Caros amigos todo cuidado é pouco.
A vitória da oposição significa a volta dos tempos das trevas. Sem emprego, sem
casas, sem universidade para os filhos dos pobres e pessoas negras, sem médicos
e principalmente a volta do FMI e dos EUA mandando no país. Por quê? Vou tentar
explicar em poucas palavras.
Lembro como se fosse hoje, quando
voltamos de São Bernardo do Campo para Belo Jardim em Pernambuco, a cidade que
nascemos, depois de 10 anos de tempos muito complicados.
Meu avô paterno, que por sinal era irmão
do meu avô materno, era uma figura fantástica. Certo dia, ao perceber que eu me
interessava pelas questões políticas, me chamou de lado e me disse: “Meu filho,
tome muito cuidado, pois aqui nessa cidade, até os sinos batem: ladrão, ladrão,
ladrão...”. Num primeiro momento achei muito engraçado o que acabara de ouvir,
mas aos poucos fui entendendo o que ele quis me dizer e a preocupação para que
eu não me juntasse aos políticos tradicionais da cidade. Todos “bichados” no
seu entendimento.
Só para se ter uma ideia, na época
na cidade tinha apenas a Arena 1 e a Arena 2 e só depois de muito tempo é que o
MDB começou a ser criado. Os políticos
de carreira locais estavam todos perfilados na Arena. Brigavam na frente do
povo, no sentido de mostrar que eram diferentes, mas longe dos olhos da
população defendiam a mesma coisa e eram coniventes com tudo que dava
sustentação à ditadura militar. Apenas brigavam por aquele espaço de poder.
Nessa época, nos idos de 70, era
proibido pensar e principalmente agir. Algo como o cenário descrito no filme
“1984”. A polícia do pensamento, representada pelo DOPS (Departamento de Ordem
Política e Social) e o SNI (Serviço Nacional de Informação), com base na LSN
(Lei de Segurança Nacional), podia estar em toda parte. Enquanto havia padres que
resistiam e lutavam pela democracia, seguindo o caminho de D. Helder Câmara e
eram tratados como subversivos, tinham outros que faziam o triste papel de
espiões e entregavam suas “ovelhas” para os torturadores. As pessoas iam se
confessar e de repente sumiam e ninguém nem imaginava o que acontecera com elas.
O inferno deve tá cheio deles.
Quando resolvi naquele ano,
incentivado pelo Padre Reginaldo, apoiar para Senador, Marcos Freire do MDB,
sem perceber tinha escolhido meu caminho ideológico. A partir de então, estava
pronto para lutar por liberdade, justiça e igualdade para todos e todas.
Meu avô Sebastião, podia não ter
convicção de esquerda e direita, mas tinha a percepção de que aquelas figuras
que oscilavam no poder, não o representavam. Isso era o bastante para ele saber
o que estava falando.
As próximas eleições nacionais, não
podem ser encaradas como mais uma no processo democrático, pois carregam um
símbolo de ruptura com passado e principalmente compromisso com o futuro. As
diferenças são tantas que parece outro país, se comparado com o de doze anos
atrás, quebrado, endividado e servil, tanto aos EUA, como principalmente ao FMI
e ao Clube de Paris.
Em regras gerais, a luta concreta
será contra os antigos colaboradores da ditadura, ou ainda contra os
travestidos de democratas, porém de corpo e alma na “Casa Grande”, com
propostas neoliberais no sentido de fortalecer o “Estado Mínimo”. Querem de
volta o Exército Industrial de Reserva, que é aquela massa de desempregados,
que os ajudam a controlar o mercado.
Nas entrelinhas o que está jogo é a
qualidade de vida de uma enorme parcela da população brasileira, que enquanto
os representantes da “Casa Grande” estiveram no poder central, trataram essa
parcela do povo brasileiro como “Senzala”, suprimindo direitos básicos e
conquistas históricas, aprofundando cada vez mais o processo de desigualdades e
de exclusão econômica e social.
De um lado, Dilma e seus aliados representa
a continuidade dos avanços econômicos e sociais que o país está colhendo desde
2003 e do outro, os demais candidatos que concorrem ao cargo, representam a
volta ao passado, no sentido de fortalecer os latifundiários, o grande capital
e a ameaça constante de intervenção nas conquistas dos trabalhadores. O homem
de economia do candidato Aécio Neves já anunciou: “O salário mínimo no Brasil está
muito alto”.
Lula e Dilma Roussef promoveram
mais de 100 Conferências Nacionais e tornaram os principais Conselhos Nacionais
em deliberativos. Uma clara demonstração de quem não tem medo da população
organizada e nem de gestão participativa.
Como disse o Ex-Presidente Lula em
recente entrevista à Revista Carta Capital, estamos vivendo uma grande
revolução silenciosa. Ele pergunta: “Como explicar que em 100 anos o Brasil
conseguiu chegar a 3 milhões de estudantes em universidades e nos últimos 12
vamos chegar a 7,5 milhões? Ou ainda que de 1909 até 2002 fossem construídas
apenas 140 Escolas Técnicas e nos últimos 12 já foram 422, ou seja, três vezes
o número alcançado em um século, além de 18 Universidades Federais e 146 Campis”.
Nesse legado a serviço da população
mais frágil existem números impressionantes. Vamos a 13 deles:
- Números do Projeto São Francisco:
- 110 mil operários empregados
- 60% de execução das obras
- Mais de 3 mil máquinas em funcionamento
- Projeto orçado em 8,2 bilhões de reais
- 477 km de extensão formando dois canais
- 12 milhões de pessoas beneficiadas
- 9 estações de bombeamento
- 27 reservatórios
- 4 túneis de transporte de água
- 14 aquedutos
- 390 cidades receberão água do projeto nos estados de: PE, CE, PB e RN
- 38 programas ambientais
- 1 bilhão investidos em ações socioambientais
- A cada 1 real investido, outros 3 são aplicados em obras para garantir a segurança hídrica no nordeste
- O Programa Ciências Sem Fronteiras abriu oportunidades para 65 mil jovens estudarem no exterior.
- 75% dos Royalties do Pré-Sal destinados à educação.
- O Pronatec deve chegar até o final desse ano a 8 milhões de pessoas formadas.
- O programa Mais Médicos conta hoje com 14 mil profissionais, sendo 9 mil estrangeiros e atuando nos mais distantes pontos do país.
- Em 2002 tínhamos 36 milhões de passageiros de avião hoje são 112 milhões.
- Em 2003 o Brasil era a 15ª Economia do Mundo e hoje é a 6ª. Subimos 9 postos com Lula e Dilma.
- De 2003 a 2013 o Salário Mínimo teve um aumento real de 72,35% acima da inflação. Com FHC valia 112,23 dólares e em 2014 valerá 364,25.
- Em 10 anos o Luz para Todos já beneficiou 15 milhões de brasileiros.
- O Programa Bolsa Família atende hoje 13,8 milhões de famílias, beneficiando 50 milhões de pessoas. 75,4 dos beneficiários estão no mercado de trabalho.
- Nos últimos doze anos foram gerados 20 milhões de empregos com carteira assinada.
- Números do Programa Minha Casa Minha Vida: 3.408.184 Contratados – 1.465.321 em Obras – 2.038.704 Concluídas e 1.702.070 Entregues.
- As Cotas Raciais e de Renda são um sucesso, inclusive com médias superiores a dos não cotistas.
Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Pesquisador em Gestão Pública e Social
Coordenador do Programa de Capacitação Continuada
em Gestão Pública da Fundação Perseu Abramo
toni.cordeiro1608@gmail.com
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