Hoje
ao comemorar o Dia Internacional dos Trabalhadores ou o Dia do Trabalho, data
que teve início em várias partes do mundo, a partir de lutas históricas, tanto
por reivindicações como pela própria sobrevivência, os trabalhadores
brasileiros têm muito a comemorar, mas também o que não faltam são motivos para
continuar na luta por seus direitos.
Lembro-me
bem de como o Brasil se encontrava há pouco mais de 12 anos, quando era
governado pelos antecessores de Lula e Dilma. Não havia emprego, determinadas
funções como Engenheiro Civil e Pedreiro, por exemplo, não valiam muita coisa,
pois não tinha quem quisesse e da fila de trabalhadores desempregados que
compunham o Exército Industrial de Reserva.
Para
quem não tem intimidade com esse termo, denomina-se Exército Industrial de
Reserva ao contingente de desempregados de um país, necessários para que o
capitalismo selvagem faça sua chantagem. Quanto mais gente desempregada mais
lucro para os patrões que enxergam os trabalhadores como máquinas (Teoria X) e
não como colaboradores.
Há inclusive
uma teoria do mal, pregada por alguns economistas neoliberais, que prega que
num país emergente como o Brasil, que está no Pleno Emprego, teria que mandar
embora, pelo menos um terço de sua mão de obra ativa para que o deus mercado, pudesse
novamente ter o controle absoluto da situação. Ou seja, empregar sem registro e
por qualquer valor, ao colocar medo em quem está empregado, mostrando a fila de
desempregados lá fora, como era num passado recente. Esse é um dos vetores que
estará em curso nas próximas eleições, incluindo nessa história o Salário Mínimo
que eles acham estar muito alto, sendo que nenhum deles viveria com apenas um
Salário Mínimo.
Ponho-me
a pensar o que leva as diversas empreiteiras, usinas de cana de açúcar e várias
outras empresas, em pleno século XXI, com o país jorrando dinheiro público e
eles lucrando como nunca lucraram em toda história, manterem trabalhadores em
estado de escravidão, se não forem a sacanagem e a ganância completa para que o
dinheiro seja somente deles. O que fazer com empresários como esse? Porque esses
sujeitos não são presos? Transitam livremente com seus aliados da justiça. Quanto
mais ganham, mais querem ganhar.
Só
para se ter uma ideia da situação, o Ministério Público Federal está investigando
na atualidade 1480 casos, sendo desses 125 só em São Paulo e a Procuradoria Geral
da República instaurou 480 Inquéritos Policiais desde 2010 e 469 Ações Penais
nos últimos 10 anos. O pior é que com tudo isso, ninguém foi preso por explorar
o trabalho escravo.
Do
ponto vista empresarial, essas empresas estão fora do que chamam de capitalismo
moderno, onde a exploração é feita de outra forma, como por exemplo, nas
empresas de serviço, onde o trabalhador tem livre mobilidade de horário, porém
em compensação trabalham diuturnamente.
Do
ponto de vista trabalhista, ao mesmo tempo em que comemoramos o Pleno Emprego e
os mais de 20 milhões de postos de trabalho com carteira assinada, lamentamos o
fato de não se ter controle desse universo, seja pela extrema maioria desses
trabalhadores não serem sindicalizados, seja pelo fato de seus sindicatos terem
parado no tempo ou mesmo pela falta de capacidade política desses trabalhadores
de se organizarem.
No
mais, é inegável que o Brasil mudou, de que hoje um pedreiro é valorizado,
principalmente porque constrói casas populares, coisa impensável quando éramos
governados pelos representantes dos “coxinhas” e um engenheiro civil nunca
ganhou tanto dinheiro em sua vida. Jamais podemos voltar ao passado.
Por
tudo isso que foi comentado, é impensável num país capitalista não ter um
Estado forte, que assuma o Bem Estar da população e não terceirize suas funções
sociais, tornando-o um Estado Mínimo.
É bom
que os trabalhadores entendam de uma vez por toda uma frase do meio sindical
que na verdade revela a fragilidade de diversos setores e a cultura de que cada
um é cada um: “Sozinho o problema é seu e
juntos o problema é nosso”.
Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Pesquisador em Gestão Pública e Social
Coordenador do Programa de Capacitação Continuada
em Gestão Pública da Fundação Perseu Abramo
toni.cordeiro1608@gmail.com
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