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domingo, 12 de julho de 2020

O Amor existe ou é uma lenda da adolescência?


O amor jamais morre… | O Olhar de Kika Domingues
De vez enquanto me sinto jurássico ao falar de Amor como um sentimento que se nutre da pureza da relação, ou quem sabe o Amor da forma ingênua que penso sentir, nem mesmo exista. Faça parte apenas de uma lenda antiga que muita gente não conhece ou a esqueceu e trocou por novas formas de amar. Aí fico com a dúvida se estarei velho demais para ainda acreditar que o Amor exista ou se farei parte de uma vanguarda em extinção, que resiste e ainda guarda o sonho de amar e ser amado, depois de ciclos de vida onde isso parecia ser tão natural. Seja o que for o Amor de verdade pode até ser um mito, mas quem já o viveu ou ainda quer viver enxerga a vida a dois com outros olhos e disposição para viver. 

Fico pensando que quando conseguimos entender que o AMOR verdadeiro por outro ser, fica numa área restrita do coração, reservada de onde habita o amor que sentimos pela família e pelos amigos e amigas, por mais chegados que sejam, a vida a dois passa a ter outro significado, indo muito além do sexo como argumento ou das diversas formas de carinho e passa a ser uma busca constante de juntar as duas partes, pois nos misturamos com quem amamos, compartilhamos e oferecemos sempre o que a outra parte amaria ver, ouvir e viver, só para vê-la feliz. Construímos momentos só para gozamos juntos e pulamos de mãos dadas os obstáculos que a vida sempre nos põe frente a frente.

Ao entender isso, sentimos que mais vale aproveitarmos a vida juntos, nos diversos momentos que a vida oferece, do que estarmos nos bailes da vida dançando com o mundo só pelo nosso prazer, porque se assim for, só uma parte goza e se torna apenas a motivação de vida pelo prazer do momento.  

Viver a dois com AMOR é leveza na alma. É um pulsar em sintonia com as almas brincando de amanhã. É sentir vontade de ligar a qualquer hora do dia e da noite só para matar a saudade. É se por disponível para falar e escutar. É roubar um tempo do lazer e dos compromissos nas redes sociais, só para ficar juntos por prazer. É nunca deixar a outra parte à espera sem avisar. É mimar e dar Bom Dia e Boa Noite por prazer e por AMOR. É ter o cuidado de incluir a outra parte aonde achamos que ela se encaixa perfeitamente e vai se sentir feliz. É compartilhar e convidar ao que nos faz bem. É enfim um doce afago no tempo com o receio que a vida logo acabe. São coisas dos deuses em busca de Deus. É o universo conspirando para que duas almas voem juntas rumo ao infinito noite e dia.

Quem sabe esse roteiro expresse apenas uma prestação de contas com as minhas vidas passadas ou uma vontade de ser assim se vidas futuras eu tiver. Seja o que for é um processo de catarse permanente que sempre aviva a minha forma de ser, que vai de sobrevivente de uma sociedade embrutecida onde amar no velho estilo virou perca de tempo e fora de moda, passando por uma janela para o futuro onde enxergo o sol e com ele faço uma viagem até à tardinha onde contemplarei as estrelas em busca de alimento para a alma e de muito amor. 

Se AMAR dessa forma é ser anormal, anormal serei enquanto vida tiver e por ser assim, me dou ao direito de sempre desconfiar de quem se acha normal.

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social

sábado, 27 de junho de 2020

O que será e o que serei amanhã?

Anjos de luz | Gotas de Paz

Mais de cem dias de pandemia e em quarentena permanente são suficientes para darmos várias voltas ao mundo de nossas imaginações. Pegarmos carona nos sonhos alheios e brincarmos de roda nos círculos que a vida nos põe dentro. Momentos que vieram para modificar o ciclo natural das coisas e para nos preparar de que nada mais será como antes, porém com a grande oportunidade de nos reinventar, nos humanizar ou quem sabe nascermos novamente . Quem viver verá...

Nesses dias de isolamento brinquei de poeta, de escritor, de menino tolo e atrevido que acha que pode entrar em qualquer lugar e ser muito bem aceito, de construtor de sonhos e de ser uma fortaleza frente à solidão e o silêncio provocado que estão sempre presentes. Ofereci sempre o que meu coração tem de sobra e controlei a explosão emocional que invade minha alma em momentos de rejeição e quando me sinto sozinho diante do perigo.

