Figura: vidateorica.blogspot.com
A
maioria dos veículos de comunicação do Brasil (70% deles) pertence a seis
famílias abastadas brasileiras e como seres pensantes que já fizeram suas
escolhas, não só em termos de candidatos, mas precisamente em termos de valores
políticos, econômicos e sociais, ditam as regras, confundem a cabeça do povo e
buscam a volta ao passado, indignados com essa história de pobre poder ter e
fazer tantas coisas, que num passado recente eram privilégios somente da Casa
Grande, enquanto as Senzalas ficavam apenas com as sobras.
Isso
poderia até parecer natural num país de uma democracia tão recente, onde todos
tem o direito de se expressar da forma que quiser e como quiser. O problema
está na medida em que esses veículos de comunicação se julgam no direito de
venderem a ideia de que falam a verdade da sociedade e se enfurecem quando
detectam setores organizados que emitem pensamentos contrários, principalmente
se colocarem em risco a hegemonia dos setores produtivos e reivindicarem a
manutenção e ampliação dos direitos trabalhistas.
Infelizmente
a população menos esclarecida não consegue enxergar essa luta ideológica
travada no interior do sistema e tendem a concordar com o que leem, ouvem ou
assistem, até mesmo por não ter um canal de comunicação que mostre o outro lado
da moeda e assim passa a reproduzir uma linguagem viciada e tendenciosa, que
coloca em xeque todos os dias a importância dos partidos políticos, dos
sindicatos, das cotas para os negros e para a população pobre e principalmente
a importância dos pleitos eleitorais, onde muita gente perdeu a vida para que
isso ocorresse.
Onde
está o problema central? É possível enxergar com clareza o que um candidato se
propõe? Porque a população tende a entrar no senso comum?
Quero
acreditar que o problema central está na interpretação equivocada da
democracia, onde se passa a ideia de que a representatividade é suficiente para
eleger pessoas, mesmo sem se conhecer e esses representar os direitos e as
reivindicações da sociedade desorganizada.
Enquanto
isso, quem aposta na participação como principal alternativa fica como se
estivesse fazendo parte de algo que não é bom. Algo subversivo, onde a
subversão é “peitar” os de cima em detrimento aos direitos dos de baixo.
Já
que a população mais necessitada não tem um veículo de comunicação que conte as
duas histórias, se faz necessário organizá-la, seja em fóruns, em entidades de
moradores ou mesmo em partidos políticos que visem a discussão dos seus
valores. Assim, mesmo os candidatos que não forem indicados pelos setores
organizados, ditos “expertos”, saberão que serão cobrados de outra forma. Ou
seja, a partir de novos valores e informações.
O
senso comum passa a ser a única opção visível, algo que a velha mídia reforça
todos os dias, ao escrachar os políticos e a política, com o principal objetivo
de direcionar corações e mentes do povo brasileiro, buscando um resultado comum
para os anseios do pensamento elitista: político, econômico e social.
Nesse
barco desgovernado do ponto de vista político-social, tentando confundir a
cabeça do povo, estão uma quantidade enorme de políticos de carreira, grande
parte dos partidos políticos e, sobretudo o PIG – Partido da Imprensa Golpista,
que tenta calar a voz das ruas, substituindo-a pelo eco rouco da ditadura
midiática.
Em
se tratando de gestão pública, que sempre foi tratada como uma “terra de
ninguém”, a única forma segura de saber se determinada Política Pública deu
certo ou não, é ouvindo a população e todos os atores envolvidos.
Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Coordenador do Programa de Capacitação Continuada
em Gestão Pública da Fundação Perseu Abramo
em Gestão Pública da Fundação Perseu Abramo
toni.cordeiro1608@gmail.com