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sexta-feira, 11 de outubro de 2013

O Brasil da última década coloca em cheque mais de 500 anos de história


Considero o livro de Paulo Nogueira Batista “O Consenso de Washington: a visão neoliberal dos problemas latino-americanos” (Leia aqui), como uma verdadeira obra prima, para que possamos entender de forma clara e simples, o que de fato significou aquela reunião ocorrida em novembro de 1989, na capital do Estados Unidos, com funcionários do governo norte-americano, com os organismos financeiros: FMI, Banco Mundial e BID e com economistas de diversos países.

Essa importante reunião denominada O Consenso de Washington, tratava simplesmente da formatação do projeto de implantação do neoliberalismo na América Latina e Caribe.

O livro trás ainda, com detalhes, qual era o papel da mídia, como por exemplo, convencer a população de que tudo que era pública era ruim e tudo que é privado é ótimo, para que pudessem privatizar a vontade, o papel das ONGs e principalmente o papel dos agentes políticos.

No Brasil a grande promessa para essa empreitada era Fernando Collor, porém os agentes neoliberais descobriram no meio do caminho que estavam sendo passado para trás e aí trataram de promover seu impeachment e apostaram todas as fichas em Fernando Henrique Cardoso, que não os decepcionou, vendendo todo patrimônio nacional e deixando o país cada vez mais dependente do FMI e dos EUA, como estava programado. A leitura do livro dará dados e particularidades precisas sob este triste episódio que praticamente quebrou o país.

Estou fazendo essa pequena introdução para dar continuidade ao assunto anterior, mostrando um Brasil dos brasileiros, bem diferente do que a mídia quer mostrar. Vale ressaltar que é exatamente nesse ponto, que os discursos da Marina Silva, Eduardo Campos, Aécio e adjacências, se situam e se opõem ao Brasil dos brasileiros. Esse será grande embate das próximas eleições.

Trago hoje como centro da análise, a excelente pesquisa desenvolvida pela Fundação Perseu Abramo, com o título: “Os intocáveis (I): A queda da pobreza no Brasil do último decênio”.

Segundo a pesquisa: “No decênio que compreendem os anos de 2002 e 2012, a pobreza decaiu 57,4% no Brasil.

Em termos absolutos foram 22,5 milhões de pessoas que deixaram a condição de pobreza, uma vez que passou de 39,3 milhões de brasileiros vivendo com até 140 reais mensais per capita de rendimento domiciliar em 2002 para 16,7 milhões de brasileiros em 2012. Do universo dos 22,5 milhões de brasileiros que abandonaram a pobreza no último decênio, 74% deles pertenciam ao meio urbano, enquanto 26% eram rurais.

Por conta disso, o número de pobres urbanos caiu 63,1% entre 2002 e 2012, enquanto a quantidade de pobres rurais diminuiu 45,8%. No ano de 2012, o Brasil registrou 9,8 milhões de pobres urbanos, enquanto em 2002 eram 26,4 milhões de brasileiros vivendo com até 140 reais per capita de rendimento mensal domiciliar. No mesmo período de tempo, a pobreza rural decaiu de 12,8 milhões para 6,9 milhões de pessoas”.

O ódio que se estabelece no processo da disputa eleitoral, proferido pelos opositores do governo, ao afirmar que seus maiores objetivos estão voltados a exterminar com o PT e com a hegemonia de seus governos, traduz bem a intenção de levar o país, considerado pela maioria do povo brasileiro, que está comendo melhor, estudando em escolas públicas ou privadas com cotas, comprando suas casas e principalmente trabalhando com carteira assinada, ou de volta ao passado ou como eles falam: fazer mais e melhor, só não revelam para quem trabalham e trabalharão. A contar de seus aliados, compostos por banqueiros, grande empresas, grandes latifundiários e madeireiras, dá para se imaginar a verdadeira intensão e quem os financia.

