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quarta-feira, 26 de março de 2014

A violência da manipulação das informações para a sociedade

Figura: vidateorica.blogspot.com

A maioria dos veículos de comunicação do Brasil (70% deles) pertence a seis famílias abastadas brasileiras e como seres pensantes que já fizeram suas escolhas, não só em termos de candidatos, mas precisamente em termos de valores políticos, econômicos e sociais, ditam as regras, confundem a cabeça do povo e buscam a volta ao passado, indignados com essa história de pobre poder ter e fazer tantas coisas, que num passado recente eram privilégios somente da Casa Grande, enquanto as Senzalas ficavam apenas com as sobras.

Isso poderia até parecer natural num país de uma democracia tão recente, onde todos tem o direito de se expressar da forma que quiser e como quiser. O problema está na medida em que esses veículos de comunicação se julgam no direito de venderem a ideia de que falam a verdade da sociedade e se enfurecem quando detectam setores organizados que emitem pensamentos contrários, principalmente se colocarem em risco a hegemonia dos setores produtivos e reivindicarem a manutenção e ampliação dos direitos trabalhistas.

Infelizmente a população menos esclarecida não consegue enxergar essa luta ideológica travada no interior do sistema e tendem a concordar com o que leem, ouvem ou assistem, até mesmo por não ter um canal de comunicação que mostre o outro lado da moeda e assim passa a reproduzir uma linguagem viciada e tendenciosa, que coloca em xeque todos os dias a importância dos partidos políticos, dos sindicatos, das cotas para os negros e para a população pobre e principalmente a importância dos pleitos eleitorais, onde muita gente perdeu a vida para que isso ocorresse.

Onde está o problema central? É possível enxergar com clareza o que um candidato se propõe? Porque a população tende a entrar no senso comum?

Quero acreditar que o problema central está na interpretação equivocada da democracia, onde se passa a ideia de que a representatividade é suficiente para eleger pessoas, mesmo sem se conhecer e esses representar os direitos e as reivindicações da sociedade desorganizada.

Enquanto isso, quem aposta na participação como principal alternativa fica como se estivesse fazendo parte de algo que não é bom. Algo subversivo, onde a subversão é “peitar” os de cima em detrimento aos direitos dos de baixo.

Já que a população mais necessitada não tem um veículo de comunicação que conte as duas histórias, se faz necessário organizá-la, seja em fóruns, em entidades de moradores ou mesmo em partidos políticos que visem a discussão dos seus valores. Assim, mesmo os candidatos que não forem indicados pelos setores organizados, ditos “expertos”, saberão que serão cobrados de outra forma. Ou seja, a partir de novos valores e informações.

O senso comum passa a ser a única opção visível, algo que a velha mídia reforça todos os dias, ao escrachar os políticos e a política, com o principal objetivo de direcionar corações e mentes do povo brasileiro, buscando um resultado comum para os anseios do pensamento elitista: político, econômico e social.

Nesse barco desgovernado do ponto de vista político-social, tentando confundir a cabeça do povo, estão uma quantidade enorme de políticos de carreira, grande parte dos partidos políticos e, sobretudo o PIG – Partido da Imprensa Golpista, que tenta calar a voz das ruas, substituindo-a pelo eco rouco da ditadura midiática.

Em se tratando de gestão pública, que sempre foi tratada como uma “terra de ninguém”, a única forma segura de saber se determinada Política Pública deu certo ou não, é ouvindo a população e todos os atores envolvidos.


Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Coordenador do Programa de Capacitação Continuada
em Gestão Pública da Fundação Perseu Abramo
toni.cordeiro1608@gmail.com

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