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domingo, 30 de dezembro de 2018

O que sou e o que ainda poderei ser...


Quero iniciar esse último texto do ano afirmando como é difícil para uma pessoa que foi forjada a partir de uma causa coletiva, usar a primeira pessoa do verbo em qualquer situação. Não sou sozinho. Sou porque nós somos. Essa é uma das filosofias do UBUNTU. Uma filosofia africana que nutre o conceito de humanidade em sua essência. Humanidade para com os outros.

Fiz questão de terminar um ano tão complexo com um texto simples e subjetivo, que do ponto de vista pessoal, seu conteúdo faça companhia a minha alma e caminhe na direção de fortalecer a minha essência. Algo que reafirme o que sou na atualidade e o que ainda poderei ser, porém com o desejo que sirva também de inspiração para alguém que como eu, procura fazer com que o amanhã não seja uma fantasia e sim um sonho possível.

Você já sentiu saudade do seu tempo de criança? Das brincadeiras tolas que nos faziam passar o tempo com prazer? Pois é. Hoje amanheci com uma vontade imensa de voltar aos meus tempos de criança, de tomar banho de rio e de descansar na sombra de um pé de trapiá que tinha no sítio onde nasci, bem em frente da casa dos meus avós maternos, onde toda família se reunia.

Sempre quando me enveredo pelo campo da introspecção penso no fato de que somos seres inacabados e em eterna construção e cada pessoa que passa pelas nossas vidas, seja como for, tem um papel a desempenhar sendo ou não o que esperávamos e tem aquelas que serão e ficarão para sempre.

No meio dessa viagem ao centro da existência, vale lembrar que o ano de 2018 tinha tudo para matar nossos sonhos e para nos fazer desacreditar da humanidade, tamanho o descompasso em termos de relações humanas, como também a intensão era nos fazer acreditar que o beco daquela rua tão estreita por onde passávamos não tinha saída. Pura ilusão deles. Estamos mais vivos que nunca.

Para os sonhadores e sonhadoras, existe uma luz no fim do túnel chamada esperança, que jamais deixará morrer o que nutre alguém que veio ao mundo para construir sua história a várias mãos e é ela que nos faz sempre acreditar e jamais desistir do que sonhamos. Se não dá para ir só iremos juntos e de mãos dadas.

No processo de construção do ato de viver, passado e presente disputam nossos futuros, através dos pensamentos cotidianos, do que fomos capazes de produzir na vida e o que até por descuido deixamos de fazer. Todo esse processo vai delineando os traços das nossas vidas. Enquanto os princípios e valores vão reafirmando nossas personalidades, nos aproximando ou distanciando de pessoas que pensam como nós ou se confundem com o espectro do sistema e a partir daí várias dúvidas nos vêm à cabeça.

Será que nos transformamos em máquinas presas ao tempo? Ou ainda em objetos de nossas vaidades? Como atravessar um rio sem saber nadar? E ao atravessar o que buscamos do outro lado? Quem estará nos esperando? Enfim, podemos levar a vida inteira sem nenhuma resposta a essas e outras perguntas.

Erros e acertos se confundem em nossas mentes e traçam em nossa viagem de vida uma batalha pelo resultado final. Coisas mal resolvidas nos cobram definições, novas situações nos mostram novos caminhos e assim a vida vai passando. Um dia após o outro nos levando ao final das nossas missões.

Com tudo isso aprendi algo primordial. O que importa mesmo é não termos medo e nem vergonha de olharmos para trás. O que foi feito de certo ou errado ficará para a história e julgamentos futuros, sempre lembrando que a vida nos vai dando sinal que ainda podemos escrever e reescrever novos capítulos da nossa história que pretendemos deixar para o futuro. Para isso se faz necessário: aprender, crescer e mudar.

Incomodo-me quando alguém, por alguma razão, tenta me definir sem saber a minha impressão sobre o que estou sendo definido, ou ainda o porquê de tal situação, primeiro porque o mundo gira e o que é hoje pode não ser amanhã e segundo pelo fato de nem eu mesmo, em determinados momentos saber com exatidão quem eu sou.

Quem sabe eu não seja o resultado das minhas certezas e contradições durante a vida, ou ainda a projeção do que ainda serei. Porém, de uma coisa eu tenho certeza, sou alguém com muito mais emoção que razão e isso me faz rir, chorar, viajar nas emoções, mas, sobretudo me faz amar a vida e incondicionalmente amar as pessoas com quem eu convivo.

A partir dessa leitura e usando a filosofia do UBUNTU, sou o que formos construindo. Sou o que determinarmos a ser. Sou eu e sou você e caso você que lê seja igual a mim, em dias nublados passo eles em pura reflexão.

Aprendi que o universo conspira de acordo com nossos pensamentos e às vezes nos encontramos afogados no que achamos ser problemas, porém quando imaginamos que tudo está acabado e não tem mais remédio, eis que surge uma divindade e nos diz: “Calma o melhor ainda está por vir...”. É nisso que acredito e quem sabe possamos nos deparar com os tesouros da vida.

Ouvi certa vez que todos os tesouros das nossas vidas tem que ser preservados, pois tesouros não se jogam ao mar...

Que em 2019 cada pessoa que irá ler esse texto possa encontrar a melhor formar de amar e de vivenciar todos os sonhos que ainda virão.

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Pública e Social

sábado, 29 de dezembro de 2018

O que aprender com 2018...

Adeus ano velho! Feliz Ano Novo!?