Cantei por prazer, mimei quem me permitiu mimar, andei de um lado para outro em busca da minha luz. Fiz tratados com a vida, compus melodias, escrevi muitas vezes para ninguém ler e achei no meio do nada um feixe de luz que aponta para o amanhã. Quem sabe seja um daqueles anjos de luz que me vem nas sequências numéricas me avisar que mais dias, menos dias realizarei os meus sonhos e para que eu não desista nunca.

Procurando conviver de forma sadia com esse estado de coisas assustador e driblar as emoções e as dores, que às vezes transbordam em meu peito, me valho do tempo, das músicas que canto agora com violão e das que recebo quando alguém se lembra de mandar, das histórias que conto para meus personagens, do cuidar de forma dedicada das flores e plantas e da velha esperança de que o que eu tiver de merecimento que o destino me trouxe continuará comigo e tudo aquilo que veio numa ventania ao acaso, que o vento se encarregue de levar de volta para não atrapalhar o ato de pipar.

Ah vida quanto já me ensinaste. Quanto eu já vivi. Quantos banhos de chuva tomei apenas para brincar com o tempo. Quantas noites enluaradas brincando de rodas. Quantas estrelas já contei. Quanto brinquei com as sombras dos candeeiros. Quantos banhos de rio. Quantos risos nos embalos da vida e quanto choro em momentos de introspecção. Quanto já ganhei na vida e quanto ainda tenho para doar. Viver é a arte de juntar o que se espalhou com o tempo e ter o cuidado ao montar o quebra cabeças que o momento exige.

Ontem eu sonhei entrando num ambiente repleto de orquídeas e bromélias. Suaves mãos a lhe tocarem. Um toque d’água. Uma réstia de sol e uma borboleta pousando lentamente nas suaves flores nascidas com amor. De repente acordei e por um instante não sabia se estava sonhando ou era realidade. Seja o que for, enquanto as flores estiverem lá e em meu pensamento, novas borboletas poderão vir e as metamorfoses poderão ocorrer de forma natural. Só o tempo dirá...

Hoje parei em frente a um espelho no quarto vazio e perguntei para a minha imagem refletida: O que eu sou? Quem sou eu? Depois de um silencio eu mesmo respondi: Ainda não sei. Quem sabe um dia... Quem sabe uma noite... Quem sabe no café da manhã... 

Agradeço ao ontem que me trouxe ate aqui, ao hoje que me faz resistir e persistir e ao amanhã que é onde meus sonhos estão depositados. Por via das duvidas, estou saindo agora em plena madrugada em busca desses mimos que a vida nos oferece. Que eu tenha a felicidade de encontrar alguns deles entre o raiar do dia e o por do sol...

 Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social

sexta-feira, 26 de junho de 2020

Manifesto de Apoio: Letícia Florêncio, Prefeita de São João de Meriti

A imagem pode conter: 2 pessoas, pessoas sorrindo, close-up
Nós, moradores e moradoras de São João de Meriti e de outras cidades do Estado do Rio de Janeiro, na qualidade de lideranças comunitárias, lideranças sindicais, representantes de movimentos sociais, ativistas de direitos humanos, cidadãos e cidadãs, manifestamos publicamente o nosso apoio à pré-candidatura de Letícia Florêncio para o Executivo de São João de Meriti.

São João de Meriti sofre com muitas precariedades em sua infraestrutura e de políticas públicas. Ausência de participação popular, de transparência nas decisões e contas da gestão e a falta de investimentos nas políticas sociais universais são fatores decisivos para o agravamento dos problemas.  E nós, população, seguimos acompanhando cada gestão e sofrendo os impactos deixados pelos governos que se sucedem. Se quisermos ter um resultado diferente do que tem sido até agora, precisamos ter protagonismo numa grande ação de mudança na nossa cidade. Nesse sentido, devemos, podemos e queremos nos posicionar para que essa mudança aconteça agora nas próximas eleições municipais.

Para dar conta da mudança que precisamos fazer, escolhemos e acolhemos Letícia Florêncio como nossa pré-candidata, por conhecermos sua história de vida, de formação familiar, social e cultural, por seu compromisso com as lutas sociais por direitos, pela defesa da justiça e da democracia e no combate às desigualdades. Letícia é nascida e moradora de São João de Meriti, mulher, jovem e negra sempre atuou no enfrentamento à violência contra as mulheres, pelo protagonismo das juventudes, na defesa do meio ambiente e por educação inclusiva e de qualidade. 

