O
Brasil está em guerra e não sabe. O número de assassinatos no país é 274 vezes mais
que Hong Kong e 137 que a Inglaterra e mais mortes que Iraque. Em apenas três
anos: de 2008 a 2011, foram assassinadas mais de 200 mil pessoas.
Segundo
o IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, 50 mil mulheres foram assassinadas
entre 2001 a 2011. Uma média de 5 mil por ano. Segundo o órgão, nem a Lei Maria
da Penha foi capaz de reduzir essa violência doméstica. Aliás, até aumentou.
Sinal que o machismo no Brasil ignorou essa lei, que está completando sete anos.
Cerca de 170 mil pessoas foram mortas nos 12 maiores
conflitos no globo entre 2004 e 2007. No Brasil, mais de 200 mil perderam a
vida somente entre 2008 e 2011.
Segundo
levantamento de diversas entidades, 20 mil jovens negros são assassinados no
país, todos os anos, com idade entre 15 e 24 anos. Um verdadeiro genocídio. No
total de assassinatos, os negros representam 70%.
Em
2012 o Brasil teve mais de 50 mil assassinatos. Apenas os que aparecem nas
investigações e que não dá para esconder, porém, assassinatos ocorridos em
várias partes do país, como por exemplo, na baixada fluminense, nem aparecem
nos noticiários e tampouco nas estatísticas.
O
que fazer? Qual o papel dos municípios? Quais as Políticas Públicas que poderão
incidir diretamente no combate a esse estado de calamidade pública?
Vale
a pena lembrar que toda essa violência ocorre nos municípios. Assim, se faz
necessário, de forma urgente, um Plano de Ação de Segurança Pública, mas,
sobretudo de Prevenção à Violência. Esse Plano Municipal, para que tenha o
mínimo de inferência positiva, tem que partir do Executivo Municipal,
envolvendo todos os setores da sociedade e principalmente desenvolvido de forma
integrada a todas as áreas de governo.
É
necessário seduzir a juventude. Os centros de lazer patrocinados pelo Governo
Federal coloca à disposição dos municípios uma estrutura capaz de oferecer aos
jovens várias alternativas.
Além
disso, é urgente a necessidade de criação da arquitetura da participação, com
políticas inclusivas, para as mulheres, jovens, idosos, pessoas com deficiências
e para as pessoas negras. O SEBRAE deu um belo exemplo, criando uma área
específica de empreendedorismo para as pessoas de matrizes africanas. Uma ação
como essa atua na raiz do problema. A desculpa não pode ser a econômica, pois a
criação de um Fórum Temático, que reúna as pessoas e discuta seus principais
problemas e soluções, não tem custo algum.
Diante
dessa situação, existem pelo menos três questões gravíssimas: A questão das
drogas, que invadiu os municípios e afeta principalmente os jovens. A questão
da violência contra as mulheres que ultrapassou todos os limites, se é que tem
limite e a violência generalizada contra os negros, se não bastasse o apartheid
econômico, que distancia em pelo menos 30%, o salario de homens e mulheres,
negros e brancos e deficientes e não deficientes.
A
velha mídia se nutre dessa violência. Ao ligarmos a tv, principalmente nos
canais e programas que se alimentam da violência, temos a sensação de que não há
mais solução. Os crimes ocorrem sem nenhum propósito.
A
sociedade está em crise. Uma crise de valores. Onde a pena de morte é
solicitada todos os dias, assim como a redução da maioridade penal e o aumento
do efeito policial e muito mais presídios. Serão essas as soluções? Criar um
bolsão seguro como é o caso do Rio de Janeiro, faz diminuir a violência, ou
isso servirá apenas para deixar a cidade bonita para a copa do mundo e as
olimpíadas? Qual é a participação de cada um de nos nessa situação, por ação ou
por omissão?
Perguntas que ficarão para uma reflexão futura.
Participe
dessa conversa, diretamente no comentário dessa matéria ou pelo e-mail: toni.cordeiro1608@gmail.com
A violência, seja qual for a maneira como ela se
manifesta, é sempre uma derrota.
Jean-Paul Sartre.
Antonio Lopes Cordeiro
Pesquisador em Gestão Pública e Social
Laboratório de Gestão e Políticas Públicas - Fundação Perseu Abramo
Comentário do Bruno Francisco Pereira, chamando a atenção para a violência pela falta de uma Reforma Urbana que rediscuta a cidade:
Meu caro amigo Toni Cordeiro,você traz um tema muito pertinente para o debate. Em uma sociedade onde o que está pautado pela mídia é a culpabilização da violência sobretudo pelos pobres e jovens,com a temática da redução da maioridade penal, você traz a tona muito bem o esforço das políticas publicas que enfrentam esta temática e sobretudo a interdisciplinariedade das áreas. Quero aqui somar a esta reflexão com uma contribuição. O tema da Violência também esta ligada a questão da reforma urbana que deve ser implementada nos municípios, sobretudo com a ocupação dos espaços e a significação destes espaços dentro do território. Muitas vezes nos grandes centros há uma ocupação desordenada dos espaços gerando uma segregação social, criando grandes bolsões de violências, e quando isto acontece não há politica publica de dê conta. O debate da reforma Urbana deve perpassar todas estas questões, porque espaços democráticos são sementes que geram participação politica consciente.
Meu caro amigo Toni Cordeiro,você traz um tema muito pertinente para o debate. Em uma sociedade onde o que está pautado pela mídia é a culpabilização da violência sobretudo pelos pobres e jovens,com a temática da redução da maioridade penal, você traz a tona muito bem o esforço das políticas publicas que enfrentam esta temática e sobretudo a interdisciplinariedade das áreas. Quero aqui somar a esta reflexão com uma contribuição. O tema da Violência também esta ligada a questão da reforma urbana que deve ser implementada nos municípios, sobretudo com a ocupação dos espaços e a significação destes espaços dentro do território. Muitas vezes nos grandes centros há uma ocupação desordenada dos espaços gerando uma segregação social, criando grandes bolsões de violências, e quando isto acontece não há politica publica de dê conta. O debate da reforma Urbana deve perpassar todas estas questões, porque espaços democráticos são sementes que geram participação politica consciente.
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