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segunda-feira, 14 de abril de 2014

As principais mensagens do filme Saneamento Básico

Fui convidado pela minha orientadora de Mestrado, Elisabete Stradiotto Siqueira, a escrever um capítulo de um livro que ela está idealizando, onde a partir do conteúdo de um filme seja possível fazer uma análise da Administração.

Como a minha área é Administração Pública, escolhi o Filme Saneamento Básico, que de uma forma simples e descontraída nos oferece conteúdo suficiente para fazer uma ampla análise da situação do saneamento básico nas cidades brasileiras. Segue abaixo uma parte do capítulo, justamente a que faz uma leitura do filme.

Partindo da realidade da maioria das cidades brasileiras, pode ser observado que o filme aborda um contexto peculiar, ao situá-lo num vilarejo sulino com moradores descendentes de italianos. Isso caracteriza que aqueles moradores, apesar de morarem numa periferia, ou com características de periferia, pelo abandono do poder público, sabem se defender e reivindicar seus direitos. Situação bem diferente dos migrantes que povoam as periferias brasileiras. A justificativa dessa afirmação pode ser notada em alguns detalhes, tais como: o fato do personagem Otaviano já ter sido subprefeito, o que mostra certo grau de compreensão política; a existência no vilarejo de pequenos empresários como ele próprio e o personagem Antonio e um sentido de organização social, na medida em que se cria uma Comissão de Moradores, que entre outras ações já tinham elaborado vários abaixo-assinados reivindicando a construção da fossa. Esse fato só vem reforçar a tese de que a população conhece seus direitos, o problema está como essa população se organiza e quem são e como atuam seus representantes.

Como ocorre em grande parte dos municípios brasileiros, principalmente nos de pequeno porte, as reivindicações não são atendidas e muito menos quem reivindicou é recebido por algum gestor, prática que reforça a falta de crença da população, tanto pela política como principalmente pelos políticos. É evidente que não é bem assim, pois mesmo nesse tipo de administração pública existem pessoas comprometidas, sejam comissionadas ou servidor de carreira. Quem nivela por baixo é a imprensa brasileira, que em nome das seis famílias que detém 70% dos meios de comunicação, se constituem no quarto poder.

O fato da prefeitura da localidade não ter recursos destinados ao saneamento básico, apesar de ser uma reivindicação antiga, revela em primeiro lugar o descaso de muitos gestores com relação à questão do saneamento, que desagua em vários problemas, inclusive de saúde pública e segundo a necessidade de manter a população distante do entendimento do orçamento público. Essa situação pode ser notada na medida em que nem mesmo os gestores das diversas áreas de governo, na maioria das prefeituras, sabem como o orçamento é elaborado, num primeiro momento através do PPA (Plano Plurianual) e posteriormente através da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias).

Segundo o Fórum Brasileiro de Orçamento Participativo, a extrema maioria dos municípios não praticam o Orçamento Participativo e muitos dos que adotaram o OP como é chamado, abandonaram no segundo mandato. Há evidência que isso ocorre por algumas razões, entre ela o fato de não haver integração de governo e isso levar a participação de apenas um ou dois secretários nas reuniões de OP e sobre eles cair toda a insatisfação da população e também pelo fato de não haver, por parte das administrações públicas, uma relação mais próxima com a população, seja através de Conselhos Gestores Participativos, onde a maioria ainda são apenas consultivos ou mesmo a falta de incentivo para que a sociedade se organize, através de suas entidades representativas e possa exercer o direito de Participação e de Controle Social. Algo que o poder público poderia iniciar pela organização de Fóruns Temáticos, sem custo algum para os cofres públicos e de grande benefício para a formulação e controle das políticas públicas.

O enredo do filme se desenrola em como usar uma verba federal aprovada de R$ 10 mil para a produção de um filme, na construção de uma fossa que custaria R$ 8 mil. A existência de uma verba federal aprovada, independente de que área, nos dias de hoje demonstra a existência de um projeto e a mudança de curso dessa verba relatado no filme, da cultura para o setor de obras, nos permite alguns comentários. O primeiro deles voltado à criatividade humana, aonde através de uma breve pesquisa, os personagens vão vencendo suas barreiras e limitações e vão alinhando o enredo de acordo com a necessidade da população do vilarejo. Na prática, as pessoas precisam ser estimuladas. Um segundo comentário está ligado como a personagem Marcela, gestora da subprefeitura, enxergava o fato de uma possível devolução dos recursos para Brasília. Dizia ela: “Não se pode devolver verba para Brasília. É um absurdo”. Um comentário com alta dose de maldade e adotado por parte do grupo, principalmente pelo fato de que se a verba não for utilizada tem que de fato ser devolvida. Além disso, o comentário traz à tona como a população enxerga a cidade de Brasília e os políticos, como uma cidade do poder e repleta de ladrões. Nos dias atuais essa avaliação é reforçada diariamente pela velha mídia, que afirma que todos os representantes eleitos seja uma corja de ladrões, com o nítido interesse em reafirmar que política é uma coisa ruim e, portanto tudo que dela migrar também será. Afirmações que afastam cada vez mais a população de enxergar seus direito, de se aproximar dos códigos do poder  e de uma efetiva participação na vida política de sua cidade, seu estado e no próprio país. Trata-se de algo direcionado para coibir o crescimento dos setores esclarecidos da sociedade

O desenrolar do filme mostra também o conflito entre os personagens. Fazer o filme de qualquer jeito apenas para ter acesso ao dinheiro ou fazer bem feito?
           
Outra questão importante abordada é a saudade dos italianos por sua terra natal e pela cultura de seu país. Essa cena nos leva a refletir os desencontros de imigrantes e migrantes, que pela sobrevivência financeira tiveram que abandonar a história de vida de cada um e se deslocarem para regiões que não conheciam, onde muitos deles sofreram e ainda sofrem maus tratos e discriminação.
           
No campo empresarial algumas observações. Primeiro o fato do personagem Antonio, que é dono de uma pequena empreiteira de obras, assumir o projeto de construção da fossa, sem licitação. Sua convicção é tamanha que chega a comprar de forma antecipada materiais para a realização da obra, chegando ao absurdo de sugerir o uso da verba da merenda escolar para a construção de uma ponte. Em seu diálogo com a gestora, fica claro um jogo de interesses de ambos os lados. Em outro momento o filme aborda os patrocinadores do filme, que aceitam em troca de divulgarem seus produtos para as crianças e pais da localidade, como algo natural.

