Três
coisas que sempre me puseram a refletir: O silêncio
provocado, por me sentir incapacitado para qualquer forma de ação ou
reação, a escuridão, quem sabe por
relembrar meus medos de infância e ter uma relação de grata lembrança com um céu
estrelado e uma lua a lhe colorir e de dias
nublados e carrancudos em tempos de inverno, onde o frio invade a alma e o
que sobra é apenas o semblante de um dia que poderia ter sido de pleno sol.
O
silêncio pode se apresentar por diversas formas. O silêncio em momentos de
introspecção é um exercício necessário da mente, em busca de respostas para a
travessia dos vários rios da vida. O silêncio por precaução quando nos sentimos
deslocados e não sabemos como agir e reagir diante de determinadas situações também
é algo que se necessita até como refúgio e aquele tipo de silêncio obrigatório
em vários espaços e momentos onde a fala incomoda e que é salutar que se
respeite.
Porém,
meu objetivo aqui é divagar sobre o silêncio
provocado, por saber que é uma forma de comportamento intencional, que
afeta milhares de pessoas que são silenciadas e que pode ser prejudicial em qualquer
tipo de relação, principalmente por estar presente justamente onde se espera o
diálogo como uma forma necessária de se resolver qualquer conflito ou mesmo
para evitá-lo.
Ao
pesquisar sobre o assunto, um trecho do texto “Deixar de falar com alguém por punição”, disponível no site “portalraizes.com”,
me chamou a atenção: “Gerenciar o silêncio é mais difícil do que lidar
com a palavra”, disse o jornalista e político Georges Clemenceau. Sem dúvida, o
silêncio pode dizer um monte de coisas sem dizer coisa alguma. Mas temos de ter
muito cuidado ao usá-lo como punição, pois quando a gente não diz o que pensa,
dá ao outro o direito de interpretar o nosso silêncio da forma que ele quiser. E
como disse o músico Miles Davis, “o silêncio é o barulho mais alto”.
Ainda
algo mais direto: “Usar
o silêncio como punição é uma atitude manipuladora e agressiva, pois a
indiferença é o pior tipo de ofensa numa relação”. Ainda
mais tendo as redes com várias formas de interação.
Quem
emite sabe exatamente o porquê de estar emitindo, mas quem o recebe não
consegue imaginar o porquê de estar sendo penalizado e recorre à inquietação
como forma de buscar respostas.
Vale ressaltar que essa forma de comportamento
existe, não só na relação afetuosa ou amorosa entre duas pessoas, mas em
diversas formas de relacionamento, profissional, acadêmica, política, de
amizades e tantas outras.
O texto traz ainda algo preocupante: “A pessoa que é vítima de tratamento de
silêncio vai se sentir confusa, frustrada e até mesmo culpada. Também se
sentirá sozinha e incompreendida. Obviamente, esses sentimentos não contribuem
para melhorar as relações e resolver o conflito, pelo contrário, eles criam uma
crescente lacuna”.
Que
esse tipo de silêncio prejudicial à saúde mental seja banido de todas as formas
de relacionamento sadio, pois nada é mais eficiente do que uma conversa cara a
cara e olho no olho e na impossibilidade momentânea dessa forma de comunicação,
basta uma linha de interação para que tudo se aquiete, ou nada se crie que
venha a exigir uma solução futura. Comunicar-se é dar a atenção que a outra
pessoa necessita.
Fale,
grite, comunique-se, expresse sua reação e diga o que pensa em palavras ou em
escrita, mas nunca use o silêncio como uma forma de reduzir ou de provocar
ansiedade a quem está contigo nas caminhadas da vida, pois muito mais difícil
que entender o universo que envolve as pessoas é tentar adivinhar o que se
passa em suas cabeças em relação a nós. Prefiro muito mais errar falando a achar que
acerto me silenciando.
Antonio
Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social
Jesus muitas vezes respondia com silêncio. Porém em outras oportunidades Ele falava, acusava e teve uma vez que ele pegou o chicote para mostrar sua indignação com o 'status quo'... a sabedoria está em saber a hora de calar e a hora de gritar...acho que é hora de gritar...
ResponderExcluirIsso mesmo meu irmão.
ResponderExcluirSó que o silênco que me incomoda é quando alguém silencia comigo, quando teria tanto para falar. Abraço
Ótimo texto. Me fez refletir sobre responsabilidade afetiva e o quanto o silêncio provocado abala psicologicamente o outro.
ResponderExcluir