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quinta-feira, 29 de julho de 2021

UTOPIA DO PÓS PANDEMIA

 

Imagem disponível em:
https://conexaoplaneta.com.br/blog/papa-francisco-puxa-a-orelha-de-ministros-das-financas-de-diversos-paises-em-encontro-sobre-mudancas-climaticas-no-vaticano/


Tempos difíceis vivemos
De incerteza e desalento
A morte ronda o caminho
Deixando a dor ao relento

Muitos irmãos já se foram
Nem pudemos nos despedir
Deixando só o vazio
Da saudade a nos ferir

Mas insistimos em crer
Que essa fase está no fim
E logo nova primavera
Florirá nosso jardim

E a vida será retomada
Mais fortes então seremos
Para honrar os que partiram
Novo mundo nós faremos

Unidos num só projeto
De paz e transformação
Da destruição da natureza
Para sua contemplação

Da exploração do trabalho
Para justiça e proteção
E juntos promoveremos
Vida nova a nossa nação!


Autoria: Arlete Rogoginski


quarta-feira, 28 de julho de 2021

Em tempos de desapego amar é revolucionário...

 


Imagem Disponivel em:
https://blog.cancaonova.com/metanoia/modernidade-liquida-entenda-o-conceito-e-aprofunde-se-no-assunto/

Ontem fui dormir cedo se comparado com as noites acordado até alta madrugada procurando o sono, mas em tempo para sonhar e deixar a minha imaginação criar o cenário e fazer o que não consigo dar conta acordado.Uma viagem pela fantasia em terras do Bem Virá.

Era uma manhãzinha de sol num vale florido em meio a duas montanhas. Uma delas representava a fala e os gestos e a outra o silêncio. Enquanto a fala tentava ser ouvida e entenida de todas as formas, o silêncio apenas escutava e ignorava, fazendo de conta que não era com ele. Mostrando que sabia dizer tudo o que queria sem nenhuma palavra ou um gesto. Bastava saber traduzir. 

Um cenário épico em meio há dias nublados e frios, onde o que mais gostaríamos era comermos pipocas quentinhas assistindo um bom filme, bem acompanhad@s.

O inusitado no sonho era um grande acontecimento que estava para ocorrer. Um duelo entre o Amor e o Desapego, simbolizando uma luta universal existente na natureza humana. Quando os seres humanos, por alguma razão, deixam de acreditar no amor, recorrem ao desapego e para a alternância de casos.

Para o duelo, o Desapego viria acompanhado da Mente, que vagava em suas lembranças passadas e o Amor trazia o Coração como aliado, que pulsava cada vez mais forte quando era correspondido. O vale estava agitado. A batalha prometia.

Dias e luas se passaram e o duelo foi marcado para quando o verão chegasse. Seria numa tarde de sol em plena luz do conhecimento. Como preparação, o Amor queria a selva para curtir, acompanhado por duendes e querubins, enquanto compunha uma ode em versos de amor e o Desapego um frevo ou um batuque nas planícies em orvalho, acompanhado por toda trupe que surfa de onda em onda, sem compromissos de amar.

Para aplacar a expectativa e ver se entrava na estória, o Tempo criou uma casinha branca no alto da colina, de frente para o por do sol e com um jardim florido, onde poderiam passar o verão em dias de sol e noites estreladas. Porém com um aviso: “Nada de se estranharem". Isso estava longe de acontecer, pois a única coisa que estava em disputa era se o amor ainda existia ou se o desapego o substituíra. 

Mente e Coração resolveram intervir, pois quando estão em sintonia um vai guiando o outro para as ações futuras. Decidiram que o duelo seria uma batalha poética, com o Tempo - Senhor da Razão, para mediar o evento. Quem tivesse mais capacidade de envolvimento seria o grande vencedor.

De repente eu me virei na cama e acordei antes do duelo acontecer. Querendo mais. Querendo saber quem iria vencer. Buscando respostas nas curvas dos rios, cheguei à conclusão de que a vida na "modernidade líquida" é isso ou um tanto disso.

Já dizia Bauman: “Vivemos tempos líquidos. Nada é para durar”. Quem sabe seja isso que faz com que as relações se construam e se desfaçam da forma mais natural possivel, pois não existem mais para durar... 
Em outro trecho de sua obra ele afirma que escolheu chamar de “modernidade líquida”, a crescente convicção de que a mudança é a única coisa permanente e a incerteza a única certeza.

Esse sonho atípico me levou a uma profunda reflexão sobre o Amor. Numa "sociedade líquida" que habitamos, quem sabe tenhamos que recorrer ao Vinicius em seu Soneto da Fidelidade, para entendermos que tempo é esse que vivemos, quando afirma: 
“E assim quando mais tarde me procure quem sabe a morte, angústia de quem vive, quem sabe a solidão, fim de quem ama, eu possa lhe dizer do amor (que tive): Que não seja imortal, posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure”.

Diante dessa complexa forma de viver e de compartilhar sentimentos ou momentos, suspeito, que quando o amor é verdadeiro não há espaço para duelo, porque o amor é vital. Porém, se por acaso ou destino o duelo for necessário, a vitória do amor será cantada em prosas e versos por luas e luas a fio.

De fato! Amar em tempos de desapego é antes de tudo, um ato revolucionário. Quem amar verá!

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social


                                                                              


sexta-feira, 23 de julho de 2021

Dizem os contos que podemos ser o que quisermos ser. Será...?

 

Quem somos de fato diante de uma sociedade de valores tão vis? Quem sabe sejamos o resultado das nossas escolhas, das nossas crenças e principalmente do que defendemos como modelo de vida e sociedade e com isso nos vão excluindo. No entanto, isso nos define e nos loga ao mundo das utopias, rumo a uma sociedade que não nasça do espólio de quem tem, mas que seja resultado da luta que travamos para que todos e todas possam também ter o que sonham desde crianças. Somos a resistência viva que pulsa nos corações utópicos.

Do outro lado do nosso mundo imaginário, uma sociedade pálida, sem cor, sem brilho e principalmente sem amor ou em desamor, onde os guetos tecnológicos substituem as brincadeiras de rodas, de pião, de bolas de gude, de pipas no ar e a construção de pequenos sonhos que se criavam num leve pensar do que seríamos quando crescesse.

Uma sociedade perdida nos desencontros amorosos, descartados em muitos casos com o risco de virar “casais margarina”. Algo que se aproxime do velho patriarcado. Sedenta apenas por prazer, como se só o prazer, desse conta da solidão, das incompleitudes humanas e das humaneidades ou humanescencias (como diz Mia Couto), que os seres humanos normais necessitam e se fundem quando Almam juntos.

Uma sociedade que nos mede pelas contas bancárias, pelo tipo e valor do carro que temos, pelos iphones versus os pobres celulares e por tantos outros equipamentos e bens de ultima geração, que só uma pequena parte tem direito a ter. Uma sociedade loucamente consumista que gira apenas para no máximo um terço da humanidade. As demais pessoas procuram a felicidade à sua maneira. Ao seu modo.