A troca de acusações feita pelos personagens Otaviano e Antonio, mostra tanto o processo de corrupção mantido por parte do poder público e as empresas, como também a sonegação fiscal, que em regras gerais representa pelo menos duas vezes do valor da corrupção existente hoje no país, que se constitui numa poderosa vertente da corrupção.

O universo da sociedade machista é abordado no filme em dois episódios. O primeiro no patrocínio, quando um dos empresários fica interessado na conversa da gestora se referindo às mulheres do bar e segundo pelo personagem Zico, o produtor que surge na parte final do filme. Todo seu interesse esteve voltado à Silene, inclusive sendo pano de fundo para uma mudança surpreendente no roteiro do filme, ao explorar sua sensualidade.

No campo do poder, o prefeito local, como ocorre em várias partes do país, se omite da responsabilidade na medida em que não destina nenhum recurso para solucionar o problema do saneamento básico, reivindicado pela população há tempo, porém quando o filme chega à fase final e as obras se iniciam, mesmo sem a aprovação da verba, o que é muito estranho, surge a figura do político de carreira querendo aparecer às custas do trabalho da população. No final do filme ainda arremata ao citar seu investimento, como se tivesse sido investimento da prefeitura em cultura, para a realização das obras, de não terem sido concluídas, o que demonstra que pelo menos parte da verba tenha sido desviada, houve um crescimento cultural e de turismo na cidade.

Algo inusitado ocorre na parte final do filme. Os atores, mesmo de forma amadora, porém comprometidos com o resultado do trabalho, procuravam desenvolver o enredo que planejaram. A mudança do nome do filme: “O monstro da Fossa” para “O Monstro do Fosso”, ocorre quando surge à figura de Zico, procurado para editar o que já estava pronto. Logo começa a palpitar e usando toda a sua experiência, malandragem e interesse na personagem Silene, convence o grupo que o que já é bom pode ficar melhor, pagando por isso, é claro. Um dos problemas a ser administrado a partir desse momento é o orçamento do filme, que com essa novidade come a ficar caro e distante do seu objetivo principal. O recurso usado pelo personagem Zico para convencer a mudança de rumo, é tocar na vaidade pessoal dos atores e uma mudança de postura de alguns deles começa a acontecer.

Após o convencimento, Zico consegue seu intento. O filme é editado, regravado algumas partes e com isso muda totalmente o enfoque, inclusive dos atores e membros da Comissão de Moradores. O objetivo que era arrecadar fundos para a construção da fossa, dá lugar à projeção individual do elenco. No meio disso tudo algo positivo: mostrar para todos que para ser ator e atriz não precisavam ir para Porto Alegre. Tinham acabado de realizar uma obra digna de ser mostrada ao público.

O filme termina com a revelação de que as obras da fossa não foram concluídas, como ocorre em inúmeras cidades brasileiras, porém os atores da comunidade se sentem prestigiados com o sucesso do filme e exploram isso das mais variadas formas possíveis e a população da Linha Cristal? Continuam a esperar pela construção da fossa prometida, assim como muitos brasileiros e brasileiras aguardam ainda por água e esgotos tratados.


Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Pesquisador em Gestão Pública e Social
Coordenador do Programa de Capacitação Continuada
em Gestão Pública da Fundação Perseu Abramo
toni.cordeiro1608@gmail.com

sábado, 12 de abril de 2014

REMANDO CONTRA A MARÉ

Como pude conviver anos a fio, em muitos casos desde a infância, com certas (muitas!) pessoas sem nunca ter percebido nelas traços de direitismo - hoje cada vez mais explícitos -, sem jamais desconfiar?
Não, não se trata de esperar ingenuamente que todas as pessoas com quem convivo ou me relaciono sejam de esquerda, muito menos que sejam petistas ou sequer minimamente simpáticas ao partido, mas que ao menos, em grande parte desse contingente, tenham preocupação com os mais necessitados, que compreendam a importância histórica da redistribuição de renda e da emergência dos programas de inclusão social.
Os que torcem o nariz ao povo são os que sempre criticaram a política e os políticos - de qualquer matiz ideológico, mas especialmente os de esquerda. O PT, porém, sempre navegou no contra fluxo, defendendo a Política como único meio civilizado de promover a justiça social, a democracia como valor inalienável, as vias institucionais como forma de respeitar o estado democrático de Direito, fundamento da nossa República, segundo a Constituição.
Nesse aspecto, Lula foi exemplar. Sofreu três derrotas consecutivas e jamais arquitetou um golpe ou qualquer expediente antidemocrático que desestabilizasse os poderes constituídos. Jamais ouvimos dele, ao longo dos oito anos de PSDB à frente do governo federal, um grito de "Fora FHC" ou uma queixa de fraude nos pleitos eleitorais em que foi derrotado.
Na presidência, priorizou a inclusão social, promovendo a ascensão de milhões de miseráveis ao patamar da dignidade e elevando a condição social das demais classes. Por seu obstinado trabalho, hoje o pobre tem acesso a recursos públicos e privados, como crédito, ensino superior, aeroportos e shoppings centers.
Teve oportunidade de conquistar o terceiro mandato, mas, por sua estatura de verdadeiro estadista, desautorizou quem chegou a formular essa proposta. Ao sair, soube colocar-se na penumbra, em silêncio respeitoso a quem o sucedeu. E agora, a despeito de um certo clamor popular pelo seu retorno, já se anunciou como cabo eleitoral pela reeleição de Dilma Rousseff.
Em suma, o político Lula deu vida e sabor à Política, em sua essência. Escrevi certa vez que Lula, tido por analfabeto, discriminado por não ser detentor de curso dito superior, é um compêndio vivo de ciência política. Tenho-o por um estadista, um líder revolucionário, dos maiores da História universal, para mim o maior de todos, superior a Gandhi e Mandela, porque, à frente do governo, trouxe ao seu povo resultados mais significativos e sustentáveis que as conquistas dos demais.
Hoje, minha esposa comentava sobre o absurdo de um discurso rancoroso do comediante (!) Marcelo Madureira, compartilhado no Facebook por um desses amigos de nossa convivência de cujo direitismo jamais desconfiávamos. Não que essa característica fosse alterar alguma coisa na nossa sincera amizade, mas é algo que sempre decepciona.
Ouvir e compartilhar um Madureira, que como analista político é um péssimo comediante, dizer que Lula desmoraliza a política - ou algo assim - só se justifica se for para apontar a indigência intelectual do ator global e seu descompasso absoluto com a realidade.

