Imagem: fontefm.redefonte.com
No Brasil cinquenta milhões de jovens se preparam para o futuro, num país ainda repleto de desigualdades, a começar pela falta de emprego e no mundo esse número chega a um bilhão. Muitos desses jovens permanecem sem acesso a direitos básicos, como: saúde, educação, trabalho e cultura.
Do
ponto de vista político, observa-se que a maior parte dos partidos não enxerga
o jovem como alguém preparado para discutir seu futuro e assim a participação
da juventude fica relegada ou a participação como número ou na parte de cultura
e lazer. Esse fator inibe a juventude em sua parte mais nobre que é a
contestação. Uma verdadeira revolução permanente. Os jovens querem discutir em pé
de igualdade: valores, métodos e principalmente novas práticas.
Segundo
a SNJ – Secretaria Nacional de Juventude, as práticas juvenis só entraram na pauta
nacional a partir de 2005, com a implementação da Política Nacional de
Juventude, sendo que essa ação política e também de gestão pública, tem registrado
avanços significativos, como: o aumento do número de jovens no ensino superior,
a retirada de milhões deles das condições de miséria e pobreza e a criação de
mecanismos de participação social, a exemplo dos Conselhos e Conferências.
Esses
avanços foram inseridos na Constituição Federal, através da Emenda 65 de 2010, que
possibilitou entre outras ações a aprovação do Estatuto e do Plano Nacional de
Juventude. Além disso, estados e municípios são chamados a aderirem à Política
Nacional.
Apesar
da Política Nacional, do Estatuto e do Plano Nacional, a maior parte das prefeituras
não possui sequer uma ação definida com a juventude, como por exemplo, um
Conselho Municipal e quando existe, ou é ignorado ou serve de base política
(vulgo “garrafinhas”) para os partidos da base do governo.
Se
for para fazer o que tem que ser feito, se faz necessário muito mais que a
criação de um conselho. É necessário respeitar a juventude e enxergá-la como protagonista
de seu futuro.
Com
a bandalheira que se tornou à velha política, com escândalos diários de
corrupção, com governos sendo formados de forma mercantilista e com a o PIG –
Partido da Imprensa Golpista vendendo a ideia de que política não se discute ou
ainda que os Partidos Políticos no Brasil sejam de mentirinha, é provável que
os jovens não queiram de fato discutir política e nem mesmo participar ativamente
dela, mas estarão de prontidão para apoiarem quaisquer ações que venham a se tornar
responsáveis, como por exemplo: uma Rádio ou TV Comunitária ou na Web, um Grupo
de Teatro, Dança, uma Cooperativa de Arte, uma Incubadora de Projetos Sociais e
tantas outras ações.
Isso
é por acaso não é participar da política? Creio que sim, apenas por caminhos
novos e diferentes, se tornando algo que seduza a juventude e não tornem os
jovens cada vez mais uma mercadoria a ser valorizada apenas pelo voto.
Os
velhos conceitos e os velhos modelos estão sendo questionados, colocados em xeque. É necessário enxergar os porquês e estabelecer um diálogo permanente para saber de fato quais as ações
contemplarão a inquietude e a vontade de inovar. Porém, sobre isso se faz necessário um comentário: os jovens não foram às ruas questionar a Política Nacional da Juventude e nem a postura da Presidenta Dilma em relação às manifestações, mas para deixar claro que querem mudanças, principalmente que não se tolera mais a corrupção e nem que essa termine em pizza quando de algum julgamento
Quem
tem medo da juventude, também terá na possibilidade de interação com qualquer
outro setor organizado da sociedade e assim não está preparado para governar de
forma ética, integrada, transparente e participativa.
Quero expressar minha homenagem a todos os jovens que se organizam e participam.
Antonio Lopes Cordeiro
Pesquisador em Gestão Pública e Social
Laboratório de Gestão e Políticas Públicas - Fundação Perseu Abramo
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