Nós pobres mortais do mundo real, às vezes sonhamos apenas em ser o último pensamento da noite e o primeiro do dia na vida de alguém e com o que gostaríamos de ser que ainda não somos, mas que um dia poderemos ser. Isso nos faz não desistirmos nunca.

Diante das nossas emoções, dizem as fadas e os duendes de plantão, que podemos ser o que quisermos ser, no micro universo que idealizamos ao sonhar com duas almas se encontrando para vadiar em noites estreladas ou numa estradinha qualquer de uma floresta encantada, que pintamos em nossas imaginações. Chamam isso de amor. Eu prefiro me metamorfosear sempre a ser aquela velha opinião formada sobre tudo... Por isso continuo em sonho... 

Ontem eu me lembrei que eu já fui tudo. Já fui nada e hoje me procuro para saber quem eu sou. Apenas sei que trago na bagagem anos de experiências e de vivências humanas e reais. Luto diariamente contra a dolorida discriminação de quem acha que não tenho mais idade para ser e sonho com uma casinha pintada de branco, com uma rede na varanda e uma noite estrelada, onde eu possa cantarolar o que o meu coração pedir, pois quem vai estar ao meu lado vai cantar comigo até o raiar do dia.

Que sejamos o que for possível ser e onde as nossas imaginações nos levar, mas bom mesmo é se formos liberdade de asas que voam nos pensamentos de alguém, que nos recebe em manhãs, tardes ou noites, porque o pulsar do coração não se limita ao tempo e pede sempre companhia para compor um conto que sirva para o futuro.

Quem sabe sejamos flores que nasceram por destino ou acaso, sem avisar, num lugar que seria quase impossível germinar. Reguem-nos que seremos jardim!

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em gestao Social


quinta-feira, 15 de julho de 2021

O que é a velhice? A velhice te assusta?

 

Imgem Disponivel em: 
https://www.facebook.com/323678117812485/photos/a.323688127811484/323688134478150/

Vivemos numa sociedade machista, racista, homofóbica, seletiva e desrespeitosa, que olha seus idosos de forma preconceituosa, acreditando e fazendo-os acreditar que são pessoas improdutivas e inúteis. Nem mesmo os Planos Governo apontam Políticas Públicas para as pessoas idosas. 

Qualquer termo que configure esse setor, numa sociedade capitalista que enxerga o ser humano como mercadoria não condiz com o respeito necessário. Terceira Idade, Feliz Idade, Melhor Idade e tantas outras, são apenas rótulos que determinam quem não faz mais parte do mercado de consumo. Algo que vai do trabalho ao lazer. Do mundo exterior ao familiar.

A idade vai chegando sem notarmos. Quando vemos o tempo passou. Vamos sentindo aos poucos suas marcas e selecionados por quem tem menos idade onde podemos estar ou onde não nos cabe mais. Do ponto de vista de algumas pessoas, onde tiver um grupo de pessoas jovens, pessoas do dobro de suas idades ou mais não podem frequentar ou se misturar. Eu já senti esse preconceito e sei o tamanho da dor. Nessas horas passa um filme pela nossa mente. 

Ser velho ou velha numa sociedade viciada é conviver com a experiência que acumulamos e não sabermos onde poderá ser útil, mediante a uma radical mudança sistêmica de valores e de novos modelos de vidas descartáveis hoje em curso. Algo tão superficial que nos põe à prova, até mesmo em alguns momentos em reuniões da nossa linha de pensamento e isso nos leva a uma profunda reflexão. Às vezes nesses casos só nos resta o silêncio.

Existe uma necessidade de provarmos todos os dias que estamos vivos (as), ativos e ainda sonhando com o amanhã e com os nossos desejos, que nada há de secretos. É a audácia de queremos ainda tocar o coração de alguém que imaginamos nos enxergar com a alma. É uma caminhada teimosa contra a tirania dos sutis ou explícitos preconceitos, que segrega a humanidade em classes econômicas ou de conhecimentos, através de todo tipo de aparências que imaginam ser imortais, onde o TER vale muito mais que o SER.

É sorrirmos quando tudo nos leva ao Jardim do Éden e chorarmos em silêncio quando alguém nos lembra de que os nossos limites vão além da linha do horizonte.

Porém, do outro lado do universo há um céu azul nos convidando a pipar. É preciso que ocupemos sem licença o mundo que ajudamos a criar, enfrentando a discriminação e os preconceitos, cantando para alguém que nos queira ouvir, lutando de mãos dadas pelos nossos direitos e, sobretudo lembrando que vida e morte são irmãs gêmeas de acordo com as nossas crenças e mesmo o dinheiro ou a aparência corporal não evita a morte, mas enquanto o coração pulsar há esperanças de uma vida melhor e uma história a contar.

Que valorizemos e sejamos sempre gratos (as) a quem nos respeita e por quem caminha conosco, mesmo nos momentos de pura chatice ou de mudança de humor. Que procuremos colorir com as cores do universo o tempo que nos for concedido futuro afora.

Ousar viver bem na velhice é antes de tudo um ato revolucionário, uma guerra contra o sistema excludente e desigual e principalmente um ato de amor pela vida.

Amanhã quando acordarmos, vamos celebrar mais um dia de vida rumo ao futuro, mesmo que seja do infinito enquanto dure. Que seja uma manhã de sol onde possamos tomar café, mesmo em pensamento, com quem amamos e quem sabe façamos até bolinhos de chuva...

O que vou ser ou como estarei daqui a dez anos? O que o destino me reservar e a nossa luta tiver alcance. Vou continuar celebrando com as pessoas que amo e com aquelas que por descuido ou por escolha ou ainda por destino ou acaso, também me escolherem para amar.

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social

segunda-feira, 12 de julho de 2021

Mente e Coração...

 

Imagem disponivel em: 
https://professorrafaelporcari.com/2021/03/12/os-problemas-da-mente-nascem-no-coracao/


Mente e Coração


Uma conexão perfeita quando estão em sintonia.

Um lembrar. Um esquecer - Um ser. Um querer ser.

Duas faces de uma mesma moeda girando em círculos...

Somos passageiros da nave da vida em busca de um cenário que nos ponha em evidencia e impressione quem gostaríamos de fazer morada em seus pensamentos.

Quem sabe o segredo esteja na mistura das cores ou na dimensão da paisagem que queremos nos abrigar e que nos faz caminhar sem cansar, mesmo em dias de chuva.

Amanhã vou à busca de tinta de várias cores para colorir meu cenário da vida...


Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social 

sexta-feira, 9 de julho de 2021

Quando chegar o verão as flores da primavera ainda estarão presentes...

Imagem Disponivel em:
 https://www.facebook.com/jjardimdaalma/photos/a.100716844652880/111648973559667/?type=1&theater

Um dia me perguntaram se eu me sinto um poeta. Respondi: “Quem me dera!”. Considero-me apenas alguém que gosta de escrever e escreve para satisfazer a alma e aplacar determinados sentimentos que transitam pelos meus momentos. Escrevo para minha história de vida e para quem caminha comigo.

