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quinta-feira, 17 de julho de 2014

Tomara, só que não!

Assim seja, espero que, oxalá, ou simplesmente tomara. E tomara que não estejamos abusando muito desta palavra. O tomara não pode substituir nossas responsabilidades e nossas atitudes. Sim, há uma diferença entre aquilo que é passível de ser realizado por nós e aquilo que gostaríamos que acontecesse, mas que independe de nossas atitudes. Delimitar claramente cada caso pode não fácil em algumas situações, mas é preciso. Tomara que pelo menos até aqui este texto esteja sendo claro o suficiente.

A fé naquilo que se faz é sempre bem-vinda, pois é justo o sucesso daquele que ‘arregaça as mangas’ e ‘bota as mãos na massa’. Há muito tempo já se disse que ‘a fé sem obras é morta’, de modo que apenas torcer para que nossas vontades tornem-se realidade enquanto se espera de braços cruzados será em vão. O poeta já nos sugeriu: ‘quem sabe faz a hora, não espera acontecer’.

Muito esperamos e pouco fazemos. Queremos ser um país de primeiro mundo, queremos desenvolvimento, queremos educação, mas se pararmos bem pra pensar estamos só no tomara que tudo melhore e não fazendo nada de concreto para uma mudança de fato. Se cada um de nós não mudarmos, melhorarmos, nada muda, nada melhora.

Só pra não restar dúvidas: nem tudo depende de nós, diversos fatores nos influenciam e as circunstâncias e oportunidades não são homogêneas, de modo que o que é possível pra um pode não ser para o outro. Assumindo isso, vamos nos concentrar na idéia daquilo que é realizável, daquilo que é possível de ser feito e que poderia ajudar à nós mesmos a nos livrar de tantos ‘tomara’.

Podemos aplicar essa idéia para o convívio familiar, para os relacionamentos, trabalho, estudos, enfim, para a vida. Pequenas e grandes conquistas não caem do céu, é preciso estar no lugar certo e na hora certa, é preciso se preparar e estar sempre pronto.

Já que mergulhamos nessa discussão pretensiosamente filosófica, não há que se poupar outra idéia bastante profunda: o caminho se faz caminhando, e as alegrias do caminho rumo ao que se deseja, que se sonha, podem ser até maiores do que as alegrias da chegada, ou seja, talvez seja mais prazerosa o trajeto de subida da montanha do que simplesmente estar no cume.

Então não fiquemos parados, caminhemos! Não nos permitamos afundar na areia movediça da rotina e dos padrões fabricados e à nós impostos de maneira sutil. Tomara que haja mais questões do que certezas, e que sempre possamos nos permitir a autocrítica.

A comunicabilidade talvez seja a grande virtude e o grande mal dos nossos tempos. As possibilidades que a vida virtual nos abre podem nos estar fechando para o que é, de fato, importante. Podemos interagir com colegas distantes, conhecer pessoas novas, e isso é bacana, mas não podemos deixar passar a oportunidade de abraçar o amigo de perto. É legal e lícito acessar atalhos e utilizar modelos prontos, mas isso não pode ser empecilho pra que nós mesmos saibamos fazê-los. Não podemos confundir informação com conhecimento.

Se pensarmos no nosso bairro, nossa cidade, nosso Estado, no País, todos listaremos uma grande quantidade de problemas e de mudanças que gostaríamos que acontecessem, correto? A lista de problemas é extensa e todos nós; uns mais e outros menos; sabemos o que precisa ser mudado, mas o que não podemos é acreditar que tudo está perdido, que não há solução e então não nos comprometermos com mais nada. Não podemos ser egoístas à esse ponto, cruzar os braços e simplesmente deixar rolar. Talvez o nosso maior desafio seja mudar a idéia convencional de que ao votarmos escolhemos alguém para nos representar e só poderemos nos manifestar novamente quatro anos depois. Não, o que precisamos é construir instâncias para a maior participação, de modo que não decidam por mim, mas comigo.

Que nós nos comprometamos com o ideal transformador à partir de ações práticas. Está certo que o Governo Municipal, Estadual ou Federal pode não ser aquele que mais nos agrada e também não é mentira que podemos fazer muito pouco individualmente diante da força do grande capital. Mas tal fato não pode ser motivo para nos fazer encurvar ao senso comum, às falsas informações das redes sociais e às mídias convencionais tendenciosas.

Nelson Rodrigues foi categórico ao afirmar que "quem pensa com a maioria não precisa pensar". Portanto, não compre idéias prontas, vamos vestir a camisa do otimismo e do compromisso com nossos ideais, vamos deixar os ‘tomara’ de lado e começar a mudança que tanto queremos ver. Será que um dia nos livraremos de tantos ‘tomara’? Sinceramente: tomara!
           
Roberto Rodrigues
Economista, Especialista em Economia Social e do Trabalho, Mestrando em Desenvolvimento Econômico junto ao Instituto de Economia da UNICAMP, Professor do ISCA Faculdades e Economista Associado à LMX Investimentos.
rodriguesrobertto@yahoo.com.br


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