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terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Porque e para que algumas pessoas querem tanto o poder?


Certa vez quando estava fazendo meu mestrado, li um texto interessante do Thomas Wood Jr, que hoje é articulista da Carta Capital. O título era: “Nem tudo é verdade”. Ele se referia no texto ao mundo organizacional. Afirmava que muitas coisas que ocorrem nesse universo, nem de longe são o que representam ser e tampouco são o que afirmam.

Algo que me deixou mais intrigado ainda quando li dois livros. Um deles Feitas para Durar. Trazia um estudo sobre o porquê que algumas empresas fecham em tão pouco tempo e outras resistem ao tempo e ultrapassam a barreira dos cem anos. A conclusão foi a de que, para que uma empresa dure cem anos ou mais, depende principalmente de uma ideologia estável. Algo que transcende quem a criou e tem como eixo principal uma política do ganha-ganha, onde funcionários e gestores exercitam e praticam uma regra de conduta, onde tudo é desenvolvido de forma transparente e os resultados são compartilhados. Imagino que são poucas em relação ao universo empresarial que conseguem trabalhar e se desenvolverem dessa forma.

O outro livro a que me referi e que também me impressionou tem como título Empresa com Alma, onde o autor Francisco Gomes de Matos, explica que a alma do negócio está na empresa. No dia a dia, na lida e como são tratados principalmente os parceiros e os colaboradores. Cada um deles que incorpora a empresa, como extensão da sua própria vida, refrigera a alma da empresa.

Será que é possível transportar isso para um partido político ou uma gestão pública? E os resultados serão compartilhados? Haverá transparência no conflito de interesses? Os maiores respeitarão os menores? As decisões são tomadas em grupo ou somente por um grupo?

São respostas embaraçosas a serem elaboradas, pois no universo do poder político a coisa se complica mais ainda. Assim como nas empresas, os partidos e as instâncias de poder sofrem da mesma anomalia, ficando a diferença para a objetividade e os diversos interesses em jogo. Qualquer empresário saber perfeitamente o que quer de sua empresa: lucro imediato, de preferência de forma exponencial. Quantas pessoas saberão responder de forma objetiva o que estão fazendo num partido político ou mesmo numa gestão pública?

Em ambos os casos, as disputas pelos espaços de poder saem do campo racional e se alojam no inconsciente de algumas pessoas como se fossem batalhas a serem vencidas a qualquer custo. Como um objeto venerado. Nesse momento o lema é: amigos, amigos, disputas a parte. Sendo que em algumas instâncias de um partido político, o mais incrível é que as listas com os escolhidos para os cargos de direção, com “garrafinhas” ou não, já vêm prontas.

É claro que como militante político, de uma causa, não vou aqui generalizar, mas, no entanto usar esse espaço para expor o que penso a respeito desse assunto e me solidarizar a todos aqueles e aquelas que foram excluídos do processo.

Fico imaginando se esse procedimento ou prática está incluído na missão que cada ser humano tem ao cumprir seus dias de vida. Caso esteja, ou essa pessoa terá que voltar num outro momento da vida para consertar o que sua volúpia destruiu, isso para quem acredita, ou estarão abreviando seu projeto original, buscando desvios que cheguem mais rápidos, mesmo que com isso destruam toda vegetação.

Da minha parte prefiro à calma e branda brisa que me bate ao rosto, onde terei condições de me reciclar, de repensar minha vida e melhorar o que fiz até hoje. O poder que em mim habita servirá apenas para que muitas outras pessoas desfrutem do que nunca conseguiriam por conta própria. Como nos livros que li, um projeto construído a várias mãos e compartilhado pode se tornar uma nova instância de poder e essa ser tão duradoura, como aquelas empresas que construíram uma ideologia estável.

Bem vindos ao mundo do poder verticalizado, onde as portas só estarão abertas para quem tem a senha ou “garrafinhas” para trocar.

"Sem a curiosidade que me move, que me inquieta, que me insere na busca, não aprendo nem ensino”. “A educação necessita tanto de formação técnica e científica como de sonhos e utopias". Paulo Freire

Antonio Lopes Cordeiro
Pesquisador em Gestão Pública e Social
Laboratório de Gestão e Políticas Públicas - Fundação Perseu Abramo
toni.cordeiro1608@gmail.com

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