Em dias frios, nublados e de puro silêncio, ao fugir da introspecção, recorro à escrita como uma terapia necessária, buscando uma conexão entre a vida real do dia a dia e os meus sonhos e fantasias que vou construindo noite adentro. Uma viagem no carrossel do tempo ao meu mundo interior, saindo da realidade presente ao cenário que gostaria de viver quando o verão chegar. Quem sabe o sonho mesmo seja florir o jardim da alma para alguém especial visitar.

Quem curte plantas, seja num quintal ou mesmo num vaso, sabe que da raiz à flor há uma longa caminhada comandada pelo tempo e pelo carinho que temos com o que plantamos. Assim são as plantas e assim são as pessoas. Quem não cultiva o jardim da alma não é capaz de cultivar nem mesmo uma flor. Quem não enxerga a beleza numa planta e não sente sua forma de comunicação em cada mudança ou em cada toque, como entender a metamorfose que gerou uma borboleta?

Lá atrás havia uma casinha no alto rodeada de vegetação, um terreiro de terra batida, cheiro de relva misturada com a de terra molhada, banho de chuva e de rio, fogão de lenha, milho no quintal e uma avó carinhosa a me fazer cafuné, mas dura também quando alguém mexia em suas bolachas e biscoitos. Quem pensava em felicidade? A felicidade era o que se vivia no dia a dia e só depois de velho descobrimos essas pequenas coisas que ficam grudadas na alma.

Depois vieram as figurinhas, bolas de gude, pipas em dias de sol, disputa de corrida com carrinho de rolimã e brincadeiras de rua em noites enluaradas. Uma infância pobre financeiramente, mas rica em aprendizado e em como enfrentar as discriminações da pobreza e por ser nordestino num bairro burguês de São Bernardo do Campo, além de aprender que pessoas com depressão precisam mesmo é de carinho e não de palpites que só machucam.

Creio que tenha sido nesse momento que a minha consciência crítica foi despertada e aprendi que luta de classe começa bem cedo pela dignidade humana. Isso me levou à Teologia da Libertação, há anos de luta habitacional e em inúmeras passeatas com milhares de pessoas para inundar de gente a Igreja Matriz, o Paço Municipal, Estádio da Vila Euclides e Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, juntos na luta trabalhista e contra a ditadura militar. Dessa luta surgiu uma moradia nascida num mutirão habitacional com 200 famílias.

Quem sabe essa vivência tenha me ajudado a enxergar as diversas formas de amar. Amor pela vida. Amor pela luta e pela causa. Amor fraterno e solidário. Amor pelos amigos e pelas amigas que são para sempre e em especial o amor exclusivo que sentimos por alguém que faz o coração bater mais forte, onde sexo se torna complemento e não a razão principal para manter alguém ao nosso lado. Ao entendermos isso entendemos também o que nos leva a optar por alguém para caminharmos juntos rumo ao futuro do infinito enquanto dure.

Como um recado ao futuro, vou plantando com a esperança de ver crescer, florir e dar frutos, com o compromisso de regar todos os dias, adubar a terra e cuidar para que as ervas daminhas não tome conta, com o desejo de quando o verão chegar encontrar um quintal florido como um brinde da primavera, com borboletas e até alguns pássaros dando vida ao jardim da alma.

Bem vindos e bem vindas poetas e poetisas que vão me inspirando a escrever pensando naquela fada madrinha que esteve no meu sonho ontem à noite.

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social




 

quarta-feira, 7 de julho de 2021

CPI da Covid escancara importância da estabilidade no serviço público

 “Vários são os exemplos de servidores estáveis que trouxeram à tona, casos de corrupção, como o delegado da Polícia Federal que denunciou o ex-ministro do meio ambiente, Ricardo Salles, por esquema de venda ilegal de madeira. Também graças à garantia do emprego, vários servidores notificaram e multaram autoridades, entre elas o próprio presidente da República, pela flagrante infração do não uso da máscara em municípios cujo uso é obrigatório em locais públicos, neste período de pandemia”

Arlete Rogoginski*

Foto: Joka Madruga

O recente depoimento do servidor do Ministério da Saúde, Luis Ricardo Miranda, à CPI da Covid, instaurado no Senado Federal, que denunciou ter sofridos pressões de seus superiores, com conhecimento do presidente da República, segundo o deputado Luis Miranda, para liberar a importação da vacina indiana Covaxin, por um preço muito mais alto do que as outras vacinas adquiridas pelo Brasil, num latente escândalo de corrupção que envolve também o líder do governo, o parlamentar Ricardo Barros (PP PR), expõe, de maneira incontroversa a toda sociedade, a importância da estabilidade do servidor público.

A negociação denunciada, que continuará a ser investigada, levou o governo a empenhar R$ 1,6 bilhão para a compra de 20 milhões de doses do imunizante, em torno de US$ 15 (R$ 80,70) por dose, enquanto rejeitava a proposta da Pfizer com valor em torno de US$ 10 a dose, e da Coronavac, R$ 58,20,e perdíamos em nosso país, neste período de negociação, quase 100.000 vidas para a Covid-19.

Nossa legislação impõe ao servidor público uma série de deveres como requisitos para o bom desempenho de seus encargos e regular funcionamento dos serviços públicos. A Lei de Improbidade Administrativa, de caráter nacional, proíbe qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade e lealdade às leis e às instituições.

O dever de obediência impõe ao servidor o acatamento às ordens legais de seus superiores e sua fiel execução, devendo se recusar a praticar qualquer ato ilegal, sem medo de perder o seu emprego.

Já o dever de eficiência, decorre do inciso LXXVIII do art. 5º da CF, acrescentado pela EC 45/2004. Outros deveres são comumente especificados nos estatutos, códigos, normas e regulamentos próprios de cada poder e órgãos, procurando adequar a conduta do servidor, para melhor atender os fins da administração pública.

Toda essa legislação não existe por acaso. Cuidar da coisa pública exige dos cuidadores, todos esses requisitos para que a sociedade fique protegida de políticos que poderiam fazer uso indevido do poder para fins particulares, eleitoreiros, econômicos e, ainda, aprofundar e facilitar a corrupção em órgãos públicos.

O servidor público adquire estabilidade após período probatório, como garantia contra a exoneração discricionária, é avaliado periodicamente, e poderá ser mandado embora por justa causa respondendo a um processo administrativo, lhe sendo garantido o contraditório e a sua defesa. Dessa forma, é possível evitar que sejam pressionados por seus superiores a favorecer propensões individuais em detrimento dos interesses coletivos.

O governo Bolsonaro, ao encaminhar ao Congresso nacional a PEC 32/2020 que prevê, entre outras coisas, o fim da estabilidade do servidor público, traz, em seu bojo, prejuízos para toda a sociedade brasileira, com o visível aparelhamento do Estado.

Vários são os exemplos de servidores estáveis que trouxeram à tona, casos de corrupção, como o delegado da Polícia Federal que denunciou o ex-ministro do meio ambiente, Ricardo Salles, por esquema de venda ilegal de madeira. Também graças à garantia do emprego, vários servidores notificaram e multaram autoridades, entre elas o próprio presidente da república, pela flagrante infração do não uso da máscara em municípios cujo uso é obrigatório em locais públicos, neste período de pandemia.