Enfim, com decepções aqui e ali, sigamos em frente, nadando contra a maré, enfrentando a correnteza do senso comum, porque nenhuma luta é fácil e a lutar estamos mais que acostumados.
Luís Antônio Albiero
Advogado na cidade de Americana/SP
laalbiero@yahoo.com.br


quinta-feira, 10 de abril de 2014

As lições que o Curso Plano de Governo e Ações para Governar vai colhendo pelo caminho

Tem sido um novo aprendizado viajar com o Curso Plano de Governo e Ações para Governar pela Fundação Perseu Abramo, nas diversas prefeituras onde o Partido dos Trabalhadores se encontra presente na gestão. É algo tão intenso que a técnica e a empatia caminham lado a lado. Chegamos até o momento a 21 cidades sedes, com 140 cidades presentes e mais de 750 participantes.

Sem sombra de dúvidas, o depoimento mais contundente foi o do Prefeito de Santo Cristo no Rio Grande do Sul, ao afirmar que o conteúdo do curso, que é bom, poderia nem ser, pois o mais importante foi o que o curso proporcionou: um grande debate sobre o desafio e o modo petista de governar e sobre a importância de enxergar que um governo onde o Partido dos Trabalhadores estiver presente, não pode ser igual aos que já passaram por aquele município. Temos a obrigação de sermos diferentes, onde a população organizada será a grande protagonista.

Assim, o curso traz para o cenário da gestão os conflitos da sociedade, o conflito dos gestores que muitos nem mesmo sabe como proceder e faz uma enorme provocação, na medida que desafia o gestor a sair do individual para o coletivo, na busca de uma forma de governar a várias mãos.

O principal objetivo desse trabalho é construir um referencial humanista na forma de governar, onde as questões técnicas sejam conduzidas por um Plano de Ação e a frieza da máquina pública seja alterada na medida em que os servidores vão sendo convidados a colaborarem e isso começa numa pesquisa com o lema: “O Governo quer ouvir você”. Além disso, fortalecer o modo petista de governar, deixando claro que quem governa pelo Partido dos Trabalhadores não governa para si e sim para o Partido e principalmente com a população.

O curso é atual na medida em que personaliza cada região, busca dados socioeconômicos dos municípios e termina com um trabalho em grupo, buscando respostas para os principais desafios locais, no sentido de construir juntos, um Plano de Ação até o final do governo.

O mais interessante é observar que há um momento diferente a cada turma para sair da forma vertical de conduzir o curso, onde ainda há certa desconfiança por parte da maioria dos participantes e caminhar para o envolvimento emocional, numa forma horizontalizada, onde todos, além de se envolverem no debate, passam a contribuir de forma espontânea buscando entender o papel de cada um na gestão e o que cada um tem a ver com o trabalho do outro para que o resultado seja a eficiência e a eficácia go governo.

É isso que fica. É essa a essência do encontro. Homens e mulheres atentos em suas missões, procurando detalhar cada tarefa e resultando numa mudança completa na forma de governar, passando do estágio onde cada setor de governo se vê como uma instância isolada do todo e cada um procurando buscar envolvimento nas ações integradas.

Como isso é possível? Relacionamento sincero, olho no olho e compromisso estabelecido onde o desvio, seja de quem for, poderá comprometer o Plano Estratégico de Governo.

Dos 750 depoimentos colhidos, a extrema maioria avalia o curso como bom, ótimo e excelente, o que nos dá uma enorme sensação de dever cumprido, porém com muito mais responsabilidade na busca da excelência.

Cada cidade por onde passamos é um novo aprendizado. Ensinar e aprender, como uma troca de saberes necessária para o pleno entendimento. Ao final vemos que seria necessário de mais tempo para explorarmos cada assunto, porém afirmamos que estamos dispostos a voltar com outro tema na medida em que os gestores derem continuidade às tarefas acordadas em curso.

Além disso, os Cursos oferecidos pela Área do Conhecimento estão tão integrados, que parecem um trabalho em rede. Um complementa o outro e é isso que deixamos claro a cada encontro.

Não há sensação mais gratificante do que um pedido para voltar e não há compromisso maior do que formatarmos juntos uma nova forma de governar.
Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Pesquisador em Gestão Pública e Social
Coordenador do Programa de Capacitação Continuada
em Gestão Pública da Fundação Perseu Abramo
toni.cordeiro1608@gmail.com

domingo, 6 de abril de 2014

O PIG e os Institutos de Pesquisa declaram guerra à Presidenta Dilma


É surpreendente a habilidade e a traquinagem maldosa da oposição à Presidenta Dilma e ao PT. Entra ano e sai ano e eles não conseguem mostrar um plano alternativo para governar o país, que se contraponha ao que foi construído no país nos últimos 11 anos, simplesmente porque não existe. Eles não têm uma proposta sequer para o setor que os financiam, quem dirá para a população menos favorecida, porque nunca tiveram. A população que foi o foco dos governos petistas.

A habilidade está apenas no campo da maldade, com um verdadeiro arsenal de novidades do mal voltadas apenas para prejudicar a imagem da Presidenta a virtual pré-candidata à reeleição, além dos ataques diários ao Partido dos Trabalhadores. Uma tramoia atrás da outra, seja no Jornal Nacional ou no das manhãs, no Globo News, na CBN em quase todos os programas e editoriais, nos Jornais de grande circulação e principalmente num lixo de revista chamado Veja, que sempre esteve do lado do mal.

É um time fantástico, que envolve pessoas, a justiça e principalmente os veículos de comunicação: falado, televisionado e escrito, além das redes sociais. Só para se uma ideia do tamanho da sacanagem foram descobertos 23 mil perfis falsos, criados para atacar o PT na época do julgamento do chamado mensalão e hoje se fala na contratação de pelo menos 15 mil pessoas para atacar o PT e a futura candidata Dilma.

As últimas foram: a reunião ocorrida na semana passada com vários Institutos de Pesquisa, para combinarem uma estratégia para derrotar a futura candidata Dilma à Presidência da República. Isso na verdade já começou com duas  estranhas pesquisas feitas pelo IBOPE e a Folha de São Paulo hoje diz que a popularidade da Presidenta caiu 6 pontos em função da economia. Como se a população menos esclarecida soubesse fazer cálculos mirabolantes, principalmente para saber os motivos quando a bolsa de valores cai e a responsabilidade direta da nossa Presidenta. A outra é que estão tentando dizer que o povo pede a volta de Lula e isso mostra a fragilidade de Dilma. Quanto a isso eu gostaria de saber o que fariam se fosse lançada Dilma para Presidenta e Lula para vice. Que tal a ideia?

Prestam um péssimo serviço à população. São parciais e partidários dos partidos de direita, é claro e ideologicamente vinculados a quem sempre explorou os trabalhadores. Estiveram o tempo todo defendo o golpe de 64 e os golpistas, assim como sempre estiveram contra todos os movimentos de organização dos trabalhadores.