O mais importante é entendermos que contra dados científicos não há espaço para falsos argumentos. Leia a pesquisa na íntegra, clicando aqui.

“O que mais me emociona é transformar a vida das pessoas".

(Presidenta Dilma ao se referir aos mais de 4000 pessoas que concluíram o PRONSTEC - Programa Nacional de acesso ao Ensino Técnico e Emprego.)

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Relatórios comprovam que o país dos brasileiros é bem diferente do país que a imprensa quer mostrar

Imagem: andrenogaroto.com.br

As eleições presidenciais do ano que vem terão como grande debate, dois modelos de gestão bastante antagônicos, tanto do ponto de vista dos resultados, como principalmente do ponto de vista ideológico.

Enquanto o governo do Ex-Presidente Lula e da Presidenta Dilma tratou de criar programas de transferência de renda, ampliar os programas sociais, trabalhar pelo desenvolvimento econômico social e principalmente construir um país soberano, livre das amarras do FMI e da dependência dos Estados Unidos, os governos anteriores, em especial os tucanos, implantaram e consolidaram o neoliberalismo, vendendo praticamente todo patrimônio nacional e o pior ninguém sabe onde o dinheiro foi aplicado, senão vejamos em detalhe os livros "A Privataria Tucana" e o "Príncipe da Privataria.

Enquanto um modelo trabalha com a perspectiva de incluir o maior número de brasileiros e brasileiras novamente na sociedade, o outro pretende reduzir os postos de trabalho, aumentar o desemprego, para que o deus mercado possa novamente reinar, com melhorias apenas para um setor da sociedade.

Os partidos de origem de direita e extrema direita estarão juntos trabalhando para que o país volte às suas origens passadas, ou seja, dominado pela classe econômica e refém do mercado e do FMI.

No sentido de contribuir com a discussão e buscando dados que ajudem aqueles que desejam que esse modelo de gestão continue, fiz uma ampla pesquisa sobre os principais programas nacionais e seus resultados. Dados é que não faltarão para completar os argumentos.

Os componentes do PIG - Partido da Imprensa Golpista, todos os dias tentam buscar elementos que confundam a cabeça da população, principalmente a menos esclarecida e sob análise, como se fosse a verdade absoluta, tentam mostrar que a Presidenta Dilma está perdida e o país cada vez pior perante os investidores, que segundo eles, estão perdendo a confiança no crescimento sustentável do país.

Vários outros temas que não estão abordados nestes relatórios, irei atualizando nos próximos dias. 

Vale a pena perder algum tempo lendo os principais relatórios de diversas matrizes, dizendo exatamente o contrário, ou como afirma o Presidente do IPEA Marcelo Neri: "O Brasil dos brasileiros vai muito melhor que o Brasil dos economistas".

Atenção especial para os Relatórios:

  • Relatório de Avaliação da CGU sobre o Bolsa Familia
  • 10 Anos de Reconstrução Nacional
  • Modo petista de governar é referência para a ONU
  • Desigualdade de renda no Brasil em 2012: a contribuição dos estados da federação 
Boa leitura e tomara que esses dados possam contribuir para convencer o maior numero de pessoas possíveis de que o Brasil de hoje é para todos e não apenas para alguns privilegiados.

Informações sobre o Bolsa Família


11/06/2013 - Nota de Esclarecimento da CGU – Programa Bolsa Família

outubro de 2012 - Relatório de Avaliação da CGU sobre o Bolsa Familia






Síntese do Documento da FAO


Outros Assuntos sobre Evolução do País




Relatório Completo da OIT

24/06/2013 - Relatório 10 Anos de Reconstrução Nacional
http://www.ptnosenado.org.br/images/stories/pdf/modelo_revis%C3%A3o_24_04_13.pdf






12/09/2013 - Austeridade não levou ao crescimento, conclui relatório global da ONU sobre comércio e desenvolvimento

12/09/2013 - Brasil é referência mundial para políticas econômicas sustentáveis, afirma analista da UNCTAD




01/10/2013 – Desigualdade de renda no Brasil em 2012: a contribuição dos estados da federação (Pnad: estados mais ricos, como SP, MG e PR, elevaram desigualdade de renda em 2012)


Informações sobre o I.D.H.M.

