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sábado, 9 de fevereiro de 2019

O trem da história fez uma curva...


Imagem disponível em: https://www.canstockphoto.pt/vindima-trem-1463849.html

Uma vez ouvi uma frase que toda vez que me lembro tento materializar, nem que seja parte do que penso, pelo simples fato de não querer ficar para a história como mais um ser abstrato, que só pensa e nada age: ”Toda vez que o trem da história faz uma curva, um pensador cai”. Algo profundo e de uma leitura crítica sem igual.

Saindo um pouquinho da linha da introspecção e caminhando pelo que sobrou do país que sonhávamos, além de encarar a realidade de frente, senti vontade de voltar a falar um pouco dos meus sentimentos sobre esse país da atualidade, onde a Casa-grande manda e desmanda e a Senzala Brasil se encontra de joelhos esperando a guilhotina descer. Algo tão sinistro que jamais imaginei viver.

Que país é esse onde o ódio se torna mais poderoso que o amor ao próximo? Que país é esse que tira direitos dos pobres e transfere aos ricos? Que país é esse que elege um ser que só fala em mortes e tem o apoio majoritário das igrejas evangélicas e uma grande parte da igreja católica? Sinceramente não conhecia esse modelo de país e tampouco um fenômeno como esse. O Brasil se tornou em pouco tempo, um país excludente, discriminatório, racista, homofóbico e movido pelo ódio. É assustador! Aonde essas coisas estavam guardadas? Por onde andava essa turma do capitão? Quem sabe no nosso quintal...

Tenho conversado muito com o público que votou no coiso-capitão e sinto aos poucos a desilusão pela política e não por ele, estampada em seus rostos. Um sintoma bem conhecido e normal de quem não conhece a política como ciência e age de forma terceirizada por alguém de muita má fé e com múltiplos interesses.

Como continuidade desse processo, que serve ao império, é muito mais inteligente apostar no extermínio de parte da população, de forma romântica, afirmando que é tudo em nome do desenvolvimento e combate à corrupção, do que isso ocorrer de acordo com as velhas formas, como a luta armada, que nos dias atuais seria lutar contra o exército, armados de estilingue e assim seria muito fácil se chegar aos 30 mil mortos falados em campanha.

Para que tudo seja consumado de acordo com os ritos do sistema, tudo já foi cuidadosamente encaminhado, sem se esquecer de nenhum detalhe.

Primeiro se libera todos os venenos proibidos em vários países e com isso teremos muito mais doenças e muito mais gente indo para o andar de cima mais cedo. A seguir, arma-se a polícia do sistema e com total liberação para matar quem “peitar” o Estado. Logo depois precariza-se a saúde publica em detrimento da privada e por fim liberam-se as armas para que a população decida suas desavenças como nos filmes do Velho Oeste americano. Com tudo isso o cenário de guerra e de guerrilha está pronto, porém sem ser notado.

Vejam que fui generoso e nem pus nessa conta, os mais de 60 mil mortos por ano, onde a maioria é negra, jovem e das periferias, uma mulher assassinada a cada hora e meia por machistas de plantão, remédios essenciais em falta, etc.

Como educador da área de Gestão Pública e Social, muita gente tem me perguntado o que fazer diante de um cenário como esse. Tenho respondido de forma tranquila e com base nas experiências de vida, que primeiro se faz necessário que o povo oprimido e agora desprestigiado como trabalhador, reaja para que não se perca tudo de uma só vez, segundo que só se muda a realidade de um povo com duas palavras que terão que virar ação: Formação e Organização. É preciso organizar de forma planejada quem sofre e formar para que entendam o debate e a disputa ideológica que está em curso no país. 

Continuo um militante de uma causa, saudosista com visão da atualidade e foco no futuro. Sou do tempo da poesia, dos saraus noturnos, das brincadeiras de pipas, de pião e de tantas outras que se perderam para o mundo tecnológico. Tempo que se acreditava que o Brasil era um país solidário com todos e todas. Nessa época o ódio só era visto em casos pontuais e hoje está presente a todo instante, puxados pela direita radical e pela ultra direita fascista com seus seguidores, apontando seus dedos e suas armas para a esquerda mundial e quem se dispuser a defender os Direitos Humanos e as Causas Sociais.  

Porém, apesar de tudo, nem tudo está perdido, até porque o trem da história no meu entender, apenas fez uma curva acentuada à direita e pode estar enroscado momentaneamente nos trilhos da vida, mas a história é dinâmica e amanhã será escrita e reescrita pelas mãos de quem acredita que lutar por uma causa nobre pode valer até a própria vida, caso seja necessário. Acredite! Vamos virar esse jogo!

Assim, venha conosco e de mãos dadas vamos ao futuro!

Antonio Lopes Cordeiro
Estatístico e Pesquisador em Gestão Pública


quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019

Uma caixinha chamada utopia



Com uma grande contribuição de Paulo Freire, aprendi desde cedo que a utopia nos move em direção dos nossos sonhos e desejos de viver bem. Pode até ser um viver do faz-de-conta, mas o importante é sabermos que a utopia cabe perfeitamente em qualquer tipo de sonho e também em qualquer tipo de coração, até naqueles que parecem ser de pedra, desde que seja algo que faça nosso corpo estremecer e nossa alma pedir para que a vida seja longa, só pelo prazer de por ela lutar.

Porém, como tentar explicar a utopia de forma simples e sem a necessidade de um conceito mais acabado ou recorrer à filosofia para possíveis explicações que unam a realidade presente a um impossível ideal futuro?

