É
exagero afirmar que na classe política, o único projeto que tem em pauta na
atualidade são as eleições de 2022? Estão todos e todas movendo suas peças no
tabuleiro da sociedade e já com alguns nomes em destaque em campanha. A corrida
já começou.
Em
regras gerais não há nada de mal nisso, para um país que tem eleições a cada
dois anos, além de muita luta no passado pelo direito de votar. O problema é
que as eleições se tornaram uma indústria que move o mundo do capital e acaba não
cumprindo seu papel político, com raras e boas exceções. A desinformação e o desinteresse
da população são cada vez maiores. A maioria vota em seus opositores e ainda saem
às ruas para defendê-los sem saber quem são. É como a barata votando no chinelo
ou inseticida.
Há
uma intencionalidade de desconstrução de tudo que foi conquistado e produzido
visando direitos. A ordem do sistema econômico é cuidar do empresariado e
detonar a esquerda, porque senão não haverá trabalho. Não importa em que
condições. Como resultado, vemos a
trágica situação do país. Desemprego, subemprego, precarização da saúde e da
educação e as ruas cheias de pessoas que não tem mais como atuar em sociedade,
entregues à sorte e ao destino. Além de um grupo de empresas deixando o pais.
A fome
e a miséria também voltaram. O país de Bolsonaro se transformou num puxadinho do
capital internacional e de braços dados com a milícia. A pandemia toma conta do
país e o genocida brincando de ser eterno. O inacreditável é saber que a
popularidade dele está mantida e o dinheiro público comprando os votos que ele
precisa para se manter, como foi o caso das eleições da Câmara e do Senado,
infelizmente com a contribuição de parte da esquerda brasileira. Algo que dá um
calafrio só de pensar...
É
bom que se diga que há uma confusão intencional de várias vertentes, no sentido
de se descaracterizar os campos ideológicos, confundindo a cabeça do povo. Como
entender o que é na atualidade ser de direita, centro, extrema direita ou
esquerda? Ao olhar o mapa de composição política nos municípios para o cargo de
prefeito ou prefeita, a única coisa que me vem à mente é de um personagem do
Viva o Gordo, que ficava um tempo no espaço e quando voltava não acreditava no
que escutava sobre o país e dizia: “Me tira o tubo”.
Tem
um fato que é determinante para tudo isso. Uma eleição a cada dois anos impõe
que a agenda principal esteja focada em como participar e organizar o processo
eleitoral. É um mundo de negócios e das negociatas. Uma mistura que confunde a
cabeça do povo. Como a pauta já é 2022 mina as pequenas chances de organização
da população, em busca de seus direitos. Fica tudo em nome da democracia. Porém
de que democracia mesmo estamos falando?
O
que fazer diante desse cenário? Nossos representantes têm, apenas eleitores ou também
base eleitoral? É possível construir um projeto antes de um nome a representar?
Como cobrar de forma qualificada em quem votamos?
Na política não tem mágica.
Quem defende o capital nunca vai defender a classe trabalhadora. Quem vive com
seus ranços de homofobia, racismo, machismos e outros, nunca vai entender as
lutas especificas e os enfrentamentos políticos.
Um
projeto popular de formação e organização, envolvendo os principais setores que
sofrem com o processo de exclusão e discriminação, poderia ser um começo e ai
sim escolher pessoas do projeto ou intimamente ligadas a ele para representar
os anseios e expectativas de setores que normalmente são usados como
“garrafinhas” em troca de uma parcela de poder ou um cargo político.
Bem
vindo e bem vinda ao mundo onde uma reflexão vale um conto...
Antonio
Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social
A luta agora é da vacina para todos e do fora Bolsonaro e Mourão. Sobre 2022, com esse governo corremos o risco de um terceiro golpe. Não estamos vivendo numa democracia, não tenhamos ilusões.
ResponderExcluirBem isso Lurdinha. Essa é a pauta do momento, porém temos que preparar o terreno para uma mudança de cenário. Temos um ano e meio para isso. Formação e Organização como um início de conversa. Grato pela leitura e comentário. Grande abraço.
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