Atlas do Desenvolvimento Humano 2013






O Brasil e os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio


terça-feira, 8 de outubro de 2013

Pesquisa da Fundação Perseu Abramo revela que os estados mais ricos elevaram as desigualdades de renda em 2012


Hoje, ao invés de escrever mais um post, resolvi transcrever na íntegra os comentários da Fundação Perseu Abramo sobre a pesquisa que revelou que estados mais ricos, como São Paulo, Minas Gerais e Paraná, elevaram desigualdade de renda em 2012, a pesquisa e os comentários do Presidente da FPA Marcio Pochmann.

"Segundo estudo divulgado nesta terça-feira, 1, pela Fundação Perseu Abramo (FPA), com base em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os estados mais ricos como São Paulo, Minas Gerais e Paraná elevaram a desigualdade de renda em 2012.

O estudo da FPA analisa a trajetória recente da evolução da desigualdade na repartição pessoal do rendimento nacional dos brasileiros, observando a evolução do índice da desigualdade na distribuição da renda mensal de todos os trabalhos das pessoas com rendimento da ocupação, e a desigualdade na distribuição de renda nos estados da federação em 2012, considerando a variação no índice na distribuição da renda mensal de todos os trabalhos das pessoas com rendimento na ocupação com 15 anos e mais de idade.”

Veja a Pesquisa clicando no link:

O levantamento mostra ainda que, com a queda de 0,4% do indicador em 2012, o país apresentou Índice Gini de desigualdade abaixo de 0,5, o menor de toda a série registrada no Brasil pelo IBGE desde o ano de 1960.

O FPA Comunica 5 antecipa estudos e investigações que se encontram atualmente em andamento. A base primária das informações utilizadas pertence ao IBGE e a medida de desigualdade de renda é Índice Gini, que varia entre 0 (igualdade perfeita na distribuição pessoal da renda) e 1 (extrema desigualdade possível na repartição da renda).

O presidente da Fundação Perseu Abramo, Marcio Pochmann, comentou os dados em entrevista à tevê FPA, nesta manhã.

Veja os comentários do Presidente Marcio Pochmann, clicando no link:


Durante a entrevista para a TV FPA, o Professor Eduardo Fagnani falou sobre a Pnad e as implicações futuras.

Assista a fala do Professor Fagnani, clicando no link a seguir:




sábado, 5 de outubro de 2013

As artimanhas da direita em nome da democracia e o sonho de uma sociedade justa, fraterna e igual para todos e todas

Figura: waltercharges.blogspot.com

A aliança entre Eduardo Campos e Marina Silva, que envolverão também outros partidos de direita e até de extrema direita, nas próximas eleições, expõe o ódio ao PT e aos setores progressistas da sociedade. Em nome do fim da era PT, como também afirmou Serra, todos estarão juntos tentando esconder que serão aliados daquele modelo de país que defendia a ALCA, que vendeu todo patrimônio nacional e buscava constantemente junto ao FMI.

O que querem Marina, que se considera a pureza em termos políticos e a única defensora das questões ambientais e Eduardo Campos, que simplesmente traiu suas origens e levou o PSB, antigo aliado do PT e do governo federal, aos porões da disputa “baixa”, onde só o poder interessa? Tenho claro uma coisa: lutar por um país soberano, livre do FMI e das amarras americanas não é, pois se fosse apoiariam o governo federal e a virtual reeleição da Presidenta Dilma Rouself.

Querem um mercado forte e um Estado fraco, principalmente para que seus parceiros financeiros e de futura campanha ganhem muito dinheiro, além da volta de inúmeras mazelas, disfarçadas em desenvolvimento que o Brasil se libertou.