Letícia é bióloga, pedagoga, coordena projeos de arte e cultura na ONG Casa da Cultura, participa dos conselhos municipais de saúde, educação e da mulher, milita em movimentos de defesa das mulheres, pela igualdade racial, por saneamento, por saúde e pelo meio ambiente, é da direção estadual e da municipal de São João de Meriti do Partido dos Trabalhadores, por onde saiu candidata à vereadora em 2016 e à Deputada Estadual em 2018.

A caminhada de Letícia, através das várias lutas sociais em São João de Meriti e na Baixada Fluminense e as suas duas candidaturas, lhe proporcionou grande conhecimento sobre os problemas das cidades em seus aspectos culturais, econômicos e sociais e o funcionamento da máquina administrativa, habilitando-a a exercer com qualidade e competência tal função pública.

Seu plano de governo será construído com participação popular e sua gestão será marcada pela criação e o fortalecimento de espaços e canais de diálogo e participação cidadã visando trazer os conflitos sociais e de interesses para o espaço público, ampliar as condições e oportunidades de exercício de uma cidadania ativa, aperfeiçoar as políticas públicas em todos os níveis e pensar os rumos de um desenvolvimento sustentável para o município articulado a um projeto de desenvolvimento inclusivo.

Apresentamos Letícia Florência, nossa Candidata à Prefeita em São João de Meriti e te convidamos a fazer parte do nosso time.

Assinam esse Manifesto
Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social

quarta-feira, 10 de junho de 2020

A PRESSA DA FOME


Venho tratar desta vez
De um assunto que incomoda
Desde o princípio de tudo
Antes da invenção da roda

É que todo e qualquer ser vivo
Precisa se alimentar
Pois ali está a força
Para a vida conservar

Mas nem todos têm acesso
Neste mundo desigual
Pois a ganância e avareza
Deixa o homem irracional

Lá pelos anos 90
Um ser de bom coração
Ao mundo denunciava
A fome em nossa nação

Betinho ficou conhecido
Pela “Ação da cidadania”
“Quem tem fome, tem pressa”
Ele sempre repetia

Foi a semente lançada,
Mais tarde a melhora se viu
Brasil com políticas públicas
Do mapa da fome saiu

Mas de uns anos pra cá
O povo voltou a sofrer
Uma grande crise econômica
Veio o mundo envolver

E se isso não bastasse
Nova doença surgiu
Virando uma pandemia
Que muitas vidas, baniu...

Sem vacina, sem remédio
O momento é de incerteza
Vivemos em quarentena
Muitos, sem pão na mesa

Papa Francisco alerta
Neste momento de dor,
Para a pandemia da fome
Que muito se agravou

No livro de Jonas ouvimos
Numa outra pandemia
O povo se converteu
E caridade fazia

Deus teve misericórdia
E a pandemia cessou
Quem sabe chegou a hora
De lembrar quem mais amou?

Seguindo o Seu exemplo
No milagre da multiplicação
Dando pão a quem tem fome
Sendo, de fato, cristão!

Autoria: Arlete Rogoginski

sexta-feira, 29 de maio de 2020

Uma viagem ao universo das nossas utopias...

Utopia e distopia. Conceito e exemplos - Estudo Prático

Onde procuramos a luz que ilumina nossos caminhos? Quando nos perdemos de nós mesmos onde nos procurar? Onde queremos chegar? Que utopias nos movem?

Em tempos de pandemia parece que todas as carências se juntam para nos por em ebulição e testar de uma só vez coração, mente e espírito, quem sabe para que não paralisemos no tempo. Uma forma de testar nossos limites, paciência e fé. A partir dessa realidade a maior tarefa consiste em criar formas diversas de passar o tempo e com conotação muito diferente de quem está só ou em companhia de alguém.

Qual é a primeira imagem que te vens à cabeça quando fechas os olhos e permites olhar para o infinito em busca de respostas para a vida? Consegues visualizar os possíveis caminhos que se abrem a partir da tua imaginação? Estás no presente mirando o futuro ou teu passado te aprisiona e não consegues caminhar?

Caso fizéssemos uma pesquisa distribuída por idade, sexo, religião e comportamento político por certo se teria um cenário muito variado com as respostas, pois essas imagens refletem a forma de ser, de amar e de ver o mundo a partir de um prisma particular composto pelas diversas culturas e conhecimentos, sonhos e utopias, onde o cartesiano e o abstrato se digladiam querendo provar quem tem mais autenticidade. A emoção ou a razão? O destino ou o acaso? O cérebro ou o coração? O amor comprometido ou o prazer sem compromisso? Enfim, várias abstrações poderiam revelar que humanidade temos e onde nos situamos a partir das nossas emoções.

