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terça-feira, 12 de novembro de 2013

O que significa na prática a Lei Anticorrupção

Figura: www.inesc.org.br

Quero começar esse post dizendo que a corrupção, que sempre existiu, se transformou no século XXI num dos maiores problemas políticos a ser resolvido. Segundo levantamento de alguns organismos, no Brasil anualmente, algo em torno de 85 bilhões escoam pelo ralo, ou seja, ou vão para os bolsos de muita gente, normalmente em contas nos paraísos fiscais, ou vão para os colchões para engrossar os recursos de campanhas. O financiamento privado de campanha, no mínimo algo imoral.

Não há desculpas ou justificativas que faça a população brasileira entender, porque a corrupção anda solta e com pouquíssimas pessoas punidas. É público e notório que uma das maiores fontes de manutenção da corrupção são as empresas, que mantém essa prática em troca de caminho livre para seus negócios. Até então não havia nenhuma lei que dissesse o que é corrupção ou como enquadrar uma empresa nessa modalidade.

Escrevi no último dia 9 de novembro sobre a importância das três Leis Nacionais (Lei Complementar 131/2009, Lei 12.527/2011 e Lei 12.846/2013), que completam o processo de Transparência Pública, Acesso à Informação e Anticorrupção. Hoje quero comentar um pouco mais sobre a Lei 12.846, promulgada no dia 1 de agosto último e que entra em vigor a partir do dia 2 de fevereiro próximo.

Em regras gerais, a Lei 12.846 de 2013, significa a responsabilização administrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos contra a administração pública, nacionais ou estrangeiras e traz no seu Art. 3º: A responsabilização da pessoa jurídica não exclui a responsabilidade individual de seus dirigentes ou administradores ou de qualquer pessoa natural, autora, coautora ou partícipe do ato ilícito”.

Ou seja, empresas, seus dirigentes e as pessoas da máquina pública a se beneficiarem, todos serão penalizados, inclusive com a devolução dos recursos desviados.

Porém, muito mais que isso, a lei vai pegar de “calças curtas”, pessoas e empresas que constroem “esquemas” para se beneficiarem. Uns com o dinheiro da propina e a outra parte com a possibilidade de vender para as máquinas públicas, a um custo de no mínimo dez por cento, sendo que em alguns casos especiais, como o caso do cartel dos trens e metrô de São Paulo, onde a propina foi de trinta por cento, segundo a SIEMENS.

É importante destacar, que se trata de uma lei criada pelo Executivo. Elaborada principalmente para colocar um basta na impunidade. A partir de agora, a polícia pode prender e a justiça terá elementos para não soltar.

 Outro público que estará no foco da discussão são os lobistas, nas inúmeras prefeituras pelo Brasil afora. Com a lei, a possibilidade de deles também pagarem a conta é de 100%. Assim, ficará muito mais difícil de montar sua clientela, porque os agentes dos lobistas nos Ministérios também ficarão em alerta.

Como tenho afirmado no Curso Plano de Governo e Ações para Governar, as prefeituras não precisam de lobistas e sim de uma rede de colaboradores, sem custo.

Outro fator que poderá contribuir e muito para a moralização da política será uma Reforma Política radical. Que proíba ou limite a contribuição privada para as campanhas. Pois que tem a população ao seu lado não necessita de fazer uma campanha milionária.

Quero terminar com uma frase emblemática de Martin Luther King:

“O que me preocupa não é nem o grito dos corruptos, dos violentos, dos desonestos, dos sem caráter, dos sem ética... O que me preocupa é o silêncio dos bons”.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Você veio ao mundo a passeio ou a serviço?

Figura: coachingessencial.blogspot.com

Essa indagação criada pelo ilustre brasileiro Carlito Maia, remete a reflexão da responsabilidade de cada ser humano frente à sua missão. Imagino que tudo começa com um projeto de vida.

Partindo da triste constatação de que ainda quase metade da população mundial, ou passa fome ou grandes necessidades, a pergunta que fica é o que esperamos para o futuro. Como lidar com essa dura realidade? O que fazer se apenas menos de 200 famílias detém mais da metade da riqueza mundial?

