Essa é uma frase bastante conhecida
no meio sindical e serviu e ainda serve para contextualizar a importância da
união dos trabalhadores para enfrentar os problemas advindos da precarização do
trabalho. Uma frase que nasceu de vários conflitos, entre eles do chamado “pelego”, ou seja, alguém que trai as decisões da categoria e se individualiza, em detrimento dos demais trabalhadores que se expõem para que todos sejam beneficiados..
Porém ela também expressa o
debate permanente entre o individual e o coletivo e a opção egoísta do “eu” no
confronto com a possibilidade de criação por “nós”.
Nascemos e fomos criados numa
sociedade capitalista, onde aprendemos que o mais importante era levar vantagem
em tudo que fizéssemos, principalmente para cultuar a essência capitalista de
que todos podem, basta querer. Essa ideia tem como pressuposto básico, instituir
a competição voltada a um mundo maravilhoso para quem se dedicar e vencer,
patrocinado pelo mercado. Assim, a sociedade ideal é voltada apenas para os vencedores e os perdedores terão que servi-los.
Qualquer alteração de rota
nesse percurso se tornava e ainda se torna pura subversão. Algo que tem quer
ser combatido à força, se necessário, ou com um plano de ação, onde se
vende a ideia de que tudo que for criado que prejudique o mercado, o verdadeiro responsável pelo futuro da humanidade, torna-se algo ruim e, portanto tem que ser eliminado.
A Rádio CBN é um exemplo vivo disso. Todos os dias nos ensina que o mercado
está sendo ameaçado, pelas forças maléficas de um governo incompetente, pressionado
pelos xiitas vermelhos que ameaçam o governo e a própria sociedade.
Paul Singer define assim o
capitalismo assim: “É a corrida generalizada atrás do dinheiro. a
competição cega das empresas no mercado, a invenção de novos produtos, a caça,
pelos consumidores do que “vai ser moda”, a incessante mudança de processos e o
sucateamento precoce de homens e máquinas. É o trabalho alienado de muitos,
subordinado às ordens do capital agindo às cegas que, ao agir assim, ora cria
progresso, ora crise, ambos inadvertidamente”.
Fazendo uma análise mais profunda da
sociedade capitalista e dos seres humanos que nela habita, Paulo Freire afirma
que o ser humano é um ser inacabado, inconcluso e a realidade histórica,
igualmente, não é estática, não está pronta e muito menos é imutável. “Somos
seres em construção numa sociedade também em construção. Portanto, os homens
são seres da busca e sua vocação é a de humanizar-se permanentemente”.
A afirmação de Paulo Freire coloca em xeque,
por exemplo, o individuo que se apresenta como líder, onde para Freire, nenhum
ser humano é o fim nele mesmo e sim um ser inacabado e inconcluso, portanto exposto
e passível de intervenções, tanto do bem como do mal. Para ele os seres humanos
estão sempre em busca, onde sua vocação deveria ser de humanizar-se
permanentemente.
Como base nessa breve análise, sem a pretensão
de estudar os efeitos da vida cotidiana e muito menos das intervenções que a
sociedade capitalista e de plenos interesses provoca no comportamento humano, a
grande pergunta que fazemos é: é possível uma pessoa que não dialoga com os setores organizados da
sociedade, que se omite de criar espaços democráticos e principalmente esconde da sociedade suas verdadeiras intensões, ser chamada de líder, ou mesmo de alguém
que representa a sociedade que queremos?
Outra pergunta que poderíamos fazer é: até que
ponto esses setores organizados da sociedade estão prontos para delegar seu destino a alguém, visto que a maioria da própria sociedade não participa e quem quer participar e pensa, ou tem capacidade de intervenção é afastado das decisões centrais?
Uma conclusão pessoal: ou a sociedade se
organiza e luta pelos seus direitos, ou sempre terá um oportunista de plantão
para em nome dela, comprar e vender o próprio paraíso, como seu representante
legal.
“Sozinho o problema é seu e juntos o problema
é nosso”. Essa frase é a provocação permanente para deixar claro de que a maior
parte dos problemas da humanidade não será impossível resolver de forma isolada.
Somente uma ação coletiva poderá mudar o cenário mundial.
Antonio Lopes Cordeiro
Pesquisador em Gestão Pública e Social
Laboratório de Gestão e Políticas Públicas - Fundação Perseu Abramo
toni.cordeiro1608@gmail.com
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