Essa parceria neoliberal, verde-floresta, mas amarela-tucana se completará quando também fizer adesão um dos maiores traidores da esquerda brasileira: Roberto Freire, que infelizmente é meu conterrâneo, mas estamos a anos luz um do outro em termos do que queremos para o Brasil e nossos compromissos frente às mudanças inclusivas necessárias, que mudarão a cara da país.

Sabe quem serão os maiores aliados dessa aliança? O PIG – Partido da Imprensa Golpista, representado por Folha de São Paulo, Estadão, Globo, CBN, Revista Veja, Revista Época e tantas outras, pois afinal essa turma que quer derrotar o PT, não defende o controle dessa mídia que se constituiu o quarto poder, através de conselhos participativos e deliberativos em todas as esferas. Querem a hegemonia absoluta, para disseminarem as ideias dos seus proprietários, que gostam do “mercado livre” e não de um Estado forte cuidando do social.

Qual a ação que deve ser desenvolvida para neutralizar essa armadilha? Apenas e tão somente o Brasil continuar gerando empregos com carteira assinada, continuando com as oportunidades de casa própria para a população pobre e ensino de qualidade para a população menos favorecida, além de trazer médicos de várias partes do mundo para fazer o que uma grande parte dos médicos brasileiros não quer fazer, em fim, continuar colocando o Brasil em termos mundiais onde nunca esteve.

Também nessa direção está na pauta nacional a aprovação de uma ampla Reforma Política, que aprove o financiamento público de campanha, além de diretrizes que possibilitem a moralização da política e a ampliação da intervenção da sociedade, através das instâncias participativas e deliberativas.

Quero um Brasil moderno e inclusivo, com homens e mulheres, negros e brancos, deficientes e não deficientes tendo as mesmas oportunidades e, sobretudo um país que crie condições da população menos favorecida melhorar sua condição de vida.

Nada mais belo do que poder me apropriar da fala de Paulo Freire, expressa no Livro “Essa Escola Chamada Vida”, que fez junto com Frei Beto, onde essa fala representa a luta e o sonho de milhares de pessoas por uma sociedade justa, fraterna e igual para todos e todas:

“Eu sonho com uma sociedade reinventando-se de baixo para cima, em que as massas populares tenham, na verdade, o direito de ter voz e não o dever apenas de escutar. Esse é um sonho que acho possível, mas que demanda o esforço fantástico de criá-lo. Quer dizer, para isso, é preciso que a gente anteontem já tivesse descruzado os braços para reinventar essa sociedade. Uma sociedade onde a exigência de justiça não signifique nenhuma limitação da liberdade e a plenitude da liberdade não signifique nenhuma restrição do dever de justiça”.


Antonio Lopes Cordeiro
Pesquisador em Gestão Pública e Social
Laboratório de Gestão e Políticas Públicas - Fundação Perseu Abramo

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Política é coisa séria não é para político cacheiro viajante

Imagem: denisbraga1000.blogspot.com

Quero iniciar essa conversa, fazendo uma clara diferenciação entre política e politicalha, entre a boa política e a política de interesses, entre a política de inclusão e a política de resultados.

Quem nunca ouviu essa frase: “Política, religião e futebol não se discutem”. Quem concorda com isso? Na verdade, ensinaram isso ao povo para que ficasse claro que os três assuntos são apenas para os “entendidos” e os demais terão apenas que os seguirem.

Essas afirmações, junto com outras, do tipo: “Comer manga e tomar leite faz mal”, são termos que serviram de pretexto, ao longo da história, para que a população não tivesse nenhum interesse em se aproximar de algo que não entendia, transferindo a responsabilidade da discussão, ou para o poder dominante ou para alguém que em tese lhe representava.