Do ponto de vista popular, utopia poderá ser interpretada como algo abstrato, longe de ser realizado e com referência mais no campo pessoal do que no coletivo. A partir dessa premissa, utopia perpassa o campo dos sonhos possíveis e se envereda no campo das fantasias. Daquelas que imaginamos nas noites e nos dias que estamos em busca do êxtase para viver.

Do ponto de vista etimológico, utopia vem do grego "ou+topos" e se refere a “não lugar”. Algo que não existe do ponto de vista real, só no imaginário.

Para o filósofo Michel Foucault, buscando uma possível caracterização, utopia seria um ideal de sociedade futura. Algo irreal a partir de um pensamento real.

Para Mateus Bunde do site Todo Estudo (www.todoestudo.com.br/historia/utopia), "a utopia pode ser referida, sim, como algo irreal. No entanto, ela parte muito mais do princípio hipotético do ideal, do que propriamente do irreal". Caso não se acreditasse ser possível acontecer, ninguém lutaria por algo inexistente ou surreal. Nem que seja nas ilusões ou a partir das crenças, a utopia ganha vida todos os dias pelo mundo afora.

Ao buscar uma forma de afirmar esse pensamento, me deparo com o amor verdadeiro, duradouro e perfeitamente correspondido. Ele existe? Para milhares de pessoas isso não passa de algo utópico e totalmente inexistente ou temporariamente existente. Nessa mesma linha o que pensar de uma sociedade justa, fraterna e igual para todos e todas? Duas formas de exercitar a utopia. Um na busca do amar a dois por identidade e na outra da construção de uma utópica sociedade ideal. Algo tão simples e tão complexo ao mesmo tempo, que nem o tempo foi capaz de ajustar.

Porém, o que nos chama a atenção, é que apesar das duas formas utópicas de convivência humana, para um grande setor da humanidade, há quem busque a vida toda, tanto por um grande amor que emudeça quem o vive, como pelas mudanças efetivas da sociedade, que acabe com a desigualdade e se torne numa vida justamente humana. Isso não é incrível?

A partir dessa leitura da vida, o que move a utopia? O que nos faz transferir sentimentos e emoções para um futuro incerto, se não for à esperança de que o que é utópico hoje possa ser real amanhã? Nesse ritmo precisamos de uma boa dose de utopia misturada com uma alta dose de fantasia. Utopia e fantasia juntas pode-nos levar ao Olimpo, mesmo numa manhã onde o sol tem preguiça de sair para dar o ar da graça ou que as angústias da vida tentam roubar nossos sonhos.

Em particular, minha utopia vai em direção ao sol, invade mentes e corações e chega para contemplar um belo arco-íris depois de uma tremenda tempestade. Nela quero brincar de faz de conta. Quero a luz da manhã como guia. Quero voltar à beira mar, andar descalço pelas areias meio sem direção e se o tempo colaborar ir por trás daquele monte ver o por do sol.

Não quero fadas e nem duendes no meu caminho tentando me iludir. Quero um ser de verdade, com muita luz, que cante, chore, abrace e beije em dias de todas as luas e que me diga bem baixinho que quer ir comigo ver o por do sol.

Guardo na minha caixinha chamada utopia, sonhos inacabados, rostos da multidão, passos rumo ao infinito, lindas paisagens vistas em sonhos e uma vontade imensa de ser um beija-flor para contemplar aquela teimosa flor que se esconde no meio daquele jardim.

Sonho ainda com as fantasias que me levem ao encontro daquela estrela que insiste em andar sozinha pela imensidão do universo. Quer algo mais utópico que isso?

Utopio-me para viver. Utopia para seguir estrada afora e até utópico posso continuar a ser, mas jamais será distante da minha esperança de chegar próximo ao lúmen das estrelas.

Antonio Lopes Cordeiro
Estatístico e Pesquisador em Gestão Pública Social

sábado, 2 de fevereiro de 2019

Vida - Construção e Reconstrução


Imagem: Picasso - Desconstrução e Reconstrução da Obra de Arte
Disponível em: http://impressionartetavira.bl ogspot.com/2013/04/picasso-desconstrucao-e-reconstrucao-da.html

Tenho me valido da subjeção como uma trilha a seguir e a busca do imprevisível como desafio constante. É assim que estou lidando com a escrita e com a vida. Li algo que me inspirou para essa conversa de hoje: “Gosto de borboletas. Fazem-me lembrar de que na vida tudo se transforma. Sempre!”.

Minha intenção nesse texto é a de me deixar levar ao ponto central da existência humana, que é a construção da vida e do ato de viver, com todos seus ingredientes e as possibilidades de construção e reconstrução quando sentimos necessidade de profundas mudanças. Creio serem essas mudanças necessárias e a reconstrução da vida que nos põe no rumo da felicidade.  

De forma pretensiosa, quem sabe possa lhe convidar a vir comigo a essa viagem ao interior das nossas essências e das nossas imaginações.

Construindo um roteiro mental para esse post, fui deitar saboreando a sensação do que ainda virá, pois acredito que o melhor ainda está por vir e acabei sonhando que estava num lindo campo verde e correndo de forma despretensiosa, só pelo prazer de correr, exatamente como fazia nos meus tempos de criança e por conta disso acordei com uma vontade imensa de brincar de pipa. Coisa que sempre me deu muito prazer. Não sozinho, pois não tem a menor graça, mas de brincar a dois, com todas as molecagens que o ato de pipar nos propõe.

O que é pipar em sua dimensão? Pipar é juntar a vontade de voltar a ser criança novamente sem regras alguma, com o desafio de vencer o ar e nos aproximar da linha do horizonte. Uma gostosa viagem ao infinito da nossa existência, onde a descoberta da vida começa logo ali. Porém só se pipa com alguém que esteja a fim, que entre na brincadeira e sinta as mesmas emoções. Do contrário é melhor nem começar.