Com essas frases a maioria das pessoas comemora a virada do ano. Culpam o ano que está terminando pelos fracassos pessoais e fazem jura de amor ao ano que se inicia, porém sem o cuidado suficiente para se avaliar qual foi o papel de cada um e de cada uma na história do ano que se finda e qual será o papel a desempenhar no ano novo. É como se tudo estivesse no automático.

Do ponto de vista político-econômico-social o ano de 2018 não deixará saudades, muito ao contrário e com muito pouco a se comemorar, a não ser o fato de estarmos vivos e contando a nossa versão da história. Isso nos remete à esperança de continuarmos firmes na luta pela sobrevivência e na resistência a todas as formas de agressão aos direitos conquistados de milhares de pessoas ao longo de suas existências e a tantos absurdos defendidos pelo presidente eleito e sua equipe de trabalho. Algo que beira ao surreal.

Um ano para ser esquecido, ou melhor, um ano para se aprender com ele. Quem sabe o ano de 2018 deva ter começado em 1989, com o Consenso de Washington, que visava à implantação do neoliberalismo na American Latina e no Caribe, processo interrompido por Lula e Dilma e retomado por Temer, ou em 2012 com o Plano Atlanta que visava e visa uma intervenção neoliberal na América Latina e que resultou no impeachment de Lugo e de Dilma, além da eleição vitoriosa de algumas figuras de direita e de ultra direita, como é o caso do eleito no Brasil, ou ainda que esse ano deva ter iniciado suas atividades em 2013, com aquelas manifestações que resultaram no ódio implacável à democracia e a tudo que é social, além do PT e seus dirigentes e que perdura até os dias de hoje.

Em regras gerais, um ano em que a Casa-Grande termina em festa por tudo que conquistou e a Senzala Brasil não consegue dormir, pois está cercada pelos abutres do sistema que disputam com velhas hienas do poder as sobras do sinistro banquete eleitoral.

Por outro lado existe um provérbio português que diz: “Não há bem que sempre dure, nem mal que nunca se acabe”. Essa farra fascista um dia acaba e enquanto isso não ocorrer, vamos caminhando de mãos dadas rumo ao que acreditamos e enfrentando o que tivemos que enfrentar.

O governo que se inicia tem como princípios o ódio, o preconceito, a intolerância e a violência. Isso fere os preceitos democráticos e transforma em inimigos quem luta por direitos, por liberdade e pela democracia direta. A principal proposta do novo governo é agir para sequestrar da democracia a soberania popular.

O que mais impressiona e assusta é o fato do novo presidente ter sido eleito falando o que realmente pensa o que nos dá a entender que seus seguidores e uma grande parte de eleitores e eleitoras pensam exatamente como ele e transferem a materialização de seus pensamentos a uma espécie de justiceiro nacional de plantão. Algo tão sinistro que só de pensar dói na alma, pois é a sorte e a vida de milhares de pessoas que estará em jogo.

Quem em sã consciência apoia alguém que enaltece a tortura, que defende tomar as terras dos índios e quilombolas, que defende a ideia que armando a população ela estará segura, que defende uma escola que não pode pensar e tantas outras ideias fascistas e consegue dormir em paz? Quem concorda e apoia coisas absurdas como essas, além de pensar como o Tal, jamais entenderá o que pensamos e defendemos. Estamos em lados opostos.

Caso o tal capitão eleito execute um terço das maldades e aberrações que vociferou na campanha, além do extermínio humano, o prejuízo ao processo democrático e a todas as conquistas obtidas com muita luta ao longo de um século será devastador e levará décadas para se recompor.

Para ilustrar as aberrações do eleito, trazer alguém de Israel para importar um modelo de um plano de dessalinização, tendo a Embrapa desenvolvido essa técnica há anos e implantado em vários estados, só pode ser uma piada de mau gosto ou alguém que considera o povo brasileiro burro e mal informado. A escolha de Israel tem outra conotação de ordem fundamentalista-política-ideológica.

O ano de 2018 nos fez aprendermos algumas coisas. Uma delas é que a luta pela soberania popular há de ser contínua, outra que nunca chegamos ao poder com os governos e sim a apenas uma instância de poder, pois como bem dizia Marx, no capitalismo quem determina é o econômico e a coisa mais importante de todas, que quem dorme com os dois olhos fechados diante do sistema não consegue enxergar suas engrenagens se recomporem e avançar. Quem não entendeu, que tal assistir Matrix?    

O que esperar de 2019 com esse cenário descrito? Contarmos com a saúde física e mental, além de nossa disposição para enfrentarmos o que for necessário. Além disso, contarmos também com os sonhos e a utopia que nos permite sempre acreditar ser possível a construção de uma sociedade justa, fraterna e igualitária para todos e todas.

Que o ano que se aproxima nos encha de esperanças e que renove nossas forças para caminharmos de mãos dadas rumo ao futuro.

Um Feliz 2019 para todos os sonhadores e para todas as sonhadoras que sonham com um mundo melhor.
Antonio Lopes Cordeiro
Estatístico e Pesquisador em Gestão Pública e Social

quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

Um encontro marcado com a verdade...

Imagem: https://acasadevidro.com/2018/03/14/eu-sou-porque-nos-somos-ubuntu-por-tutu/

O que é a verdade? De qual verdade estamos falando? Existe verdade absoluta para cada situação?

Inicio buscando legitimidade para afirmar que uma das maiores verdades é a de que não existe verdade absoluta para nenhuma situação. O que existe é a verdade de cada um de nós, a partir de um sistema de valores recheado de interpretações, crenças, princípios e posições ideológicas.

