Mensagem

Faça seu comentário no link abaixo da matéria publicada.

quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

Como dialogar com o silêncio?


O silêncio serve para ouvir e nunca para calar.... Frase de Swami Paatra Shankara.
Três coisas que sempre me puseram a refletir: O silêncio provocado, por me sentir incapacitado para qualquer forma de ação ou reação, a escuridão, quem sabe por relembrar meus medos de infância e ter uma relação de grata lembrança com um céu estrelado e uma lua a lhe colorir e de dias nublados e carrancudos em tempos de inverno, onde o frio invade a alma e o que sobra é apenas o semblante de um dia que poderia ter sido de pleno sol.

O silêncio pode se apresentar por diversas formas. O silêncio em momentos de introspecção é um exercício necessário da mente, em busca de respostas para a travessia dos vários rios da vida. O silêncio por precaução quando nos sentimos deslocados e não sabemos como agir e reagir diante de determinadas situações também é algo que se necessita até como refúgio e aquele tipo de silêncio obrigatório em vários espaços e momentos onde a fala incomoda e que é salutar que se respeite.  

Porém, meu objetivo aqui é divagar sobre o silêncio provocado, por saber que é uma forma de comportamento intencional, que afeta milhares de pessoas que são silenciadas e que pode ser prejudicial em qualquer tipo de relação, principalmente por estar presente justamente onde se espera o diálogo como uma forma necessária de se resolver qualquer conflito ou mesmo para evitá-lo.

Ao pesquisar sobre o assunto, um trecho do texto “Deixar de falar com alguém por punição”, disponível no site “portalraizes.com”, me chamou a atenção: “Gerenciar o silêncio é mais difícil do que lidar com a palavra”, disse o jornalista e político Georges Clemenceau. Sem dúvida, o silêncio pode dizer um monte de coisas sem dizer coisa alguma. Mas temos de ter muito cuidado ao usá-lo como punição, pois quando a gente não diz o que pensa, dá ao outro o direito de interpretar o nosso silêncio da forma que ele quiser. E como disse o músico Miles Davis, “o silêncio é o barulho mais alto”.

Ainda algo mais direto: “Usar o silêncio como punição é uma atitude manipuladora e agressiva, pois a indiferença é o pior tipo de ofensa numa relação”. Ainda mais tendo as redes com várias formas de interação.

Quem emite sabe exatamente o porquê de estar emitindo, mas quem o recebe não consegue imaginar o porquê de estar sendo penalizado e recorre à inquietação como forma de buscar respostas.

Vale ressaltar que essa forma de comportamento existe, não só na relação afetuosa ou amorosa entre duas pessoas, mas em diversas formas de relacionamento, profissional, acadêmica, política, de amizades e tantas outras.

O texto traz ainda algo preocupante: “A pessoa que é vítima de tratamento de silêncio vai se sentir confusa, frustrada e até mesmo culpada. Também se sentirá sozinha e incompreendida. Obviamente, esses sentimentos não contribuem para melhorar as relações e resolver o conflito, pelo contrário, eles criam uma crescente lacuna”.

Que esse tipo de silêncio prejudicial à saúde mental seja banido de todas as formas de relacionamento sadio, pois nada é mais eficiente do que uma conversa cara a cara e olho no olho e na impossibilidade momentânea dessa forma de comunicação, basta uma linha de interação para que tudo se aquiete, ou nada se crie que venha a exigir uma solução futura. Comunicar-se é dar a atenção que a outra pessoa necessita.

Fale, grite, comunique-se, expresse sua reação e diga o que pensa em palavras ou em escrita, mas nunca use o silêncio como uma forma de reduzir ou de provocar ansiedade a quem está contigo nas caminhadas da vida, pois muito mais difícil que entender o universo que envolve as pessoas é tentar adivinhar o que se passa em suas cabeças em relação a nós. Prefiro muito mais errar falando a achar que acerto me silenciando.

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social


3 comentários:

  1. Jesus muitas vezes respondia com silêncio. Porém em outras oportunidades Ele falava, acusava e teve uma vez que ele pegou o chicote para mostrar sua indignação com o 'status quo'... a sabedoria está em saber a hora de calar e a hora de gritar...acho que é hora de gritar...

    ResponderExcluir
  2. Isso mesmo meu irmão.
    Só que o silênco que me incomoda é quando alguém silencia comigo, quando teria tanto para falar. Abraço

    ResponderExcluir
  3. Débora Machado15 abril, 2020

    Ótimo texto. Me fez refletir sobre responsabilidade afetiva e o quanto o silêncio provocado abala psicologicamente o outro.

    ResponderExcluir

Faça seu comentário sobre o Post