De
volta à introspecção, me sinto atraído no momento pela arte de cativar e o
encanto de encantar, porém o que quero mesmo nos dias atuais é ser cativado.
O
Pequeno Príncipe pergunta para a Raposa: “Raposa
o que é cativar?” A Raposa responde: “É
uma coisa muito esquecida. Significa criar laços”. Criar laços é fazer de
uma pessoa comum, alguém especial. Porém, para que os laços sejam firmes e
duradouros, a reciprocidade é fundamental.
Como
criar laços nos dias atuais, em plena era do conhecimento, da tecnologia e da
escassez de tempo? Para um grande setor da sociedade, criar laços significa
algo ultrapassado, pois muita gente se torna refém do tempo e dos resultados e
acha perca de tempo investir em relacionamentos sinceros. Porque isso ocorre?
Pela tamanha facilidade da substituição humana nos dias de hoje, seja em que
condições forem. Muita gente procura o nada e o tudo ao mesmo tempo e
geralmente se depara com coisa nenhuma. Algo de prazer momentâneo, porém sem
nenhum lastro que promova o dia seguinte.
Segundo
o dicionário, cativar significa impressionar alguém com o caráter ou com o jeito
de ser. Isso parece ser tudo ou mesmo ser nada para quem não sabe o que
procura, ou ainda se depara com o acaso ou destino e não sabe o que fazer com
eles. A partir daí cria-se um dilema. Como criar laços entre pessoas que não
sabem o papel que exercem na vida um do outro. Para saber o papel com clareza
tem que comer muito sal juntos como diz uma pessoa que conheço e em alguns
casos, nem a vida inteira é capaz de revelar.
Porém,
mesmo com as decepções que por ventura a vida venha à nos oferecer, o Pequeno Príncipe nos mostra
como atuar em situações como essa: “É
loucura odiar todas as rosas porque uma te espetou”.
No
processo individual da arte de viver, ninguém precisa de ninguém, porém numa
vida que se cativa, um precisará sempre do outro, como explica a Raposa ao
Pequeno Príncipe, assim como a Lua precisa do Sol.
“Tu não és nada ainda para mim senão um garoto inteiramente
igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens
também necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil
outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro.
Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo...”.
Conta
uma lenda que o Sol se apaixonou pela Lua e como não conseguiam se ver, pois a
barreira entre o dia e a noite os impedia, Deus atendendo o pedido do Sol criou
o Eclipse para que pudessem ficar juntos, nem que fossem de vez enquanto e
desfrutarem de momentos inesquecíveis.
O
que é um relacionamento na vida real? Ele pode ser tudo ou nada ao mesmo tempo.
Depende muito do que se quer desfrutar e o que ambas as partes estão dispostas
a investirem ao construir. O encontro é uma ação, mas sua manutenção é pura doação.
O relacionamento pode ser moldado do jeito que as mentes determinarem ou da
forma que os corações pedirem.
Nesse
contexto, apego e desapego travam uma longa batalha. Conquistar ou ser
conquistado viram sonhos ou noites mal dormidas e amor e desamor lutam pelo
coração de quem se deixa levar pela arte de amar. O lado desapego quer só uma
balada para passar o tempo e o lado apego um jardim para enfeitar. O
lado desamor quer mais um ou mais uma para por na coleção e o lado amor quer o
único ou a única, que cative seu coração.
Caso
o jardim venha a vencer, que tal Amor-perfeito para colorir, Jasmim para que o
ar seja refeito ou pétalas de rosas no caminho a passar, sem esquecer um trevo
de quatro folhas desejando boa sorte para uma relação duradoura.
Na
vida há o livre arbítrio para nossas escolhas e o livre pensar sobre como
rechear presente e futuro. Que sentido faria o presente se não houvesse futuro?
Não podemos esquecer que o futuro pode ser daqui a um segundo e a vida que era
bela pode nem mesmo ser vivida.
Em
resumo, podemos escolher caminhos que cativem ou veredas que desapeguem. Amor
que alimenta ou desamor pelo passado a esquecer. No fundo, o que está em jogo é
o eu, o você e o nós. Três entidades que ora se juntam e ora se espalham e só a
arte de amar poderá juntá-las até o Sol abrir ou a Lua dar a ar da graça.
Viva
o hoje, mas não se esqueça de projetar o amanhã e zele sempre pelo Sol e pela Lua
que existem dentro de cada um de nós e se preciso for recorra a um eclipse lunar
que proporcione o melhor momento que já ocorreu em sua vida.
O
segredo da vida está na arte de cativar, onde seus laços proporcionem o encanto
de encantar.
Antonio Lopes Cordeiro
Estatístico e Pesquisador em Gestão Pública Social
Amigo muito lindo qtas pessoas perdem a oportunidade de serem felizes!!!Parabéns lindo texto que Deus esteja sempre presente em sua vida te amo em Cristo Jesus bora ser felisesbjs em seu coração! !!
ResponderExcluirGrato pelo comentário!
ResponderExcluirMaravilhoso pensamento para a vida pratica, a qual, esquecemos a importância do amor nos relacionamentos cotidianos com o próximo como a si mesmo. Parabéns Toni Cordeiro, por mais uma reflexão social em harmonia com a natureza Divina.
ResponderExcluirCaro Rogério
ExcluirQuando escrevemos pensamos exatamente em ler o que escreveu, que soa como um afago em nossas reflexões. Agradeço pela leitura e pelo comentário.
Abraço Fraterno
Adorei o texto ,fala de encantar ,está arte esquecida nos tempos de hoje ,mas ao mesmo tempo tão necessária
ResponderExcluirDe fato as pessoas focam no ter e não no ser.
ExcluirObrigado pelo comentário. As pessoas se perderam no tempo.
Abraço Fraterno
Lindo texto ,você fala da arte de cativar ,tão esquecida nestes tempos onde o presente tão reduzido e futuro tão extenso como Boaventura santos fala ,e você Toni argumenta tão maravilhosamente em seu texto ,cativar e se juntar ao outro e sentir as alegrias e as tristezas ,um ser parte do outro ,ser a estrela principal ,nestes tempos onde a arte do cativar está tão difícil,entretanto se torna tão necessária .
ResponderExcluirPois é. Viver bem é uma arte. Cativar é algo que só quem vive a cena é capaz de descrever seus diversos efeitos. Obrigado pela leitura e pelo comentário.
ExcluirAbraço Fratermo
Belo texto. Difícil a arte de cativar na nossa sociedade. Onde o ter está muito mais importante que o ser. Parabéns ao autor conseguiu chegar em um ótimo ponto para refletir.
ResponderExcluirObrigado Silvana
ExcluirVocê abordou muito bem o tema principal. As pessoas se escondem por trás de esteriótipos, dos mais variados possíveis e julgam os outros a partir de suas contradições. Assim fica difícil. Obrigado pela leitura e pelo comentário.
Pois é Antonio Lopes Cordeiro,
ResponderExcluirSuas palavras me transportaram para minhas proprias afetaçoes e fico pensando na responsabilidade que temos quando cativamos ou somos cativados, pois a superficialidade dos relacionamentos atuais trazem também frustrações que podem deixar marcas severas.
Suas palavras nos mostra que podemos ser melhores em tudo.
Gratidão.
Nivea