Em várias situações do nosso cotidiano, a verdade que defendemos poderá caminhar no sentido oposto ao pensamento e prática de diversas pessoas e diversos setores da sociedade. Algo comum num processo democrático, mas surreal diante do fascismo, que é algo novo para todos nós. Como por numa mesma Cesta as verdades da Casa-Grande e da Senzala? Puro pragmatismo fundado em linhas de pensamentos sobre o ato de viver e nossas escolhas em termos existenciais e de futuro.

Do ponto de vista político não dá para negar o que estamos vivenciando na atualidade e suas diversas verdades. O golpe contra a Presidenta Dilma, a prisão de Lula e o resultado eleitoral das últimas eleições, que estão no mesmo pacote, além de representar a falência total do sistema judiciário brasileiro, que se encontra amordaçado, a velha forma de fazer política com base apenas no econômico e nos acordos por resultados, levarão o país por certo de volta ao século XIX, tamanho é o retrocesso defendido pelo presidente eleito e sua desastrosa equipe neoliberal. Nesse sentido existem pelo menos duas grandes verdades em curso, a partir de janeiro.

A primeira delas a ser defendida pela figura sinistra vitoriosa nas eleições será convencer a classe trabalhadora e demais segmentos pobres que votaram nele, que voltar ao século XIX, em termos de direitos civis, eficiência do Estado e conquistas trabalhistas e sociais será uma grande ideia para que o país volte a crescer economicamente com equidade e se desenvolva com justiça social.

A segunda será o desafio dos campos progressistas e de esquerda, para convencer a população que o caminho neofascista em curso é o mesmo que matou seis milhões de judeus, além de expor o Brasil à submissão americana e ao FMI mais uma vez. Duas verdades de cunho político-ideológico que a população nem imagina existir.

Para entender o que está ocorrendo se faz necessário conhecer minimamente os códigos do poder. Que códigos são esses? É todo ideário que compõe as escolhas para definição de que sociedade temos e que sociedade queremos.

Vale salientar que o que está em jogo no Brasil a pedido do império americano é o domínio da Amazônia, o controle do petróleo e a privatização da água, além da destruição de todo sistema de proteção social e trabalhista.

Voltando ao tema principal do post, a Jornalista Laura Loyo, dentro do conceito de verdade, afirma que há um choque muito forte entre relativismo moral e dogmatismo para o entendimento do que seja a verdade.

Segundo Loyo, o relativismo moral faz com que a verdade seja algo vinculado à moral de determinado grupo. Como se fosse algo particular. Exatamente como as últimas eleições foram decididas. Uma visão moral estreita carregada de fundamentalismo religioso, maquiando e escondendo os verdadeiros problemas político-sociais e trazendo à pauta nacional um falso nacionalismo e falsos valores disfarçados de combate à corrupção.

Já o dogmatismo, que é a verdade em caráter absoluto, traz algo ainda mais complexo. Ao mesmo tempo em que se apresenta como algo indiscutível e indissolúvel, traz inúmeras contradições, como é o caso das religiões e seus dogmas, por exemplo. Para cada uma das variáveis religiosas uma forma de enxergar o mundo e o semelhante e como lidar com o dia a dia de nossos desencontros.

Desmistificar as diversas verdades exige principalmente conhecimento da situação em questão, análise do contexto cultural e no campo da política formação e conscientização, além da clareza para o entendimento de que causa se defende, o porquê dela, com quem se caminha e aonde se quer chegar. Algo que vai compondo a história de quem milita por uma causa e de quem contesta a serviço do império.

Uma coisa é certa. As verdades terão encontro marcado com o futuro, seja pela via da conscientização e participação ou pela via da ignorância política que consiste em só enxergar um lado da história. Bom mesmo é enxergar todos os lados e todas as propostas em curso e escolher por convicção aquela que mais se identifica com sua historia de vida.

Do ponto de vista pessoal, a verdade em que me situo, vem sendo esculpida ao longo da minha existência, através da luta pela utopia de construir uma nova sociedade a várias mãos, junto com quem sonha com o direito de igualdade, de plena liberdade de expressão e de uma nova forma de convivência: Justa, Fraterna e Igual para todos e todas. Isso é o que me move e o que move também milhares de pessoas em várias partes do planeta.

Finalizo com duas frases filosóficas do Ubuntu: “Sou o que sou, porque somos todos nós”. “Sou afetado quando um semelhante meu também é afetado”

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Pública e Social

sexta-feira, 16 de novembro de 2018

De que futuro estamos falando?


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A conjuntura atual não está para principiantes. Trata-se de uma situação das mais adversas e complexas possíveis, principalmente porque estamos assistindo o mundo desmoronar ao nosso lado e à nossa frente e pouco podendo fazer devido ao indivíduo eleito ter recebido um cheque em branco de seus eleitores e eleitoras para barbarizar à vontade e eliminar quem quiser e como quiser. Algo já com profundas sequelas e cicatrizes para o futuro.

A partir desse cenário e após escrever três textos sobre o inominável e não me sentir contemplado para divulgá-los, resolvi me enveredar mais uma vez pelos caminhos da introspecção em busca de inspiração e um roteiro que me agrade.

Por falar em introspecção, que tal falarmos do futuro, visto que hoje não conseguimos enxergá-lo com clareza? Como definir o que seja o futuro? Como definir o nosso futuro, visto não termos domínio algum sobre ele e vivermos mergulhados em escolhas e consequências? O futuro sempre é uma aposta?