Esse é um exercício que se fizermos nos permitirá sairmos do embrutecimento que a vida moderna nos levou, nos individualizando em suas tecnologias, mesmo dialogando com o mundo e voltemos ao ponto central onde residem nossas emoções e onde a vida nos levou com todas suas variáveis, onde as crenças, as heranças culturais, o acúmulo de experiências e principalmente a sabedoria, juntas moldam nossa forma de ser, pensar e agir. Somos o ontem que fomos, o hoje que vivemos e o que nos permitimos ser, mas amanhã, se preciso for, nasceremos novamente para entendermos passo a passo a vida que virá.

Muitos e muitas dirão que diante de tantas atividades online, onde se cria um mundo particular e paralelo que requer sempre respostas imediatas, não dispõem de tempo para algo tão trivial ou dirão ainda que os tempos são outros e que numa sociedade de resultados competitivos onde os interesses de toda ordem falam mais alto, parar para uma viagem interior é perca de tempo e desperdício de energia. Grande parte da humanidade está tecnologicamente presa na bolha do tempo que ela mesma criou.

Às vezes nos encontramos tão confiantes naquilo que imaginamos ser ou ter, que quando o trem da vida faz uma curva, nos provocando um desequilíbrio momentâneo, pois a força física nos leva para onde o corpo inclina, nesse exato momento e por um instante descobrimos que nada somos em definitivo ou o que temos ficará em terra quando partirmos para outra dimensão. Ai então descobrimos a importância do medo, quando o corpo balança, a mente visualiza os perigos e quando o coração pulsa mais forte. Quem sabe precisemos do caos para descobrir que somos humanos, que precisamos de ajudas frequentes e que não nos bastamos por si só. Eis portanto, uma grande revelação.

Como bem me disse Paulo Freire naquela conversa de 1989 que mudou minha vida em vários sentidos, vivemos de sonhos possíveis ou não, mas a única coisa que faz com que esses sonhos não morram, é uma utopia que os alimentem e nos mostrem como a vida é bela quando acreditamos ser possível e nos comprometemos com a nossa maior missão que é servir por uma causa coletiva. A minha será sempre lutar junto com sonhadores e sonhadoras por uma sociedade justa, fraterna e igual para todas as pessoas do bem e que vieram ao mundo também para uma missão, pois hoje tenho claro que se torna praticamente Impossível viver e conviver com pessoas do mal.

Que nossas utopias nos façam caminhar com prazer e possamos nos encontrar nos sonhos possíveis de cada um e uma de nós para comemorarmos a vida e a vitória.

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social

domingo, 24 de maio de 2020

O que pode ser diferente nessas eleições?

Vote em mim que sou diferente. Eu prometo! Esse é o grito silencioso disfarçado nas inúmeras promessas de campanha, para uma população viciada em barganhas eleitorais, onde o voto vira moeda de troca até para pequenos favores futuros e negociatas de toda ordem..

O que leva uma pessoa a se candidatar? O que busca além do ego? O que ou a quem seu mandato estará ligado? Estamos preparados(as) para votar?

As respostas a essas e outras perguntas nos daria um roteiro para se saber de que lado a pessoa candidata está, se ao lado do povo na luta ou mesmo no acompanhamento por seus direitos suprimidos e o resgate da cidadania ou se vai usar o povo para se beneficiar pessoalmente ou a seu grupo ou ainda resolver a sua vida pessoal. Uma coisa é certa. Ninguém se candidata pensando em não ganhar ou que a campanha seja um fracasso, independente de ser vitoriosa ou não. Quem se candidata acha que pode fazer a diferença.

A cultura política nos mostra que as campanhas eleitorais sempre foram pautadas por interesses de toda ordem dentro do espectro ideológico que abrange da extrema direita que vemos em ação no momento à extrema esquerda que tenta sobreviver em carreira solo imbricada em si mesma. Além disso, o eleitorado vota na pessoa e não no projeto, numa ação de puro personalismo, que instiga a vaidade e foge ao compromisso de um projeto.

Os guetos sozinhos não conseguem gerar representantes exclusivos, pois apesar dos recortes necessários para cada luta, a linguagem a ser estabelecida necessita representar a cidade dentro do limite ideológico que cada candidatura representa. Assim, é necessária uma linguagem estudada em detalhes para que se fale a língua do povo em seus diversos segmentos, sem perder a ternura e seu perder a identidade do núcleo de defesa.

