De repente um mundo à minha frente,
frágil pelo momento, líquido, se desfazendo e se diluindo a cada segundo, onde nada é feito
para durar, como dizia Balman. Em crise permanente de identidade e de valores,
com uma grande parte da humanidade em desencontros e mais da metade do planeta
em fome ou em grandes necessidades diárias. Há um descompasso nas vivências
humanas fatiadas em classes sociais nas diversas sociedades, que estão longe de
serem comunidades.
Enquanto isso nos castelos de concreto
ou nos de areia criados pela imaginação, nas ricas festas regadas a muitas
bebidas, nos guetos burgueses ou numa casinha qualquer no sertão ou nas
periferias, a vida rola. A vida leva e muitas vezes também é levada, sem que se
perceba, como se nada valesse. Uma vida que segue independente do que se tem hoje ou do que se sonha
para o amanhã. É hoje no calor das emoções, além dos corações, que a coisa
acontece a toda hora.
Com isso, para isso e, além disso, uma
pergunta se tornaria fundamental para início de uma conversa: “Como você está”?
Algo simples. Algo reto, mas que seria uma oportunidade de ouvir quem está à
nossa frente, ou à nossa escuta, que muitas vezes anda perdida no silêncio e
gostaria muito de falar o que sente ou o que se passa com ela, até mesmo em horas não
comuns. Porém como dar a atenção merecida se andamos tão ocupad@s com nossos afazeres diários? Em vários momentos não lembramos, ou não temos tempo, nem mesmo para um Bom Dia a quem nos espera de coração. A meu ver uma grande parte da humanidade se encontra
perdida nas particularidades de seus mundos e acha que isso é vida e nem percebe que ao lado a vida real pede passagem.
Às vezes eu penso que somos apenas
retratos da vida moderna expostos em prateleiras. Ora consumindo e ora sendo
consumid@s. Estamos em pleno julgamento pelo que temos ou deixamos de ter e não
pelo que somos, ou ainda pela idade, pelo porte físico, pela aparência e pelo
que imaginamos ser. Quem gira à esquerda da Matrix tem um julgamento a mais
pelos servos do poder, mas em compensação só pela utopia da criação de um novo mundo, justo fraterno e igual para todos e todas vale a pena ter nascido. Quando
a luta vira causa e a causa vira sonho, a utopia manda avisar que isso se chama
vida...
Que mundo você procura para viver? Eu
procuro um pequeno mundo onde eu viva as minhas emoções em sua intensidade, de forma autêntica, e
isso possa virar uma poesia, a ser recitada em tardes ao por do sol, nutrida em
noites de estrelas e em passeios numa floresta encantada chamada esperança.
Sonho ou realidade? Ainda
não sei. Sei apenas que quem sonha acaba sendo a expressão viva do amor que se
tem e do amor que se tem coragem de dar. O que sobrará? O que sobraremos? O que
os nossos corações resistirem e as nossas lutas interiores nos levarem, não esquecendo que alguém nos espera.
Somos uma mistura de resistência e
sapiência misturadas com humaneidade em busca das nossas essências, rumo a um
novo mundo criado pelas nossas utopias, onde o amor e o amar falem mais alto. O bom mesmo
é que ainda somos vida e somos par quando se alma juntos.
Em nosso mundo
particular, se a alma pede um pingo, que tal chover? Diz uma lenda que para se
construir um belo lago, as chuvas contínuas são fundamentais, mas são as
pequenas gotas que fazem a natureza vibrar. Sereno, brisa, orvalho... Verde que
te quero verde!... Ontem eu sonhei pipando à beira do lago da minha imaginação
diante de um novo mundo.
Que eu Chova... Que
tu Chovas... Que nós Chovamos... Chover nunca é demais quando o verbo a ser conjugado é A l m a
r...
Antonio Lopes
Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social