Para algumas pessoas o futuro é o hoje, vivendo um dia de cada vez. Ouço muito isso. Para outras é o resultado de uma vida inteira composta por pequenos sonhos, fantasias e algumas decepções e a projeção dela com todos seus ingredientes, mas acho mesmo que o futuro seja algo que esteja logo ali passando a primeira esquina da vida e se nutre pela história de cada um e de cada uma de nós que vai se completando em nossos percursos. A meu ver o futuro é o hoje, repleto de desejos de novas conquistas e realizações aliado ao livre pensar pelo que possamos ser no amanhã.

Talvez seja por isso que o ato de pensar seja tão subversivo para ditadores e tiranos como o que acabou de solapar a democracia. Enquanto a alienação e a ignorância política anulam qualquer projeção de futuro, pois aprisionam as pessoas no presente com base em algum sentimento de egoísmo, ódio e fundamentalismos de toda ordem, o livre pensar, nos liberta e nos faz termos coragem de sermos sujeitos de nossas histórias e dos nossos futuros, a partir de uma causa que nos faça viver, sonhar e dedicar nossas vidas para ela.

Além disso, falar de futuro é bem complexo, pois de alguma forma já estamos nele, se nos reportarmos ao tempo que passou e por outro lado, nos imaginamos como seremos e como estaremos no amanhã, que será passado, presente e futuro ao mesmo tempo. Uma viagem à ilusão do que imaginamos ser, com a perspectiva de bons momentos vividos.

Li uma frase do Érico Veríssimo que faz todo sentido e que nos leva à reflexão, inclusive sobre o futuro: “Todos nós somos um mistério para os outros e para nós mesmos”. Algo que transcende a própria existência e que nos coloca na missão contínua da descoberta de quem somos e para que viemos.

Tenho a clara impressão de que a maioria do povo brasileiro está em crise. Que crises são essas? Algumas de valores e de comportamento, outras de ordem existencial e tantas outras com pessoas sem saber ao certo onde estão e para onde vão. É como se um embrutecimento coletivo tivesse se apoderado desse contingente de pessoas e por falta do que fazer se antropofagiam a partir do ódio que as nutrem, além de quererem devorar também quem os cercam e pensam diferente delas. De repente viraram militante do nada.

Infelizmente de alguma forma essas crises externas também nos afetam, na medida em que temos que fazer escolhas, a partir de nossas crenças e questões ideológicas e selecionarmos com quem queremos caminhar lado a lado rumo ao futuro e quem entregamos ao submundo da vida.

No último texto fiz referência e reverência ao tempo, com o texto: “Uma oração ao tempo que virá”. Pedi nele que o tempo, que é senhor da razão me leve ao topo de uma montanha, se necessário for, para que eu lá possa primeiro sentir a brisa do vento tocar o meu rosto e segundo enxergar a linha do horizonte e por conta disso acordar caso esteja dormindo para a vida e refletir rumo ao que sou e ao que ainda gostaria de ser, pois isso compõe a minha história de vida que deixarei no futuro.

Na verdade uma intensão de profunda reflexão, principalmente para que nunca fraqueje para a luta que se trava diante das injustiças, da supressão à liberdade e dos direito à cidadania, que as aves de rapina querem levar.

Ontem à noite sonhei que o morro descia e tomava o asfalto em busca do direito de viver. Via homens e mulheres de mãos dadas lutando por dignidade e conquistando a liberdade. Antes de acordar eu me juntava ao grupo e caminhava junto com todos e com todas rumo ao futuro.

O Futuro é uma poesia em construção, onde o enredo fala de amor, de fraternidade e principalmente da paixão ao ato de viver.
A.   L. Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Pública e Social

domingo, 28 de outubro de 2018

Oração ao Tempo que virá


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Tempo, que és Senhor da Razão, caminhas lado a lado com a minha essência e me ajudas a refazer o percurso que tracei visando o amanhã, para que, quando o amanhã chegar, eu não me envergonhe do tempo que passou.

Invadas minha alma quando eu estiver distraído e me conduzas a um lugar seguro. Leva-me ao topo de uma montanha onde eu possa enxergar a linha do horizonte e sentir uma leve brisa tocar meu rosto.

Mudas minha essência, se necessário for. Fortaleces minha razão de ser e não me deixes enveredar pelas emoções da vida quando o momento exigir determinação e coragem.

Não me deixes cegar pelo ódio, tampouco enxergar amor onde à falsidade habitar. Os inimigos do povo de bem também serão os meus.

Ajuda-me a levantar quando a vida me der pequenos tombos e que eu possa me erguer mais forte do que eu era ou estava e possa continuar na minha caminhada em busca de um novo amanhã, junto com todos os sonhadores e sonhadoras, que lutam na construção de uma nova sociedade.

Faz-me enxergar as entrelinhas da minha vida que em muitos casos me inebria de falsos sentimentos e se disfarça de boas vindas e fáceis soluções.

Mostra-me as possíveis soluções e me passes força para os combates necessários que poderão vir e que eu nunca me acovarde diante da defesa intransigente da justiça e da liberdade.

Ajuda-me a resolver algumas equações que a vida apresenta e alguns enigmas que não consigo decifrar:

Que códigos são esses?
Que segredos guardam?
Quem está do outro lado?
Quem são essas pessoas?

Conduza-me, se necessário na busca de soluções, há tempos passados, para que eu possa ir de encontro às raízes da minha existência.

Estejas comigo sempre e me mostres o que se esconde por trás dos arvoredos. Rostos me confundem. Sombras brincam na escuridão e sei que do outro lado um lindo sol me espera. Ajuda-me, portanto, a fazer com segurança, essa passagem de um tempo para o outro e que eu nunca me confunda de que lado sempre estive e com quem sempre deverei estar.

Enveredas comigo pelas veredas da vida e pelos becos apertados das lutas concretas onde vultos em forma de gente  somem e aparecem. Ajuda-me a decifrar se por acaso for uma mensagem e o caminho que devo seguir.