E nos dias de hoje o que mudou? Podemos enxergar que algumas dessas afirmações são reforçadas e enfatizadas pela mídia, com muito mais eficiência, de forma mais rápida e eficaz, tanto pela mídia escrita, falada, televisiva e nas redes sociais, onde a maior parte tem dono, lado e posição, tanto se constituindo no PIG – Partido da Imprensa Golpista, como se constituindo no quarto poder. O PIG faz mal a todas as pessoas que pensam, porque pretende substituir o pensamento crítico pela aceitação de que tudo é igual, ainda mais se for algo relativo aos direitos dos trabalhadores e das pessoas menos favorecidas.

Sou do tempo em que saíamos às ruas na luta por liberdade, por justiça e por eleições diretas, mesmo sabendo que corríamos o risco de elegermos indivíduos que no discurso seria um e na prática outro completamente diferente.

Diante desse contesto, há um grande equívoco que precisa ser desmistificado: se a mídia prega, a mando de seus proprietários, que todo político é ladrão e assim tanto faz votar num como no outro, o que de fato pregam nas entrelinhas? Qual é a mensagem subliminar? Um golpe? A alienação coletiva? A desconstrução do processo democrático, que deu liberdade, inclusive à própria mídia de falar o que quer?

Na verdade, o que está por trás de tudo isso é uma enorme vontade de volta ao passado, seja através de uma nova ditadura, ou mesmo de volta de seus representantes, aqueles mesmo que venderam o Brasil, com apoio dos organismos de extrema direita mundial e comeram o dinheiro. Quem não se lembra da Petrobrax? A Petrobrás era um lixo e por isso tinha que ser vendida. Hoje ouvi uma reportagem que uma Agência, ligada ao pensamento dominante mundial, tinha baixado as notas da Petrobrás, numa clara alusão de que usarão esses caminhos nas próximas eleições, com a desculpa de que ela foi e é  mal administrada.

Ajudaria muito a compreensão do que falo com a leitura de dois livros:  “A Privataria Tucana” e o “Príncipe da Privataria”, para saber o que foi feito, como foi feito e onde está parte do dinheiro desviado.

Política é coisa séria e uma alternativa mais eficaz para mudar os efeitos da velha política, aquela do escambo, a da troca e a do mercantilismo, é dar voz ao povo, criando espaços deliberativos e construindo Políticas Públicas a partir das necessidades apresentada pela população e discutindo uma nova linguagem nos espaços que governamos, legislamos ou nos relacionamos com a sociedade.

Política é para ser discutida e entendida e não pode e não deve ser confundida apenas com as eleições, que apesar de serem ferramentas importantes, pois podemos mudar os governantes, não se traduz na  única alternativa de mudança. Temos inúmeras alternativas, porém todas elas começam e terminam com o povo.

Fico estarrecido ao ver, no atual momento, a naturalidade de diversos políticos de carreira, trocando de partido como se troca de camisa e dando a impressão de que no próximo partido tudo será diferente. Além do partido, que representa as forças progressistas ou reacionárias da sociedade, existe o indivíduo, onde grande parte, em nome de uma causa própria vai em busca de seus interesses pessoais. 

Se é verdade que os políticos representam os interesses de quem lhe colocou lá, seria bastante compreensível que para mudar de partido, primeiro deveria consultar o coletivo que o elegeu. Isso seria uma das ações da boa política.

Carlito Maia dizia que tem algumas pessoas que vieram ao mundo a trabalho e tantas outras a passeio. Quem veio a passeio, morrerão passeando, mas aquelas que vieram a trabalho estão aguardando apenas um convite.

Bem vindos ao mundo da militância. A doce arte de discutir e praticar política, a partir de uma causa.


Antonio Lopes Cordeiro
Pesquisador em Gestão Pública e Social
Laboratório de Gestão e Políticas Públicas - Fundação Perseu Abramo

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Ainda existem "esquerda" e "direita" no Brasil?