Estudos apontam que o fim da estabilidade vai, seguramente, resultar, entre outros, na descontinuidade da prestação do serviço público, perda da memória técnica, dificuldade de planejamento em longo prazo, rompimento do fluxo de informações, além do estímulo ao apadrinhamento político, nepotismo e cabides de emprego, ao declarar o fim dos concursos públicos e a contratação de forma precarizada, com a transferência das atividades públicas para a iniciativa privada, que visa somente o lucro.

Por isso, todos precisam entender que defender a estabilidade do servidor público, é proteger a sociedade da corrupção e da sobreposição dos interesses particulares sobre o interesse público, e, de uma vez por todas, exigir dos parlamentares o voto contrário à proposta.

*Arlete Rogoginski – Diretora do Sindijus-PR e coordenadora-Geral da Fenajud (Federação Nacional dos Trabalhadores do Judiciário nos Estados)

quarta-feira, 30 de junho de 2021

A quem serve as estruturas verticais de poder?

 

Estruturas Verticais de Poder são formas de relacionamentos, aonde as decisões vêm sempre de cima para baixo, seguindo uma hierarquia de comando, constituída nem sempre de forma consensual e democrática, onde quem tem mais poder, seja pelo econômico, por mandato ou na hierarquia das direções acaba impondo as regras. Esse é um fenômeno recorrente em praticamente todas as instituições e organismos.

A meu ver duas coisas no universo político andam em descompasso com o modelo de estrutura de participação que defendemos, além de encará-las como um processo excludente em qualquer organismo ou estrutura de poder.

Uma delas comentada no post anterior versa sobre que enxerga a base como “massa”, por ser desrespeitoso, nivelar por baixo e seguir o mantra instituído pela direita de que a massa só serve para experiências de exploração e para servir ao poder. Algo essencial para a manutenção do poder vertical.

A outra é a estrutura vertical de poder construída no seio dos organismos, instituições, partidos e na maioria de qualquer coletivo, onde o andar de baixo na pirâmide hierárquica não participa das conversas com o andar de cima e muito menos das decisões principais. Só chega o que seus representantes, imbuídos muitas vezes por questões emocionais ou política-ideológica querem e podem passar. Isso interfere diretamente num processo de integração, retarda o crescimento de criticidade, além de não contribuir para o crescimento intelectual de quem compõe o grupo, que serão quando muito, tarefeiros e tarefeiras de uma ação de comando ou de uma atividade qualquer.

Ao participar de um organismo ou entidade, subtende-se que todos e todas que integram tenham interesse e/ou necessidade de discutir para onde, com quem e como se caminha, além da discussão das táticas de atuação em tempo. Quando a coisa chega pronta ou não chega, fica presa na esfera superior, a base desse organismo ou entidade também é tratada como “massa” e “massa” não pensa e nem age.

Não estou me referindo a uma regra do tipo de um centralismo democrático, que normalmente é algo construído de forma coletiva e que é acatado por todos e por todas a partir de acordos, pois sabem de suas tarefas e importância no grupo e sim de praticas que vivenciamos nos organismos e entidades, onde as decisões não são informadas ou socializadas e os encaminhamentos chegam a doses homeopáticas, o que a meu ver nada agrega, apenas interferem no comportamento geral de seus e de suas participantes.

Estruturar um projeto participativo e popular a várias mãos, sem enxergar o popular apena como “massa”, a ser usada na hora do bolo, que tenha conteúdo suficiente para dar conta das diversas carências e necessidades da sociedade e também valorizando as pessoas, cada uma com seu potencial interior e de experiência de vida, além de valorizar as pessoas através de tarefas programadas, para que as mesmas não se sintam menores numa escala de valores existente nas estruturas de poder, quem sabe seja a maior tarefa de um ou uma representante do povo, que defende a construção da luta de forma coletiva, seja num cargo público, na direção partidária ou de uma instituição.

O que fazer diante dessa cultura vertical? Quais seriam as possíveis saídas?

Creio que mexer num processo cultural não é nada fácil, pois as estruturas de poder já estão montadas a partir de velhos métodos. Fazem da representatividade pessol algo comum e natural, como se fato fosse. Porém, se defendemos a participação como eixo de uma causa coletiva e defendemos o crescimento das pessoas através da formação, faz-se necessário mexermos nas estruturas, socializarmos os processos, criarmos juntos e juntas em grupos de trabalho e descermos às bases em busca de contribuições. Imagino ser esse o caminho de quem se apresenta como liderança. 

Porém se nada for feito, quem sabe um dia, cheguemos ao que um pensamento da década de 80 dizia: “Acima os de baixo e abaixo os de cima”!

Bem vindos e bem vindas ao mundo das discussões na essência e pela base.

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social


sexta-feira, 18 de junho de 2021

Da Teoria de Massas à Pedagogia da Escuta um longo caminho...

 

Há uma visão de mundo que vamos construindo a partir das nossas vivências, nutridas por valores momentâneos ou princípios construídos ao longo da vida com as nossas crenças, pensamento crítico ou posições ideológicas. Quem não sabe ouvir, não sabe dialogar. Apenas impõe sua forma de pensar e agir.

Inicio a caminhada por um tema tão complexo, expondo minhas inquietudes ao imaginar a base de um mandato, seja de que cargo for, de um partido ou mesmo da sociedade como “massa”, pois na minha estreita visão isso tanto caracteriza estes setores da sociedade como algo que pode ser usado para qualquer fim, dar sustentação ao que  vem de cima da base na pirâmide social ou ainda nos distancia de apostarmos em formação e organização como métodos para uma possível mudança de sociedade e de valores.

Enquanto a formação liberta e a organização mostra os caminhos de enfrentamento, o senso comum de massas aliena, aprisiona e torna grande parte da sociedade em presa fácil para qualquer situação.

Ao falar de “massas”, como comportamento ou como um fenômeno humano poderia caminhar por várias linhas de estudo e análise, desde a Psicologia das Multidões de Gustave Le Bon, à Teoria de Freud do Comportamento de Massas, que afirma que quando uma pessoa se torna parte de uma multidão, sua mente inconsciente é liberta e entre outras variáveis de comportamento ele tende a seguir o líder carismático da massa.

Le Bon compreendia que a psicologia da multidão era necessária para uma compreensão adequada da história e da natureza humana, quando afirma:

Em certas horas da história, meia dúzia de homens pode constituir uma multidão psicológica, ao passo que centenas de indivíduos reunidos acidentalmente podem não constituí-la. Por outro lado, um povo inteiro, sem que haja aglomeração visível, às vezes torna-se multidão sobre ação desta ou daquela influência. (GUSTAVE LE BON, p. 30).

Porém, no sentido de buscar sustentação para minhas inquietudes, usarei o conceito de dois autores da comunicação, que conceituam “massa”:

Massa: grande grupo de indivíduos compreendido sempre pela base do menor coeficiente de organização, interação, produção enunciativa consciente e coesão possível, ou seja, pela menor quantidade de pontos comuns identificáveis entre os indivíduos do grupo, o que confere ao “objeto” representado pelo termo um caráter indistinto, uma falta de clareza que acaba sendo sua principal característica. (VILALBA, 2006, p. 119).