Ajuda-me por fim, para que eu me complete enquanto é tempo, visto que me considero um ser incompleto em busca de completude e em constante mudança. Refaço-me sempre quando encontro minha outra parte.

Estejas comigo em todos os momentos que eu estiver escrevendo ou reescrevendo parte da minha história de vida que um dia deixarei para a humanidade. Uma história escrita a várias mãos. Uma história plural.

Venha-nos, pois agora não sou mais eu e sim uma nova forma de pensar e agir coletivamente, intervir onde a casa rui, onde a dor habita e onde o riacho seca por falta de água. Conforta-nos nesse momento... 

Ajude-nos a recompor o cenário que ora se destrói e nele possamos colorir gente com jeito de gente e não espectros do mal, e que tenhamos num futuro breve a oportunidade de cantarmos juntos quando o amanhã chegar, a tão sonhada canção da liberdade e da vitória.

Tempo que o tempo leva.
Tempo que o tempo traz.
Tempo passado e presente.
Tempo que não se desfaz.
Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Pública e Social

terça-feira, 2 de outubro de 2018

Lutando contra o Vale da Morte e contemplando o Vale dos Sonhos

Acordei introspectivo e angustiado, com vontade de soltar um grito no ar diante do cenário de mentiras e negociatas promovidas pela falta de justiça, pela mídia golpista partidária que manipula os dados e pela pena que dá de ver homens e mulheres perdidos rodando em volta de um Anticristo e o chamando de mito, com a intenção apenas de serem cortejados. Estamos diante novamente da ameaça de um cenário de trevas, repleto de fome, perseguição e dor, como já vivemos no passado quando da ditadura militar por vinte anos.

Um verdadeiro caos que afeta nosso intelecto e se deixarmos, invade nosso estado emocional, tamanha é a insensatez do que está sendo proposto.

Sinceramente, eu não quero nem saber quantos “amigos” perderei nessa batalha, pois, o antagonismo que nos divide já explica por si só a situação das nossas reais diferenças. Eu defendo o lado que sempre defendi e essas pessoas defendem o mundo que a Globo golpista projetou em suas cabeças.

Sinto-me como se tivesse caminhando através de um vale sombrio, com a necessidade de passar por algumas pontes e com o medo de não saber nadar. Porém, ao mesmo tempo me vem à cabeça de que sempre foi assim e o prazer de lutar por uma nova sociedade, me trouxe junto com milhares de outros sonhadores e sonhadoras até aqui.

O momento político do pós-golpe e os momentos derradeiros que nos separam das eleições, está levando milhares de pessoas a diversas incertezas e uma confusão generalizada. Exatamente como os golpistas previam. Plantar a dúvida e o falso pudor para serem geridos com a desinformação.

O Brasil da atualidade está carrancudo com cara de poucos amigos e sendo puxado para uma espécie de vale da morte. Um lugar onde mulheres, negros e negras, índios, pessoas homo-afetivas e petistas serão tratados como inimigos e, se possível, abatidos como bichos que se abate apenas para lhes roubar a vida.

Sinto-me frágil por entender que por não ocuparmos os espaços de debate, as forças reacionárias ocuparam. Por não termos feito as tão sonhadas reformas, eles fizeram e, por não disputar as ideias com a população os herdeiros da casa-grande ganharam grande parte da população. Ver pobre defendendo os ricos e o candidato fascista é como ver um monte de baratas aplaudindo o inseticida ou aplaudindo um grande chinelo pronto para esmagá-las.

Estamos perdendo o debate para o setor reacionário, para uma parte podre alienada da sociedade e para o fundamentalismo religioso, que enxerga o diabo até na poeira do vento, mas quando se depara com um de verdade, o chama de mito. Um setor que ao invés de lutar por seus direitos e sonhos se refugia nas masmorras do vale da morte e traem suas próprias existências.

Esse estado de caos nasce do individualismo e do ódio de classe disseminado pelos detentores dessas ideias absurdas, dividindo famílias, afastando quem se considerava amigos e, principalmente, construindo um futuro incerto e sem sonhos, onde ao invés de pessoas se confraternizando e comemorando as pequenas vitórias, restarão vultos inacabados e sem rumos pisoteando na lama das masmorras do vale da morte.

Não nasci pra isso. Não nasci para conviver com esse tipo de gente. Não nasci para me acovardar diante da necessidade de luta. Nasci para oferecer minha vida, se necessário for, para que milhares de pessoas desvalidas tenham o direito de voltarem a sonhar. Eu e milhares de sonhadores e de sonhadoras continuaremos a lutar por uma nova sociedade justa, fraterna e igual para todos e todas. Onde o dever de justiça prevaleça ao valor do capital.

Enquanto isso não ocorre, continuaremos a defender o projeto que respeita a juventude, mulheres, negros e negras, homossexuais, índios e todas as pessoas excluídas do país.

O projeto que colocou o Brasil no protagonismo mundial, com ações como: Tirar o Brasil do Mapa da Fome da ONU, criação de mais de vinte milhões de empregos com carteira assinada, construção de 18 Universidades Federais e 282 Escolas Técnicas gratuitas, redução do IPI (Imposto de Produtos Industrializados) e Cotas Estudantis para pessoas pobres e negras. Além disso, a criação dos programas: ProUni, FIES, Universidades para Todos, Ciência sem Fronteiras, Luz para Todos, Fome Zero e o Bolsa Família, Minha Casa Minha Vida, Transposição do Rio São Francisco, Energia Eólica, entre tantos outros que ficarão para a história. 