O que faz com que as pessoas almejem tanto chegar ao poder? Quantos estarão comprometidos a lutar contra as desigualdades e incluir o maior número de pessoas?

Defendo a ideia de que uma vitória só vale a pena ser comemorada se esta for para colocarmos em prática sonhos contidos nos diversos projetos de vida, principalmente das pessoas mais necessitadas. Numa vitória, nada é mais gratificante do que a sensação de dever cumprido e que estamos com as mãos e mentes completamente limpas. Por outro lado, nada é mais frustrante do que saber que uma vitória veio a partir de métodos escusos.

Assim, perder em muitos casos, significa a possibilidade de aprendizado, a possibilidade de crescimento, ou o ajuste necessário para revermos se o caminho que estávamos trilhando chegará ao ponto que determinamos como ideal para nosso projeto de vida.

Para as pessoas que vieram ao mundo a serviço, ou estarão trabalhando no sentido de buscar riquezas e poder ou estarão trabalhando dignamente para ter uma boa vida, com a dedicação de parcela de se tempo por uma causa social. Transformando seus sonhos numa militância constante. É certo que isso em muitos casos nos traz muitas desilusões, principalmente pela luta insana de algumas pessoas que transformam o poder a qualquer custo em seu projeto de vida, porém por outro lado, a cada pequena vitória, além de nos encher de alegria, se transforma na certeza de que estamos no caminho certo.

Para os que vieram ao mundo a passeio não há muito o que fazer, pois para qualquer situação que coloque em risco sua zona de conforto, a fuga é a melhor saída.

É necessário ter uma causa na vida, que impulsione e motive nossas vidas. O amor pela causa nos impulsiona vencer obstáculos, vencer a insensatez, vencer o cansaço e vencer principalmente a falta de fé de algumas pessoas.


Não tenham medo nem vergonha de sonhar. Como dizia Paulo Freire, os sonhos devem ser ditos para começar a se realizarem.

Aprendi na vida que mais vale uma marca nas nossas vidas bem definida do que vários rastros moldados a partir da venda de ilusão.



Antonio Lopes Cordeiro
Pesquisador em Gestão Pública e Social
Laboratório de Gestão e Políticas Públicas - Fundação Perseu Abramo

sábado, 9 de novembro de 2013

Você conhece seus direitos de acesso às informações públicas e que temos agora uma lei anticorrupção?


A população ainda não sabe, ou ainda não tem ideia da força que três Leis Nacionais poderão fazer contra os lobistas, pessoas que querem se dar bem delapidando o patrimônio público e agora também com as empresas, que na verdade é quem dá sustentação a maior parte da corrupção no Brasil. Agora pagar propina é crime previsto em lei. 

A primeira lei é a Lei Complementar 131 de 2009, que obriga os governos a criarem a atualizarem os Portais da Transparência e nele publicitarem todas as informações pertinentes ao dia a dia de um órgão público.

A segunda é a Lei 12.527 de 2011, denominada de Lei de Acesso à Informação, que segundo a CGU – Controladoria Geral da União tem o propósito de regulamentar o direito constitucional de acesso dos cidadãos às informações públicas e seus dispositivos são aplicáveis aos três Poderes da União, Estados, Distrito Federal e Municípios.

Quanto aos prazos é importante que a população saiba que:

São estabelecidos prazos para que sejam repassadas as informações ao solicitante. A resposta deve ser dada imediatamente, se estiver disponível, ou em até 20 dias, prorrogáveis por mais 10 dias. A partir do 31º dia o cidadão poderá denunciar ao Ministério Público o ocorrido.

Caberá ao SIC - Serviço de Informações ao Cidadão:

  • Protocolizar documentos e requerimentos de acesso à informação;
  • Orientar sobre os procedimentos de acesso, indicando data, local e modo como que será feita a consulta; e
  • Informar sobre a tramitação de documentos.
Ou seja, os órgãos públicos terão que criar os SICs – Serviço de Informação ao Cidadão em vários órgãos, no sentido de facilitar a vida e o acesso à informação. Além disso, as informações poderão ser solicitadas por e-mail, tendo a mesma validade em termos legais.

