Em
dezembro de 2013 completou 80 anos da publicação de uma das obras brasileiras mais
lida e emblemática: Casa-Grande & Senzala de Gilberto Freyre. Nela o autor
destaca a importância da Casa Grande na formação sociocultural brasileira, tão
presente nos dias de hoje, assim como a Senzala que servia os moradores da Casa
Grande que até hoje busca ainda ser servida e tenta de vez enquanto ressuscitá-la.
A
imprensa, esse instrumento de poder, reinventada por Gutemberg, se porta nos
dias de hoje, talvez mais agressiva e rápida, porém com os mesmos propósitos e
os mesmos vícios que do passado. Tão servil como antes, escondendo o que pode
comprometer os patrões e principalmente disseminando informações enviesadas,
com o único propósito de confundir leitores, expectadores, ouvintes, internautas
e principalmente os eleitores, com o medo de não prejudicar os representantes
da Casa Grande. O “Geraldo” e o “Aécio”, que o digam. Pessoas bichadas por
vários escândalos, porém blindados por seus agentes.
Não
me recordo de constar na historia oficial do país, que em algum momento da
época da escravatura, tenha havido qualquer questionamento por parte das
autoridades e da justiça sobre o tratamento dado aos moradores da Senzala ou
ainda algum morador da Casa Grande que tenha se revoltado com a situação de barbárie
que os escravos viviam, renunciado de forma espontânea da situação de Senhor e
que tenha adotado os escravos como pessoas de igual valor. Se houver, com
certeza serão muito poucos e a imprensa fez questão de esconder.
Não
me recordo também ter lido em algum lugar sobre os moradores da Senzala que
cometam suicídio como forma de se livrar das amarras da escravidão ou ainda como
uma forma de resistência, que além dessa, as outras formas conhecidas foram à
fuga, as vezes perseguidos por seus pares e a formação dos quilombos.
Nos
dias de hoje a escravidão se apresenta de uma forma moderna. Quase
imperceptível. Com uma nova roupagem e incluindo também pessoas de cores
diversas, porém a maior parte nessa triste história, ainda é composta por afrodescendentes.
Escravos
são todos e todas que estão à margem da sociedade, que se encontra em estado de
vulnerabilidade social, onde seus direitos foram solapados por uma minoria que
se considera proprietárias dos direitos universais. Talvez seja por isso, que
jamais admitimos a corrupção ou ela mais disfarçada como um gordo “caixa dois”,
mesmo que seja para levantar recursos para uma eleição, reeleição ou sucessão.
Usar a máquina pública como moeda de troca, além de crime é imoral.
Porém,
ao voltar a falar na imprensa, mídia, meios de comunicação, PIG, ou qualquer
outra forma que o leitor queira chamar, chega a ser assustadora a quantidade de
informações contraditórias disseminadas, com o principal objetivo de confundir
a cabeça dos eleitores, onde a pior situação é a dúvida que fica na cabeça das
pessoas mais simples ou desavisadas.
Para
exemplificar essa situação, vou citar o meu pai, uma pessoa que nos últimos trinta
anos, não só participou da vida ativa da política, como é um eleitor de Lula e
Dilma, sem igual. Dias atrás ele me perguntava o porquê da Presidenta Dilma ter
caído tanto nas pesquisas, pois tinha ouvido na CBN (A Rádio da Conspiração), a
queda e a notícia de que muito mais ela haveria de cair até as eleições. Eu
simplesmente lhe disse, que além de não ser verdade, pois os Institutos de
Pesquisa tinham combinado isso, disse também que a tal Rádio tinha dono e que
só poderia passar lá notícias que agradasse seus proprietários, que tinham lado
e que não era o nosso.
Desafio
alguém que se preste a ficar durante uma semana ouvindo a CBN, assistindo principalmente
a Globo, SBT e Bandeirantes em seus programas sensacionalistas e seus noticiários,
lendo a Veja, Época, Isto É, Estadão, O Globo, Folha de São Paulo e de quebra
tente analisar uma pesquisa do Ibope, Data Golpe ou Sensus, que não entre em
depressão ou passe a acreditar que o Brasil está quebrado e tudo que o Governo
Federal de Lula e Dilma fizeram está errado ou se fizer não dará certo.
Trata-se
de uma overdose neoliberal. Trata-se também de uma dose cavalar de mau gosto e principalmente
de desprestígio do Brasil e idolatria aos países quebrados dos EUA e da Europa,
como se tudo que tem lá é bom e tudo que for feito aqui é de segunda linha.
Como
piorar essa situação? Muito simples. Um dia e meio ouvindo Funk, outro dia e
meio ouvindo a avaliação do governo pelo Jabor ou pelos discursos neoliberais e
direitosos na TV Senado ou TV Câmara e de quebra o restante da semana tentando
entrar no metrô de São Paulo em plenas seis horas da tarde. Ah esqueci-me de
falar uma coisa: a partir de setembro tentar tomar banho diariamente em São
Paulo com água encanada da rua.
Nesse
quesito posso afirmar que sou feliz, pois da água que bebo, com certeza beberão
também todos os moradores que ainda se encontram na Senzala.
Bem
vindos e Bem vindas todas as pessoas que lutam por liberdade e justiça.
Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Pesquisador em Gestão Pública e Social
Coordenador do Programa de Capacitação Continuada
em Gestão Pública da Fundação Perseu Abramo
toni.cordeiro1608@gmail.com
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