Enquanto vocês defendem o Senhor das Trevas, continuaremos a lutar até o final, com as armas que tivermos para salvar o país do Vale da Morte e construirmos de forma coletiva o Vale dos Sonhos.

Quem vota em fascista, fascista é, e serão sempre tratados como aliados dos ladrões de sonhos de milhares de pessoas. Saibam que vamos derrotá-los.
Fascistas não passarão!

Antonio Lopes Cordeiro
Estatístico e Pesquisador em Gestão Pública e Social

quarta-feira, 19 de setembro de 2018

Onde estávamos quando tudo aconteceu?

Confesso minha enorme dificuldade para escrever algo nesse momento que faça sentido, diante desse triste cenário nacional que vivemos. Cada dia que passa ficamos mais revoltados com o golpe, com a politicalha profissional, com a mídia partidária e tendenciosa, com o partidarismo da Justiça e pelo fato de saber que parte da população está à venda por qualquer vantagem. Além disso, estamos diante das eleições mais ideologizadas da história. De um lado a direita golpista e o fascismo e do outro um projeto de retomada do país.

Porém, para não dizer que não falei das flores, vamos ao que interessa.

Inicio o post buscando o que a história tem a dizer do dia 11 de setembro. Além do atentado sangrento ocorrido nos EUA em 2001, que vitimou quase três mil pessoas e que ainda hoje continua nebuloso para se desvendar o que de fato ocorreu, pois esconde verdades que não foram contadas, particularmente quero chamar a atenção para dois outros fatos ocorridos nesta data.

Em 1973 o Presidente Salvador Allende é assassinado pelo exército chileno em seu local de trabalho e o episódio dava início a uma ditadura militar das mais sangrentas, que matou mais de 3 mil pessoas, prendeu mais de 80 mil e torturou mais de 30 mil. Tudo isso ocorreu pelas mãos do General Pinochet que em tese era seu aliado e seguindo as orientações do império deu o golpe fatal, assim como o ocorrido no Brasil da atualidade onde o Temerário trai a Presidenta Dilma e encabeça mais um golpe no país, que infelizmente está se tornando especialista em golpes, onde a própria República foi um deles.

O outro fato relevante e lamentável ocorreu aqui no Brasil. A substituição forçada do Ex-Presidente Lula por Haddad no processo eleitoral, impedido pela justiça partidária de concorrer às eleições, em desacordo até mesmo com a decisão da ONU, foi uma cena dolorosa e lastimável e que ficará na história do país para sempre, como o dia em que a jovem democracia brasileira foi mais uma vez violada e dessa vez manchando o nome do país perante aos organismos internacionais. Tudo isso para beneficiar o deus mercado.

É evidente que Lula está preso sem provas, apenas para que não venha ganhar as eleições, assim como Dilma foi deposta para que os agentes do sistema fizesse a varredura nos direitos civis e constitucionais, além do prejuízo maior que foi o ferimento de morte nos direitos trabalhistas e sindicais. Por outro lado, se Lula conseguir transferir seus votos para Haddad, elegerá seu representante mesmo estando preso de forma inusitada e mostrará ao mundo seu carisma e sua liderança mundial consolidada.

Com tudo isso acontecendo e eu muito longe de ficar dando milho aos pombos, como na música de Zé Geraldo, me sinto na necessidade de ao escrever, mesclar a dura realidade com o subjetivo em busca de fortalecimento, como algo que leve a quem lê a possibilidade de reflexão sobre a nossa existência e o papel que pudemos realizar enquanto vida em busca de nossas missões.

Ao ler dois belos textos sobre a meia idade, onde nela estou, tanto sobre suas consequências, como principalmente a beleza que é envelhecer, cheguei à conclusão do quanto perdemos na atualidade e do tamanho do enfrentamento que nos espera para os próximos anos. O Brasil da atualidade está envelhecendo, porém enxergando essa população como uma despesa civil.

Segundo o IBGE desde 2012 a população acima de 60 anos cresceu 19%. Essa população que em 2012 era de 25,4 milhões, hoje é de 30,2 milhões, sendo 56% de mulheres e 44% de homens. A previsão é que em 2060, 1 a cada 4 brasileiros(as) terá mais de 65 anos.

Portanto, ou se arruma um meio de exterminar essa população mais cedo, como por exemplo, com as doenças advindas dos agrotóxicos, com o fim do SUS ou ainda com a liberação das armas como o candidato fascista e seu vice defendem, ou se criam condições dessa população viver e bem.

Sinto que o momento é grave e não nos permite filosofar e sim agir para que as vidas de homens e mulheres que as perderam no passado lutando por democracia, justiça e liberdade sejam respeitadas e para que não nos envergonhemos quando nossas crias forem relatar para seus filhos e suas filhas que história de vida deixamos como herança.

Viver para um militante político é agir de acordo com as reviravoltas da vida e entender que é a linha da vida que define quem é cada um e cada uma de nós. Como na metáfora das pipas, a vida pode significar o desafio permanente de por uma pipa no ar. Entendendo a pipa nesse caso como o ato da defesa intransigente da cidadania, da democracia e da liberdade, além do combate permanente aos inimigos da população necessitada e de quem transforma a pobreza e a miséria numa indústria de votos.

Uma das coisas mais importantes que aprendi na vida é que quem é forjado na luta vive do calor de cada momento, do clima político-organizacional e de observar as ondas que ocorrem com o pulsar da sociedade.

Na prática, se eu tivesse nascido para viver atoa, ou tivesse vindo ao mundo a passeio, por certo teria que nascer novamente para refazer minha trajetória de vida, mas felizmente eu vim ao mundo a trabalho e para uma missão, que há tempo eu a descobri.