Há quem afirme que não existe mais nem “esquerda”, nem “direita”. Que o mundo caminha par uma terceira via: nem um capitalismo tão selvagem e nem também uma esquerda tão estatizante. A luta de classes foi superada? A fome foi exterminada?

Às vezes me pego pensando que está fora de moda ser de esquerda no país, mesmo nos fóruns apropriados, ou ainda defender o socialismo, visto que a mídia, senhora da razão da direita e da extrema direita, já determinou que não existe mais essa dualidade de ideias e nem mesmo luta de classes.

Para os que ainda não dominam essa linguagem, vale registrar a origem dos termos “esquerda” e “direita”, nascidas na Revolução Francesa (1789-1799):

Num primeiro momento eram apenas cadeiras diferenciadas na Assembleia Legislativa Francesa, onde os “jacobinos”, os representantes da pequena e média burguesia e do proletariado sentavam-se à esquerda e os “girondinos”, os representantes das elites à direita, onde os primeiros representavam a mudança, combatiam os privilégios aristocráticos ou eclesiásticos da época enquanto os “girondinos”, seus opositores surgiam como os defensores da ordem e do conservadorismo.

Em regras gerais, essa concepção, principalmente no que se refere ao campo de origem e defesa, permanece o mesmo, pelo menos em tese, pelo menos em termos de concepção.

A chegada ao governo, que representa parcela importante de poder, mudou e continua mudando o comportamento dos que se denominam de ex-esquerdistas e até de alguns que ainda se denominam ainda de esquerda. Uma contradição alimentada pelo fato de ao mesmo tempo terem que lutar contra o sistema, no sentido de manter a coerência e por outro trabalhar na manutenção do que chamam de poder.

Vale ressaltar que vários partidos considerados de esquerda, porém muito deles distantes de construírem alternativas ao poder constituído, fazem um jogo perigoso, pois trabalham com um discurso afinado de mudanças, encontrando sintonia com a população educada para não gostar de política e por outro se enveredam nos caminhos tortuosos da manutenção do sistema econômico, em nome do desenvolvimento econômico e social.

Assim, é possível afirmar a existência de um grande dilema: se por um lado conquistou-se uma parcela importante de poder, capaz de intervir pela população menos favorecida, promovendo-a a mudar de faixa econômica, por outro se recuou no tempo às formas de combate ao sistema capitalista, não só sucumbindo com algumas instancias representativas dos trabalhadores, como em alguns casos, negando direitos e até da existência da própria luta de classes.

Sou remanescente do tempo em que aprendemos que a esquerda se rege por princípios e a direita por interesse e concordo com o Frei Beto, que terminou seu texto escrito em março deste ano para a o “Brasil de Fato”, com a seguinte frase: “Quem é de esquerda não vende a alma ao mercado”. Podemos conviver, pois imaginamos que é o que move um país capitalista, mas temos que ter um Estado forte no capitalismo, para que o mercado não dê as regras. Nem um Estado intervencionista, tampouco um Estado subserviente.

Uma dessas armadilhas é o tal “terceiro setor”, que em tese supriria as falhas do Estado abandonado e falido, mas por outro lado, dentro da Tese do Estado Mínimo, nasceu para substituir o Estado em suas funções sociais.

O que devemos fazer para, pelo menos, manter a coerência? Trabalhar num primeiro momento para o fortalecimento do Estado enquanto provedor de suas causas, em benefício da população pobre e em segundo construir alternativas seguras para que essa população seja protagonista da sua própria história.

Soa bem aos meus ouvidos o Socialismo Democrático, que não pode ser entendido como socialdemocracia, até porque sempre fui crítico a tal ditadura de proletariado. Assim sendo, é algo que necessita ser discutido, ampliado seu entendimento e principalmente implantado.

Toda vez que damos voz ao povo, organizamos as instituições, criamos organismos deliberativos e principalmente capacitamos a população quanto aos seus direitos, estamos dando mais um passo rumo à possibilidade do Socialismo Democrático.