A terceira lei é a 12.846 de 2013, que entrará em vigor a partir de janeiro próximo, já denominada de Lei Anticorrupção Empresarial, principalmente porque enquadrará as empresas que mantém seus vínculos de fornecimento através de propinas e pela primeira vez o país possui uma lei dizendo o que corrupção.

Ouvi de um especialista do setor, o Dr.Paulo Sergio da Associação Transparência Municipal de Salvador, responsável entre outras coisas, pela implantação completa da Lei de Acesso à Informação na Prefeitura de Artur Nogueira, na gestão do Prefeito Marcelo Capelini, que a Gestão Pública no Brasil nunca mais será a mesma após a aplicação dessas três leis.

Se você for um gestor saiba que a Lei de Acesso à Informação é retroativa a qualquer prazo e agora não pune mais apenas o Prefeito e sim toda rede de colaboradores que negligenciarem as informações e se for um cidadão leia mais sobre seus direitos, que além de serem direitos constitucionais, agora tem leis que os regulamentam.

Seguem os links abaixo das três leis e uma Cartilha da CGU para maiores informações.

Você também pode ajudar a combater a corrupção e assim contribuir para a moralização na gestão pública e principalmente na política.

Lei do Portal da Transparência:

Lei de Acesso à Informação:

Cartilha da CGU da Lei de Acesso à Informação:

Lei Anticorrupção Empresarial:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/L12846.htm

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

É possível avaliar se uma gestão é progressista ou conservadora?




Antes de avançarmos no assunto em pauta, se faz necessária uma breve caracterização do que seria um governo progressista.

Emir Sader em seu Blog escreveu um ótimo texto com o título: “Quem é progressista e quem é de direita”, onde numa das suas caracterizações sobre esse universo afirma que progressistas são os governos, forças políticas e instituições que colocam o acento fundamental na expansão dos mercados internos de consumo popular, na extensão e fortalecimento das políticas que garantem os direitos sociais da população, que elevam continuamente o poder aquisitivo dos salários e os empregos formais, ao invés da ênfase nos ajustes fiscais, impostos pelo FMI, pelo Banco Mundial e pela OMC e aceitos pelos governos de direita. Entre os países da América Latina com essa caracterização, se encontra o Brasil, Argentina, Venezuela, Bolívia, Uruguai e Equador, se contrapondo ao Chile, México, Panamá, Costa Rica e Colômbia.

Avançando um pouco mais no assunto e no sentido de diferenciar das políticas neoliberais, se faz necessário entender que num país capitalista, porém com um governo progressista, se faz necessário um Estado forte, para que não fique refém do mercado, principalmente ao se buscar um equilíbrio de renda e oportunidades profissionais. Enquanto o mercado seleciona e elitiza as vagas, o Estado tem como função socializar as oportunidades, principalmente de formação e capacitação, colocando a população mais necessitada em pé de igualdade com as demais pessoas que tiveram condições diferenciadas de vida e consequentemente de estudos.

Em se pensando em Gestão Pública, aqui no Brasil o Ministério do Planejamento, através da Gespública criou o que denomina de um Modelo de Excelência em Gestão Pública. A iniciativa gerou como produto o Plano de Melhoria de Gestão, construído a partir da auto avaliação dos sete critérios que compõem o Modelo: 1) liderança; 2) estratégia e planos; 3) cidadãos e sociedade; 4) informação e conhecimento; 5) pessoas; 6) processos e 7) resultados.

O objetivo dessa iniciativa é oferecer aos gestores e à população elementos que ajudem na avaliação de um governo e se diferenciem de uma gestão apenas de resultados, onde o principal elemento seja um “choque de gestão”. Talvez quem precise de “choque” sejam alguns gestores e não a gestão. Essa necessita de um Plano de Ação com: planejamento, diagnósticos e principalmente metas construídas através de um processo participativo com os setores organizados da sociedade.

Ao ministrar o Curso Plano de Governo e Ações para Governar, pela Fundação Perseu Abramo para mais de 100 prefeituras e trabalhar a ideia de um governo com alguns elementos, ao qual denominei de marcas: governo ético, integrado, transparente e participativo, surgiu à necessidade de caracterizar, a partir de alguns elementos tecnopolíticos, o que seria um governo ideal dentro dessas marcas.

