Todos
os janeiros pós-eleições municipais nos 5.570 municípios do país ocorrem os
mesmos fenômenos recorrentes: o apontamento dos erros da gestão passada pelo
grupo vencedor e o grupo perdedor desqualificando, do ponto de vista técnico, a
composição política exitosa. Isso ocorre até quando dá continuidade de
governos. Apontar o erro do passado é uma necessidade dos que chegam. Porque
chegam com a premissa do mito fundador da política, que é a mudança. Todos os
políticos de todos os partidos prometem mudança nas campanhas. Até os que vão
para reeleição prometem alteração na gestão. Até aí tudo quase bem. Normal.
O
problema se agrava quando quem ganha não assume e quem perdeu parece não querer
entregar. E, saliento e oriento: quem perdeu não tem mais o que perder. Mas,
quem ganhou tem.
Quem
ganhou, ganhou para trabalhar. Para consertar os erros. Para apontar o que
estava de errado também, judicializar se for o caso, mas, antes de tudo apontar
e implementar as soluções. Não ganhou para reclamar.
Uma
das novidades deste 2021 é o uso exagerado do WhatsApp, por onde passarão as
fotos de carcaças de veículos, de estradas esburacadas , áudios de salários
atrasados, de rombo nas contas etc.
Vencedores,
esqueçam os grupos. Vocês (me digiro a todos os municípios brasileiros) não
ganharam para reclamar. Ganharam para consertar o que tiver de errado. Não se
limitem a somente apontar os erros e nem usem deste instrumento como desculpas
para não fazer. Gestar é diferente de ganhar e a cadeira do poder tem brasa.
Queima muito e passa rápido.
Ter
um planejamento estratégico a partir do Programa de Governo registrado no
Cartório Eleitoral, que se torna, doravante em Plano de Governo é a tarefa
primária da gestão. (Plano Plurianual não é um Planejamento Estratégico de
Governo) Construção do que se elé conhecido como os 100 dias rosweltiano
(avaliação da gestão nos primeiros 100 dias), composição de uma equipe de
trabalho e capacitá-la para a função a ser exercida é primordial. Capacitar
sim. E capacitar todos. Inclusive o gestor eleito. Na grande maioria dos
municípios brasileiros não se usa a capacitação e o planejamento como elemento
necessário para a gestão. Erram por isso e pagam num período de 4 anos somente.
E paga-se caro, geralmente. O que acha que sabe tudo é o que menos sabe. Quem
ganha a eleição é o político, não o
gestor. O gestor precisa de se capacitar e de capacitar a sua equipe para a
condução de uma gestão qualificada. Quem perdeu vai apostar no desgaste. E está
correto. Quem ganhou tem de apostar no êxito. Mas, fazer o mesmo de sempre e
querer resultados diferentes é uma contradição existencial e política.
Eu
já tive nos dois lados. Do lado que ganhou e do que perdeu. Sei o quão é
difícil. Difícil para quem perdeu e tem de ajustar as vidas, inclusive dos
seus. Mas, o lado do vencedor é muito mais difícil. É desafiador.
Às
vezes quem ganha não tem entre os seus políticos pessoas com capacidade técnica
para a assunção dos cargos. Eu digo: “coloque os políticos e capacitem”. Os que
não desejarem se capacitar para a gestão, infelizmente na cabe ou deva caber na
gestão. Estou falando desde o menos relevante
ao mais importante cargo. Todos os cargos na gestão são cargos
políticos. Não há nenhum cargo técnico.
É
preciso de ter metas, objetivos entendidos, método de trabalho, metodologia de
avaliação constante e aferição dos resultados, pelo menos trimestral. Fazer
diferente é investir no erro. E, se valer dos grupos de WhatsApp para reclamar
que a gestão passada deixou um buraco não é somente equivocado. É desastroso.
Especialmente em seus resultados políticos-administrativos. A população não
está interessada neste assunto do que ficou. Está querendo quem resolva os seus
problemas. Para isso elegeu esta gestão.
Quatro
anos passa rápido para se perder tempo reclamando e não apontar soluções. É preciso
agir. É preciso qualificar a gestão. A gestão precisa de apresentar resultados.
O gestor precisa alcançar estes resultados. A política e o político vivem
disso.
Jocivaldo
dos Anjos
Salvador - BA
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