Pipar pode ser também muito mais do que um gostoso passatempo, na medida em que exige de uma só vez, estratégias claras, propósitos definidos, concentração, equilíbrio, foco na tarefa, muito carinho, amor pela vida e aventura permanente ao desafiar o tempo, o vento e a vontade de voar mais alto.

Pipar pode ser ainda uma analogia perfeita para a busca do outro “eu” que reside dentro de nós. Quem és tu? Quem sou eu? Quem somos nós? Eternas perguntas que talvez levemos a vida toda e podemos partir sem ao menos saber.

A busca da nossa outra parte, que revela nossas personalidades, é um exercício continuo pelo autoconhecimento e também a possibilidade de reconstrução a partir dos vários encontros com o destino ou acaso que a vida nos propõe. Por onde buscar?

Busco-me nas poesias dos poetas e das poetisas que nem conheço, ou nas músicas que me levam a viajar no tempo. Busco-me naqueles versos que uma fada madrinha por descuido me mandou. Busco-me nos dias de sol, na chuva fina que cai sobre a cidade fria e nas noites estreladas que às vezes vemos por uma fresta mágica que o tempo criou.

Busco-me na certeza do que farei hoje e nos sonhos que tenho para o amanhã ou ainda naquela luz que surgiu quando tudo parecia escuridão. Busco-me no olhar de alguém que me convide ao infinito ou mesmo nas duvidas que surjam nas encruzilhadas da vida. Busco-me na alegria de viver, na certeza de que nada está pronto e na convicção que tudo pode ser criado e recriado.

Busco-me ainda nas noites bem dormidas e nos sonhos que virão ou naqueles que sonhei a vida toda. Busco-me por fim nos atos impensados, na rebeldia contra o sistema, no anarquismo de peitar toda forma de poder que a nada leva e na busca do amor incondicional pela humanidade.

Não me dou como pronto. Vivo sempre em construção. Faço-me e refaço-me quantas vezes forem necessárias para que eu sempre seja melhor hoje do que fui ontem. Não sou assim e nem sou assado. Não sou isso e muito menos aquilo. Sou apenas eu e a luz da vida em busca do meu ponto de equilíbrio.

Crio-me e me recrio cada vez que descobrir que nada sei ou que nada sou. Construo-me e me reconstruo todas as vezes que minha alma solicitar que minhas sensações sejam mais leves, que minhas emoções me levem ao êxtase e minha vontade de viver aumente ao encontrar pessoas que me façam voltar a sonhar.

Caso você também seja uma pessoa incompleta como eu e esteja em busca de seu outro lado que a vida ainda não revelou, saiba que ele pode estar lhe aguardando na sombra de uma árvore em dias de muito sol, nas fantasias objetos de sua imaginação ou no encontro do par perfeito para pipar e se assim for, siga sua intuição e pipe...

Quero terminar lhe fazendo um convite. Escrevi esse texto ouvindo uma sinfonia e quem sabe ela possa também lhe inspirar em busca do que ainda não encontrou.
Chopin - https://www.youtube.com/watch?v=EFJ7kDva7JE

Quero de levinho conquistar minha essência para poder conquistar o mundo.

 Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social

domingo, 20 de janeiro de 2019

A incógnita e o porvir

Prezadxs Amigxs

Notadamente, vivenciamos um cenário de incertezas no tocante ao projeto de sociedade em constante ebulição, bem como o horizonte que almejamos chegar. Sendo assim, torna- se pertinente trazer à tona alguns elementos balizadores deste mencionado contexto.

Conforme aponta Rubem Alves, a política é a arte de saber cuidar do jardim da coletividade. O aspecto mais evidente de disputa é justamente o do campo subjetivo, líquido, ou seja, o mundo das ideias. Todavia, setores ultra neoliberais, demonstraram que a disputa  do concreto, do real, não lograria êxito, desse modo, inclinou-se para o viés da disputa "ideológica simplória", trazendo como centralidade do seu debate a agenda do conservadorismo moralista, com viés fascista como instrumento  balizar do cotidiano dos indivíduos, adotando estratégias de comunicabilidade "fakes news" que traduzindo significa " notícias falsas", a fim de induzir a população a acreditar em inverdades, com o nítido intento de ludibriar a opinião pública.

Destarte, havia um clima de tensões e temeridade que necessitava explicitar para a sociedade brasileira o que estava em voga e que conquistas históricas a duras penas, com muito sangue e suor como foi a Democracia e o Estado de Direito estavam sendo ameaçadas, atacadas. Uma vez, que o Brasil chegou ao patamar de pleno emprego, de retirada de aproximadamente 40 milhões da extrema pobreza, que oportunizou Universidade para mais de 4 milhões de pessoas, que fez chegar até os longínquos rincões mais de 11mil médicos pelo relevante Programa Mais Médico, a construção de milhares de moradias do importante Programa Minha Casa, Minha Vida, da extraordinária descoberta do Pré-sal com destinação de 25% para a saúde e 75% para a educação, do seguro safra que beneficiou milhares trabalhadores e trabalhadoras do campo com inclusão sócio produtiva, dentre as demais políticas públicas sociais ao longo desses últimos 14 anos de Governos Democráticos, estava sendo posto em xeque de modo que aqueles que mais precisam estariam sendo cruelmente penalizados.

Por fim, diante deste mencionado contexto, cabe uma reflexão franca e aberta do campo progressista brasileiro que possa enxergar os equívocos políticos cometidos por setores e, a partir disto, repactuar com a sociedade um diálogo e uma ausculta sensível e efetiva de forma que possa defender uma nova construção de um projeto democrático e popular, tendo como sustentação política , os direitos sociais dos trabalhadorxs, e do povo pobre brasileiro, sendo a resistência,  a luta e a resiliência o nosso porvir esperançoso.

