Imagem: denisbraga1000.blogspot.com
Quero
iniciar essa conversa, fazendo uma clara diferenciação entre política e
politicalha, entre a boa política e a política de interesses, entre a política
de inclusão e a política de resultados.
Quem
nunca ouviu essa frase: “Política, religião e futebol não se discutem”. Quem
concorda com isso? Na verdade, ensinaram isso ao povo para que ficasse claro
que os três assuntos são apenas para os “entendidos” e os demais terão apenas
que os seguirem.
Essas
afirmações, junto com outras, do tipo: “Comer manga e tomar leite faz mal”, são
termos que serviram de pretexto, ao longo da história, para que a população não
tivesse nenhum interesse em se aproximar de algo que não entendia, transferindo
a responsabilidade da discussão, ou para o poder dominante ou para alguém que em tese lhe representava.
E
nos dias de hoje o que mudou? Podemos enxergar que algumas dessas afirmações são
reforçadas e enfatizadas pela mídia, com muito mais eficiência, de forma mais rápida
e eficaz, tanto pela mídia escrita, falada, televisiva e nas redes sociais, onde a
maior parte tem dono, lado e posição, tanto se constituindo no PIG – Partido da
Imprensa Golpista, como se constituindo no quarto poder. O PIG faz mal a todas
as pessoas que pensam, porque pretende substituir o pensamento crítico pela
aceitação de que tudo é igual, ainda mais se for algo relativo aos direitos dos
trabalhadores e das pessoas menos favorecidas.
Sou
do tempo em que saíamos às ruas na luta por liberdade, por justiça e
por eleições diretas, mesmo sabendo que corríamos o risco de elegermos
indivíduos que no discurso seria um e na prática outro completamente diferente.
Diante desse contesto, há
um grande equívoco que precisa ser desmistificado: se a mídia prega, a mando de
seus proprietários, que todo político é ladrão e assim tanto faz votar num como
no outro, o que de fato pregam nas entrelinhas? Qual é a mensagem subliminar? Um
golpe? A alienação coletiva? A desconstrução do processo democrático, que deu
liberdade, inclusive à própria mídia de falar o que quer?
Na
verdade, o que está por trás de tudo isso é uma enorme vontade de volta ao
passado, seja através de uma nova ditadura, ou mesmo de volta de seus
representantes, aqueles mesmo que venderam o Brasil, com apoio dos organismos de extrema direita mundial e comeram o dinheiro. Quem
não se lembra da Petrobrax? A Petrobrás era um lixo e por isso tinha que ser
vendida. Hoje ouvi uma reportagem que uma Agência, ligada ao pensamento
dominante mundial, tinha baixado as notas da Petrobrás, numa clara alusão de
que usarão esses caminhos nas próximas eleições, com a desculpa de que ela foi e é mal administrada.
Ajudaria
muito a compreensão do que falo com a leitura de dois livros: “A Privataria Tucana” e o “Príncipe da
Privataria”, para saber o que foi feito, como foi feito e onde está parte do
dinheiro desviado.
Política
é coisa séria e uma alternativa mais eficaz para mudar os efeitos da velha política,
aquela do escambo, a da troca e a do mercantilismo, é dar voz ao povo, criando
espaços deliberativos e construindo Políticas Públicas a partir das
necessidades apresentada pela população e discutindo uma nova linguagem nos
espaços que governamos, legislamos ou nos relacionamos com a sociedade.
Política
é para ser discutida e entendida e não pode e não deve ser confundida apenas com
as eleições, que apesar de serem ferramentas importantes, pois podemos mudar os
governantes, não se traduz na única alternativa
de mudança. Temos inúmeras alternativas, porém todas elas começam e terminam
com o povo.
Fico
estarrecido ao ver, no atual momento, a naturalidade de diversos políticos de carreira, trocando
de partido como se troca de camisa e dando a impressão de que no próximo
partido tudo será diferente. Além do partido, que representa as forças
progressistas ou reacionárias da sociedade, existe o indivíduo, onde grande parte,
em nome de uma causa própria vai em busca de seus interesses pessoais.
Se é
verdade que os políticos representam os interesses de quem lhe colocou lá,
seria bastante compreensível que para mudar de partido, primeiro deveria
consultar o coletivo que o elegeu. Isso seria uma das ações da boa política.
Carlito
Maia dizia que tem algumas pessoas que vieram ao mundo a trabalho e tantas
outras a passeio. Quem veio a passeio, morrerão passeando, mas aquelas que
vieram a trabalho estão aguardando apenas um convite.
Bem
vindos ao mundo da militância. A doce arte de discutir e praticar política, a
partir de uma causa.
Antonio Lopes Cordeiro
Pesquisador em Gestão Pública e Social
Laboratório de Gestão e Políticas Públicas - Fundação Perseu Abramo
Laboratório de Gestão e Políticas Públicas - Fundação Perseu Abramo
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