Quando o grito se encarna no poder então a educação revolucionária toma outra dimensão, pois o que foi educação contestadora passa a ser agora educação sistematizada: trata-se então de recriar, de ajudar na reinvenção da sociedade. Na fase anterior ela ajudava o grito para a derrubada de um poder hostil às massas, com elas no poder a educação passa a ser um instrumento extraordinário de ajuda para a construção da sociedade nova, para a criação do homem novo. (Paulo Freire)




Antonio Lopes Cordeiro
Pesquisador em Gestão Pública e Social
Laboratório de Gestão e Políticas Públicas - Fundação Perseu Abramo

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Audio Book "A Arte da Guerra" em homenagem a um padre peregrino

Postado por: minorujr

Após um domingo especial, onde comemoramos os 25 anos de sacerdócio do Padre Sergio Alvarez de Americana/SP, o único padre peregrino na nossa região, resolvi, em seu nome, brindar os leitores do blog com o áudio-book sobre a Arte da Guerra, algo tão novo que impressiona.

O Padre Sergio é uma figura humana extraordinária, que dedica sua vida ao combate a toda forma de injustiça e luta junto com as pessoas menos favorecidas por uma sociedade igual para todos. É um militante de uma causa, que não hesita denunciar quem quer que seja nem tampouco de elogiar quem de fato merece.

Punido pela igreja conservadora, segue feliz, sem uma igreja templo, mas ao lado do povo. Por incrível que possa parecer, até o momento não faltou celebração, principalmente da vida.

Boa leitura a todos.

Antonio Lopes Cordeiro
Pesquisador em Gestão Pública e Social
Laboratório de Gestão e Políticas Públicas

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

A Gestão Pública vista como um campo tecnopolítico e a máquina pública como um campo profissional


Figura: www.fcap.adm.br

Qual a dimensão de um governo? Que tipo de governo está na cabeça dos gestores? É possível trabalhar como profissional mesmo num campo político?

Há pouco mais de dez anos, ninguém podia imaginar que o país passasse por tamanha transformação. Primeiro pelo fato do Brasil, até aquele momento estar refém do FMI, Clube de Paris e principalmente dos Estados Unidos, onde qualquer mudança na economia ou mesmo na política salarial tinha que ter o aval de seus credores e muitas vezes recuar da proposta em nome da governabilidade. Um verdadeiro vexame governamental, sem contar nas heranças malditas das ditaduras, onde muita gente morreu em nome da liberdade.

Em segundo, quem podia imaginar que um operário fosse eleito duas vezes, elegesse a primeira mulher na história como sua sucessora e ambos criassem Políticas Públicas capazes de gerar uma grande revolução silenciosa: política, econômica e social. Não é atoa que uma Rádio como a CBN, que considero uma peça chave da Teoria da Conspiração, dedicou os dez últimos anos de suas programações, na tentativa de desconstruir todas as políticas federais, a tal modo que quando ouço algo que consideram uma boa política federal, fico pensando onde foi que o governo errou.

A dimensão de um governo tem que ser proporcional à necessidade da população, tem que ser construída nas ruas e não em gabinetes, porém isso só é possível se o grupo que governa for de fato representante da população e em especial da população menos favorecida. Não tem segredo. Cada governo representa um segmento da sociedade e fundamentada nos interesses de quem economicamente financiou a campanha eleitoral. Quanto mais dinheiro para as campanhas, mais comprometidos os governos ficarão com seus credores. O pensamento politico da gestão tem que ser advindo da interação com a sociedade.

Como afirma Yehezkel Dror: “O pensamento político deve lidar com opções estratégicas voltadas a ter impacto significativo no futuro, às vezes estabelecendo e alterando trajetórias de longo prazo”.