Jivaldo Oliveira
Pedagogo(UNEB)
Prof. Rede Pública/Serrinha

quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

Carta ao Infinito azul da imensidão

Foto: http://oficinadetextosescreviver.blogspot.com/2018/07/viajei-so-longe-fui-oswaldo-u-lopes.html

Lindo infinito do azul do céu e do mar, qual sua dimensão? Caibo eu e meus sonhos inacabados dentro dessa bolha que chamamos de tempo? Por onde anda a luz para me guiar? O que vejo são imagens verdadeiras, ou apenas vultos, fruto da minha imaginação?

Velejar ou voar rumo ao infinito de nossas existências pode representar uma viagem segura ou o lamento de encontros e desencontros. Sabemos que nada na vida é definitivo ou tampouco o que nos deparamos seja a resposta do que procuramos, mas, nem por isso deixamos de voar ou velejar. Em muitos casos dependemos do vento para nos deslocar, como se fôssemos pipas, que ora voam felizes ao sabor do vento e ora se desgovernam com os fortes ventos em suas direções. Caso o vento esteja a favor, por certo chegaremos mais perto do paraíso.

Caro infinito, saiba que queria, nem que fosse por um instante, poder conquistar numa noite estrelada uma estrela bela, só pelo prazer de apreciá-la e receber a sua luz. Algo que unisse o prazer de estar com o que imaginamos ser um sonho, ou, ainda, por pura pretensão, caminhar rumo ao futuro tendo seu brilho como guia, onde ambas as situações pudessem emoldurar minha imaginação.

Queria eu não ter que passar pelos dissabores da ausência de luz, dos medos do que se esconde por trás dos arvoredos, dos gigantes adormecidos ou dos pesadelos que nos assombram. Queria na verdade ter a confiança da cumplicidade de algum ser, para não ter o desprazer de ouvir uma voz dizendo que nada sou e que nada serei. Sei que sou e sei também que serei e quem sabe sou hoje o resultado da minha segurança de ser.

Se finita é a dimensão da vida, mostra-me como chegar ao infinito de um sonho de verão, onde, além das andorinhas voando em círculos, uma voz chegue de mansinho e me diga que não estou sozinho nessa caminhada rumo ao futuro. Quem sabe essa voz não seja daquela estrela que se desgarrou da constelação e também busca aconchego?

Caro infinito, o que busco na vida? Ser um bom dia para alguém. Ser luz em sua caminhada. Ser imaginação viva. Ser carinho em abundância. Ser amor e ser amar. Ser o que alguém procura para se iluminar. Quem sabe possa até ser meia luz, apenas para provar que vivo estou e vivo serei ao compartilhar meus sonhos e desejos com quem conseguir entender minha linguagem.

Que eu me torne um ponto de luz, onde alguém ao me encontrar nesse imenso azul do infinito possa reavivar minha chama e eu possa me tornar uma luz tão intensa que nunca me perca na escuridão ou ainda que nunca seja  invisível.

Que o céu e o mar possam ser a inspiração que falta para eu também virar uma estrela.

Antonio Lopes Cordeiro
Estatístico e Pesquisador em Gestão Pública Social

terça-feira, 8 de janeiro de 2019

TAMBÉM MORRE QUEM ATIRA. HEY JOE!


A música escrita por Billy Roberts expressa o futuro anunciado pelo Jornal O Tempo na região metropolitana de beagá e em todo país não está sendo diferente.

Uma sociedade violenta, autoritária e intolerante que só consegue ver o amor dentro de suas casas, de suas igrejas e dos seus iguais. Odeiam a diversidade, as diferenças e os diferentes.

São covardes porque lutam apenas para a própria felicidade quando esquecem que a sociedade é muito maior do que o seu ego.

Não quero morrer e nem mesmo quero atirar. O país não encontrará a paz tendo o próprio brasileiro como inimigo.

O Bolsonaro não precisa da minha torcida contra, ele persegue a minha linha de pensamento e a minha realidade humana todos os dias.

Ele luta contra a minha existência e de quem amo nos discursos, nas medidas provisórias e na escolha dos seus ministros que balança do fanatismo aos militares e políticos indiciados por Corrupção.

Leonardo Koury

domingo, 6 de janeiro de 2019

Conta que eu te conto um conto...

Há quem diga que um conto pode ser descrito como um relato intencionalmente falso e enganoso, porém, há quem afirme que um conto narra uma determinada situação de forma a envolver seus personagens e, principalmente quem se propõe a ler. Quem conta um conto fortalece o intelecto de quem ouve e pode até modificar vidas, sem falar que cada um de nós tem um conto para contar!

Caso esteja lendo esse post, e tivesse que escolher uma passagem da sua vida para dar destaque em forma de um conto, qual você escolheria?

Eu por certo escolheria a conversa mágica que tive com uma figura humana chamada Paulo Freire, composta pela metáfora do carrossel, transformada em projeto e colocado em prática vinte anos depois.

Porém, o objetivo aqui não é contar um conto, mas construir um enredo subjetivo onde quem ler se sinta dentro do cenário descrito e quem sabe possa também contribuir para possíveis contos sobre as mais diversas formas de se mostrar para a vida. Minha contribuição nesse sentido acontece em forma de uma viagem imaginária pelo universo das nossas existências.

