O 1º de Maio é uma data muito
significativa para a classe trabalhadora. Foi estabelecida em 1889, num
Congresso ocorrido em Paris, pela Segunda Internacional Socialista, que reuniu
os principais partidos socialistas e sindicatos de toda Europa, prestando, dessa
forma uma homenagem aos operários dos Estados Unidos. O contexto era de luta
por melhores condições de trabalho, tendo como uma das principais
reivindicações a garantia da jornada de oito horas diárias, pois na época
alguns operários trabalhavam até 14 horas por dia.
A Greve Geral do dia 1º de maio de 1886
na cidade de Chicago terminou em tragédia. “A polícia reprimiu o movimento de
forma violenta, ocasionando a morte de quatro operários. Essa data passou,
então, a simbolizar a luta dos trabalhadores”. Hoje, a data é celebrada em mais
de 90 países.
Este 1º de maio de 2020, como todas
outras comemorações deste período de quarentena pela contenção da pandemia da
COVID-19, tem característica diferente dos demais. Talvez seja a primeira vez
na história desde 1886, que essa data não terá manifestações nas ruas ou
romarias.
A implantação da “modernização
neoliberal” traz a preocupação tanto dos servidores públicos, quanto dos demais
trabalhadores com os novos arranjos em torno do trabalho: visando reduzir os
custos da produção, as empresas adotam mecanismos como a Inteligência
artificial, a terceirização e a precarização do trabalho, jogando uma legião de
trabalhadores no desemprego ou na informalidade, sem direitos, sem remuneração
digna, sem proteção. Muitas famílias estão sobrevivendo graças à solidariedade
de outras pessoas.
Esse cenário é campo fértil para o
fortalecimento do mito do empreendedorismo, quando os trabalhadores como
motoristas de aplicativo, ou da área de entregas são tratados como empresários
deles mesmos, sem vínculo trabalhista, sem direitos, sem proteção.
Quando a classe dos patrões e o próprio
governo pedem o fim do isolamento e o retorno ao trabalho em meio à pandemia,
mesmo empresários de grande capital financeiro, significa que “eles sem nós não
geram riquezas”. A força da produção está em nossas mãos, em nossas mentes e
corações...
Ora, essas riquezas por nós
trabalhadores produzidas, não são por nós desfrutadas.
Com a implantação das políticas
neoliberais, em especial nos últimos anos, inclusive com destinação de recursos
públicos, hoje 2.153 bilionários detém uma riqueza equivalente a 4,6 bilhões de
pessoas no mundo. Dois mil bilionários detém o equivalente a 60% da riqueza do
mundo, segundo dados da Oxfam de 2019. No Brasil, seis bilionários detém uma
riqueza igual a de 100 milhões de brasileiros e brasileiras.
Aos trabalhadores resta trabalhar mais,
produzir mais, gerar mais riqueza para alimentar a ganância de uma classe cada
vez mais distante socialmente da grande maioria, além de tentar sobreviver, já
que estamos em meio a uma pandemia, cujo contágio se dá de forma simples e
rápida, e o ideal seria o isolamento social, conforme orientações da
Organização Mundial da Saúde e demais órgãos correlatos.
O dia 1º de maio nos leva, neste
cenário, a refletir ainda mais sobre a nossa forma de organização e resistência
frente a tantos ataques e injustiças.
Acreditamos que a organização juntamente
com a mobilização, a formação e a solidariedade são de fundamental importância
para que não deixemos o valor do trabalho ser substituído por uma nova
escravidão: a precarização.
“Quero trabalhar em paz, não é muito que
lhe peço. Eu quero um trabalho honesto, em vez de escravidão” (Renato Russo).
Arlete Rogoginski
Formada em História e Diretora do Sindijus - PR
Formada em História e Diretora do Sindijus - PR
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