Buscar a paz pessoalmente significa entre outras coisas se enxergar com a missão cumprida. Vamos à luta!

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Pública Social

quarta-feira, 29 de agosto de 2018

Por trás dos escombros um novo amanhã...

Cinco anos se passaram, completados no último dia 23. Chegamos a mais de 20 países, com mais de 130 mil acessos, sem propagandas. Eu e colaborador@s produzimos 343 posts, com assuntos variados e em muitos casos chegamos aos corações de quem leu. Estou muito grato a quem se dedicou a ler, colaborar, divulgar e integrar seguindo o Blog. O que ontem era apenas uma gostosa brincadeira, ou um passa tempo, hoje virou coisa séria.

Por falar em coisa séria, a coisa anda muito séria no país do golpe e em pleno desmonte de sua dignidade mundial. O Brasil que havia conquistado sua independência financeira, com o pagamento ao FMI e com a criação do Fundo Soberano, voltou novamente ao posto de país servil ao império e em traição à sua soberania nacional. Hoje voltou a parecer com um puxadinho dos EUA.

Por certo sobrará muito pouco a administrar se alguém contrário ao golpe for eleito(a), a não ser que chame um Plebiscito Nacional para revogação de toda bandalheira aprovada até então. Porém, há de ficar claro, que só a luta concreta das organizações trabalhistas sérias, junto com as organizações populares poderá fazer o enfrentamento necessário ao golpe ou ao que sobrar dele e a resistência frente ao descalabro que o país se encontra.

Podemos nos perguntar que luta é essa, que se luta até por quem não quer mudar?  Respondo-te que é uma luta sem tréguas para a missão prosperar. Uma luta que responda do porque de se nascer e uma causa que explique a razão de se viver.

Dá para falar em sonhos, em meio a essa tempestade liberal? Qual a nossa responsabilidade diante da atual conjuntura? Que tipo de ação fizemos ou faremos para contribuir para uma nova sociedade? Que sociedade queremos?

Grande parte da população transita no vácuo do tempo meio que sem rumo e um tanto inerte. Estamos em pleno caos. Deslizando por precipícios e diante deles qualquer sinal de terra firme se torna um porto seguro. Existe um abismo entre o mundo imaginário formatado pelos golpistas, voltado apenas para um pequeno setor da sociedade e o mundo real onde a maioria da população foi sumariamente excluída e suprimida de seus direitos. O que fazer?

Quem já se deparou com uma tempestade sabe que depois que ela passa restam poucas coisas em seus devidos lugares, além do rastro de destruição deixado por esse fenômeno natural. Na vida política não é diferente. Uma cidade, um estado ou um país, se mal administrado ou se administrado para servir apenas a um grupo privilegiado, deixa também um rastro de destruição que poderá levar décadas para se consertar e tem coisas que mesmo um século depois continuam iguais e sem perspectivas, como é o caso dos direitos trabalhistas, que após a tal reforma golpista voltou às reivindicações de 1917.

Ai vem às eleições e é bom não esquecer que de nada vale achar que votou bem para presidente e governador e esquecer que quem faz as leis são os deputados estaduais, federais e senadores e senadoras e escolher mal. Os cargos legislativos são de extrema importância. É só lembrar como foi a aprovação do golpe contra a Presidenta Dilma. 

O país está carrancudo com cara de poucos amigos, com um desemprego de 27 milhões, o retorno da miséria e a volta ao Mapa da Fome da ONU.  Há um peso enorme de responsabilidade e esperança nas próximas eleições, que sem dúvidas serão das mais importantes para o momento que o país atravessa. Uma eleição sem brilho, pois o líder em todas as pesquisas se encontra preso sem provas, mas comandando o espetáculo de dentro da cadeia. Lula é a grande novidade do século XX e principalmente do século XXI.

Estamos viajando por cenários conhecidos de outros tempos sombrios. Algo inquietante age de dentro para fora tentando com seu disfarce ficar invisível e transmitir medo em quem se aproxima. Por trás dos escombros emergem grotescas criaturas neoliberais para devorar a democracia. Porém do outro lado da cortina existe um mundo a se reinventar e mesmo com o medo a vida passa, as pessoas se renovam e novas vidas nos promete um futuro melhor.

Como militante de uma causa, sei que é possível mudar esse jogo, principalmente porque milhares de pessoas ainda acreditam na sociedade prometida, porém com a grande tarefa de construí-la a várias mãos.

Particularmente não gosto de dias nublados, tampouco carrancudos como já revelei, embora saiba que a partir dele poderá vir uma chuva branda tão bem vinda, mas também uma tempestade daquelas que ninguém se prepara. Gosto mesmo é de dias de sol e uma chuva leve que possa molhar o chão sem destruí-lo, que nos encha de esperança e quem sabe nos brinde com um arco-íris como moldura do que ainda virá. Uma nova sociedade justa fraterna e igual para todos e todas poderá ser a moldura que guardará o resultado de todas as lutas contra as injustiças e por liberdade de todos os tempos.

Ontem me deparei com o que sobrou da última festa na casa grande. Comemos as sobras, bebemos os restos e vimos os semblantes sorridentes de quem nos explorou. Hoje acordei com uma vontade imensa de ultrapassar a barreira do tempo, juntar o maior número de pessoas revoltadas e tomar o que é nosso por direito, solapado ao cair da tarde. Mal sabem eles que construiremos à força se necessário for um novo amanhã.

