão do Prefeito na condução de uma gestão
participativa. Ele dizia que teria que ter algo antes mesmo da concepção de um
Fórum, seja ele de que segmento for e quando viu que uma das tarefas do
governante é Educar a População para Participação, enxergou nela o ponto de
partida para as tarefas necessárias na construção do que estamos chamando da “Arquitetura
da Participação”, onde as mulheres, os jovens, as pessoas idosas, a luta pela
igualdade racial e demais setores, sejam chamados e organizados através de seus
Fóruns Representativos e possam contribuir na formulação e acompanhamento das
Políticas Públicas, mesmo que nas primeiras reuniões venham apenas 10 ou 15
pessoas. Essas serão num futuro próximo, os agentes multiplicadores da mudança.
Enfim,
esse curso, que já chegou a 28 cidades sedes, em 10 Estados, com 159 prefeituras
presentes e mais de 1200 participantes, vai escrevendo, em detalhes, a vida de
cada gestão onde o Partido dos Trabalhadores e seus parceiros estiverem
presentes.
Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Pesquisador em Gestão Pública e Social
Coordenador do Programa de Capacitação Continuada
em Gestão Pública da Fundação Perseu Abramo
toni.cordeiro1608@gmail.com
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