O Prefeito Marcelo Capelini de Artur Nogueira/SP estava em seu
segundo mandato. Ao contratar-me como Secretário de Planejamento Estratégico,
me incumbiu de uma missão. Criar um plano de ação onde fosse possível
desenvolver ações não realizadas em seu primeiro mandato, tais como: integrar
seu governo com seis partidos aliados, onde cada um em seus postos de governo
trabalhava como se fossem várias prefeituras individualizadas; havia pouca
interação com os funcionários concursados e principalmente com a população e
nada era monitorado e tampouco medido em termos de eficiência ou fracasso.
A partir dessa constatação e várias reuniões, em março de 2009
nasce uma nova ferramenta de gestão: o Grupo Gestor de Integração e
Planejamento, a partir de duas variáveis científicas. Um método de gestão que
Paulo Freire numa conversa comigo sobre uma entidade de habitação por mutirão
de São Bernardo a chamou de “carrossel”, que consistia em que todo processo de
gestão, seja numa secretaria ou no governo como um todo, fosse desenvolvido a
partir de um organograma celular e integrado com todas as demais áreas de
governo. A segunda a partir da concepção de Carlos Matus (Ministro da Economia
do governo Salvador Allende do Chile), que enxergava o primeiro escalão de
governo e outros gestores que tinham ações diretas como o Gabinete Dirigente
Central e os técnicos de cada área integrados como o Grupo Tecnopolítico,
aqueles que de fato iam por a mão na massa.
Foi uma incrível experiência com quarenta meses de trabalho
intensos de pura criação e de construção de uma nova forma de governar.
A maioria das pessoas que se envolveu nos trabalhos do Grupo
Gestor afirma ter se tratado de algo inédito na cidade e algumas delas de que
essa experiência foi capaz de revelar pessoas como lideranças e como
profissionais, que nem mesmo elas acreditavam.
Talvez nem mesmo o Prefeito Marcelo Capelini tenha entendido o
Grupo Gestor na sua totalidade, principalmente pelas suas atividades como
prefeito e a mudança de foco no último ano de governo, onde teve que construir
uma nova alternativa no processo eleitoral, após sair do PT, que não quero aqui
entrar no mérito, porém afirmar que ele não conseguiu fazer seu sucesso, apesar
de ter ganhado três prêmios nacionais por eficiência em gestão e foi finalista
do Prêmio SEBRAE no ano de 2011.
O Prefeito Marcelo terminou seu segundo mandato como o primeiro em
gestão na RMC – Região Metropolitana de Campinas, terceiro no estado de São
Paulo e nono no país. Um resultado construído a várias mãos.
Na verdade o Grupo Gestor foi uma das mais intensas experiências
de criação coletiva, onde cada membro conseguia entender sua importância
perante o grupo e, sobretudo no processo de criação. Além disso, foi criado um
Laboratório e Observatório de Políticas Públicas, justamente para que todas as
Ações de Governo e Políticas Públicas fossem monitoradas e avaliadas pelos dez
membros do Laboratório.
Como era de se esperar, principalmente pelo impacto de mudanças
que o Grupo Gestor impôs, após o Prefeito Marcelo o declarou como uma
ferramenta deliberativa de governo, praticamente metade do governo o boicotou.
Porém mesmo assim os números não deixam dúvidas. Para quem se envolveu
intensamente em todo o processo e se permitiu aprender junto. É de se imaginar
que jamais seremos os mesmos após essa experiência.
Para se ter uma ideia do que significou essa experiência, dois
fatos ocorreram de grande relevância. O primeiro foi o de impulsionar a criação
de um Curso de Pós-Graduação, um Laboratório e alguns Cursos de Extensão em
Gestão Pública Social no UNASP – Centro Universitário Adventista de São Paulo –
Campus Engenheiro Coelho, que formou uma turma e divulgou o trabalho em todas as
cidades da Região Metropolitana da Campinas. Esse curso e o laboratório foram
considerados e amplamente divulgados na época pela imprensa local, como sendo
os primeiros em nível nacional.
O segundo fato foi que tanto o Grupo Gestor como o Laboratório do
UNASP, foi apresentado, a convite do Governo Federal, na Secretaria Geral da
Presidência da República em novembro de 2011, após o Seminário de Participação
Social, organizado Pela Presidente Dilma.
Passado essa fase de sonhos e de realizações, voltamos à realidade.
Artur Nogueira com o Prefeito do PSD que sucedeu Marcelo Capelini e o atual do
PSDB que ganhou a última eleição desconstruiu praticamente todo esse legado
político-cultural vivido por praticamente dois terços dos membros do governo e
seus colaboradores. Ficaram apenas algumas ações da Agricultura, bastante
tímida por se encontrar sozinha defendendo essa forma de governar.
Algumas perguntas continuam sem respostas: E o que foi construído
a várias mãos, onde foi parar? Porque tanto a população como os gestores que
participam ativamente dos cursos, através da Escola de Governo em parceria com
o UNASP, conseguiram dar continuidade? Onde foi o grande erro? Será que foi um
problema de comunicação ou cultural? Como estudo, talvez valha a pena alguns
trabalhos no sentido de buscar referenciais que possam provar que ficou sim um
capital social, que poderá emergir a qualquer momento.
Antonio Lopes Cordeiro
Estatístico e Pesquisador em Gestão Pública Social
tonicordeiro1608@gmail.com
Estatístico e Pesquisador em Gestão Pública Social
tonicordeiro1608@gmail.com
Material de Apoio
1. Estrutura dos Núcleos Temáticos de Trabalho (Foram criados ao
longo do trabalho 13 Núcleos Temáticos Integrados). O exemplo a seguir era
Habitação:
2. Fluxo de Atividades de uma Ação de Governo desenvolvida pelo
Laboratório e Observatório de Políticas Públicas:
3. Como era a participação do governo no início do Grupo Gestor
4. Como chegamos em dezembro de 2012:
5. Apesar da não participação de algumas Áreas de Governo, eis os resultados
do trabalho em seus 40 meses:
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