Massa. O termo descreve um vasto, mas amorfo conjunto de indivíduos com comportamentos semelhantes, sob influência externa, e que são vistos pelos seus possíveis manipuladores como desprovidos de identidade própria, formas de organização ou de poder, autonomia, integridade ou determinação pessoal. Representa uma visão da audiência dos media [sic]. (MCQUAIL, 2003, p.506).

Ao caracterizarmos, aceitarmos ou concordarmos de que é necessário um coletivo de massas para tocarmos o projeto que defendemos, comungamos dos mesmos ideais do pensamento estratégico da direita de que o povo só serve para cumprir determinados ritos ou tarefas pré-determinadas e servir a quem mais lhe seduziu.

Além disso, pensando estrategicamente no processo eleitoral, cabe uma pergunta: você que será candidato ou candidata a um cargo público, tem base eleitoral organizada ou apenas eleitores e eleitoras? Dessa resposta podemos concluir quem é representante de um projeto coletivo desenvolvido a várias mãos ou da velha forma falida de representatividade, onde não importa que acordo foi feito ou com quem anda, pois o importante é a vitória eleitoral.

Precisamos ter a coragem de romper com mais essa engenharia do sistema, que interfere diretamente no processo de mudança da sociedade que temos para a sociedade queremos, intervindo nos setores caracterizados como “massas”, oferecendo formação com base na realidade local, ajudando no processo de organização coletiva e escolhendo alguém para votar que respeite o projeto construído a várias mãos ou que saia dele e não em alguém que se acha tão importante e sabido ou sabida, a ponto de se considerar insubstituível.

Caso o que escrevo faça sentido para você, bem vindo e bem vinda à desconstrução das massas de manobras e a construção de novos arranjos coletivos rumo a uma sociedade justa, fraterna e igual para todos e todas.

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
tEstatístico e pesquisador em Gestão Social

Referências

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 50. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2000. 165 p.

LE BOM, Gustave. Psicologia das Multidões. Tradução de Ivone Moura Delraux. Título original PSYCHOLOGIE DES FOULES © Presses Universitaires de France, 1895 © Edições Roger Delraux, 198O, para a língua portuguesa. Disponível em: https://filosoficabiblioteca.files.wordpress.com/2016/03/le-bon-gustave-psicologia-das-multidc3b5es.pdf. Acesso em 17 de junho de 2021.

MCQUAIL, D. Teoria da Comunicação de Massas. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2003.

VILALBA, R. Teoria da Comunicação: conceitos básicos. São Paulo: Ática, 2006.




quinta-feira, 13 de maio de 2021

E por falar em amor, desejos e prazeres em tempos de desamor...

 

Inicio desejando a todos e a todas que acompanham o blog, vida longa e muitos desejos, de preferência que não sejam secretos, pois desejos secretos acabam nos escravizando e muitas vezes invadindo o universo de quem caminha conosco.

Como pesquisador começo essa conversa no meu cantinho predileto perguntando: Qual é o teu desejo? Ele é secreto ou pode ser compartilhado com quem você ama? Até onde teus desejos te levam? Até que ponto os desejos interferem diretamente numa relação se não puderem ser compartilhados?

Li um texto certa vez sobre o amor e as diversas formas de amar que me chamou muito a atenção e ficou no imaginário, pois trás uma definição do amor que os tempos modernos tentam desconstruir, além de uma visão sobre as diversas contradições, problemas e situações vividas no exercício de amar.

Para aprofundar essas questões teríamos que ler, principalmente Freud e Lacan, que viajaram pelo universo do amor, desejos e fantasias, expondo as contradições humanas nas vivências amorosas em busca do prazer.

O autor afirmava que o amor que sentimos por uma pessoa em particular, não pode e nem deve ser confundido com o amor fraterno que sentimos por parentes e amigos queridos, pois o que diferencia a forma de amar alguém não é com quem fazemos sexo de forma regular e sim o que faz um coração pulsar mais forte por outro ser.

Segundo ainda o autor, o amor sublime como ele chamou fica numa área restrita do coração, que só cabe uma pessoa de cada vez e os sentimentos viajam diariamente por ondas que são alimentadas pela reciprocidade. Enquanto que o amor fraterno é nutrido pela amizade sincera e também se nutre da solidariedade e do carinho nas ações do dia a dia, além de que não se consegue em sã consciência, amar a duas pessoas em área restrita ao mesmo tempo e que misturar o amor sublime com o amor fraterno numa relação, pode trazer consequências confusas para o resto da vida e até o fim de uma amizade.

Quem sabe essa seja a razão principal para que um ser humano normal opte em ter uma única pessoa em seu relacionamento, possibilitando assim que o amor sublime se construa, cresça e se complete com a vida sexual. O autor afirmava ainda que do ponto de vista do prazer, o sexo com amor é universalmente diferente do sexo sem compromisso, que é só um prazer momentâneo e irreal, pois o gozo é o momento final, mesmo que venha a se repetir. Algo do instinto humano e não do sentimento.

Duas amigas psicoterapeutas que sempre converso, afirmam que seus consultórios virtuais, se encontram lotados de pessoas infelizes, que tem o mundo do prazer à sua disposição a um clique no celular, mas diante de seus travesseiros, com o tempo, ficam expostas à solidão e à depressão. Uma escolha ou um vício como elas afirmam, mostrando que o vício pela busca do prazer é tão intenso e prejudicial quanto o vicio das drogas, comandado pelo instinto e afetando diretamente o emocional.

A nossa vida é feita de escolhas e isso resulta no que somos e temos hoje, mas que podemos ter outro cenário amanhã, diante de novas escolhas. Essa é a minha busca atual na construção de um novo cenário de vida, que comporte quem eu sou e torne o meu amanhã mais leve e feliz. Quem viver verá!

Sabe o que não tem preço? Podermos realizar os nossos sonhos e desejos livremente, compartilhando com quem caminha conosco. Uma troca de desejos e sentimentos, pois só o amor sublime é capaz de mexer com a nossa imaginação, bulir na nossa vaidade e fazer com que levemos alguém em pensamento dia e noite de forma leve, só pelo prazer de lembrar. Dure o tempo que durar.

Termino afirmando e refletindo que só o tempo que é Senhor da Razão dirá quem estará conosco quando as rugas e as estrias chegarem de forma intensa e as aparências do corpo já não forem mais o nosso cartão de visita. Quem sabe aí descobriremos de fato o que é o amor e quem de fato nos ama.

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social

quinta-feira, 29 de abril de 2021

O amanhã é uma esperança na moeda atirada na fonte dos desejos...

Como será o amanhã? Onde devemos concentrar as nossas expectativas para o amanhã? Quem estará conosco quando a primavera passar e chegar aquele frio na alma que a aparência já não dá mais conta? Tem como compor um projeto ou uma vida com alguém pensando apenas no hoje?

Diante do momento atual numa sociedade em crise de valores, que vive de resultados e de aparências de corpos e de vida, onde uma grande parte discrimina as pessoas, seja pela cor, pela idade, pela opção sexual, pela etnia, pela aparência e principalmente pela questão econômica pessoal, o amanhã passa a ser um desejo depositado numa moeda atirada na fonte da vida ou num poço da sorte. Quem viveu o ontem e não aprendeu com as diversas relações, ou quem vive o hoje sem rever suas marcas no corpo, na pele e na alma, não está preparado ou preparada para o amanhã. Lembrando que tudo que vivemos hoje amanhã será passado.