Ao fechar os olhos e buscar enxergar a vida, me vem à mente à figura de uma carruagem seguindo numa estrada estreita arborizada e tendo o tempo como seu condutor, conduzindo-a de forma paciente e com total controle da situação. Dentro dela eu e meus pensamentos, onde passado e presente ora dialogam e ora se enfrentam. Ora caminham de mãos dadas e ora se digladiam. Tudo isso mirando o futuro e, no meu entendimento, o futuro é uma caixinha mágica que não temos acesso.

Nessa metáfora, podemos imaginar que a carruagem passará por diversos vilarejos até o fim da viagem e cada um deles podendo representar cada ano de nossas vidas e tudo o que os compõem. A missão é abstrair o melhor que cada um desses vilarejos possa vir a nos oferecer e, também torcer para que estejamos sempre atentos para sentir ao chegar a cada um deles uma suave brisa que vem nos dar boas vindas.

Quem sabe possamos nos deparar com água cristalina, banho de cachoeira, cheiro de mato molhado e pessoas que também estão em busca de dias melhores, de novos amores e de um bom papo que possa resultar em amizades sinceras e quem sabe até possamos avistar um arco-íris que se forma com a evaporação da água da cachoeira.

Nessa viagem pelo interior de nossas vidas tem hora de sinfonia, de poesia, do sereno da noite, de lua e estrelas e também tantas outras de musicas desafinadas e estranhos sons que insistem em incomodar nossos ouvidos. Um conjunto completo de ações, reações, sentimentos, dores, prazeres e a experiência que fica de cada vilarejo que passamos e a vontade de que no próximo estejamos mais preparados para aproveitá-lo com toda intensidade.

Uma coisa é certa. A estrada da vida nunca é uma linha reta! Sábios são os que conseguem aproveitar o melhor da viagem, mesmo com os solavancos da carruagem ao deslizar por caminhos tortuosos.

Há algo também a se pensar!
A vida nem sempre se apresenta como uma bela carruagem deslizando por uma estrada singular. Há momentos que pode representar um enorme precipício a ser atravessado, onde a possibilidade de cair se torna eminente e só uma mão amiga e às vezes invisível para nos amparar. Porém diante de qualquer precipício o mais importante é ter a disposição de seguir em frente, buscando superar os diversos obstáculos que se puserem no caminho, sem a preocupação e a necessidade de determinar o que é certo e que venha a ser errado. Viver é ter a ousadia de ser feliz.

Que eu, você e nós, possamos nos distrair com prazer na viagem de nossas existências, e que tenhamos a calma suficiente para enxergarmos o melhor que cada vilarejo tem a nos oferecer.

“Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento”. (Clarice Lispector)


Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social

domingo, 30 de dezembro de 2018

O que sou e o que ainda poderei ser...


Quero iniciar esse último texto do ano afirmando como é difícil para uma pessoa que foi forjada a partir de uma causa coletiva, usar a primeira pessoa do verbo em qualquer situação. Não sou sozinho. Sou porque nós somos. Essa é uma das filosofias do UBUNTU. Uma filosofia africana que nutre o conceito de humanidade em sua essência. Humanidade para com os outros.

Fiz questão de terminar um ano tão complexo com um texto simples e subjetivo, que do ponto de vista pessoal, seu conteúdo faça companhia a minha alma e caminhe na direção de fortalecer a minha essência. Algo que reafirme o que sou na atualidade e o que ainda poderei ser, porém com o desejo que sirva também de inspiração para alguém que como eu, procura fazer com que o amanhã não seja uma fantasia e sim um sonho possível.

Você já sentiu saudade do seu tempo de criança? Das brincadeiras tolas que nos faziam passar o tempo com prazer? Pois é. Hoje amanheci com uma vontade imensa de voltar aos meus tempos de criança, de tomar banho de rio e de descansar na sombra de um pé de trapiá que tinha no sítio onde nasci, bem em frente da casa dos meus avós maternos, onde toda família se reunia.

Sempre quando me enveredo pelo campo da introspecção penso no fato de que somos seres inacabados e em eterna construção e cada pessoa que passa pelas nossas vidas, seja como for, tem um papel a desempenhar sendo ou não o que esperávamos e tem aquelas que serão e ficarão para sempre.

No meio dessa viagem ao centro da existência, vale lembrar que o ano de 2018 tinha tudo para matar nossos sonhos e para nos fazer desacreditar da humanidade, tamanho o descompasso em termos de relações humanas, como também a intensão era nos fazer acreditar que o beco daquela rua tão estreita por onde passávamos não tinha saída. Pura ilusão deles. Estamos mais vivos que nunca.

Para os sonhadores e sonhadoras, existe uma luz no fim do túnel chamada esperança, que jamais deixará morrer o que nutre alguém que veio ao mundo para construir sua história a várias mãos e é ela que nos faz sempre acreditar e jamais desistir do que sonhamos. Se não dá para ir só iremos juntos e de mãos dadas.

No processo de construção do ato de viver, passado e presente disputam nossos futuros, através dos pensamentos cotidianos, do que fomos capazes de produzir na vida e o que até por descuido deixamos de fazer. Todo esse processo vai delineando os traços das nossas vidas. Enquanto os princípios e valores vão reafirmando nossas personalidades, nos aproximando ou distanciando de pessoas que pensam como nós ou se confundem com o espectro do sistema e a partir daí várias dúvidas nos vêm à cabeça.

Será que nos transformamos em máquinas presas ao tempo? Ou ainda em objetos de nossas vaidades? Como atravessar um rio sem saber nadar? E ao atravessar o que buscamos do outro lado? Quem estará nos esperando? Enfim, podemos levar a vida inteira sem nenhuma resposta a essas e outras perguntas.