Governar é uma ação política e não meramente administrativa, assim sendo, o resultado de um governo não pode ser avaliado apenas pela quantidade de obras executadas e sim por quanto avançou em termos de soluções para a população e é nesse momento que sabemos a quem esse governo serve. Não se governa olhando apenas para o presente e tampouco da mesma forma para o futuro, se governa ouvindo a população e junto com ela preparando as ações futuras. Uma junção de representatividade com participação, ou ainda de representantes eleitos nos fóruns participativos. É com essa concepção que se pode enxergar e avaliar se um governo é conservador ou progressista.

Outra afirmação que faço é que num país capitalista e voltado ao mercado, o Estado tem que ser forte e junto a isso, se faz necessário à criação de instrumentos participativos que interaja com a população e construa Politicas Públicas a partir de seus referenciais. É dever do Estado suprir as necessidades da população carente e criar condições dessa população voltar novamente a ser incluída no seio da sociedade, lhe garantido o direito de cidadania.

Assim, não é somente um governo criar, por exemplo, coordenadorias da mulher, da juventude ou da igualdade racial e de outros setores, quando criam, mas se responsabilizar para que cada setor criado trabalhe a partir da interação  integração com o setor específico e com os demais setores de governo, pois não existe nenhuma Política Pública que seja independente, necessitando assim uma ampla integração de governo. Outra questão importante é saber se os gestores nomeados envolvidos têm a ver com os instrumentos criados, tenham entendimento da necessidade de envolvimento dos atores e principalmente compromissos com o contexto de cada área governamental.

Outra questão relevante se refere a que tipo de capacitações e treinamentos está sendo oferecido, tanto para os gestores, para os funcionários públicos de carreira e também para a população. Podemos aqui fazer uma breve referência a pelo menos três tipos de focos distintos:

1) Para os gestores e técnicos, se torna fundamental uma capacitação tecnopolítica, motivadora e que facilite a compreensão quanto aos compromissos assumidos técnicos e políticos pelo governo, fundamentado principalmente no Plano de Governo e de suas atualizações nos fóruns participativos realizados;

2) Para os servidores de carreira, uma formação técnica continuada, no sentido de passar a visão que a máquina pública pode ser transformada num campo profissional, com perspectivas claras a partir da construção de um plano de carreira participativo e o envolvimento dos servidores, quanto aos seus compromissos perante à população; 

3) Para a população, uma capacitação técnica voltada à preparação de novas lideranças, que ocupem os cargos nos instrumentos existentes e a serem criados, com a visão de representantes de fato da população e não de oportunistas que apenas ocupam as funções em benefício próprio. Além disso, ampliar a oferta de cursos técnicos, no sentido de melhorar a qualidade técnica da mão de obra, ampliando assim para novas possibilidades.

Governar sob o ponto de vista político de mudança da sociedade e de melhoria na qualidade dos serviços oferecidos, vai muito além de um gerenciamento de governo como se fosse uma empresa, que é compreensão dos gestores ligados aos partidos de direita com uma visão neoliberal, na verdade se constitui na prática de um exercício de mudanças contínuas e de reeducação, tanto interno como externo.

Como afirma Zenaide Sachet: “A constatação mais triste é que muitos dos nossos governantes assumem os espaços de governo sem ter consciência de que o processo de condução é muito distinto de um processo de gerência rotineira e que a rotina é apenas parte do sistema de gestão. Parte bastante pequena, já que, dos problemas que um dirigente enfrenta em um sistema de governo, apenas alguns poucos são bem-estruturados”.

Com essa visão, a criação e a implantação de uma Escola de Governo, tratada de forma séria, poderá contribuir e muito para a manutenção de um Programa de Capacitação Continuada, onde todos possam beber na fonte do conhecimento e esse conhecimento possa ser transformado no veículo necessário para as mudanças definitivas que a sociedade necessita.


Antonio Lopes Cordeiro
Pesquisador em Gestão Pública e Social
Laboratório de Gestão e Políticas Públicas - Fundação Perseu Abramo