Caminhando pelo interior da discriminação com as pessoas idosas, materializada politicamente há alguns anos pela Christine Lagarde, na ocasião diretora do FMI, afirmando que o mundo tinha muitos velhos e era um custo muito alto para o capitalismo e agora chancelado pelo Ministro da Economia do genocida, ela apenas sinaliza para o topo do iceberg existente. É uma discriminação que está no centro da sociedade, escondida nas aparências. Algo que está presente até em várias relações amorosas.

A partir desse cenário, ponho a me perguntar: O que as pessoas que acham que serão eternamente jovens de aparência, buscam e esperam de fato para o amanhã? Que expectativas terão? Onde guardarão seus preconceitos? Como agirão caso um dia sejam também discriminadas? Quem eles ou elas gostariam de ter aos seus lados quando a velhice chegar? O que farão quando a aparência já não for mais o cartão de visita para qualquer tipo de relacionamento?

Enfim, são inquietudes que nos levam a uma profunda reflexão de vida e de que sociedade temos e que sociedade queremos. Vale lembrar que a sociedade de uma forma geral expõe o pensamento vivo de seus habitantes e também as suas contradições.

Como projeto de vida, o amanhã é apenas uma aposta que habita em nossas imaginações. Algo presente em nossos sonhos diários. É uma manifestação individual, mesmo num processo coletivo, por estarmos falando de uma fração de tempo onde não temos o menor controle sobre ele. Dependemos da sorte para continuarmos em vida e bem, para que as nossas expectativas tenham chance de se realizarem. Além disso, sabemos que tudo pode mudar numa fração de segundo, para uma situação melhor ou pior.

Estamos num momento de plena contradição humana, com muita gente perdida ou afogada em suas vaidades ou decepções. Vivemos nos guetos da vida por pensarmos diferente da maioria, sonharmos com uma nova sociedade e não aceitarmos negociar nossas dignidades. Buscamos muitas vezes em plena escuridão uma dose de bem estar para que possamos dormir bem hoje e acordarmos amanhã com um ar de quem deu de cara com uma expectativa realizada. Por isso o encontro de almas é tão essencial.

O amanhã é sonho. É fantasia. É a ponte para os nossos desejos. É a busca incontida de qualidade de vida. É um caminho a ser trilhado por amor e por amar e também uma aposta nos encontros humanos. Por isso requer sonhos, vontades, lealdade, transparências nas etapas, carinhos e planos discutidos passo a passo, que contenham nossas expectativas, mesmo que não aconteçam. O amanhã é uma mistura de brincadeira de roda em noite enluarada, com outras formas de brincar de vida na ciranda do tempo.

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social


Imagem disponível em: 
https://fpinacia.blogspot.com/2017/01/dinamica-fonte-dos-desejos.html


quarta-feira, 7 de abril de 2021

Quando o sol reaparecer e a lua der o ar da graça...

Imagem disponível em: https://lightroombrasil.com.br/como-tratar-uma-paisagem-com-por-nascer-sol/

Gosto de escrever buscando construir uma narrativa que seja capaz de dialogar com todas as divindades que o cosmo abriga e também consiga prender a atenção de quem lê. Fecho os olhos e tento fazer uma conexão entre o coração que ainda pulsa forte pelo amanhã e os dedos inquietos que buscam digitar o que a mente vai oferecendo em termos de conteúdo. Uma equação emocional que me leva a refletir sobre o ato de viver e sobre como viver a vida.

De repente olho para um céu azul e vejo no limite do horizonte o sol nascendo em todo seu esplendor. São raios de luzes e de vida que chegam para nos aquecer em dias tão frios pelas incertezas do momento e de muita tristeza pela perda de tantas vidas. Porém poder respirar, sentir o cheiro das flores e o gosto do néctar que a vida nos oferece é a certeza de que estamos vivos.

Nessa viagem mental fui me lembrando de vários momentos que já vivi e algo muito distante devido ao tempo, mas tão presente em termos de lembranças, me veio à mente. Quando eu era muito pequeno, o animal aonde eu e meu pai vínhamos das suas andanças em busca de negócios, caiu num buraco em pleno breu. Uma luta intensa do meu pai para salvar o animal e ao mesmo tempo uma carga viva que trazia. Depois de muito tempo apareceu alguém para ajuda-lo. Sairmos e seguimos viagem de volta para casa, por mais de uma hora e eu tão pequeno e assustado rezava baixinho para chegarmos bem.

Nessa época morávamos numa modesta casa na parte alta de um sítio da família, com direito a céu estrelado, noites enluaradas e um barulho inquietante ao passarmos por um canavial nas margens de um riacho perto de casa, que eu tremia de medo só em pensar passar por lá. Quando chegávamos em casa, as luzes dos candeeiros nos fazia confundir o que era real e o que era pura fantasia medrosa, de uma criança que ainda não convivia com a luz elétrica, com as sombras projetadas nas paredes ou mesmo no teto da casa.

Na simplicidade éramos felizes. Colo da vó com cafuné, banhos de chuva no terreiro ou no rio quando conseguia encher, requeijão feito por ela no café da manhã com bolo de milho, bolacha da feira de Serra do Vento à tarde e à noite cuscuz com leite puro das cabras. Eu nem sabia que tudo isso junto poderia ter composto uma linda poesia e ser recitada nas brincadeiras de roda com os primos e primas e depois dormir com uma cantiga de ninar tirada do baú da Vó Isabel. Saudade do tempo em que a fantasia se misturava aos sonhos.

A vida é assim. Uma hora dispomos até com sobra do que nem sempre valorizamos e noutra estamos no meio do mundo, no pico de uma montanha procurando encontrar o ponto de partida para à terra do bem comum. A nossa história é repleta de vários acontecimentos que vão marcando cada folhinha do nosso calendário de vida. Sonhar com o amanhã é preciso e nos faz viver.

Diante da ladeira íngreme à nossa frente tudo parece assustador, mas a utopia que construímos de uma nova vida numa nova sociedade nos anima e quem sabe esse seja o “novo normal” que tanto esperamos. Um projeto de vida onde nem precisemos nos envergonhar em não termos os bens que a burguesia ou a pequena burguesia tanto veneram, tampouco sermos tratados como um vegetal e ignorados na sala de espera, mesmo rodeados de tanta gente.

Quando o sol novamente reaparecer e a lua der o ar da graça, aproveitaremos que estão brincando no cosmo, sairemos às ruas saudando a liberdade de andarmos sem medo e agradeceremos o dia, à noite, à madrugada e principalmente ao raiar de um novo amanhã que trará com ele a resposta para todas as esperanças contidas em nossas preces.
Quem viver verá...!

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social


domingo, 14 de março de 2021

A busca dos sonhos no limite do tempo e do vento

 

Hoje acordei inquieto, com uma vontade imensa de caminhar sem direção, apenas para sentir a brisa da manhã em meu rosto e deixar meus pensamentos voarem no rumo que o vento os levar, porém ainda me falta coragem para sair sem medo e achar que basta por uma máscara que tudo volta a normal. Pode até ser um ato de fraqueza ao ver a movimentação lá fora.

