Quero iniciar essa breve
reflexão, fazendo uma pequena análise sobre as manifestações de junho de 2013,
que tem tudo a ver com o resultado da Copa, com o fracasso da seleção e com o
desejo incondicional do PIG.
Apesar de aquelas manifestações
terem nascido de uma reivindicação justa do Movimento Passe Livre, tomaram
outro rumo a partir da violência policial em São Paulo e deram contorno por
algum tempo, com a manipulação explicita dos meios de comunicação.
Em regras gerais, na essência
do movimento estava a revolta da população, em especial dos jovens, contra a
onda de corrupção que assola o país e o desprezo contra a política e os
políticos, potencializado pela mídia que generaliza a situação, na medida em
que vende a falsa ideia de que todos os políticos são ladrões ou ainda que a
política seja uma coisa do mal.
Vários estudiosos escreveram
sobre o assunto, principalmente sobre quem era os personagens das ruas, o que
de fato buscavam e quem os tentou manipulá-los.
O que ficou evidente foi que
o PIG – Partido da Imprensa Golpista (Termo usado para definir os 75% dos meios
de comunicação: Rádios, TVs, Jornais e Revistas, pertencentes a seis famílias
abastada, que fazem opção clara por partidos direitosos e seus candidatos e se
colocam no período eleitoral contra qualquer candidato que represente algum
partido mais à esquerda, principalmente o Partido dos Trabalhadores, ou ainda contra
qualquer ação ou Política Pública que represente benefícios ou inclusão das
pessoas menos favorecidas), enxergou nas manifestações uma grande possibilidade
de passar a imagem de que o Brasil de Dilma e do PT estava um caos e as
manifestações eram contra Dilma e, portanto pedindo mudanças radicais nas
próximas eleições.
As próprias manifestações
desmoralizaram essa imprensa, ao deixar claro que a luta era contra a corrução,
que infelizmente atinge todos os partidos, principalmente pelo alto custo das
campanhas eleitorais e alguns gestores que transformam sua gestão numa grande
oportunidade de se dar bem financeiramente e não contra o Governo Federal.
A saga do PIG visando às
próximas eleições vai longe. Nos últimos três meses ele se concentrou seus
esforços, contra a Copa do Mundo, vendendo a ideia de que o país não estava
preparado, de que havia gasto muito dinheiro e que esse poderia ter ido para a
educação e para a saúde (como se os seus governantes ou gestores, tivessem
feito a lição de casa em tempos anteriores ou na atualidade em inúmeros
municípios ou estados), de que a infraestrutura não ia dar conta, de que era
trágica a situação dos aeroportos, de que os estádios não iam ficar prontos e
tantas outras coisas que confundiam a cabeça do povo e alimentava o ódio dos “coxinhas”.
O PIG enxergou que se a Copa fosse um fracasso, seria uma ótima oportunidade
para afirmar que o Governo Federal teria fracassado.
Todos os dias esses assuntos
eram pautas dos principais jornais televisivos ou radiofônicos e programas diversos,
jornais impressos, sites dos mais diversos e semanalmente em suas revistas,
principalmente na inVeja ou na Isto É, passando a visão de que o Brasil não
estava preparado para um evento como esse. Cansei de ouvir em minhas viagens
para os cursos da Fundação Perseu Abramo, os chamados “Coxinhas” vociferarem: “Imagina
esse aeroporto na Copa. Não vai aguentar, vais ser um caos. É um absurdo!”. O
ápice dessa calhordisse ocorreu na abertura da Copa, quando a nossa Presidenta
foi xingada de forma vil.
Foi necessário que a
imprensa mundial afirmasse que a Copa do Mundo do Brasil foi um sucesso para
que o PIG embarcasse nessa onda, pelo simples fato de não ficar sozinha e
passar a reconhecer que o Brasil recebeu bem seus convidados, que não aconteceu
o caos que pregara, que não aconteceram as manifestações que queriam, etc. Uma
verdadeira desmoralização para uma imprensa que está longe de ser livre dela
mesma e que morre de medo de ser controlada por um Conselho Nacional de
Comunicação.
Agora a bola da vez é a
Seleção Brasileira. As duas derrotas renderão comentários negativos por muito
tempo, pelo menos nos próximos noventa dias, que não por acaso chegará até as
eleições.
Entrando num campo que não e
de meu total conhecimento, porém como torcedor, arrisco-me a enumerar alguns palpites
sobre o que está sendo chamado de fracasso:
1. O mercado futebolístico brasileiro necessita
de uma grande reforma, que vai desde a transformação dos clubes brasileiros em
empresas, onde todos os jogadores, independentes de suas famas, tenham seus
direitos como trabalhadores, passando pela valorização e chegando à formação de
base que teria que ser obrigatória em todos os clubes.
2. Se de fato a CBF –
Confederação Brasileira de Futebol representa o país em suas modalidades, se
faz necessário uma composição de forças com o Governo Federal, talvez para
evitar que apenas o mercado seja o protagonista, inclusive impondo condições
aos próprios jogadores, através de seus patrocinadores.
3. É impossível a Seleção
Brasileira de Futebol ter um pleno sucesso, sem base, sem regras e sem um
projeto consistente, como vimos em outras seleções, que acumularam vários anos
de trabalho com o mesmo técnico e com um grande trabalho de base. Além disso,
se torna impossível manter uma base no Brasil, onde um mercado predatório
destina as melhores condições para o exterior e nossos melhores jogadores vão e
absorvem vários ensinamentos, que na prática vira uma grande “salada”, a ser
digerida em tão pouco tempo de preparação.
Vimos na seleção campeã, que
a maioria dos jogadores está em clubes na Alemanha e o técnico vem de várias
temporadas.
A grande lição que a Copa nos
deixou foi em primeiro lugar, que a Copa do Mundo no Brasil foi um sucesso, em
várias áreas, em segundo que a mídia golpista foi desmoralizada e que nenhuma das
pragas que jogaram contra o Governo Federal vingou e em terceiro, que o futebol
brasileiro necessita de uma grande reforma, de moralização, de trabalho de base
e principalmente de criação de um projeto que analise o passado, aprenda com o
presente e se prepare para o futuro.
Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Pesquisador em Gestão Pública e Social
Coordenador do Programa de Capacitação Continuada
em Gestão Pública da Fundação Perseu Abramo
toni.cordeiro1608@gmail.com
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