O que é "garrafinha"? Para
quem não está acostumado com essa linguagem vamos a algumas explicações. Trata-se
de um termo usado nos bastidores do mundo da política, para determinar quem tem
força, prestígio e o que é mais importante: muitos votos. Não se trata de base
política e sim de pessoas, que não recusarão a um pedido daquele ou daquela que
consideram como líder. Uma base política requer interação, organização e principalmente
um projeto que seduza as pessoas e por ele todas estarão juntas para o que for
necessário.
Para
algumas pessoas que enxergam o mundo da política como uma oportunidade de se
dar bem e não como um campo de ação política e social em busca da liberdade das
pessoas excluídas do processo econômico e social, para que base? As “garrafinhas”
são suficientes, principalmente porque, enquanto não se libertarem não haverá
cobranças e nem reclamarão.
Numa
situação como essa, a política vira um negócio, um espécie de escambo, onde pessoas, ou
seja, o voto delas ou o apoio são trocados por posições políticas, cargos ou prestígio, seja
num partido, numa instância qualquer de poder, numa entidade de bairro
ou mesmo numa ONG. O método é o mesmo e os resultados também. As pessoas que vem votar a pedido de alguém são contadas e vulgarmente chamadas de “garrafinhas”. Quem tem mais "garrafinhas" é considerado "o cara", preparado inclusive para ser um candidato a vereador, a presidente dessa ou daquela entidade e portanto respeitado nesse meio.
Não
parece uma coisa engraçada ter “garrafinhas”? Mas o que tem de engraçado para
um ser humano, que bem poderia se interessar pela boa política, saber que é
apenas uma moeda de troca, como se fosse um objeto ou mesmo um animal irracional?
Para entender essa questão tem ir à raiz do problema. "Garrafinhas" não falam, não se revoltam, têm dificuldades de entender que são usadas e principalmente estão sempre dispostas a servir. Em geral são pessoas simples que imaginam estar prestando um grande serviço.
Todo indivíduo que se diz liderança que, ou acha essa prática normal, ou convive com ela sem se revoltar, não pode ser chamada ou comparada com uma liderança e sim como um oportunista de plantão. Líder que é líder implode as “garrafinhas”, libertando as pessoas de seus casulos, trazendo-as para a discussão do texto e contexto e principalmente capacitando-as para que nunca mais alguém possa confundi-las ou usá-las como “massa de manobra”. Um líder de verdade não tem medo de sua base de apoio. Seja o que for fala abertamente.
Todo indivíduo que se diz liderança que, ou acha essa prática normal, ou convive com ela sem se revoltar, não pode ser chamada ou comparada com uma liderança e sim como um oportunista de plantão. Líder que é líder implode as “garrafinhas”, libertando as pessoas de seus casulos, trazendo-as para a discussão do texto e contexto e principalmente capacitando-as para que nunca mais alguém possa confundi-las ou usá-las como “massa de manobra”. Um líder de verdade não tem medo de sua base de apoio. Seja o que for fala abertamente.
Hoje consigo entender perfeitamente porque, apesar de me considerar um militante político de uma causa humanitária, sempre rejeitei e combati a chamada "ditadura do proletariado". Todo ditador necessita de milhares de "garrafinhas" e não de pessoas conscientes.
Quero só ver quando as “garrafinhas” rolarem morro abaixo, levando com elas tudo o que as aprisionam, rompendo barreiras ou simplesmente passando por cima de quem não só as usam, mas, sobretudo se apoderam do que tem dentro delas.
Quero só ver quando as “garrafinhas” rolarem morro abaixo, levando com elas tudo o que as aprisionam, rompendo barreiras ou simplesmente passando por cima de quem não só as usam, mas, sobretudo se apoderam do que tem dentro delas.
Que
tal unir essas “garrafinhas” e criar um grande movimento de revolta e
libertação. Esse movimento poderia se chamar: “Quem me trata como “garrafinha” não
me representa”. “Garrafinhas” do país: uni-vos!
“Desrespeitando os fracos, enganando os incautos,
ofendendo a vida, explorando os outros, discriminando o índio, o negro, a
mulher, não estarei ajudando meus filhos a serem sérios, justos e amorosos da
vida e dos outros.” - (Paulo Freire - Pedagogia da Indignação, 2000).
Antonio Lopes Cordeiro
Pesquisador em Gestão Pública e Social
Laboratório de Gestão e Políticas Públicas - Fundação Perseu Abramo
toni.cordeiro1608@gmail.com
Boa Toni, excelente artigo, pena que quando uma garrafa explode, outras aparecem em seu lugar, e tambem ha indivíduos que adoram ser garrafinhas.
ResponderExcluirGrande abraço!
Rogerio Santa Rosa