Do ponto de vista de um Plano de Governo, a
integração das políticas públicas se apresenta como algo natural, a partir de
uma visão simples e prática, onde em tese essa integração ocorreria, tanto pela
necessidade da implantação e execução do Projeto Estratégico de Governo, contido
no Plano, como pela prática de cada Secretaria no cumprimento de suas ações
contidas no Projeto Estratégico.
Em regras gerais, tudo deveria ocorrer de forma
natural, com a participação direta dos gestores convidados para seus devidos
cargos, cientes do Plano Estratégico, com metas estabelecidas, bastando para
isso um plano de ação, além de reuniões periódicas e alguns treinamentos e
capacitações. A maioria delas através de consultoria contratada para esse fim,
principalmente pela falta de um instrumento chamado Escola de Governo ou de Gestão.
Parece simples não é? É assim que ocorre na maioria
das gestões públicas? Os gestores estão preparados para desenvolverem ações
integradas e participativas? O gestor principal consegue entender respeitar o direito de participação e de
controle social?
Para os governos bem intencionados, as dificuldades
começam a surgir, quando se descobre que grande parte dos gestores quer
transformar seu espaço numa “caixinha de poder”, numa nova prefeitura e isso normalmente
ocorre, ou pelo falta de compreensão dos compromissos técnicos, políticos e sociais
que um governo democrático e popular deveria ter, ou ainda pela falta de
vontade política, em cumprir normas e convenções, sem um acordo prévio. Nesse
caso, a chance de dar errado é muito grande.
Outra questão importante está no fato da equipe não
saber qual é o orçamento anual, qual o comprometimento do orçamento com folha
de pagamento e demais compromissos. É necessário saber o que se tem e o que se
pode gastar, principalmente para bem informar a população. Em geral, essas
informações transitam apenas no âmbito da Secretaria de Finanças e o Gabinete
do Prefeito e os demais gestores, técnicos e servidores não têm a menos ideia.
Isso entre outros problemas inviabiliza a gestão do Orçamento ou do PPA
participativos.
Assim como a fome que se imagina estar presente
apenas na periferia ou ainda nos lugares mais pobres, onde infelizmente metade
da população mundial ainda passa fome ou necessidades, esse fenômeno da falta
de compartilhamento, solidariedade e integração nas instâncias de poder e que
resultam em prejuízos para as políticas públicas, estão presentes bem mais
perto do que se possa imaginar. Está presente, por exemplo, naquele gestor
comissionado, que enxerga todo servidor como um adversário, que não o chama
para entender esse o governo e tampouco para colaborar.
Os riscos e desafios constantes impostos
principalmente pela transformação global impõem aos governantes, principalmente
aos governos democráticos, não somente o estudo permanente no sentido de
adequar o processo, mas principalmente ouvir o maior número de pessoas
possíveis para que se possa construir de fato um projeto de inclusão social e
de crescimento dos atores envolvidos. A integração das Políticas Públicas passa,
antes de tudo por uma mudança de visão estratégica de sociedade. Da que temos
para a que queremos.
Um dos maiores desafios a ser trabalhado por
qualquer gestor é do ser capaz de mudar de opinião, ou seja, admitir que uma determinada
Política Pública esteja errada ou perdeu a validade e que é preciso adotar uma
nova. Isso impõe a necessidade de um estudo permanente, além de ouvir os
setores interessados da sociedade e não me venham com o velho discurso de que o
povo não está preparado. Então que tal fazer o que tem quer ser feito.
Os especialistas indicam que o primeiro passo a ser
trabalhado é na melhoraria das mentes centrais do governo, assim como trabalhar
no projeto político, no sentido de torná-lo participativo, através de
instrumentos como: Conselho Político de Governo, Orçamento e PPA Participativos,
Conselhos Gestores e Locais, Seminários, Conferências, Fóruns de Políticas
Públicas e outras instancias, que tornem os atores sociais como sujeitos da
história. Não podendo ser esquecido as armadilhas do senso comum, que
normalmente se alinham à teoria da conspiração.
O Governo Federal, do Governo Lula e da Presidenta
Dilma, além de estabelecerem vínculos com a sociedade organizada, tem
trabalhado no sentido de criar nacionalmente as Políticas, Sistemas, Planos,
Conselhos e Fundos Nacionais, dando o entendimento claro de que se trata de
ações compartilhadas.
A gestão de uma cidade, que inclui urbana e rural, tem
que estar contida na Política Nacional de Desenvolvimento, de forma integrada e
transversal com as demais políticas públicas, pois isso representa melhor
aplicação dos recursos, melhor qualidade das ações desenvolvidas, como
facilitará também a fiscalização por parte da população.
Para que esse processo seja eficiente, se faz
necessário, entre outras coisas, que a cidade seja vista de forma matricial,
porém respeitando-se os territórios, pois o que é bom para um bairro ou região poderá
não ser tão necessário para outro. Além
disso, é impossível que as mudanças ocorram sem convidar os maiores
interessados nessa história.
A integração das políticas públicas, aliada a uma
gestão participativa, com suas diversas ferramentas, além de ser uma
necessidade para uma gestão democrática e eficiente, poderá contribuir na
distribuição dos recursos públicos de acordo com ordens explicitas de
prioridade a partir da realidade local, além de propiciar a solução de
problemas e ampliação dos serviços a partir da potencialidade de cada
secretaria e cada setor específico.
Tenho muito claro de que todo o exposto acima só
será possível sua implantação e consequente execução, se o governo em exercício
for: ético, integrado, transparente e participativo. Do contrario é melhor continuar
afirmando que governa para o povo e para isso foi eleito.
“Política
se faz conversando e discutindo, não gritando...Política se faz ouvindo e
somando, não subtraindo. Crescer na política é fazer simplesmente o que precisa
ser feito, deixando com que os beneficiados participem com o sentimento da
conquista. O mérito é de quem conquistou com o anseio. Esta é a alma da obra”.
Jean Carlos Sestrem.
Antonio Lopes Cordeiro
Pesquisador em Gestão Pública e Social
Laboratório de Gestão e Políticas Públicas - Fundação Perseu Abramo
ResponderExcluirEditar
Helena Messias
O Governo Federal, do Governo Lula e da Presidenta Dilma, além de estabelecerem vínculos com a sociedade organizada, tem trabalhado no sentido de criar nacionalmente as Políticas, Sistemas, Planos, Conselhos e Fundos Nacionais, dando o entendimento claro de que se trata de ações compartilhadas.Creio que as ações compartilhadas nasceram para trazer um Brasil mais presente na vida de todos os brasileira e brasileiros , que ama este pais e quer que todos sejam protagonistas de sua própria historia.
Curtir · · há ± um minuto ·