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terça-feira, 24 de dezembro de 2013

A bem sucedida experiência do Grupo Gestor de Artur Nogueira

O Prefeito Marcelo Capelini de Artur Nogueira/SP estava em seu segundo mandato. Ao contratar-me como Secretário de Planejamento Estratégico, me incumbiu de uma missão. Criar um plano de ação onde fosse possível desenvolver ações não realizadas em seu primeiro mandato, tais como: integrar seu governo com seis partidos aliados, onde cada um em seus postos de governo trabalhava como se fossem várias prefeituras individualizadas; havia pouca interação com os funcionários concursados e principalmente com a população e nada era monitorado e tampouco medido em termos de eficiência ou fracasso.
A partir dessa constatação e várias reuniões, em março de 2009 nasce uma nova ferramenta de gestão: o Grupo Gestor de Integração e Planejamento, a partir de duas variáveis científicas. Um método de gestão que Paulo Freire numa conversa comigo sobre uma entidade de habitação por mutirão de São Bernardo a chamou de “carrossel”, que consistia em que todo processo de gestão, seja numa secretaria ou no governo como um todo, fosse desenvolvido a partir de um organograma celular e integrado com todas as demais áreas de governo. A segunda a partir da concepção de Carlos Matus (Ministro da Economia do governo Salvador Allende do Chile), que enxergava o primeiro escalão de governo e outros gestores que tinham ações diretas como o Gabinete Dirigente Central e os técnicos de cada área integrados como o Grupo Tecnopolítico, aqueles que de fato iam por a mão na massa.
Foi uma incrível experiência com quarenta meses de trabalho intensos de pura criação e de construção de uma nova forma de governar.
A maioria das pessoas que se envolveu nos trabalhos do Grupo Gestor afirma ter se tratado de algo inédito na cidade e algumas delas de que essa experiência foi capaz de revelar pessoas como lideranças e como profissionais, que nem mesmo elas acreditavam.
Talvez nem mesmo o Prefeito Marcelo Capelini tenha entendido o Grupo Gestor na sua totalidade, principalmente pelas suas atividades como prefeito e a mudança de foco no último ano de governo, onde teve que construir uma nova alternativa no processo eleitoral, após sair do PT, que não quero aqui entrar no mérito, porém afirmar que ele não conseguiu fazer seu sucesso, apesar de ter ganhado três prêmios nacionais por eficiência em gestão e foi finalista do Prêmio SEBRAE no ano de 2011.
O Prefeito Marcelo terminou seu segundo mandato como o primeiro em gestão na RMC – Região Metropolitana de Campinas, terceiro no estado de São Paulo e nono no país. Um resultado construído a várias mãos.
Na verdade o Grupo Gestor foi uma das mais intensas experiências de criação coletiva, onde cada membro conseguia entender sua importância perante o grupo e, sobretudo no processo de criação. Além disso, foi criado um Laboratório e Observatório de Políticas Públicas, justamente para que todas as Ações de Governo e Políticas Públicas fossem monitoradas e avaliadas pelos dez membros do Laboratório.
Como era de se esperar, principalmente pelo impacto de mudanças que o Grupo Gestor impôs, após o Prefeito Marcelo o declarou como uma ferramenta deliberativa de governo, praticamente metade do governo o boicotou. Porém mesmo assim os números não deixam dúvidas. Para quem se envolveu intensamente em todo o processo e se permitiu aprender junto. É de se imaginar que jamais seremos os mesmos após essa experiência.
Para se ter uma ideia do que significou essa experiência, dois fatos ocorreram de grande relevância. O primeiro foi o de impulsionar a criação de um Curso de Pós-Graduação, um Laboratório e alguns Cursos de Extensão em Gestão Pública Social no UNASP – Centro Universitário Adventista de São Paulo – Campus Engenheiro Coelho, que formou uma turma e divulgou o trabalho em todas as cidades da Região Metropolitana da Campinas. Esse curso e o laboratório foram considerados e amplamente divulgados na época pela imprensa local, como sendo os primeiros em nível nacional.
O segundo fato foi que tanto o Grupo Gestor como o Laboratório do UNASP, foi apresentado, a convite do Governo Federal, na Secretaria Geral da Presidência da República em novembro de 2011, após o Seminário de Participação Social, organizado Pela Presidente Dilma.
Passado essa fase de sonhos e de realizações, voltamos à realidade. Artur Nogueira com o Prefeito do PSD que sucedeu Marcelo Capelini e o atual do PSDB que ganhou a última eleição desconstruiu praticamente todo esse legado político-cultural vivido por praticamente dois terços dos membros do governo e seus colaboradores. Ficaram apenas algumas ações da Agricultura, bastante tímida por se encontrar sozinha defendendo essa forma de governar.
Algumas perguntas continuam sem respostas: E o que foi construído a várias mãos, onde foi parar? Porque tanto a população como os gestores que participam ativamente dos cursos, através da Escola de Governo em parceria com o UNASP, conseguiram dar continuidade? Onde foi o grande erro? Será que foi um problema de comunicação ou cultural? Como estudo, talvez valha a pena alguns trabalhos no sentido de buscar referenciais que possam provar que ficou sim um capital social, que poderá emergir a qualquer momento.

Antonio Lopes Cordeiro
Estatístico e Pesquisador em Gestão Pública Social
tonicordeiro1608@gmail.com


Material de Apoio

1. Estrutura dos Núcleos Temáticos de Trabalho (Foram criados ao longo do trabalho 13 Núcleos Temáticos Integrados). O exemplo a seguir era Habitação:



2. Fluxo de Atividades de uma Ação de Governo desenvolvida pelo Laboratório e Observatório de Políticas Públicas:



3. Como era a participação do governo no início do Grupo Gestor

 4. Como chegamos em dezembro de 2012:

 5. Apesar da não participação de algumas Áreas de Governo, eis os resultados do trabalho em seus 40 meses:


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