O mais hilário foi ouvir dias atrás o Marcelo Madureira, um canastrão direitoso e que se encontra afastado da televisão, fazer uma análise cientifica e global da Petrobrás e principalmente sobre a compra daquela empresa americana, quando seus aliados políticos, que hoje encabeçam uma CPI política, tentavam a qualquer custo precarizar a Petrobrás, simulando vazamentos em várias partes do país, inclusive chegando ao cúmulo de afundar uma Plataforma (P-36), causando a morte de 11 trabalhadores.

O que temos que fazer? Organizarmo-nos a partir de uma linha de atuação voltada à defesa do governo federal e da Presidenta Dilma. Além disso, usar nossa rede de relacionamento para contarmos a outra história. Não aquela fundada na teoria da conspiração e sim aquela forjada em números concretos e na satisfação da população que quase eles mataram de fome e hoje desfrutam de bens e serviços que jamais ousariam ter.

É necessário democratizarmos os meios de comunicação, assim como criarmos instrumentos populares, como por exemplo as Rádios e TVs Comunitárias urgente.


Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Pesquisador em Gestão Pública e Social
Coordenador do Programa de Capacitação Continuada
em Gestão Pública da Fundação Perseu Abramo
toni.cordeiro1608@gmail.com

quinta-feira, 3 de abril de 2014

A educação machista de todos nós

Tão igual aos outros!

Posso até ser muito criticado, mas é verdade: "Se dependesse da criação que recebi da minha mãe - seria tremendamente machista". 

Cresci ouvindo as velhas frases:
1) Homem não chora;
2) Homem é quem manda em casa - meu pai viajava e ela me... tratava como o homem da casa - e eu era um moleque;
3) Homem não leva desaforo pra casa (leva pra onde então? pro caixão?);
4) Homem que é homem não tem medo (e o que eu faço com ele -o medo?);
5) Homem tem que ser esperto - o mundo é dos espertos (se ela soubesse o que tem de 'esperto' na cadeia) - e o mundo é de que tem dinheiro, da burguesia - o que eu tenho é meu e o que sobra pode ser dos outros (e olhe lá se eu não ficar com a sobra também).

Nunca ouvi ela dizer:
1) "Não se bate em mulher", e, se for para 'apanhar' que seja rindo;
2) Que eu podia chorar a vontade (ainda mais se estiver sozinho) - NINGUÉM TEM NADA COM ISSO!
3) Quem manda na casa, na gente, nos filhos, em tudo, são as mulheres - só nos limitamos a fazer a vontade delas;
4) "Não só LEVO o desaforo para casa, enterro ele no quintal ou jogo na privada e dou descarga - assim continuo vivo!
5) Tenho lá os meus medos, porém descobri que a coragem não tem nada à ver com o medo - TUDO É SÓ UMA REAÇÃO QUÍMICA. Estas, aprendi sozinho!

Só Deus sabe o que passei para aprender, eu já nem quero mais lembrar.
Talvez, se tivesse aprendido desde pequeno, seria outra pessoa!
Mesmo tendo uma criação totalmente machista, pude aprender a respeitar nossas companheiras... CONSCIÊNCIA E RESPEITO!

MULHERES, NÓS HOMENS SOMOS CRIADOS PARA SERMOS ASSIM (NEM TODOS É CLARO) - PRECISAMOS MUDAR ESTA REALIDADE DESDE A CRIAÇÃO.

Não culpo meus pais por isso, foi a criação que eles receberam. Meus avós eram assim e antes deles também. O mundo era assim a realidade era essa. HOJE AS COISAS SÃO DIFERENTES, AS MULHERES CONQUISTARAM SEU MERECIDO ESPAÇO E SEUS DIREITOS! É LEI. CABE-NOS CUMPRIR!

Opinião, com base na minha própria criação!

Elder Cruz
Jornalista e Assessor Parlamentar
eldercruz@msn.com

segunda-feira, 31 de março de 2014

Os Filhos da Ditadura

Em todos esses anos quis escrever meu melhor texto sobre você. Minhas melhores palavras, minhas melhores ideias, meus melhores momentos guardei para que em uma folha fosse eternizado meu sentimento por você.

Quantos livros li, quantas tentativas fiz de escrever sobre você, mas não era o meu melhor texto, não era minha melhor história. E você só merece o meu melhor. Pensei, repensei, sorri com o exercício diário de escrever meu melhor texto, mas chorei ao lembrar que longe de você não existo.

Quando percebi que não poderia te traduzir em uma folha comecei a rascunhar esse pequeno lembrete de como você é importante para mim. Sem você não estaria aqui; sem você não existiria nenhum texto meu; mesmo aqueles tristes e lamentáveis que eu rascunhei; meus textos infantis, juvenis não poderiam ser escritos sem que você existisse.

Eu ainda percebi que qualquer coisa que eu escrevesse não traduziria sua importância para mim. Posso fazer o meu melhor texto e ele não dá conta de dizer que você salvou vidas, enxugou lágrimas, acabou com sequestros; enfim você mudou uma sociedade.

Tenho que te pedir desculpas por que às vezes me deixo levar por um senso comum perverso e rancoroso; quando você chegou em minha vida e eu já tinha lá meus 20 e poucos anos; já tinha compreensão de algo e mesmo com sua bondade e que tenha me mudado, eu já tinha marcas, cicatrizes que me são abertas sempre que lembro deste tempo. Eu um jovem, com ideias sonhadoras, iniciando minha vida e consciente de que era importante minha luta, fui desalojado de minha história. Fui apresentado aos porões da vileza, fui refém da maldade, mas por você lutei. E o melhor de minha luta foi encontrar você no final daquela batalha. Não me arrependo de nada, minha vida é marcada por histórias e aproximações; minha vida foi de distanciamentos e reencontros; minha vida foi e é resultado de sonhos e mais sonhos.

Quero agradecer a você, LIBERDADE, por tudo que me proporcionaste. Quero pedir apenas que não deixe usar o teu sagrado nome por aqueles que pretendem prende-la em uma cadeia que subtrai direitos dos mais humildes.

Quero pedir que fique vigilante e que se for preciso conte com meus sonhos, conte com minha militância, com minha ação, conte com meus escritos em favor de um mundo mais solidário, justo e soberanamente livre.

