Mensagem

Faça seu comentário no link abaixo da matéria publicada.

terça-feira, 19 de maio de 2020

Ter ou Ser... Eis a Questão...


O DESEJO DE TER OU SER ~ O Texto no Contexto como Pretexto

Ontem ao ler um comentário no meu post anterior, de uma pessoa que por enquanto só a conheço das redes sociais e ser classificado como alguém que possui uma alma de poeta, me veio uma alegria de criança, daquelas que não se explica, ao encontrar um ser que consegue me enxergar de uma forma que nem eu mesmo me vejo e que por certo quando me conhecer pessoalmente não vai me julgar pelo que eu possa ter e sim pelo que sou e minha sorte de trazer pessoas como ela para vir comigo em minhas viagens existenciais.

Um dia ouvi de alguém sábio, que entrar na fase dos “enta” bem é revelar o que nossa alma transcende e compartilhar com quem nos rodeia por amor, da nossa melhor porção, que está longe de ser uma viagem num carrão de cem mil, acompanhado, numa estrada deserta com uma linda paisagem, que também é muito bom e sim um convite para saborearmos juntos o que a vida e a natureza nos deram de melhor que foi a sabedoria de observar pequenos movimentos do fluxo entre a cabeça e o coração e transformar isso em momentos felizes. Algo que a sociedade moderna praticamente abdicou pelo seu embrutecimento.

A crise da pandemia nos trouxe uma nova visão do que realmente somos. Das nossas possibilidades e limitações, da nossa forma de ser, do que tínhamos em abundância e não dávamos à mínima importância e hoje um dos nossos maiores sonhos é apenas ultrapassar o limite do nosso portão e andarmos livremente pelas ruas novamente. Algo impensável para quem via o mundo a partir de sua realidade ou num boteco qualquer.

A vida moderna se transformou numa grande neurose competitiva que se instala em nosso subconsciente a parir do “ter” e às vezes inebriados vamos também fazendo nossas escolhas e situando nossa vida a partir delas. Que carro temos? É popular ou de classe? Que celular temos? É daqueles baratinhos ou cabe o mundo nele? Que computador temos, é da Apple? Enfim, isso nos situa em que posição nos encontramos na pirâmide social, mas também serve de parâmetro para avaliarmos o quanto nosso ego está inflado ou não.

Ao me desnudar de tudo isso, vejo que praticamente não existo para muita gente no quesito “ter”, mesmo tendo vindo de uma empreitada por amor. Caso eu morra amanhã, pois a minha vida não me pertence, não deixarei nada de grande valor ou de importância financeira, tampouco quis ter algo na vida a partir da mais valia e da exploração humana.

Não possuo bens materiais de luxo ou de última geração, muito menos desfruto de mordomias, que façam as pessoas se lembrarem da minha memória a partir deles. Quero ser lembrado apenas pelo que sou, deixando quando me for, apenas uma história de vida construída com muita luta, dedicação e dignidade, que quem me conhece de verdade por certo se lembrará.

Qual meu patrimônio real? Humildade, coragem para lutar, capacidade para me refazer, dignidade na alma, carinho em abundância, sinceridade e transparência nas relações e amor sincero, que sempre doei de coração para quem caminhou comigo buscando a minha essência e também me amou. Caso eu volte nas próximas gerações, gostaria muito de voltar exatamente como hoje sou. Simples, direto e objetivo.

Nada tenho de valor monetário que encante ou chame a atenção das pessoas e muito menos beleza física. Sou um ser eminentemente comum, mas quem por acaso ou por destino comigo se encantar a partir do que realmente sou, terá alguém real, leal e de corpo e alma para ser seu par, em todos os tipos de empreitadas que a vida nos trouxer. Prefiro continuar sendo o que sou, pois não deixarei dívidas que minha alma não possa pagar.

Completo-me a cada vez que encontro alguém que me consegue fazer sonhar com poucas coisas e continuar acreditando que o melhor ainda está por vir.

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social

2 comentários:

  1. Toni,esse texto me fez lembrar de uma conversa (entre mtas q tivemos) nos velhos tempos de NOVO HORIZONTE. Vc me fez uma pergunta:Quem faz a História? O Homem ou Conciencia?
    Necessariamente, não chegamos a uma conclusão. Mas o objetivo, era mesmo de refletirmos. Cada dia me convenço q a História é feita pelo Homem com a consciência dos Sábios. Cada vez mais, precisamos de Homens e Mulheres com consciência para mudarmos os rumos da humanidade, q os inconsequentes estão nos levando. Sua sensibilidade de percepção da sociedade traduzida nos seus textos é fundamentalmente enriquecedora. Saiba q sempre estarei ao seu lado. Mesmo distante, continuaremos lutando por justiça social.
    Sigamos em frente!

    ResponderExcluir
  2. Que bom companheiro ouvir isso. Grande abraço

    ResponderExcluir

Faça seu comentário sobre o Post