Erros e acertos se confundem em nossas mentes e traçam em nossa viagem de vida uma batalha pelo resultado final. Coisas mal resolvidas nos cobram definições, novas situações nos mostram novos caminhos e assim a vida vai passando. Um dia após o outro nos levando ao final das nossas missões.

Com tudo isso aprendi algo primordial. O que importa mesmo é não termos medo e nem vergonha de olharmos para trás. O que foi feito de certo ou errado ficará para a história e julgamentos futuros, sempre lembrando que a vida nos vai dando sinal que ainda podemos escrever e reescrever novos capítulos da nossa história que pretendemos deixar para o futuro. Para isso se faz necessário: aprender, crescer e mudar.

Incomodo-me quando alguém, por alguma razão, tenta me definir sem saber a minha impressão sobre o que estou sendo definido, ou ainda o porquê de tal situação, primeiro porque o mundo gira e o que é hoje pode não ser amanhã e segundo pelo fato de nem eu mesmo, em determinados momentos saber com exatidão quem eu sou.

Quem sabe eu não seja o resultado das minhas certezas e contradições durante a vida, ou ainda a projeção do que ainda serei. Porém, de uma coisa eu tenho certeza, sou alguém com muito mais emoção que razão e isso me faz rir, chorar, viajar nas emoções, mas, sobretudo me faz amar a vida e incondicionalmente amar as pessoas com quem eu convivo.

A partir dessa leitura e usando a filosofia do UBUNTU, sou o que formos construindo. Sou o que determinarmos a ser. Sou eu e sou você e caso você que lê seja igual a mim, em dias nublados passo eles em pura reflexão.

Aprendi que o universo conspira de acordo com nossos pensamentos e às vezes nos encontramos afogados no que achamos ser problemas, porém quando imaginamos que tudo está acabado e não tem mais remédio, eis que surge uma divindade e nos diz: “Calma o melhor ainda está por vir...”. É nisso que acredito e quem sabe possamos nos deparar com os tesouros da vida.

Ouvi certa vez que todos os tesouros das nossas vidas tem que ser preservados, pois tesouros não se jogam ao mar...

Que em 2019 cada pessoa que irá ler esse texto possa encontrar a melhor formar de amar e de vivenciar todos os sonhos que ainda virão.

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Pública e Social

sábado, 29 de dezembro de 2018

O que aprender com 2018...

Adeus ano velho! Feliz Ano Novo!?

Com essas frases a maioria das pessoas comemora a virada do ano. Culpam o ano que está terminando pelos fracassos pessoais e fazem jura de amor ao ano que se inicia, porém sem o cuidado suficiente para se avaliar qual foi o papel de cada um e de cada uma na história do ano que se finda e qual será o papel a desempenhar no ano novo. É como se tudo estivesse no automático.

Do ponto de vista político-econômico-social o ano de 2018 não deixará saudades, muito ao contrário e com muito pouco a se comemorar, a não ser o fato de estarmos vivos e contando a nossa versão da história. Isso nos remete à esperança de continuarmos firmes na luta pela sobrevivência e na resistência a todas as formas de agressão aos direitos conquistados de milhares de pessoas ao longo de suas existências e a tantos absurdos defendidos pelo presidente eleito e sua equipe de trabalho. Algo que beira ao surreal.

Um ano para ser esquecido, ou melhor, um ano para se aprender com ele. Quem sabe o ano de 2018 deva ter começado em 1989, com o Consenso de Washington, que visava à implantação do neoliberalismo na American Latina e no Caribe, processo interrompido por Lula e Dilma e retomado por Temer, ou em 2012 com o Plano Atlanta que visava e visa uma intervenção neoliberal na América Latina e que resultou no impeachment de Lugo e de Dilma, além da eleição vitoriosa de algumas figuras de direita e de ultra direita, como é o caso do eleito no Brasil, ou ainda que esse ano deva ter iniciado suas atividades em 2013, com aquelas manifestações que resultaram no ódio implacável à democracia e a tudo que é social, além do PT e seus dirigentes e que perdura até os dias de hoje.

Em regras gerais, um ano em que a Casa-Grande termina em festa por tudo que conquistou e a Senzala Brasil não consegue dormir, pois está cercada pelos abutres do sistema que disputam com velhas hienas do poder as sobras do sinistro banquete eleitoral.

Por outro lado existe um provérbio português que diz: “Não há bem que sempre dure, nem mal que nunca se acabe”. Essa farra fascista um dia acaba e enquanto isso não ocorrer, vamos caminhando de mãos dadas rumo ao que acreditamos e enfrentando o que tivemos que enfrentar.

O governo que se inicia tem como princípios o ódio, o preconceito, a intolerância e a violência. Isso fere os preceitos democráticos e transforma em inimigos quem luta por direitos, por liberdade e pela democracia direta. A principal proposta do novo governo é agir para sequestrar da democracia a soberania popular.

O que mais impressiona e assusta é o fato do novo presidente ter sido eleito falando o que realmente pensa o que nos dá a entender que seus seguidores e uma grande parte de eleitores e eleitoras pensam exatamente como ele e transferem a materialização de seus pensamentos a uma espécie de justiceiro nacional de plantão. Algo tão sinistro que só de pensar dói na alma, pois é a sorte e a vida de milhares de pessoas que estará em jogo.

Quem em sã consciência apoia alguém que enaltece a tortura, que defende tomar as terras dos índios e quilombolas, que defende a ideia que armando a população ela estará segura, que defende uma escola que não pode pensar e tantas outras ideias fascistas e consegue dormir em paz? Quem concorda e apoia coisas absurdas como essas, além de pensar como o Tal, jamais entenderá o que pensamos e defendemos. Estamos em lados opostos.