O que pode ter de novo num processo eleitoral tão complexo como o que vivemos na atualidade, que mantenha a responsabilidade com a democracia? Faz-se necessário se dizer que defendemos a democracia direta e participativa, que é bem diferente da democracia representativa que anda muito mal das pernas pelas escolhas que o povo tem feito.

Quem sabe apostar nos candidatos e candidatas que apresentarem um projeto a várias mãos, como os mandatos coletivos, que é uma modalidade nova na cultura brasileira, onde um grupo de pessoas é eleito a partir de uma que encabeça, mas o grupo tem vez e voz ou mesmo no limite, os mandatos participativos que se pautarem por um conselho de mandato criado por segmento e regionalizado e com a coragem de discutir se esse conselho será consultivo e deliberativo ou apenas consultivo, que em regras gerais representa apenas um espaço de informação e de boas conversas, mas pouco serve.

A grande tarefa de quem aposta numa sociedade justa, fraterna e igualitária para todos e todas é esclarecer que além do candidato ou candidata existe sempre um projeto escrito ou não. É preciso saber que projeto é esse e a que setor da sociedade essa candidatura está ligada, que em regras gerais, numa sociedade de maioria negra, ou defende a Casa Grande ou a Senzala. Ou defende a classe trabalhadora ou o sistema. Não existe meio termo.

A eleição desse ano é tão complexa que estamos aprendendo a nos reunir e dialogar à distância e mesmo a eleição devendo acontecer em dezembro, é importante que saibamos que iremos a campo ainda com resquícios da pandemia, num cenário animador, o que muda toda trajetória. Teremos assim uma eleição restrita ao medo de tudo e de todos.

Que saibamos usar os espaços com uma comunicação que seja capaz de mostrar o que somos, o que defendemos, quem representamos, porém sem agressão que atice o ódio que é tudo que a direita e a extrema direita sonham. Que nos percamos dentro das nossas próprias contradições. Vamos à luta!

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social

terça-feira, 19 de maio de 2020

Ter ou Ser... Eis a Questão...


O DESEJO DE TER OU SER ~ O Texto no Contexto como Pretexto

Ontem ao ler um comentário no meu post anterior, de uma pessoa que por enquanto só a conheço das redes sociais e ser classificado como alguém que possui uma alma de poeta, me veio uma alegria de criança, daquelas que não se explica, ao encontrar um ser que consegue me enxergar de uma forma que nem eu mesmo me vejo e que por certo quando me conhecer pessoalmente não vai me julgar pelo que eu possa ter e sim pelo que sou e minha sorte de trazer pessoas como ela para vir comigo em minhas viagens existenciais.

Um dia ouvi de alguém sábio, que entrar na fase dos “enta” bem é revelar o que nossa alma transcende e compartilhar com quem nos rodeia por amor, da nossa melhor porção, que está longe de ser uma viagem num carrão de cem mil, acompanhado, numa estrada deserta com uma linda paisagem, que também é muito bom e sim um convite para saborearmos juntos o que a vida e a natureza nos deram de melhor que foi a sabedoria de observar pequenos movimentos do fluxo entre a cabeça e o coração e transformar isso em momentos felizes. Algo que a sociedade moderna praticamente abdicou pelo seu embrutecimento.

A crise da pandemia nos trouxe uma nova visão do que realmente somos. Das nossas possibilidades e limitações, da nossa forma de ser, do que tínhamos em abundância e não dávamos à mínima importância e hoje um dos nossos maiores sonhos é apenas ultrapassar o limite do nosso portão e andarmos livremente pelas ruas novamente. Algo impensável para quem via o mundo a partir de sua realidade ou num boteco qualquer.

A vida moderna se transformou numa grande neurose competitiva que se instala em nosso subconsciente a parir do “ter” e às vezes inebriados vamos também fazendo nossas escolhas e situando nossa vida a partir delas. Que carro temos? É popular ou de classe? Que celular temos? É daqueles baratinhos ou cabe o mundo nele? Que computador temos, é da Apple? Enfim, isso nos situa em que posição nos encontramos na pirâmide social, mas também serve de parâmetro para avaliarmos o quanto nosso ego está inflado ou não.

Ao me desnudar de tudo isso, vejo que praticamente não existo para muita gente no quesito “ter”, mesmo tendo vindo de uma empreitada por amor. Caso eu morra amanhã, pois a minha vida não me pertence, não deixarei nada de grande valor ou de importância financeira, tampouco quis ter algo na vida a partir da mais valia e da exploração humana.

