Depois
de um processo eleitoral que mostrou a verdadeira cara do Brasil atual, vimos o
povo votante optar pelos partidos do Centrão, um monstro que serve ao sistema e
que se move a partir de suas necessidades e interesses; uma parte sonhar junto
com os representantes da esquerda nacional numa grande onda e uma grande parte
anular ou se abster, fiquei pensando o que escrever para juntar sonhos e
decepções e fazer disso uma razão para continuar na luta.
Aliado
a tudo isso a notícia que a pandemia voltou com tudo, como se já tivesse ido
embora e não maquiada para que as eleições pudessem acontecer, além das baladas
em noites a fio com muita bebida que não houve interrupção.
Há
um bom tempo li no Livro “O mundo secreto das plantas”, que elas se comunicam
conosco a partir das nossas reações de carinho ou desprezo. Agem e reagem à
nossa forma de tratá-las e respondem a nossa interação. Quem não cuida com
carinho do seu jardim do que cuidará bem? Se bem observado há certa simetria
entre o comportamento das plantas e de algumas pessoas que convivemos ou que formamos
nosso campo de ação.
Nós
dos sonhos das lutas concretas, por certo nos sentimos mais pobres em termos dos
sonhos presentes e do que enxergamos como perda para a população que se deixou
manipular e a preocupação com a pobre democracia que anda por um fio. Porém,
aprendemos nos desafios do dia a dia a nos reinventar e assim seguimos em
frente, porém com a necessidade eminente de uma profunda reflexão para
identificarmos para quem perdemos e como perdemos. Muitas coisas novas nos
encantaram e vivemos de plantar nos campos da luta, tendo a convicção que um
dia essas flores abrirão para a vida.
Ao
fazer uma busca humanista nesse momento de incertezas, me pego pensando que para
algumas pessoas somos apenas momentos, que duram muito pouco e ficam quase nada,
mas para outras somos flores plantadas com cuidado no jardim da alma e que
brotamos quando tudo parecia uma longa seca. Para essas, o exercício da vida
nos ensina que quanto mais cuidarmos da relação, mais seremos brotos de
esperança e de um novo olhar. Um toque suave de amor e é nesse momento que
acontece o nosso crescimento interior.
A
pergunta que me vem à cabeça ao escrever um post como esse é o que seremos no
ano que se aproxima? A impressão é que nunca mais seremos os mesmos e as mesmas
diante de um ano que abalou a humanidade, levou antes do tempo milhares de
pessoas e ameaça levar muito mais. Apesar de tudo isso há quem nem acredite nos
riscos, quem se venda por um voto e quem agrida por prazer ou ainda acredite que
depois de um copo e outro rumo à embriaguez a vida se refaz. Será que avançamos
rumo ao total embrutecimento da humanidade? O que nos resta fazer?
Continuarmos
a sonhar com uma sociedade de iguais. Avançarmos na reflexão. Investirmos no
jardim que plantamos. Ouvirmos mais que falarmos e ajeitar o terreno, pois um
dia ele será apenas uma história de vida de quem por aqui passou e ainda
passará. Não podemos mover o passado, mas podemos ser construtores e
construtoras de sonhos coletivos feitos a várias mãos.
Somos
na essência o que as nossas escolhas nos tornaram. Somos o ontem, o hoje e se
vida tivermos podemos ser muito mais, até nos tornarmos a alegria em cores de
quem de forma desavisada tropeçou no acaso e deu de cara com o destino. O
grande desafio da vida é entendermos que somos o tudo ou o nada aos olhos de
quem nos observa com alguma forma de sentimento.
Que
a vida que virá nos sirva de boas energias para avançarmos rumo às vitórias
contidas em nossas utopias e alimentadas por nossos sonhos.
Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social