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sexta-feira, 7 de março de 2014

Vai ter Copa na bola. E na bala?


Os olhos do mundo já estão voltados ao Brasil. Porque somos uma vigorosa economia que concilia crescimento, geração de emprego, distribuição de renda, soberania e democracia institucional.  E porque vai ter Copa. É fato que sediarmos o cobiçado evento da FIFA não aparecia negativamente – embora já houvesse a luta dos Comitês Populares da Copa – até as chamadas Jornadas de Junho de 2013.

As novas palavras de ordem que invadem as redes, “Não Vai Ter Copa”, carregam diferentes sentidos para diferentes grupos. Ali estão pessimistas incorrigíveis, oposição oportunista, movimentos de moradia (legitimamente indignados com remoções arbitrárias), entre tantos. Contudo, a discussão central nesse momento me parece ser a violenta repressão aos protestos e tentativas de recrudescimento da legislação.

Não é demais recordar que as multidões tomaram as ruas em junho passado exatamente após assistirmos cenas de violência contra os jovens (e transeuntes, fotógrafos, jornalistas) por parte da Polícia Militar do Estado de São Paulo. A imagem da jornalista de um grande jornal atingida por bala de borracha chocou o país. É verdade que as noites na periferia de São Paulo são ainda mais sangrentas, mas a exposição pública do uso desproporcional da força catalisou aquela onda de protestos.

Passará a Copa, junho, surgirão novas demandas e a dúvida que fica é qual será o legado disso tudo no campo das liberdades democráticas. A proposta de legislação antiterrorista é erro grave. Erro grave porque não se deve tratar questão social – concordemos ou não com ela -como questão de polícia e, ao mesmo tempo, o arcabouço legal já existente dá conta de coibir grupos minoritários que usam (lamentavelmente) de violência e depredação do patrimônio. E erro grave porque não traz à baila questões mais profundas como a proibição do uso de balas de borracha contra manifestantes e a desmilitarização das PM´s.

Em 2014, o Brasil ganhará com a Copa e o povo brasileiro não admitirá retrocessos. Mas a falta de habilidade dos governos para solucionar conflitos mostra que ainda temos muito a aprender com as ruas.

Vinícius Ghizini
Historiador e membro da Executiva do PT na Macrorregião de Campinas

vinighizini@yahoo.com.br

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