Não possuo bens materiais de luxo ou de última geração, muito menos desfruto de mordomias, que façam as pessoas se lembrarem da minha memória a partir deles. Quero ser lembrado apenas pelo que sou, deixando quando me for, apenas uma história de vida construída com muita luta, dedicação e dignidade, que quem me conhece de verdade por certo se lembrará.

Qual meu patrimônio real? Humildade, coragem para lutar, capacidade para me refazer, dignidade na alma, carinho em abundância, sinceridade e transparência nas relações e amor sincero, que sempre doei de coração para quem caminhou comigo buscando a minha essência e também me amou. Caso eu volte nas próximas gerações, gostaria muito de voltar exatamente como hoje sou. Simples, direto e objetivo.

Nada tenho de valor monetário que encante ou chame a atenção das pessoas e muito menos beleza física. Sou um ser eminentemente comum, mas quem por acaso ou por destino comigo se encantar a partir do que realmente sou, terá alguém real, leal e de corpo e alma para ser seu par, em todos os tipos de empreitadas que a vida nos trouxer. Prefiro continuar sendo o que sou, pois não deixarei dívidas que minha alma não possa pagar.

Completo-me a cada vez que encontro alguém que me consegue fazer sonhar com poucas coisas e continuar acreditando que o melhor ainda está por vir.

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social

sexta-feira, 15 de maio de 2020

A disputa e a manutenção de pequenos poderes

O que é o poder? Para que serve o poder? O poder transforma as pessoas? Você conhece alguém que era normal e depois que recebeu alguma parcela de poder se transformou noutra pessoa irreconhecível? Conheço várias delas...

Ao iniciar essa conversa de um assunto tão difuso como esse, vale antes perguntar de que poder estamos falando, pois existe uma longa estrada que separa o poder sobre o povo, aquele que se manifesta de cima para baixo desrespeitando direitos e impondo condições e o poder popular que atua de forma coletiva de baixo para cima na cobrança de seus direitos e por cidadania.

O poder se oculta e cresce nas entrelinhas da aceitação da submissão e nas diversas disputas de interesses em todas as instâncias, que em muitos casos se apodera da vaidade de algumas pessoas e as revelam em outros seres que repousavam em paz envoltos em mitos. De um lado a Matrix e quem se alia a ela e de outro os pequenos poderes pulverizados nas instituições, organizações das mais variadas correntes de pensamentos e ideologias.

Paulo Freire nos coloca algo para se pensar. Há um processo ideológico em curso nas escolas, ao se passar para o aluno a ideia de que ele não sabe nada e é a escola que vai lhe trazer o conhecimento necessário, desconhecendo e desrespeitando o saber que cada aluno ou aluna carrega dentro de si.

O interessante é perceber que isso ocorre também na hierarquia e na escala de valores existentes nas organizações, principalmente nas organizações políticas e suas divisões internas de poder. A base da estrutura só fica sabendo o que se discutiu nas reuniões de comando, uma pequena parte do conteúdo e o que for permitido se saber, para que não se atrapalhe o processo de disputas internas, muitas vezes para onde cada setor quer levar a sociedade. É uma reprodução natural do modelo da estrutura de poder existente no sistema,

Entender as diversas formas de poder é uma complexa discussão, tanto de ordem política-ideológica, como principalmente de ordem cultural.

Como entender, por exemplo, que uma grande parte da própria militância política ainda acredita que o PT e seus aliados chegaram ao poder quando governavam o país e aí vem um questionamento necessário, pois se isso é verdade, como se permitiu pacificamente o golpe contra a Presidenta Dilma ou que o Presidente Lula fosse preso e só solto por ordem da própria justiça fraudulenta do golpe e da prisão? Algo a se pensar, pois tudo ainda está em curso. É certo afirmar que os governos são instâncias de poder, mas segundo Karl Marx, é o poder econômico quem determina as ações num país capitalista.

Essa discussão está na ordem do dia, visto principalmente que o país só se movimenta de fato nos processos eleitorais que são legítimos para quem defende a democracia como instância superior, mesmo um setor defendendo a democracia representativa que se encontra podre e a vanguarda de enfrentamento defendendo a democracia participativa ou direta, mas não é tudo para quem defende uma mudança radical da sociedade.

Para entender isso teríamos que resgatar uma conversa com Paulo Freire em 1989 e discutirmos em detalhe o que ele chamava da Teoria do Carrossel, onde as estruturas se formam sem hierarquias e sim a partir do projeto central.

