Imagem: Picasso - Desconstrução e Reconstrução da Obra de Arte
Disponível em: http://impressionartetavira.bl ogspot.com/2013/04/picasso-desconstrucao-e-reconstrucao-da.html
Tenho
me valido da subjeção como uma trilha a seguir e a busca do imprevisível como
desafio constante. É assim que estou lidando com a escrita e com a vida. Li algo que me
inspirou para essa conversa de hoje: “Gosto
de borboletas. Fazem-me lembrar de que na vida tudo se transforma. Sempre!”.
Minha
intenção nesse texto é a de me deixar levar ao ponto central da existência
humana, que é a construção da vida e do ato de viver, com todos seus
ingredientes e as possibilidades de construção e reconstrução quando sentimos necessidade
de profundas mudanças. Creio serem essas mudanças necessárias e a reconstrução da vida
que nos põe no rumo da felicidade.
De
forma pretensiosa, quem sabe possa lhe convidar a vir comigo a essa viagem ao
interior das nossas essências e das nossas imaginações.
Construindo um roteiro mental para esse post, fui deitar saboreando a sensação do que ainda virá, pois acredito
que o melhor ainda está por vir e acabei sonhando que estava num lindo campo
verde e correndo de forma despretensiosa, só pelo prazer de correr, exatamente
como fazia nos meus tempos de criança e por conta disso acordei com uma vontade
imensa de brincar de pipa. Coisa que sempre me deu muito prazer. Não sozinho, pois
não tem a menor graça, mas de brincar a dois, com todas as molecagens que o ato
de pipar nos propõe.
O
que é pipar em sua dimensão? Pipar é juntar a vontade de voltar a ser criança novamente
sem regras alguma, com o desafio de vencer o ar e nos aproximar da linha do
horizonte. Uma gostosa viagem ao infinito da nossa existência, onde a
descoberta da vida começa logo ali. Porém só se pipa com alguém que esteja a fim, que entre na brincadeira e sinta as mesmas emoções. Do contrário é melhor nem
começar.
Pipar
pode ser também muito mais do que um gostoso passatempo, na medida em que
exige de uma só vez, estratégias claras, propósitos definidos, concentração,
equilíbrio, foco na tarefa, muito carinho, amor pela vida e aventura permanente ao
desafiar o tempo, o vento e a vontade de voar mais alto.
Pipar
pode ser ainda uma analogia perfeita para a busca do outro “eu” que reside
dentro de nós. Quem és tu? Quem sou eu? Quem somos nós? Eternas perguntas que
talvez levemos a vida toda e podemos partir sem ao menos saber.
A busca
da nossa outra parte, que revela nossas personalidades, é um exercício continuo pelo autoconhecimento e também a
possibilidade de reconstrução a partir dos vários encontros com o destino ou
acaso que a vida nos propõe. Por onde buscar?
Busco-me
nas poesias dos poetas e das poetisas que nem conheço, ou nas músicas que me
levam a viajar no tempo. Busco-me naqueles versos que uma fada madrinha por
descuido me mandou. Busco-me nos dias de sol, na chuva fina que cai sobre a
cidade fria e nas noites estreladas que às vezes vemos por uma fresta mágica
que o tempo criou.
Busco-me
na certeza do que farei hoje e nos sonhos que tenho para o amanhã ou ainda naquela
luz que surgiu quando tudo parecia escuridão. Busco-me no olhar de alguém que
me convide ao infinito ou mesmo nas duvidas que surjam nas encruzilhadas da
vida. Busco-me na alegria de viver, na certeza de que nada está pronto e na
convicção que tudo pode ser criado e recriado.
Busco-me
ainda nas noites bem dormidas e nos sonhos que virão ou naqueles que sonhei a
vida toda. Busco-me por fim nos atos impensados, na rebeldia contra o sistema,
no anarquismo de peitar toda forma de poder que a nada leva e na busca do amor
incondicional pela humanidade.
Não
me dou como pronto. Vivo sempre em construção. Faço-me e refaço-me quantas
vezes forem necessárias para que eu sempre seja melhor hoje do que fui ontem. Não
sou assim e nem sou assado. Não sou isso e muito menos aquilo. Sou apenas eu e a
luz da vida em busca do meu ponto de equilíbrio.
Crio-me
e me recrio cada vez que descobrir que nada sei ou que nada sou. Construo-me e
me reconstruo todas as vezes que minha alma solicitar que minhas sensações
sejam mais leves, que minhas emoções me levem ao êxtase e minha vontade de viver aumente ao encontrar pessoas que me
façam voltar a sonhar.
Caso
você também seja uma pessoa incompleta como eu e esteja em busca de seu outro lado
que a vida ainda não revelou, saiba que ele pode estar lhe aguardando na sombra
de uma árvore em dias de muito sol, nas fantasias objetos de sua imaginação ou
no encontro do par perfeito para pipar e se assim for, siga sua intuição e pipe...
Quero
terminar lhe fazendo um convite. Escrevi esse texto ouvindo uma sinfonia e quem
sabe ela possa também lhe inspirar em busca do que ainda não encontrou.
Chopin - https://www.youtube.com/watch?v=EFJ7kDva7JE
Chopin - https://www.youtube.com/watch?v=EFJ7kDva7JE
Quero
de levinho conquistar minha essência para poder conquistar o mundo.
Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social
A pretensão da vida deveria ser: viver e deixar viver; com todos os antagonismos, descobertas, tentativas, possibilidades e consciência do ser, do estar e do haver; da responsabilidade de cada um, com o meio no qual vive. Assumir o NADA SER, é parte do amadurecimento do SER, que se encontra no tempo, espaço e situação com os quais interage. Parabéns por mais este ELUCIDATIVO texto sobre as intempéries do viver, de cada ser. Te amo meu irmão Toni Cordeiro.
ResponderExcluirOlá Antonio Lopes Cordeiro,
ResponderExcluirO cenário ideal para 'pipagem' nem sempre está apropriado à ação, então ainda que queiramos embarcar nessa viagem, as durezas da vida nos limitam até para sonhar.
Gostei da sensibilidade de suas palavras.
Que este mundo possa ter mais 'Tonis' i
rsrsss...
Toni, gostei tanto de seu texto que lhe pediria autorização para utilizá-lo em nosso projeto "Humanos em Construção", pois ele dialoga inteiramente com nossos propósitos
ResponderExcluirOlá Elisabete
ExcluirDesculpe a minha falta de atenção.
Fique à vontade para usar.
Abraço