E mesmo que meu texto não seja com as melhores palavras, com as melhores ideias, tenha por certo, que foi com você que vivi meus melhores momentos, pois pude ser eu mesmo sem ter um sensor a me torturar e a torturar a quem eu amava; pude ser eu mesmo só com você, LIBERDADE, que apareceu no início dos anos 2000 e repôs vida, fé e esperança no coração de todos. Hoje compreendo que a esperança venceu o medo, mas também creio que a LIBERDADE venceu o GOLPE; somos servos de você, LIBERDADE, e por consequência somos primos da igualdade, companheiros da luta e defensores do livre arbítrio, da livre palavra, enfim de uma vida livre.

Vou estar junto de você, LIBERDADE, e em teu nome empunharei qualquer bandeira contra a manipulação; levantarei a bandeira da paz, do amor e do direito de viver com você, LIBERDADE, sempre; porque sei que você, LIBERDADE, não vem de forma gratuita. Mas também saiba, LIBERDADE, que por você, um filho seu jamais foge à luta. E sonhos coletivos são realizações que certamente acontecerão.

Antonio Mentor
Deputado Estadual

Viva a Liberdade

Impossível lembrarmos os 50 anos do golpe militar sem, primeiro, nos solidarizarmos com as vítimas, aquelas que morreram nas mãos de torturadores, que se recolheram em exílio mundo afora e aquelas que tiveram suas histórias de vida interrompidas simplesmente porque defendiam a liberdade, a igualdade e a justiça social. São 50 anos de um luto que jamais esqueceremos, não por reverência, mas por lembrar-nos do quão difícil foi esse período na história brasileira e para zelarmos que isso jamais se repita.

Impossível, do mesmo modo, esquecer os anos de atraso, especialmente intelectual, a que nosso povo foi submetido pelo golpe militar de 1º de abril de 1964 e sua política de desmantelamento da educação pública e da liberdade de expressão. Esse foi um retrocesso que vitimou toda a Nação, cujo alto custo é pago ainda hoje.

Mas que fique no passado a história. Dela devemos tirar o aprendizado. Hoje merecemos celebrar a democracia que areja a atividade política e cidadã no Brasil. O que importa é fortalecer nossa vocação de povo livre, defender a Constituição. O que importa é seguir na luta contra o preconceito, contra a desigualdade, contra o racismo e contra todas as formas sutis de opressão que também limitam, segregam e intimidam; que apequenam as pessoas mais humildes e discriminam as diferenças. Esta é a nossa luta.

Uma luta que trazemos no DNA do Partido dos Trabalhadores, um partido político concebido ainda no processo de abertura para a democracia, em 1978, e gestado nas greves do ABC e nos movimentos sociais; o partido liderado por Lula, o nosso líder maior, e por gente do quilate de Apolônio de Carvalho, que trouxe uma experiência de luta contra o nazismo na França e contra Franco na Espanha depois de exilado pela ditadura militar no Brasil; de Lélia Abramo, atriz e militante que trouxe da Itália sua experiência de luta contra o fascismo de Mussolini e única mulher a assinar a ata de fundação do PT no colégio Sion, em 1980; e de Benedita da Silva, uma das primeiras mulheres a filiar-se ao PT, hoje deputada. Isso para citar apenas alguns nomes dos muitos que organizaram o que hoje é o maior partido de esquerda do mundo.

Nossa tarefa não é fácil e nem pequena, mas é preciso reconhecer que foi a partir dos governos do PT, com Lula e agora com Dilma – ambos perseguidos políticos -, que a Nação recuperou sua autoestima; que a universidade e a casa própria deixaram de ser um sonho impossível ao trabalhador. Que o primeiro emprego não é mais um pesadelo aos jovens que saem dos bancos escolares. Que as mulheres ganharam de fato espaço de luta e de reconhecimento.

O PT está fazendo justiça social. O Brasil está oferecendo oportunidades. Isso é democracia.

O que ficou para trás é parte triste do passado. Gostamos do cheiro de gente, gostamos de dialogar, gostamos de lutar e crescer juntos e gostamos da crítica para evoluir.

Viva a igualdade. Vida eterna à liberdade.
Márcia Lia
Advogada - Ex-vereadora
Presidenta do Diretório Municipal do Partido dos Trabalhadores de Araraquara

A Liberdade como valor absoluto na construção da sociedade que queremos

Quando aconteceu o Golpe de Estado de 1964, que colocou o país numa ditadura sangrenta que duraram 21 anos eu tinha apenas nove, porém me lembro muito bem da noite daquele dia ouvindo no rádio que o país se encontrava tomado pelos militares. Na minha cabeça todos nós seríamos presos, só não conseguia entender o porquê.

Como criança não tinha a menor ideia do que significava aquilo, porém no meu íntimo sentia que não era uma coisa boa. A confirmação veio anos depois quando alguns conhecidos comentavam que várias pessoas estavam sendo presas como terroristas e algumas delas não voltariam jamais. Era algo assustador.

Se fôssemos fazer uma análise fria da situação, não dá nem para imaginar o que leva um país a sofrer um golpe de Estado, a não ser o poder a qualquer custo, onde o clima de terror se espalha e o medo passa a ser parceiro diário de todas as pessoas que pensam. Chegavam ao cúmulo de vender a ideia de que estudar demais ou ler demais não era uma coisa boa, pois podia levar as pessoas a terem contato com material subversivo.

Hoje ao completar 50 anos daquele dia fatídico e dos tempos de trevas que vivemos, lembro de algumas passagens como se fosse hoje. No dia 19 de setembro de 1971 eu estava no Estádio do Morumbi no jogo Palmeira e Flamengo, com um amigo que se foi, quando foi anunciado que dois dias antes tinha sido assassinado um dos maiores terroristas do país: Carlos Lamarca, que na verdade era mais um guerrilheiro que lutava pela liberdade. O mais sombrio foi que parte da torcida vibrou como se tivesse ouvido que um time adversário tinha tomado um gol. Eu lembro que não vibrei, mas, no entanto não conseguia entender o que significava um terrorista. Lembro apenas da sensação de medo que invadiu a minha alma.

A voz do locutor do estádio até hoje não sai da minha cabeça. Cinco anos depois, na minha cidade natal, Belo Jardim em Pernambuco, tinha início a minha militância, eu me juntara a um grupo de pessoas do antigo MDB e apoiamos para Senador Marcos Freire, que anos depois morria num estranho acidente aéreo.

A partir de então a luta pela liberdade começa a estar presente na minha vida em todos os momentos e teve amplitude nas Comunidades Eclesiais de Base, ligadas à Teologia da Libertação, passando pelas Pastorais da Juventude e Operária, chegando às greves de 78, 79 e 80 em São Bernardo do Campo, até o dia que encontrei o Partido dos Trabalhadores como um ponto de encontro de todas as vozes oprimidas e todas as pessoas que sonhavam com a liberdade, com a justiça e principalmente com a solidariedade.