Fui à busca de conexão com dez amigos e amigas, para enganar o silêncio e me sentir vivo diante da imensidão do medo que paira no ar. Minha pergunta foi se realmente o mundo anda de cabeça para baixo ou se só eu estou vendo assim. Todas e todos falaram de forma contundente sobre a complexidade para entender o momento atual e garantir a sanidade mental, além da necessidade de administrar as introspecções pessoais, numa fase de tantas perdas humanas e ainda sem perspectivas seguras de como será o amanhã.  

Chegamos à conclusão que a vida só anda normal para a população que por necessidade tem que trabalhar e arrisca a vida em transportes lotados, para a galera da “night” que acha ser imortal e vive do prazer, para quem segue o “tinhoso” e não está nem ai e para a classe política, que os corpos estão presentes em busca de evidência se misturando ao povo, num momento de pleno risco, mas as cabeças só pensam naquilo. Votos em 2022 a qualquer custo. No mais a vida está por um fio e por vacina publica para todos e todas.

Quem sabe a minha prima tenha razão. Ela diz que temos que continuar fazendo o que o nosso coração pede, pois só vai morrer quem Deus quiser. Querendo dizer que tudo vale a pena enquanto vida tiver. É algo a se pensar...

Voltando para a alusão ao Tempo e ao Vento, a primeira coisa que me vem à mente quando penso em tempo e vento é do ato de pipar. Dê-me um sonho que volto a ser jovem e sonhador. Um carretel com linha, uma pipa feita com carinho, sol e vento brando, que meu dia será inesquecível e todos os problemas ficarão à margem do horizonte. Pipar é a emoção da afirmação de que o verdadeiro amor ainda existe e não se limita apenas ao voo que faz colorir o horizonte e que quando a pipa é recolhida, o amor chega ao fim.

Uma viagem mental do tamanho do mar das incertezas que atravessamos, onde o amanhã se confunde com uma brincadeira de faz de conta.

Porém o que a vida espera de nós? Coragem para seguir sem olhar para traz. Olhos abertos para o perigo que nos cerca, cuidados com as falsas promessas e muita disposição para enfrentar as ilusões que aparecem como os cantos das sereias, além da necessidade de lembrar que amanhã quando a velhice chegar, só fica conosco para ver o dia raiar todas as manhãs, quem o coração pulsar mais forte, mesmo que não sejamos mais tão belos e tão belas assim.

Vou passar o dia de hoje driblando o silêncio, organizando meus pensamentos que andam espalhados pela minha mente e com a certeza de que muita agua ainda passará por debaixo das pontes, enquanto vida tiver. O importante é sempre acreditarmos que o melhor ainda está por vir.

Sejamos meninos e meninas ao alimentar nossos sonhos, sem emendas, sem rasuras e enfrentando qualquer obstáculo que ouse nos deter. Viver o hoje sem pensar no amanhã é matar os sonhos que habitam em nós, que viajam nas asas do vento desafiando o tempo. Vamos voar juntos?

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social

segunda-feira, 8 de março de 2021

O que é vida? A vida é o que é. A vida é o que há...

 

Ao olharmos pelas frestas de uma janela em dia nublado a procura de sol, nos causa espanto a quietude diante do medo, mesmo que esse medo se disfarce em momentos de lazer ou em passeios para dar vida ao nosso ego. De repente sentimos que nos encontramos de frente pra vida em toda sua plenitude e é nesse momento que descobrimos a necessidade da força interior para avançarmos à frente.

Enquanto os hospitais andam cheios de pessoas que provarão o calvário e muitas perderão a própria vida, uma grande parte da humanidade é forçada à labuta, outra parte desfruta do lazer como se o perigo tivesse estacionado na casa ao lado e outro grande setor desafia a morte, como se a vida fosse gerada, em série, num grande laboratório, sem contar com quem se encontra indiferente a tudo.

Somos oriundos e oriundas do mesmo núcleo composto por um óvulo e um espermatozoide e muitas vezes por dois ou três, que entram apressados, porém de estados emocionais completamente diferentes uns dos outros e das outras e isso faz com que a vida seja todos os dias uma grande aventura para o ato de viver ou uma grande disputa pela própria natureza de ser e do ser, que dá o tom e a cor do momento.

Quem sabe a vida seja uma miragem com rios e montanhas, composta por doces ilusões, misturadas com uma bebida qualquer, onde em quase transe se comete todas as insanidades que ela permite e ao voltarmos à realidade nos deparamos com momentos de pura ventania onde tememos que a nossa história de vida seja comprometida e jogada ao vento como poeira do tempo, pois nada ficou ou restou.

A vida pode ser também um mar ou um paraíso de escolhas, onde na busca do prazer, o sexo e a poesia disputam lado a lado a razão e a emoção do estar com alguém e aí descobrimos que se aproxima a hora da grande escolha pelo caminho que nos levará ao amanhã e quem seguirá conosco. Porém, onde estará o amanhã? Quem sabe na palma da mão fechada que guarda um segredo ou no coração que pulsa mais forte querendo revelar o caminho que gostaríamos de seguir.

Ao olhar um ferrinho de passar roupas que era uma brincadeira de criança e foi transformado numa ferramenta de trabalho, vem à lembrança de que muitas vezes a vida aparece como uma leve brincadeira do faz de conta, onde brincamos de heróis e heroínas num mundo de fantasias, onde tudo é possível e permitido, basta que tenhamos tempo e disposição para brincar.

Noutras vezes a vida aparece nas histórias e advertências feitas por nossas avós e nossas mães, nos alertando para as ilusões, as armadilhas e os contratempos onde seremos avaliados pelo que temos e não pelo que somos. É nessas horas que descobrimos quem veio para ficar em nossas vidas.  

O que não deveríamos esquecer jamais? De que com o tempo as aparências mudam, a idade chega e já não somos tão desejáveis assim. Caminharão conosco por amor apenas quem ficou até mesmo diante da maior tempestade. Quem sabe seja por isso que se faz necessário lembrar da nossa responsabilidade com quem cativarmos e sabemos que é por nós que seu coração pulsa mais forte. Quem sabe ainda num momento de reflexão qualquer ou mesmo nas baladas na calada da noite regadas de muita bebida, possamos parar, pensar e agir antes que o dia amanheça e o sol se ponha.

Dizem que a vida é um feixe de luz com várias mutações durante o trajeto. Ao nascermos uma mistura de cores, quando amamos vira arco-íris, quando envelhecemos a cor do céu nos representa e quando morremos a luz sai de nós e se transforma numa estrela, para que a existência perdure.

O que vou fazer amanhã? Vou brincar de ser menino com asas e me imaginar voando, voando... e pousando onde o meu coração faz morada e pulsa mais forte. Vem comigo...!

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social


quinta-feira, 4 de março de 2021

O que esperar e o que fazer diante do caos?