O importante mesmo é não se deixar encantar por qualquer forma de poder, porque o poder é como um saquinho de algodão doce colorido, ou ainda porque ele pode sim destruir um sonho, mas por certo também destruirá a história de vida de quem age dessa forma, porque quem está abaixo um dia acorda e enxerga que só se muda com os enfrentamentos de toda ordem.


Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social

sábado, 9 de maio de 2020

Mãe, ofício essencial

Arlete e Arnilda Rogoginsk


Uma dedicação tão exclusiva
Haveria como pagar?
Dia, noite, chuva ou sol
Está sempre a trabalhar!

A palavra desistir
Não existe em seu mundo
Coisas faz ao mesmo tempo
Não descansa um segundo

Não estou exagerando
Pergunte a uma mãe qualquer
Como fica o seu sono
Depois do filho nascer?

E são tantas noites em claro
Que nem vê o tempo passar
O filhote em pouco tempo
Ganha asas, quer voar!

Mãe enfrenta tudo e todos
Feliz a prole quer ver
Vira fera se preciso
Para o filho defender

Falo de todas as mães
De sangue ou de coração
Pois mãe, além de um titulo
Requer amor e doação

A todas as mães do mundo
Neste dia especial
Saibam que seu ofício
Ao mundo é essencial

Vocês merecem além
De um simples obrigado
Que o sonho de um mundo justo
Seja enfim realizado

Nas palavras de Francisco
Sem mãe não haveria amor
Sem mãe a fé perderia
Boa parte do seu calor


Arlete Rogoginski
Formada em História e Diretora do Sindijus-Pr

terça-feira, 5 de maio de 2020

O que seremos depois de tudo isso?

O que vem depois da pandemia? – Meio & Mensagem

Em tempos de pandemia parece que o tempo não passa e o tempo que não tínhamos para coisas tão triviais, como por exemplo, uma saudação de bom dia, agora nos sobra em grande escala e haja invenção para passar o tempo.

Quem seremos no amanhã? Que lição podemos tirar de tudo isso? Seremos mais humanos e tolerantes? Saberemos ouvir? Perdoaremos mais?

Perguntas que permeiam o imaginário de quem é tocado por sentimentos que afloram às vezes em plena insônia da madrugada e com respostas complexas, pois requer um novo olhar para o nosso interior e principalmente para a nossa existência, num momento em que vida e morte se dividem apenas por um sopro e o ar passa a ser o que move o ato de viver diante desse vírus.

É inegável que estamos com nosso emocional muito afetado pelo isolamento e fora do convívio social de amigos, parentes e de quem amamos, em especial as pessoas que se encontram sozinhas tendo que enfrentar essa pandemia junto com alguns fantasmas da vida cotidiana e driblando o medo da solidão todos os dias. Algo muito difícil de explicar para quem não se encontra só, como uma depressão, por exemplo, que só sabe o que é e sua dimensão quem a vive ou viveu com alguém que passou por essa grave doença. São pessoas que precisam ser ouvidas e tem gente que não tem paciência de ouvir...

Parece que as nossas emoções se juntaram todas e vieram nos dar o ar da graça. Uma mistura de sentimentos que nos faz voltarmos ao passado em busca de velhos hábitos que a vida moderna os levou e às vezes pedir de coração um momento de atenção apenas para um desabafo.

Há evidência de que a maior parte da sociedade esteja perdida. Sem rumo. Antes dessa pandemia numa crise de identidade fantástica, vivendo de resultados políticos, econômicos, sociais e de pequenos prazeres pessoais e hoje com a chegada da pandemia, se encontram perdidas nelas mesmas, onde uma parte reclusa luta pela vida, com medo, se valendo das redes sociais e outra parte continua desafiando a morte em busca da eternidade momentânea.

As pessoas que se encontram presas na bolha do tempo, não sobra tempo para entender a movimentação humana que emerge, ora do olimpo imaginário que tudo pode e ora das cavernas urbanas onde habita e repousa a velha forma de ser.

O momento exige uma viagem interior. Um passeio pela nossa existência. Um encontro com as diversas personalidades que habitam em nós. Uma avaliação profunda sobre o ato de amar e principalmente o que nos dá prazer. Entendendo por prazer tudo aquilo que ultrapasse e permaneça além dos minutos ou segundos de qualquer ato. Quem sabe o prazer maior seja pela própria vida. Pela luz da vida. Uma viagem pelos nossos escombros, tropeçando em muitos casos em nossas vaidades que se alimentam do nosso próprio ego.