Aquela liberdade tão sonhada, como as águas de um rio, começava a tomar seu curso natural, alicerçada pelas lutas de todos os setores organizados da sociedade, onde operários, estudantes e os movimentos populares ecoavam um grito parado no ar por mudanças profundas e pelo fim da ditadura. Era algo intenso e represado que pouco a pouco rompia as paredes dos sombrios porões e trazia como resultado a esperança de uma sociedade livre. Aí vieram os comícios pelas Eleições Diretas Já em várias partes do país, que tive a oportunidade de estar em vários momentos. Porém o da Praça da Sé e o memorável Comício do Vale do Anhangabaú foram inesquecíveis e culminou com o início da democracia que vivemos até a atualidade.

Hoje com aquela liberdade que lutávamos conquistada, escrevo apenas para homenagear todos os companheiros e companheiras que tombaram sonhando com uma sociedade livre, a todos e todas que foram torturados e apesar da dor não delataram seus pares e aos que deram suas contribuições, cada um à sua maneira, pois as lutas e os gestos de revolta também tiveram um significado particular, antes e depois do golpe. A todos e todas: o meu respeito, minha identidade com a causa e minha total solidariedade.

É certo que a sociedade que queremos ainda não existe. Porém é inegável o papel da democracia como agente de transformação.  Uma das lutas nos dias de hoje é contra a possibilidade do Estado Mínimo, onde a população carente, fruto das desigualdades capitalistas, não fique refém do mercado, que está voltado apenas a cumprir seu papel de selecionar os melhores e estreitar cada vez mais a pirâmide econômica.

Assim o sonho de uma sociedade justa fraterna e igual continua tão presente como foi no passado e quem é militante de uma causa não descansará jamais enquanto houver em qualquer parte do país pessoas banidas da sociedade e de seus direitos à plena cidadania.

Termino afirmando que, mais vale uma democracia, mesmo que seja tímida, do que uma ditadura seja ela qual for, onde apenas um grupo de privilegiados ditem as regras e vendam à ilusão de que é necessário o sofrimento para chegarem à liberdade.

A sociedade que sonhamos tem que ser antes de tudo humana, onde a solidariedade seja a maior ideologia e a luta pela liberdade seja o lema maior e por ela todo cidadão e cidadã molde seu projeto de vida. 


Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Pesquisador em Gestão Pública e Social
Coordenador do Programa de Capacitação Continuada
em Gestão Pública da Fundação Perseu Abramo
toni.cordeiro1608@gmail.com

quinta-feira, 27 de março de 2014

Triste Bônus do Professorado Paulista

Figura: http://eloacossa.blogspot.com.br

Triste Bônus da Secretaria Estadual da Educação do Estado de São Paulo.

Triste ver professores, trabalhadores a espera de algumas migalhas, que pode vir ou não. Só depende da sorte.

Sorte sim, receber o Bônus não expressa a capacidade do profissional, ou mesmo mede a aprendizagem de seus alunos.

Quantos professores competentes deixam de receber estes valores desde a sua implantação?

Mesmo todos sabendo que aquele cara é um professor  nato, competente, carismática  criativo e merecedor de reconhecimento da sociedade e de seus pares.

Triste ver todo um potencial humano a mercê de um dinheiro inserto, que com certeza fará falta no bolso de qualquer um dentro deste sistema de “valorização de resultados”.

Tenho a impressão de esmola. .........E o dia seguinte a divulgação dos resultados............ Ninguém fica feliz, apesar de ter na sua conta um valor significativo.  A tristeza impera, a cobrança é cruel e dolorosa com aqueles que não tiveram a sorte de seu nome ter sido premiado.

A dor de ver seu amigo, seu companheiro do dia-a-dia, de cabeça baixa, com sua auto-estima ao chão é desumano.

A dor só é comparada a sua própria, afinal qualquer um pode não ter sido sorteado.

E naquele instante o que pensar, o que sentir?

Se sentir um professor incompetente, injustiçado, ou se conformar em ser mas apenas um trabalhador que depende da sorte e não do seu trabalho para cobrir seu cheque especial ou comprar alguma coisa para sua família.

Triste bônus........... até quando............
Silvana Barboza Cordeiro
Mestranda em Políticas Pública pela Fundação Perseu Abramo
silvana_barboza@ig.com.br

quarta-feira, 26 de março de 2014

A violência da manipulação das informações para a sociedade

Figura: vidateorica.blogspot.com

A maioria dos veículos de comunicação do Brasil (70% deles) pertence a seis famílias abastadas brasileiras e como seres pensantes que já fizeram suas escolhas, não só em termos de candidatos, mas precisamente em termos de valores políticos, econômicos e sociais, ditam as regras, confundem a cabeça do povo e buscam a volta ao passado, indignados com essa história de pobre poder ter e fazer tantas coisas, que num passado recente eram privilégios somente da Casa Grande, enquanto as Senzalas ficavam apenas com as sobras.

Isso poderia até parecer natural num país de uma democracia tão recente, onde todos tem o direito de se expressar da forma que quiser e como quiser. O problema está na medida em que esses veículos de comunicação se julgam no direito de venderem a ideia de que falam a verdade da sociedade e se enfurecem quando detectam setores organizados que emitem pensamentos contrários, principalmente se colocarem em risco a hegemonia dos setores produtivos e reivindicarem a manutenção e ampliação dos direitos trabalhistas.

Infelizmente a população menos esclarecida não consegue enxergar essa luta ideológica travada no interior do sistema e tendem a concordar com o que leem, ouvem ou assistem, até mesmo por não ter um canal de comunicação que mostre o outro lado da moeda e assim passa a reproduzir uma linguagem viciada e tendenciosa, que coloca em xeque todos os dias a importância dos partidos políticos, dos sindicatos, das cotas para os negros e para a população pobre e principalmente a importância dos pleitos eleitorais, onde muita gente perdeu a vida para que isso ocorresse.

Onde está o problema central? É possível enxergar com clareza o que um candidato se propõe? Porque a população tende a entrar no senso comum?

Quero acreditar que o problema central está na interpretação equivocada da democracia, onde se passa a ideia de que a representatividade é suficiente para eleger pessoas, mesmo sem se conhecer e esses representar os direitos e as reivindicações da sociedade desorganizada.

Enquanto isso, quem aposta na participação como principal alternativa fica como se estivesse fazendo parte de algo que não é bom. Algo subversivo, onde a subversão é “peitar” os de cima em detrimento aos direitos dos de baixo.

