A frase do título vem de uma das respostas
de Paulo Freire no livro “Essa escola chamada vida”. Uma entrevista feita pelo
Jornalista Ricardo Kotscho com Frei Beto e Paulo Freire. Uma verdadeira obra
prima. Algo tão belo que ao ler o livro nos remete a uma reflexão permanente sobre
a vida e sobre qual é a nossa missão em vida e o quanto estamos comprometidos
com ela.
A utopia de mudar essa sociedade de
desiguais, de injustiças e violência, para uma sociedade justa, fraterna e
igual para todos e todas, acaba se tornando uma missão de vida para quem dela
se nutre e vai preenchendo nosso imaginário e nos fazendo mirar no futuro em
busca de quem estará conosco. Diria até que serve em muitas situações como a
razão das nossas existências.
Dizem os sábios que quando desejamos muito
que algo aconteça e ela se encontra muito distante de acontecer, precisamos
mirar no horizonte ao por do sol para buscarmos sinais e conversarmos com nosso
imaginário na esperança de sonharmos ao dormir, como se estivéssemos em pleno
estado do desejo. Enquanto isso os poetas sugerem que a cada “não” formemos um verso, para quando o “sim” chegar à poesia esteja pronta, ou
quem sabe uma canção que fale de amor pela vida e transborde para quem caminha
conosco.
Já os pensadores comprometidos com uma
causa nos faz um alerta. Os sonhos, diferentes das fantasias que apenas nos
levam ao abstrato e muitas vezes ao nada, requerem de nós compromissos para que
possam ter a possibilidade de acontecerem. Além disso, como alimentar os sonhos
se não for através das nossas utopias? Uma utopia não pode ser confundida com
uma fantasia, pois nasce da esperança armazenada em nossos corações e nos vai
levando vida afora até a última mensagem da nossa história de vida.
Ao alimentar meus sonhos diários, desviando
das minhas contradições, ontem à noite sonhei com uma nova sociedade. Uma
sociedade onde o ódio não existia, nem pessoas perdidas por não saber quem são
e o que vieram fazer em vida. Uma sociedade de iguais, alimentada por atos de amor,
que é algo que está fora de moda. Fazer qualquer coisa sem amor, nem todo bicho
faz, mas fazer com e por amor, só as pessoas especiais se dão a esse luxo.
Que sociedade é essa que tanto
almejamos? Como pensar nela se uma grande parte da sociedade nem sabe o que
estamos falando e outra parte luta contra o que pensamos? O que fazer em plenas
trevas?
Antes de qualquer pensamento ou ação abstrata,
vale lembrar que mudar a sociedade, antes mesmo de ser um ato político e às
vezes um ato revolucionário, é um ato de amor. Amor pela causa. Amor por quem
não enxerga o outro lado da rua e amor pelo que ainda vai nascer. É um ato pela
vida de milhares de pessoas e um pacto com a liberdade. Mudar a sociedade só
nos importa se tivermos condições de pautar todo processo através da
solidariedade, que na prática é a maior das ideologias.
Ser de esquerda e ser revolucionário ou
revolucionária, não é somente fazer parte de um partido ou um grupo de esquerda
e sim, se revolucionar, amar de forma radical, agir com sinceridade para mundo
e criar condições das pessoas acreditarem que a verdadeira revolução começa no
nosso universo, transborda para nossos meios e invade a sociedade com o que plantamos,
regamos, ajudamos a crescer e virou parte dos sonhos que um dia acreditamos
ser.
Revolucionar-se é antes de tudo ter a
coragem de fazer uma catarse interior e por para fora tudo que é banal e
assumir que somente a confiança, a verdade, a solidariedade, a lealdade e o
amor, nos fazem gente de verdade.
Antonio Lopes Cordeiro(Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social
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