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quinta-feira, 30 de abril de 2020

Dia do trabalhador - o momento pede reflexão e ação

O 1º de Maio é uma data muito significativa para a classe trabalhadora. Foi estabelecida em 1889, num Congresso ocorrido em Paris, pela Segunda Internacional Socialista, que reuniu os principais partidos socialistas e sindicatos de toda Europa, prestando, dessa forma uma homenagem aos operários dos Estados Unidos. O contexto era de luta por melhores condições de trabalho, tendo como uma das principais reivindicações a garantia da jornada de oito horas diárias, pois na época alguns operários trabalhavam até 14 horas por dia.

A Greve Geral do dia 1º de maio de 1886 na cidade de Chicago terminou em tragédia. “A polícia reprimiu o movimento de forma violenta, ocasionando a morte de quatro operários. Essa data passou, então, a simbolizar a luta dos trabalhadores”. Hoje, a data é celebrada em mais de 90 países.

Este 1º de maio de 2020, como todas outras comemorações deste período de quarentena pela contenção da pandemia da COVID-19, tem característica diferente dos demais. Talvez seja a primeira vez na história desde 1886, que essa data não terá manifestações nas ruas ou romarias.

A implantação da “modernização neoliberal” traz a preocupação tanto dos servidores públicos, quanto dos demais trabalhadores com os novos arranjos em torno do trabalho: visando reduzir os custos da produção, as empresas adotam mecanismos como a Inteligência artificial, a terceirização e a precarização do trabalho, jogando uma legião de trabalhadores no desemprego ou na informalidade, sem direitos, sem remuneração digna, sem proteção. Muitas famílias estão sobrevivendo graças à solidariedade de outras pessoas.

Esse cenário é campo fértil para o fortalecimento do mito do empreendedorismo, quando os trabalhadores como motoristas de aplicativo, ou da área de entregas são tratados como empresários deles mesmos, sem vínculo trabalhista, sem direitos, sem proteção.

Quando a classe dos patrões e o próprio governo pedem o fim do isolamento e o retorno ao trabalho em meio à pandemia, mesmo empresários de grande capital financeiro, significa que “eles sem nós não geram riquezas”. A força da produção está em nossas mãos, em nossas mentes e corações...

Ora, essas riquezas por nós trabalhadores produzidas, não são por nós desfrutadas.

Com a implantação das políticas neoliberais, em especial nos últimos anos, inclusive com destinação de recursos públicos, hoje 2.153 bilionários detém uma riqueza equivalente a 4,6 bilhões de pessoas no mundo. Dois mil bilionários detém o equivalente a 60% da riqueza do mundo, segundo dados da Oxfam de 2019. No Brasil, seis bilionários detém uma riqueza igual a de 100 milhões de brasileiros e brasileiras.

Aos trabalhadores resta trabalhar mais, produzir mais, gerar mais riqueza para alimentar a ganância de uma classe cada vez mais distante socialmente da grande maioria, além de tentar sobreviver, já que estamos em meio a uma pandemia, cujo contágio se dá de forma simples e rápida, e o ideal seria o isolamento social, conforme orientações da Organização Mundial da Saúde e demais órgãos correlatos.

O dia 1º de maio nos leva, neste cenário, a refletir ainda mais sobre a nossa forma de organização e resistência frente a tantos ataques e injustiças.

Acreditamos que a organização juntamente com a mobilização, a formação e a solidariedade são de fundamental importância para que não deixemos o valor do trabalho ser substituído por uma nova escravidão: a precarização.

“Quero trabalhar em paz, não é muito que lhe peço. Eu quero um trabalho honesto, em vez de escravidão” (Renato Russo).
Arlete Rogoginski
Formada em História e Diretora do Sindijus - PR

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