Já que a população mais necessitada não tem um veículo de comunicação que conte as duas histórias, se faz necessário organizá-la, seja em fóruns, em entidades de moradores ou mesmo em partidos políticos que visem a discussão dos seus valores. Assim, mesmo os candidatos que não forem indicados pelos setores organizados, ditos “expertos”, saberão que serão cobrados de outra forma. Ou seja, a partir de novos valores e informações.

O senso comum passa a ser a única opção visível, algo que a velha mídia reforça todos os dias, ao escrachar os políticos e a política, com o principal objetivo de direcionar corações e mentes do povo brasileiro, buscando um resultado comum para os anseios do pensamento elitista: político, econômico e social.

Nesse barco desgovernado do ponto de vista político-social, tentando confundir a cabeça do povo, estão uma quantidade enorme de políticos de carreira, grande parte dos partidos políticos e, sobretudo o PIG – Partido da Imprensa Golpista, que tenta calar a voz das ruas, substituindo-a pelo eco rouco da ditadura midiática.

Em se tratando de gestão pública, que sempre foi tratada como uma “terra de ninguém”, a única forma segura de saber se determinada Política Pública deu certo ou não, é ouvindo a população e todos os atores envolvidos.


Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Coordenador do Programa de Capacitação Continuada
em Gestão Pública da Fundação Perseu Abramo
toni.cordeiro1608@gmail.com