 

Imagem disponível em: https://st11.ning.com/topology/rest/1.0/file/get/2065674?profile=original

Há um ano estamos acuados e com medo sob o efeito da pandemia e em pleno crescimento desordenado.  O que esperar diante de tudo isso? O que estamos enfrentando? As festas clandestinas de carnaval? O efeito de ônibus, trens e metrô lotados levando e trazendo o povo do trabalho? A rebeldia das festas, comemorações e bares lotados? A volta das aulas e das reuniões e atos presenciais? Os cultos com igrejas lotadas? Ou tudo isso junto?

Nesse momento não faz a menor diferença do tipo de rebeldia, descaso ou descrença que estamos falando. A verdade é uma só. Mesmo com os números oficiais subnotificados com apenas às pessoas que fizerem o teste, o Brasil chegou ao seu limite na saúde, com hospitais lotados e no seu maior nível de mortes, perdendo em números apenas para os Estados Unidos.

Imaginem nessa seara se não fosse o SUS – Sistema Único de Saúde, que garante atendimento para a maioria da população. Defender o SUS é como defender a própria vida e ter a solidariedade como elemento fundamental.

Estamos diante da maior tragédia humana que o país já passou e num cenário de total incerteza à nossa frente. Poucos testes, pouca vacina, pouca vontade política, um presidente genocida que dialoga com a morte e a reverência necessária do capital ao deus mercado, que se impõe mesmo diante do caos. Só uma mudança de comportamento da população, aliada com a atuação de governadores e prefeitos de forma direta, com vacina pública para todos e todas poderá mudar o triste ciclo em curso.

Cá nos bastidores da vida real a única toada tem sido as eleições de 2022. Algo que preenche o universo de vaidade de algumas pessoas, além de despejar dinheiro no mercado para a indústria das eleições e de quebra dá uma amenizada na parte emocional, pois tudo se decide pela emoção e não pela razão. Sobrou algo para mirarmos nessa terra de ninguém?

Sobrou sim! Para quem foi forjado, ou forjada na luta e tem uma causa como referência de vida, no capitalismo sempre haverá um front de exclusão e desrespeito a ser enfrentado, para que os direitos da classe trabalhadora e de outros segmentos oprimidos pelo sistema não desapareçam, além das lutas específicas que necessitam de apoio e reforços para continuidade.

Garantia da saúde pública com vacina para todos e todas, defesa do SUS, garantia de continuidade da renda emergencial e Fora Bolsonaro e toda sua trupe, são as bandeiras prioritárias para o momento político que vivemos.

A grande tarefa é a construção de um projeto coletivo visando uma nova sociedade, o enfrentamento contra a usurpação de direitos e a busca imediata por melhores condições de vida, especialmente para quem mais precisa, com o empoderamento das mulheres, da juventude que pensa e luta, dos negros e das negras, da comunidade LGBT e de outros segmentos organizados.

Por onde começar? Por juntar pessoas inquietas e sonhadoras, para a criação de um espaço de cidadania, aberto a todas e a todos que queiram participar, onde seja possível misturar cultura com necessidades específicas, uma dose alta de solidariedade e ouvir as pessoas e aí tudo isso poderá virar um novo Projeto Coletivo, Compartilhado e Participativo, onde a participação nas eleições de 2022, necessariamente nasça nesse ambiente ou a partir dele. Com isso evitaremos que muita gente seja usada, apenas como “garrafinhas”, a serem trocadas por algum desejo alheio.

Como a luta não é geográfica e sim nacional, precisamos dialogar além das questões locais. Criarmos um ambiente comum para uma avaliação permanente das conjunturas, construirmos ações organizadas, focarmos nos nossos sonhos e planejarmos juntos e juntas um novo amanhã. Que tal?

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

Alguém sabe me falar se tem algum projeto em andamento, além de 2022?

 

Imagem Disponível em: https://blogs.correiobraziliense.com.br/denise/sinais-para-2022/

É exagero afirmar que na classe política, o único projeto que tem em pauta na atualidade são as eleições de 2022? Estão todos e todas movendo suas peças no tabuleiro da sociedade e já com alguns nomes em destaque em campanha. A corrida já começou.

Em regras gerais não há nada de mal nisso, para um país que tem eleições a cada dois anos, além de muita luta no passado pelo direito de votar. O problema é que as eleições se tornaram uma indústria que move o mundo do capital e acaba não cumprindo seu papel político, com raras e boas exceções. A desinformação e o desinteresse da população são cada vez maiores. A maioria vota em seus opositores e ainda saem às ruas para defendê-los sem saber quem são. É como a barata votando no chinelo ou inseticida.

Há uma intencionalidade de desconstrução de tudo que foi conquistado e produzido visando direitos. A ordem do sistema econômico é cuidar do empresariado e detonar a esquerda, porque senão não haverá trabalho. Não importa em que condições.  Como resultado, vemos a trágica situação do país. Desemprego, subemprego, precarização da saúde e da educação e as ruas cheias de pessoas que não tem mais como atuar em sociedade, entregues à sorte e ao destino. Além de um grupo de empresas deixando o pais.

A fome e a miséria também voltaram. O país de Bolsonaro se transformou num puxadinho do capital internacional e de braços dados com a milícia. A pandemia toma conta do país e o genocida brincando de ser eterno. O inacreditável é saber que a popularidade dele está mantida e o dinheiro público comprando os votos que ele precisa para se manter, como foi o caso das eleições da Câmara e do Senado, infelizmente com a contribuição de parte da esquerda brasileira. Algo que dá um calafrio só de pensar...

É bom que se diga que há uma confusão intencional de várias vertentes, no sentido de se descaracterizar os campos ideológicos, confundindo a cabeça do povo. Como entender o que é na atualidade ser de direita, centro, extrema direita ou esquerda? Ao olhar o mapa de composição política nos municípios para o cargo de prefeito ou prefeita, a única coisa que me vem à mente é de um personagem do Viva o Gordo, que ficava um tempo no espaço e quando voltava não acreditava no que escutava sobre o país e dizia: “Me tira o tubo”.

Tem um fato que é determinante para tudo isso. Uma eleição a cada dois anos impõe que a agenda principal esteja focada em como participar e organizar o processo eleitoral. É um mundo de negócios e das negociatas. Uma mistura que confunde a cabeça do povo. Como a pauta já é 2022 mina as pequenas chances de organização da população, em busca de seus direitos. Fica tudo em nome da democracia. Porém de que democracia mesmo estamos falando?

O que fazer diante desse cenário? Nossos representantes têm, apenas eleitores ou também base eleitoral? É possível construir um projeto antes de um nome a representar? Como cobrar de forma qualificada em quem votamos?

Na política não tem mágica. Quem defende o capital nunca vai defender a classe trabalhadora. Quem vive com seus ranços de homofobia, racismo, machismos e outros, nunca vai entender as lutas especificas e os enfrentamentos políticos.

Um projeto popular de formação e organização, envolvendo os principais setores que sofrem com o processo de exclusão e discriminação, poderia ser um começo e ai sim escolher pessoas do projeto ou intimamente ligadas a ele para representar os anseios e expectativas de setores que normalmente são usados como “garrafinhas” em troca de uma parcela de poder ou um cargo político.

Bem vindo e bem vinda ao mundo onde uma reflexão vale um conto...

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social