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sábado, 9 de fevereiro de 2019

O trem da história fez uma curva...


Imagem disponível em: https://www.canstockphoto.pt/vindima-trem-1463849.html

Uma vez ouvi uma frase que toda vez que me lembro tento materializar, nem que seja parte do que penso, pelo simples fato de não querer ficar para a história como mais um ser abstrato, que só pensa e nada age: ”Toda vez que o trem da história faz uma curva, um pensador cai”. Algo profundo e de uma leitura crítica sem igual.

Saindo um pouquinho da linha da introspecção e caminhando pelo que sobrou do país que sonhávamos, além de encarar a realidade de frente, senti vontade de voltar a falar um pouco dos meus sentimentos sobre esse país da atualidade, onde a Casa-grande manda e desmanda e a Senzala Brasil se encontra de joelhos esperando a guilhotina descer. Algo tão sinistro que jamais imaginei viver.

Que país é esse onde o ódio se torna mais poderoso que o amor ao próximo? Que país é esse que tira direitos dos pobres e transfere aos ricos? Que país é esse que elege um ser que só fala em mortes e tem o apoio majoritário das igrejas evangélicas e uma grande parte da igreja católica? Sinceramente não conhecia esse modelo de país e tampouco um fenômeno como esse. O Brasil se tornou em pouco tempo, um país excludente, discriminatório, racista, homofóbico e movido pelo ódio. É assustador! Aonde essas coisas estavam guardadas? Por onde andava essa turma do capitão? Quem sabe no nosso quintal...

Tenho conversado muito com o público que votou no coiso-capitão e sinto aos poucos a desilusão pela política e não por ele, estampada em seus rostos. Um sintoma bem conhecido e normal de quem não conhece a política como ciência e age de forma terceirizada por alguém de muita má fé e com múltiplos interesses.

Como continuidade desse processo, que serve ao império, é muito mais inteligente apostar no extermínio de parte da população, de forma romântica, afirmando que é tudo em nome do desenvolvimento e combate à corrupção, do que isso ocorrer de acordo com as velhas formas, como a luta armada, que nos dias atuais seria lutar contra o exército, armados de estilingue e assim seria muito fácil se chegar aos 30 mil mortos falados em campanha.

Para que tudo seja consumado de acordo com os ritos do sistema, tudo já foi cuidadosamente encaminhado, sem se esquecer de nenhum detalhe.

Primeiro se libera todos os venenos proibidos em vários países e com isso teremos muito mais doenças e muito mais gente indo para o andar de cima mais cedo. A seguir, arma-se a polícia do sistema e com total liberação para matar quem “peitar” o Estado. Logo depois precariza-se a saúde publica em detrimento da privada e por fim liberam-se as armas para que a população decida suas desavenças como nos filmes do Velho Oeste americano. Com tudo isso o cenário de guerra e de guerrilha está pronto, porém sem ser notado.

Vejam que fui generoso e nem pus nessa conta, os mais de 60 mil mortos por ano, onde a maioria é negra, jovem e das periferias, uma mulher assassinada a cada hora e meia por machistas de plantão, remédios essenciais em falta, etc.

Como educador da área de Gestão Pública e Social, muita gente tem me perguntado o que fazer diante de um cenário como esse. Tenho respondido de forma tranquila e com base nas experiências de vida, que primeiro se faz necessário que o povo oprimido e agora desprestigiado como trabalhador, reaja para que não se perca tudo de uma só vez, segundo que só se muda a realidade de um povo com duas palavras que terão que virar ação: Formação e Organização. É preciso organizar de forma planejada quem sofre e formar para que entendam o debate e a disputa ideológica que está em curso no país. 

Continuo um militante de uma causa, saudosista com visão da atualidade e foco no futuro. Sou do tempo da poesia, dos saraus noturnos, das brincadeiras de pipas, de pião e de tantas outras que se perderam para o mundo tecnológico. Tempo que se acreditava que o Brasil era um país solidário com todos e todas. Nessa época o ódio só era visto em casos pontuais e hoje está presente a todo instante, puxados pela direita radical e pela ultra direita fascista com seus seguidores, apontando seus dedos e suas armas para a esquerda mundial e quem se dispuser a defender os Direitos Humanos e as Causas Sociais.  

Porém, apesar de tudo, nem tudo está perdido, até porque o trem da história no meu entender, apenas fez uma curva acentuada à direita e pode estar enroscado momentaneamente nos trilhos da vida, mas a história é dinâmica e amanhã será escrita e reescrita pelas mãos de quem acredita que lutar por uma causa nobre pode valer até a própria vida, caso seja necessário. Acredite! Vamos virar esse jogo!

Assim, venha conosco e de mãos dadas vamos ao futuro!

Antonio Lopes Cordeiro
Estatístico e Pesquisador em Gestão Pública


2 comentários:

  1. A dialética da História é um fato. Por mais difícil que seja o momento a História se constrói no dia a dia. E que o trem voltar aos trilhos e encontre um atalho para a esquerda o mais rápido possível.

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  2. Obrigado Silvana pela leitura e comentário.
    O trem da história saiu dos trilhos faz tempo e acaba afetando nossas vidas pessoais e coletivas.

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