Caso o tal capitão eleito execute um terço das maldades e aberrações que vociferou na campanha, além do extermínio humano, o prejuízo ao processo democrático e a todas as conquistas obtidas com muita luta ao longo de um século será devastador e levará décadas para se recompor.

Para ilustrar as aberrações do eleito, trazer alguém de Israel para importar um modelo de um plano de dessalinização, tendo a Embrapa desenvolvido essa técnica há anos e implantado em vários estados, só pode ser uma piada de mau gosto ou alguém que considera o povo brasileiro burro e mal informado. A escolha de Israel tem outra conotação de ordem fundamentalista-política-ideológica.

O ano de 2018 nos fez aprendermos algumas coisas. Uma delas é que a luta pela soberania popular há de ser contínua, outra que nunca chegamos ao poder com os governos e sim a apenas uma instância de poder, pois como bem dizia Marx, no capitalismo quem determina é o econômico e a coisa mais importante de todas, que quem dorme com os dois olhos fechados diante do sistema não consegue enxergar suas engrenagens se recomporem e avançar. Quem não entendeu, que tal assistir Matrix?    

O que esperar de 2019 com esse cenário descrito? Contarmos com a saúde física e mental, além de nossa disposição para enfrentarmos o que for necessário. Além disso, contarmos também com os sonhos e a utopia que nos permite sempre acreditar ser possível a construção de uma sociedade justa, fraterna e igualitária para todos e todas.

Que o ano que se aproxima nos encha de esperanças e que renove nossas forças para caminharmos de mãos dadas rumo ao futuro.

Um Feliz 2019 para todos os sonhadores e para todas as sonhadoras que sonham com um mundo melhor.
Antonio Lopes Cordeiro
Estatístico e Pesquisador em Gestão Pública e Social

quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

Um encontro marcado com a verdade...

Imagem: https://acasadevidro.com/2018/03/14/eu-sou-porque-nos-somos-ubuntu-por-tutu/

O que é a verdade? De qual verdade estamos falando? Existe verdade absoluta para cada situação?

Inicio buscando legitimidade para afirmar que uma das maiores verdades é a de que não existe verdade absoluta para nenhuma situação. O que existe é a verdade de cada um de nós, a partir de um sistema de valores recheado de interpretações, crenças, princípios e posições ideológicas.

Em várias situações do nosso cotidiano, a verdade que defendemos poderá caminhar no sentido oposto ao pensamento e prática de diversas pessoas e diversos setores da sociedade. Algo comum num processo democrático, mas surreal diante do fascismo, que é algo novo para todos nós. Como por numa mesma Cesta as verdades da Casa-Grande e da Senzala? Puro pragmatismo fundado em linhas de pensamentos sobre o ato de viver e nossas escolhas em termos existenciais e de futuro.

Do ponto de vista político não dá para negar o que estamos vivenciando na atualidade e suas diversas verdades. O golpe contra a Presidenta Dilma, a prisão de Lula e o resultado eleitoral das últimas eleições, que estão no mesmo pacote, além de representar a falência total do sistema judiciário brasileiro, que se encontra amordaçado, a velha forma de fazer política com base apenas no econômico e nos acordos por resultados, levarão o país por certo de volta ao século XIX, tamanho é o retrocesso defendido pelo presidente eleito e sua desastrosa equipe neoliberal. Nesse sentido existem pelo menos duas grandes verdades em curso, a partir de janeiro.

A primeira delas a ser defendida pela figura sinistra vitoriosa nas eleições será convencer a classe trabalhadora e demais segmentos pobres que votaram nele, que voltar ao século XIX, em termos de direitos civis, eficiência do Estado e conquistas trabalhistas e sociais será uma grande ideia para que o país volte a crescer economicamente com equidade e se desenvolva com justiça social.

A segunda será o desafio dos campos progressistas e de esquerda, para convencer a população que o caminho neofascista em curso é o mesmo que matou seis milhões de judeus, além de expor o Brasil à submissão americana e ao FMI mais uma vez. Duas verdades de cunho político-ideológico que a população nem imagina existir.

Para entender o que está ocorrendo se faz necessário conhecer minimamente os códigos do poder. Que códigos são esses? É todo ideário que compõe as escolhas para definição de que sociedade temos e que sociedade queremos.

Vale salientar que o que está em jogo no Brasil a pedido do império americano é o domínio da Amazônia, o controle do petróleo e a privatização da água, além da destruição de todo sistema de proteção social e trabalhista.

Voltando ao tema principal do post, a Jornalista Laura Loyo, dentro do conceito de verdade, afirma que há um choque muito forte entre relativismo moral e dogmatismo para o entendimento do que seja a verdade.

Segundo Loyo, o relativismo moral faz com que a verdade seja algo vinculado à moral de determinado grupo. Como se fosse algo particular. Exatamente como as últimas eleições foram decididas. Uma visão moral estreita carregada de fundamentalismo religioso, maquiando e escondendo os verdadeiros problemas político-sociais e trazendo à pauta nacional um falso nacionalismo e falsos valores disfarçados de combate à corrupção.

Já o dogmatismo, que é a verdade em caráter absoluto, traz algo ainda mais complexo. Ao mesmo tempo em que se apresenta como algo indiscutível e indissolúvel, traz inúmeras contradições, como é o caso das religiões e seus dogmas, por exemplo. Para cada uma das variáveis religiosas uma forma de enxergar o mundo e o semelhante e como lidar com o dia a dia de nossos desencontros.

Desmistificar as diversas verdades exige principalmente conhecimento da situação em questão, análise do contexto cultural e no campo da política formação e conscientização, além da clareza para o entendimento de que causa se defende, o porquê dela, com quem se caminha e aonde se quer chegar. Algo que vai compondo a história de quem milita por uma causa e de quem contesta a serviço do império.