Resolução Política do Diretório Nacional do PT

Reproduzindo o que é importante 

Reunido no dia 20 de março de 2014 em Brasília, o Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores, aprovou a seguinte resolução política:
O povo brasileiro chega ao final do primeiro trimestre de 2014 com a certeza de poder comemorar, ao mesmo tempo, a consolidação e o aprimoramento da nossa democracia, que venceu o obscurantismo dos tempos de ditadura; e o avanço na superação das desigualdades sociais, nunca experimentado com tamanha amplitude quanto agora.
O Partido dos Trabalhadores tem por objetivo vencer as eleições presidenciais de 2014, reelegendo a Presidenta Dilma Rousseff para um segundo mandato por dois motivos fundamentais: porque fazemos um balanço globalmente positivo de seu mandato e para dar continuidade às transformações no Brasil, iniciadas pelo Presidente Lula em 2003.
Quando são lembrados os 50 anos do golpe e da instalação da ditadura militar, é preciso que façamos uma análise crítica sobre o inacabado processo de transição democrática. Saudamos a coragem e determinação de nosso governo em instalar e fazer funcionar de forma autônoma a Comissão Nacional da Verdade e apontamos a necessidade de que esta comissão vá além do papel de coletar dados e informações sobre as atrocidades cometidas naqueles tempos, e realize um amplo debate público sobre o direito à memória.
Foi a longa e incansável luta de nosso povo que derrotou aquele regime e instalou, naquele momento, uma tênue democracia, que agora se aprimora e se consolida, mas que segue em construção. Para que possamos ter uma democracia plena devemos criar as condições para a não repetição de situações como as vividas naquelas épocas sombrias.
A identificação dos responsáveis pela tortura e pelos assassinatos, longe de parecer revanche, deve servir para que nosso povo tenha conhecimento dos reais autores de tanta tristeza provocada a milhares de famílias brasileiras. Mas para que façamos justiça aos democratas, socialistas, religiosos, estudantes, jovens, donas de casa, trabalhadores e tantos outros que sofreram a covardia da cruel agressão física e da supressão das liberdades democráticas, é preciso que tenhamos posição enfática em prol da revisão da Lei de Anistia.
Neste contexto saudamos a ação da bancada petista na Câmara dos Deputados pela reconquista da Comissão de Direitos Humanos, fazendo com que ela retome suas funções legítimas e históricas.
É por tudo isso que os petistas, em todos os cantos do país, devem se juntar a outros partidos e aos movimentos sociais para festejar a democracia sob o lema “Ditadura, nunca mais!”
Foi esta democracia que possibilitou que o primeiro operário e a primeira mulher fossem eleitos Presidentes do Brasil, ambos filiados ao nosso PT. E foi pelo compromisso de nosso Partido com as causas dos menos favorecidos, que nossos governos aplicaram políticas de superação da miséria, de diminuição das desigualdades sociais, de ampliação dos direitos e das oportunidades, de combate a todas as formas de discriminação.
Passado meio século do golpe que interrompeu a agenda progressista de reformas de base anunciadas naquele tempo, o Brasil experimenta os avanços do ciclo virtuososo dos governos liderados por Lula e Dilma. Nestes 12 anos, avançamos em reformas significativas para o país, mas nos deparamos com o desejo cada vez mais latente de realizarmos um conjunto de reformas estruturantes, já apontadas no 5° Congresso do PT.
Esse salto no programa a ser apresentado pelo PT será conformado a partir da mobilização e no diálogo com os movimentos sociais e através do debate político com os partidos que compõem a nossa base aliada.
Nos governos Lula e Dilma comemoramos constantemente o aumento do emprego. Temos hoje uma das menores taxas de desemprego da história do país combinada com o aumento da renda dos trabalhadores e a ascensão social de amplas camadas da população. Enquanto o restante do mundo enfrenta crises econômicas e sofre com índices de desemprego alarmantes, o Brasil demonstra estar preparado para enfrentar todas as adversidades originadas na globalização excludente.
Enquanto nossos opositores, nos partidos e na imprensa, cantavam a quatros cantos que o Brasil poderia ter um pequeno crescimento econômico ou até não crescer, os dados demonstraram que nossos caminhos são seguros e nosso crescimento sustentável. Crescemos acima da média de centenas de países, sem submissão às políticas recessionistas e excludentes que são aplicadas mundo afora!
Mesmo assim, parcela da mídia brasileira faz questão de pintar um quadro aterrorizador na economia, disseminando maus presságios sem fundamentos técnicos, apenas com a clara intenção de tentar influenciar nas disputas eleitorais. Chega a ser impressionante a distância apresentada por uma parcela da mídia entre o Brasil verdadeiro, governado pelo PT, e o Brasil “deles”.
É fundamental que o PT apoie firmemente todos os movimentos e iniciativas que busquem a democratização das comunicações e uma nova ordem de informação a nível internacional. Neste caminho é que nossas bancadas no Congresso Nacional devem se esforçar para aprovar o novo marco civil para a internet, com a neutralidade da rede proposta pelo governo.
Além disso, devemos nos somar à iniciativa da CUT e outras entidades e ampliar as ações que defendem a democratização da mídia através do Movimento para Expressar a Liberdade, fazendo com que este debate chegue aos sindicatos, universidades, escolas, igrejas, campos de futebol, etc. Somente com a ação firme de nossos militantes é que esta campanha ganhará as ruas.
Ao mesmo tempo devemos nos preparar para um dos maiores eventos esportivos do mundo , a Copa do Mundo, que ocorrerá no Brasil a partir de junho. Os “velhos do Restelo”, parafraseando Camões, ficam agourando o insucesso da Copa no Brasil. Tentam, de todas as formas, estimular manifestações contrárias e alardeiam a inexistência de legado a ser deixado pelo campeonato mundial. A geração de empregos, a atração de turistas de todos os cantos do mundo e as obras estruturantes – especialmente as de mobilidade urbana em todas as cidades sedes – são ‘causa e consequência’ da realização do Mundial de Futebol no país.
Foi o governo do Presidente Lula que conseguiu vencer a disputa pela realização da Copa em 2014 e das Olimpíadas em 2016 e esses eventos esportivos mundiais são motivos de orgulho para nosso povo, pois vamos realizar uma das melhores Copas – e, posteriormente, as Olimpíadas – de toda a história.
Não nos omitiremos, entretanto, de participar dos espaços das organizações e movimentos que, sintonizados com essa compreensão do significado dos grandes eventos para o desenvolvimento e projeção do Brasil no exterior, discutem seu legado popular. Vamos usar estas oportunidades para repudiar toda e qualquer forma de manifestação racista, seja no esporte ou contra qualquer cidadão da etnia negra. Apoiamos a posição do governo brasileiro que tem condenado as práticas racistas, xenofóbicas e de todo o tipo de intolerância.
Por outro lado, o Diretório Nacional adverte para iniciativas legislativas que, em nome do combate a ações violentas em manifestações, venham a se converter em restrições dos direitos constitucionais e a repressão a ações legitimas e pacificas dos movimentos sociais.
Sobre a Ação Penal 470, o Diretório Nacional registra a decisão do Supremo Tribunal Federal, que inocentou os companheiros do PT dos crimes de formação de quadrilha e de lavagem de dinheiro. Ao mesmo tempo, repele as denúncias forjadas sobre privilégios inexistentes para os companheiros ilegalmente aprisionados na Papuda. É inaceitável a manutenção de companheiros no regime fechado quando, por lei, já teriam direito ao regime semi-aberto.
Mais uma vez estamos presenciando a oposição e os setores conservadores da nossa sociedade fazer ataques para atingir a imagem da Petrobras. É importante relembrarmos que a nossa maior empresa pública foi alvo da política de privatizações no governo liderado pelo PSDB, apoiado pela elite nacional, representado por FHC.
A Petrobras é a mais sólida das empresas brasileiras com um lucro superior a 23 bilhões de Reais, e a sétima empresa de energia do mundo, tornando-se competitiva no mercado internacional e simbolizando o arrojo do nosso projeto de Nação. A tentativa da oposição e do conservadorismo nacional em atacar a Petrobras é mais uma iniciativa daqueles que sucatearam o Estado brasileiro e aprofundaram as desigualdades sociais.
A defesa intransigente da Petrobras é a defesa do nosso projeto de Nação que tem resultado no crescimento econômico e na justiça social. Um projeto que colocou o Brasil “em pé” perante o mundo.
Com a aproximação das eleições, nosso Partido deve aprofundar o debate sobre nossas alianças, criando as condições objetivas para a vitória de nosso projeto com a reeleição da Presidenta Dilma. O que devemos ter claro é a nossa opção pela política de alianças firmada no programa de transformações sociais que nossos governos estão promovendo. O que devemos exigir de nossos aliados é o forte compromisso com a continuidade destas conquistas e com os avanços que vamos construir conjuntamente.
Nossa prioridade absoluta é a reeleição da Presidenta Dilma. A esta prioridade está submetida nossa tática e nossas alianças estaduais conforme foi decidido pelos delegados presentes no 4º. Congresso Nacional. Mesmo com os altos índices de aprovação de nosso Governo e de nossa candidata ainda temos muito tempo até as eleições. A nossa militância precisa estar atenta. É preciso manter a mobilização, ampliar o debate com a sociedade e defender nosso legado de 12 anos de mudanças no país.
A direção nacional do PT acompanhará os processos nos estados e no DF e coordenará em conjunto com as direções estaduais o processo de decisões sobre a tática eleitoral. Não vamos permitir alianças que conflitem com nossas deliberações, assim como vamos estimular as chapas com nossos aliados no plano nacional.
Está dentro dos nossos objetivos, de acordo com as resoluções do 4º.  Congresso Nacional, a ampliação de nossas bancadas parlamentares, tanto nas Assembléias Legislativas quanto no Congresso Nacional e reeleição de nossos governadores e a eleição de novos governos petistas e aliados nos Estados.
Da mesma forma, vamos apoiar a luta dos movimentos sociais e partidos democráticos pela convocação da uma Constituinte Exclusiva e Soberana para realizar a reforma política que o país tanto precisa. Vamos estimular a coleta de assinatura no abaixo-assinado do PT. Neste sentido, conclamamos nossos militantes a assumirem e organizarem esta campanha em todas as cidades.
Nosso Partido deve estar comprometido com as lutas do movimento sindical e ser contra o Projeto de Lei que tramita no Congresso Nacional prevendo a terceirização de mão de obra e a precarização dos empregos no país, se associar ao movimento em prol da votação imediata do Plano Nacional de Educação, assim como devemos nos somar aos sindicatos na luta pela ampliação dos direitos dos trabalhadores.
Nosso Partido também deve se engajar firmemente nas lutas dos movimentos por moradia que buscam a construção de uma pauta pela reforma urbana com mais moradia, cidades mais sustentáveis, melhores condições de transportes e mais segurança. Fortalecer o programa “Minha Casa Minha Vida” é determinante, particularmente para a população de baixa renda. Da mesma forma, devemos nos somar à luta pelo fortalecimento da reforma agrária e por uma política agrícola, tendo como base os incentivos na agricultura familiar.
Reconhecemos que o ano eleitoral é um ano de profundas e acirradas disputas, especialmente quando estão em confronto visões de país tão distintas entre nós e nossos adversários. Temos que desmascarar a tática dos que torcem e jogam contra o Brasil. Nossos militantes devem estar preparados para estas disputas. Nosso desafio é continuar em frente nas conquistas de nosso povo.
Nossos militantes devem estar preparados para este embate. Nossos governos são governos de conquistas e avanços, que devem permanecer e seguir adiante. É para isso que construímos e consolidamos nosso Partido.
Brasília, 20 de março de 2014.

Silvana Barboza Cordeiro
Mestranda em Políticas Pública pela Fundação Perseu Abramo
silvana_barboza@ig.com.br