Foi com essa preocupação que resolvi arriscar em desenvolver um quadro comparativo de governos que chamei de: conservadores, em transição e progressista sustentado pelas quatro marcas descritas no parágrafo anterior.


Trata-se apenas de alguns referenciais, embasados numa breve pesquisa muita conversa com os gestores e composto por 21 Elementos Tecnopolíticos, que imagino representarem a alma de uma gestão.


Quadro de Elementos Tecnopolíticos
Comparativo a Partir do Modelo de Gestão

Elementos Tecnopolíticos
Gestão Conservadora
Gestão em Transição
Gestão Ética, Integrada, Transparente e Participava
1. Transição de Governo
Não existe
Existe de forma precária
A partir de um plano de ação, com Decreto e Lei Municipal

2. Plano de Governo
Não existe ou é desenvolvido por uma consultoria
Desenvolvido por um Grupo de Apoio Político e apresentado à sociedade sem participação
Desenvolvido por um Grupo de Trabalho a partir de reuniões participativas
3. Alianças, Composição de Governo e Apoio na Câmara
Modo Mercantilista – Apoio por troca de favores e cargos
Apoio por troca de cargos, porém com Grupo de Trabalho
Modo Programático com um Conselho Político de Governo
4. Captação de Recursos
Lobista
Lobista com uma pessoa responsável pelo Siconv
Desenvolvimento de Projetos através de Grupo de Trabalho
5. Conselhos Municipais
Consultivos
Alguns Deliberativos
Deliberativos

6. Estatuto da Cidade

Existência ignorada

Admite-se a existência, porém não e aplicado  
Pouquíssimos municípios tem o Estatuto como elemento principal da Política Urbana aplica-o na totalidade

7. Plano Diretor
Não existe ou foi elaborado por uma consultoria e somente com Audiências Públicas
Elaborado por consultoria e apresentado em Audiência Pública
Elaborado de forma participativa por regiões e com uma coordenação

8. Integração de Governo

Não existe
Apenas alguns setores trabalham integrados por necessidade
Integrado através de diversos instrumentos: Grupo Gestor, Fóruns e outros
9. Relacionamento com servidores
Ruim
Ruim
Bom e alguns servidores são convidados a compor o governo, através de Funções Gratificadas
10. Plano de Carreira para Servidores
Não existe
Não existe ou foi elaborado sem participação
Elaboração a partir de reuniões com os diversos setores e com um Grupo de Trabalho
11. Escola de Governo ou Gestão para formação dos servidores e técnicos
Não existe
Existe como intermediação com consultorias
Responsável pela formação e capacitação com o envolvimento dos funcionários
12. Orçamento ou PPA participativos
Não existem
Existem apenas nos primeiros quatro anos de governo
Existem como ferramentas essenciais de gestão com um conselho deliberativo




13. Portal da Transparência Lei Complementar 131/2009
Não existe ou apenas com informações financeiras
Existe apenas com informações financeiras e de funcionários
Existe com integração com a Lei de Acesso à Informação e com o Diário Oficial Eletrônico
14. Lei de Acesso à Informação
Lei 12527/2011
Não implantada
Em implantação ainda de forma precária
Implantação plena com os SICs, Ouvidorias e Integração do Sistema
15. Lei Anticorrupção
Lei 12846/2013
Totalmente desconhecida
Totalmente desconhecida
Conhecida, porém não implantada
16. Conferências / Fóruns / Encontros
Apenas os eventos obrigatórios
São realizados, porém sem continuidade
Integração dos eventos com os Conselhos e tarefas como desenvolvimento dos  Planos Municipais
17. Desenvolvimento Econômico e Social
Não existe como política, sem integração, porém com alguns cursos de formação técnica
Integração com alguns setores produtivos e de formação técnica e profissional
Integração através de Conselho de Desenvolvimento Econômico, Lei Geral da Micro e Pequena Empresa e Plano Municipal
18. Economia Solidária
Desconhecida, desrespeitada ou ignorada
Admite-se a existência, os integrantes são recebidos, porém sem nenhuma política pública específica
Existência de Fórum, Plano Municipal, Conselho e Fundo Municipal e Políticas específicas alinhadas com a SENAES
19. Assistência Social
Assistencialista
Assistencialista com algumas ações assistenciais
Trabalho assistencial de promoção com diversos convênios e formação profissional
20. Organização da Sociedade
Sem apoio
Convive-se com os setores organizados, porém não são chamados para a gestão
Respeito total e participação na gestão através de Fóruns e apoio à organização

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Os gestores públicos tem medo da juventude?