Uma coisa é certa. As verdades terão encontro marcado com o futuro, seja pela via da conscientização e participação ou pela via da ignorância política que consiste em só enxergar um lado da história. Bom mesmo é enxergar todos os lados e todas as propostas em curso e escolher por convicção aquela que mais se identifica com sua historia de vida.

Do ponto de vista pessoal, a verdade em que me situo, vem sendo esculpida ao longo da minha existência, através da luta pela utopia de construir uma nova sociedade a várias mãos, junto com quem sonha com o direito de igualdade, de plena liberdade de expressão e de uma nova forma de convivência: Justa, Fraterna e Igual para todos e todas. Isso é o que me move e o que move também milhares de pessoas em várias partes do planeta.

Finalizo com duas frases filosóficas do Ubuntu: “Sou o que sou, porque somos todos nós”. “Sou afetado quando um semelhante meu também é afetado”

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Pública e Social

sexta-feira, 16 de novembro de 2018

De que futuro estamos falando?


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A conjuntura atual não está para principiantes. Trata-se de uma situação das mais adversas e complexas possíveis, principalmente porque estamos assistindo o mundo desmoronar ao nosso lado e à nossa frente e pouco podendo fazer devido ao indivíduo eleito ter recebido um cheque em branco de seus eleitores e eleitoras para barbarizar à vontade e eliminar quem quiser e como quiser. Algo já com profundas sequelas e cicatrizes para o futuro.

A partir desse cenário e após escrever três textos sobre o inominável e não me sentir contemplado para divulgá-los, resolvi me enveredar mais uma vez pelos caminhos da introspecção em busca de inspiração e um roteiro que me agrade.

Por falar em introspecção, que tal falarmos do futuro, visto que hoje não conseguimos enxergá-lo com clareza? Como definir o que seja o futuro? Como definir o nosso futuro, visto não termos domínio algum sobre ele e vivermos mergulhados em escolhas e consequências? O futuro sempre é uma aposta?

Para algumas pessoas o futuro é o hoje, vivendo um dia de cada vez. Ouço muito isso. Para outras é o resultado de uma vida inteira composta por pequenos sonhos, fantasias e algumas decepções e a projeção dela com todos seus ingredientes, mas acho mesmo que o futuro seja algo que esteja logo ali passando a primeira esquina da vida e se nutre pela história de cada um e de cada uma de nós que vai se completando em nossos percursos. A meu ver o futuro é o hoje, repleto de desejos de novas conquistas e realizações aliado ao livre pensar pelo que possamos ser no amanhã.

Talvez seja por isso que o ato de pensar seja tão subversivo para ditadores e tiranos como o que acabou de solapar a democracia. Enquanto a alienação e a ignorância política anulam qualquer projeção de futuro, pois aprisionam as pessoas no presente com base em algum sentimento de egoísmo, ódio e fundamentalismos de toda ordem, o livre pensar, nos liberta e nos faz termos coragem de sermos sujeitos de nossas histórias e dos nossos futuros, a partir de uma causa que nos faça viver, sonhar e dedicar nossas vidas para ela.

Além disso, falar de futuro é bem complexo, pois de alguma forma já estamos nele, se nos reportarmos ao tempo que passou e por outro lado, nos imaginamos como seremos e como estaremos no amanhã, que será passado, presente e futuro ao mesmo tempo. Uma viagem à ilusão do que imaginamos ser, com a perspectiva de bons momentos vividos.

Li uma frase do Érico Veríssimo que faz todo sentido e que nos leva à reflexão, inclusive sobre o futuro: “Todos nós somos um mistério para os outros e para nós mesmos”. Algo que transcende a própria existência e que nos coloca na missão contínua da descoberta de quem somos e para que viemos.

Tenho a clara impressão de que a maioria do povo brasileiro está em crise. Que crises são essas? Algumas de valores e de comportamento, outras de ordem existencial e tantas outras com pessoas sem saber ao certo onde estão e para onde vão. É como se um embrutecimento coletivo tivesse se apoderado desse contingente de pessoas e por falta do que fazer se antropofagiam a partir do ódio que as nutrem, além de quererem devorar também quem os cercam e pensam diferente delas. De repente viraram militante do nada.

Infelizmente de alguma forma essas crises externas também nos afetam, na medida em que temos que fazer escolhas, a partir de nossas crenças e questões ideológicas e selecionarmos com quem queremos caminhar lado a lado rumo ao futuro e quem entregamos ao submundo da vida.

No último texto fiz referência e reverência ao tempo, com o texto: “Uma oração ao tempo que virá”. Pedi nele que o tempo, que é senhor da razão me leve ao topo de uma montanha, se necessário for, para que eu lá possa primeiro sentir a brisa do vento tocar o meu rosto e segundo enxergar a linha do horizonte e por conta disso acordar caso esteja dormindo para a vida e refletir rumo ao que sou e ao que ainda gostaria de ser, pois isso compõe a minha história de vida que deixarei no futuro.

Na verdade uma intensão de profunda reflexão, principalmente para que nunca fraqueje para a luta que se trava diante das injustiças, da supressão à liberdade e dos direito à cidadania, que as aves de rapina querem levar.

Ontem à noite sonhei que o morro descia e tomava o asfalto em busca do direito de viver. Via homens e mulheres de mãos dadas lutando por dignidade e conquistando a liberdade. Antes de acordar eu me juntava ao grupo e caminhava junto com todos e com todas rumo ao futuro.

O Futuro é uma poesia em construção, onde o enredo fala de amor, de fraternidade e principalmente da paixão ao ato de viver.
A.   L. Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Pública e Social