Esse meio difuso e confuso que vivemos na atualidade, imposto pelo necessário confinamento na luta pela vida, o processo de liberdade pode estar em vários copos de bebidas de uma só vez, num momento de carinho compartilhado mesmo que à distância ou na crença de que o melhor está por vir em breve e junto com ela vamos desafiando a lógica dos fatores do isolamento e vivendo um momento e um dia de cada vez. Creio que o importante, necessário e urgente nesse momento seja preservar a vida.

Que esse impensável e incômodo momento tenha vindo para aprendermos e reaprendermos novas e velhas lições, onde o ato de amar nos faça mais humanos, solidários e transparentes um com o outro ou com a outra. Que o amanhã que tanto esperamos venha bordado com a flor do futuro, aquela possível de abrir vários caminhos na floresta encantada da nossa imaginação.

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social




quinta-feira, 30 de abril de 2020

Dia do trabalhador - o momento pede reflexão e ação

O 1º de Maio é uma data muito significativa para a classe trabalhadora. Foi estabelecida em 1889, num Congresso ocorrido em Paris, pela Segunda Internacional Socialista, que reuniu os principais partidos socialistas e sindicatos de toda Europa, prestando, dessa forma uma homenagem aos operários dos Estados Unidos. O contexto era de luta por melhores condições de trabalho, tendo como uma das principais reivindicações a garantia da jornada de oito horas diárias, pois na época alguns operários trabalhavam até 14 horas por dia.

A Greve Geral do dia 1º de maio de 1886 na cidade de Chicago terminou em tragédia. “A polícia reprimiu o movimento de forma violenta, ocasionando a morte de quatro operários. Essa data passou, então, a simbolizar a luta dos trabalhadores”. Hoje, a data é celebrada em mais de 90 países.

Este 1º de maio de 2020, como todas outras comemorações deste período de quarentena pela contenção da pandemia da COVID-19, tem característica diferente dos demais. Talvez seja a primeira vez na história desde 1886, que essa data não terá manifestações nas ruas ou romarias.

A implantação da “modernização neoliberal” traz a preocupação tanto dos servidores públicos, quanto dos demais trabalhadores com os novos arranjos em torno do trabalho: visando reduzir os custos da produção, as empresas adotam mecanismos como a Inteligência artificial, a terceirização e a precarização do trabalho, jogando uma legião de trabalhadores no desemprego ou na informalidade, sem direitos, sem remuneração digna, sem proteção. Muitas famílias estão sobrevivendo graças à solidariedade de outras pessoas.

Esse cenário é campo fértil para o fortalecimento do mito do empreendedorismo, quando os trabalhadores como motoristas de aplicativo, ou da área de entregas são tratados como empresários deles mesmos, sem vínculo trabalhista, sem direitos, sem proteção.

Quando a classe dos patrões e o próprio governo pedem o fim do isolamento e o retorno ao trabalho em meio à pandemia, mesmo empresários de grande capital financeiro, significa que “eles sem nós não geram riquezas”. A força da produção está em nossas mãos, em nossas mentes e corações...

Ora, essas riquezas por nós trabalhadores produzidas, não são por nós desfrutadas.

Com a implantação das políticas neoliberais, em especial nos últimos anos, inclusive com destinação de recursos públicos, hoje 2.153 bilionários detém uma riqueza equivalente a 4,6 bilhões de pessoas no mundo. Dois mil bilionários detém o equivalente a 60% da riqueza do mundo, segundo dados da Oxfam de 2019. No Brasil, seis bilionários detém uma riqueza igual a de 100 milhões de brasileiros e brasileiras.

Aos trabalhadores resta trabalhar mais, produzir mais, gerar mais riqueza para alimentar a ganância de uma classe cada vez mais distante socialmente da grande maioria, além de tentar sobreviver, já que estamos em meio a uma pandemia, cujo contágio se dá de forma simples e rápida, e o ideal seria o isolamento social, conforme orientações da Organização Mundial da Saúde e demais órgãos correlatos.

O dia 1º de maio nos leva, neste cenário, a refletir ainda mais sobre a nossa forma de organização e resistência frente a tantos ataques e injustiças.

Acreditamos que a organização juntamente com a mobilização, a formação e a solidariedade são de fundamental importância para que não deixemos o valor do trabalho ser substituído por uma nova escravidão: a precarização.

“Quero trabalhar em paz, não é muito que lhe peço. Eu quero um trabalho honesto, em vez de escravidão” (Renato Russo).
Arlete Rogoginski
Formada em História e Diretora do Sindijus - PR