https://gestaoescolar.org.br/conteudo/954/a-manipulacao-social-do-preconceito-e-da-discriminacao
Vivemos
dias impensáveis com uma pandemia que continua matando devido ao abandono dos
governantes a uma população que já se acostumou com o vírus e continua sua
rotina profissional por necessidade e social e de lazer por opção. Uma sociedade
em crise de identidade, afetada pelo ódio de classe e político, separada pelo
econômico, confinada nas igrejas e doente pelo vício das drogas, bebidas e
também pelo vício das redes sociais, que segrega pessoas e invade o universo de
muita gente do acordar até na hora de dormir.
Ninguém
nasce com preconceito ou com ideia de superioridade. São comportamentos construídos
socialmente a se começar pelo núcleo familiar, que indicam uma postura
política-ideológica de dominação, principalmente de uma supremacia branca que
se impõe através do econômico e constrói o processo separatista ainda presente
claramente nos dias de hoje. Porém o pensamento burguês ultrapassa as
fronteiras e os limites e se individualiza.
Perdi a conta de quantas vezes eu sofri discriminação e preconceito devido a minha origem nordestina, meu físico ou meu estado econômico-financeiro, ou ainda fui ignorado. Ainda hoje passo por situações inconvenientes, quem sabe pela idade, questão econômica ou ainda por outras questões que desconheço. Algo que sempre me tira o chão quando ocorre.
Como descrever uma situação dessas? Ouvi um relato de uma pessoa que nos dá uma impressão de como isso chega ao nosso ser: “Sinto um frio que invade a alma e me faz sentir um verdadeiro “puxadinho” da minha existência”. “Algo prestes a cair diante de alguma tempestade da vida”. Podo-me no lugar da pessoa me passou um filme pela cabeça de tantas coisas que já passei nessa direção.
O
que nos resgata nessas horas é a nossa história de vida aliada aos amigos e
amigas que nos encoraja e nos faz caminhar, além da consciência política que
nos faz enfrentar a situação se necessário for, custe o que custar. Porém é um sentimento que se
aloja dentro de nós e alguns ficam para sempre como um alerta dos diversos "cantos das sereias".
Do
ponto de vista filosófico, o preconceito é um problema ético de grande
relevância, pois além de criar vários problemas, invade a individualidade
alheia, além de ser um desvio ideológico ou uma posição ideológica. Algo presente em
larga escala no campo da extrema direita e da direita, mas infelizmente também de
alguma forma, em menor proporção, no campo da esquerda. Afinal é uma manifestação de poder.
Bobbio afirma que o preconceito se constitui
de uma opinião errônea (ou de um conjunto de opiniões) que é aceita
passivamente, sem passar pelo crivo do raciocínio, da razão. Ele chama a
atenção para a diferenciação do preconceito individual e do coletivo, quando um
grupo social apresenta um juízo de valor negativo sobre outro grupo social,
onde a tendência é sua ampliação.
Negros e negras, pessoas homo afetivas,
pessoas pobres, nordestinos e nordestinas e índios e índias são as pessoas mais
afetadas em termos de preconceito e discriminação, porém normalmente quem tem
recursos financeiros discrimina quem não tem a se começar pelas diversas formas de
ostentação.
Há uma gigantesca pedra no caminho da paz na
convivência com situações como essas e no sentido de removê-la recorro à
história de todas as pessoas que deram suas vidas na luta por uma sociedade
onde não haja preconceitos ou qualquer forma de discriminação, além de me
juntar a quem continua na luta, em posição, ora de defesa e ora de ataque,
porém o importante é que eu nunca me sinta superior a ninguém, pois ninguém é
Senhor de ninguém, como bem afirmou o Capitão Lamarca na carta aos filhos..
Às vezes a única coisa que nos resta é
poetizar a situação. Olhar o dia chegar e acompanhar sua trajetória até o por
do sol e esperar que a vida nos faça sermos luzes em caminhos onde a treva
predomina. Eu sou luz e você?
Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social
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