Um novo dia nasce quando sol vem nos brindar. Um novo momento nasce quando decidimos mudar. Uma missão ao nascer nos remete a caminhar. E uma nova sociedade só quando decidirmos lutar.
Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Pública Social

segunda-feira, 13 de agosto de 2018

A importância de ser ter uma causa para se viver


Inicio essa conversa chamando a atenção para a importância de se descobrir a missão de cada um de nós com o ato de viver. Chamo isso de causa. Algo que se adota como principio de vida e que se torna regra básica de convivência, sonhos, lutas, derrotas e conquistas. Algo que começa de forma individual pela escolha, mas que ao longo do tempo vai se encontrando com outros seres humanos que também seguem na mesma direção e aí vira uma causa coletiva.

O bom de ter uma causa é saber, que cada vez que o trem da historia faz uma curva, viramos sempre juntos com todos e todas que também as tem.

Que cenário surreal é esse que vivemos na atualidade? De um lado uma trupe de devoradores de almas, de sonhos e de esperança do povo, amigados com o capitalismo selvagem; do outro uma nação anestesiada, com uma parte dela de caso com um grande pato amarelo; e à margem do retrocesso milhares de sonhadores e de sonhadoras buscando ganhar a atenção do maior número de pessoas possíveis para a caminhada em busca da sociedade desejada. Uma sociedade justa, fraterna e igual para todos e para todas. Essa é a meta.

Vivemos uma verdadeira confusão ideológica. O que já era complicado agora complicou de vez. A centro-esquerda flertando com a direita, a direita namorando com a extrema direita e a extrema direita aliada ao fascismo e como resultado de tudo isso uma conjuntura incerta e com prejuízos incalculáveis para diversos setores, principalmente para a classe trabalhadora.

Apresentando-se como se fosse a luz do fim do túnel, aí vem às eleições mais atípicas da história do país, com vários interesses em jogo. A direita defendendo manter a estrutura do golpe e o avanço no desmonte do Estado de Bem Estar Social, seguindo as regras do Consenso de Washington; a extrema direita criando a impressão de um poder nacionalista e fascista a la Trump e a esquerda, ou o que sobrou dela, junto com os movimentos sociais e trabalhistas, lutando para resgatar os direitos destruídos pela política do pato amarelo empresarial e seus aliados internacionais, que rasgou a Constituição e a CLT e ampliou privilégios para apenas um pequeno setor da sociedade, sendo necessário para isso um Plebiscito Nacional que anule as medidas autoritárias tomadas até o momento pelo governo golpista e seus aliados.

Esses são apenas alguns dos grandes interesses e desafios em jogo. Caso a composição dos setores progressistas perca as eleições, significa voltar o país ao cenário de mais de cem anos atrás. Algo em torno de 1917, quando da primeira greve geral. As reivindicações são as mesmas.

Um processo eleitoral deturpado e violado, onde o favorito ao cargo de Presidente da República se encontra preso para não ser vitorioso, a partir de um processo de condenação contestado por juristas de várias partes do mundo. Além disso, com algo até então inédito, que é o surgimento de forma clara e organizada da extrema direita fascista, que prega o rompimento democrático e a volta da ditadura militar. Um cenário de trevas.

Em tempos eleitorais, de politicalha, de golpe e de negação da boa política, o que sobra mesmo para a população eleitoral é o envolvimento emocional por seus candidatos e candidatas, sem o menor critério político e muito menos ideológico. Há uma perigosa paixão que se apodera das mentes e corações de quem se comporta como massa de manobra e se deixa levar em troca de pequenos favores. Normalmente votam nas pessoas e não em seus projetos ou a quem eles e elas representam.

Diante desse confuso cenário, como definir uma causa que resulte na forma de pensar e agir? O que tem a ver a causa com a política tradicional?

A escolha de uma causa se dá através de um processo de conscientização, que poderá ocorrer a partir da militância, formação política e participação efetiva em movimentos organizados. Não se escolhe uma causa do nada e sim a partir da identidade com o lado que se escolheu para caminhar na vida.

No meu particular entendimento, a política tradicional se tornou o ópio da humanidade, pois alimenta a ilusão, permite a corrupção, com a máxima “rouba, mas faz” e tudo vira troca de pequenos favores e privilégios, além de servir de manutenção para os cargos presentes e futuros. O mais trágico é ver algumas pessoas transformarem os cargos públicos em profissão vitalícia.

A partir desse cenário, podemos definir duas formas de fazer política. Enquanto a velha forma desencanta, pois foca em projetos pessoais e eleitoreiros, a luta concreta por uma causa encanta quem a entende, pois se trata de um projeto coletivo de transformação. Uma disputa, a outra conquista. Uma vive de interesses, a outra vive de sonhar por uma nova sociedade. Uma se esconde por trás da alienação e a outra desmistifica os códigos do poder dando voz à população através da conscientização e da formação. Uma vive a caçar eleitores e a outra investe na sociedade organizada em busca e novas lideranças. Uma alimenta o sistema e a outra alimenta quem sonha por justiça, liberdade e oportunidades para todos e todas.

Caminho pelas trilhas da subversão, de acordo com quem quer comandar o país de cima para baixo, na medida em que trabalho com formação e levo às pessoas a possibilidade de entenderem o universo por onde andam.

Prefiro continuar sonhando um sonho coletivo, mesmo que eu o imagine em muitas vezes utópico ou longe da realidade, pois isso difere do ato de fantasiar individualmente pregando que o mundo vai mudar a partir do próprio umbigo.

Porém, o que seria nós seres humanos se não houvesse a utopia que nos joga na luta e nos remete ao imponderável, como se a vitória já tivesse chegado.

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Pública Social