Imagem: fontefm.redefonte.com

No Brasil cinquenta milhões de jovens se preparam para o futuro, num país ainda repleto de desigualdades, a começar pela falta de emprego e no mundo esse número chega a um bilhão. Muitos desses jovens permanecem sem acesso a direitos básicos, como: saúde, educação, trabalho e cultura.

Do ponto de vista político, observa-se que a maior parte dos partidos não enxerga o jovem como alguém preparado para discutir seu futuro e assim a participação da juventude fica relegada ou a participação como número ou na parte de cultura e lazer. Esse fator inibe a juventude em sua parte mais nobre que é a contestação. Uma verdadeira revolução permanente. Os jovens querem discutir em pé de igualdade: valores, métodos e principalmente novas práticas.

Segundo a SNJ – Secretaria Nacional de Juventude, as práticas juvenis só entraram na pauta nacional a partir de 2005, com a implementação da Política Nacional de Juventude, sendo que essa ação política e também de gestão pública, tem registrado avanços significativos, como: o aumento do número de jovens no ensino superior, a retirada de milhões deles das condições de miséria e pobreza e a criação de mecanismos de participação social, a exemplo dos Conselhos e Conferências.

Esses avanços foram inseridos na Constituição Federal, através da Emenda 65 de 2010, que possibilitou entre outras ações a aprovação do Estatuto e do Plano Nacional de Juventude. Além disso, estados e municípios são chamados a aderirem à Política Nacional.

Apesar da Política Nacional, do Estatuto e do Plano Nacional, a maior parte das prefeituras não possui sequer uma ação definida com a juventude, como por exemplo, um Conselho Municipal e quando existe, ou é ignorado ou serve de base política (vulgo “garrafinhas”) para os partidos da base do governo.

Se for para fazer o que tem que ser feito, se faz necessário muito mais que a criação de um conselho. É necessário respeitar a juventude e enxergá-la como protagonista de seu futuro.

Com a bandalheira que se tornou à velha política, com escândalos diários de corrupção, com governos sendo formados de forma mercantilista e com a o PIG – Partido da Imprensa Golpista vendendo a ideia de que política não se discute ou ainda que os Partidos Políticos no Brasil sejam de mentirinha, é provável que os jovens não queiram de fato discutir política e nem mesmo participar ativamente dela, mas estarão de prontidão para apoiarem quaisquer ações que venham a se tornar responsáveis, como por exemplo: uma Rádio ou TV Comunitária ou na Web, um Grupo de Teatro, Dança, uma Cooperativa de Arte, uma Incubadora de Projetos Sociais e tantas outras ações.

Isso é por acaso não é participar da política? Creio que sim, apenas por caminhos novos e diferentes, se tornando algo que seduza a juventude e não tornem os jovens cada vez mais uma mercadoria a ser valorizada apenas pelo voto.

Os velhos conceitos e os velhos modelos estão sendo questionados, colocados em xeque. É necessário enxergar os porquês e estabelecer um diálogo permanente para saber de fato quais as ações contemplarão a inquietude e a vontade de inovar. Porém, sobre isso se faz necessário um comentário: os jovens não foram às ruas questionar a Política Nacional da Juventude e nem a postura da Presidenta Dilma em relação às manifestações, mas para deixar claro que querem mudanças, principalmente que não se tolera mais a corrupção e nem que essa termine em pizza quando de algum julgamento

Quem tem medo da juventude, também terá na possibilidade de interação com qualquer outro setor organizado da sociedade e assim não está preparado para governar de forma ética, integrada, transparente e participativa.

Quero expressar minha homenagem a todos os jovens que se organizam e participam.

Como dizia Che Guevara: Ser jovem e não ser revolucionário é uma contradição genética.


Antonio Lopes Cordeiro
Pesquisador em Gestão Pública e Social
Laboratório de Gestão e Políticas Públicas - Fundação Perseu Abramo