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domingo, 19 de janeiro de 2014

A corrupção desvia dos cofres públicos do Brasil algo em torno de R$ 82 bilhões por Ano


        Órgão Público mais corrupto         Onde o suborno é mais disseminado

A gestão e o gestor público precisam se reinventar. Na verdade a boa política precisa invadir os porões do poder, onde gatos e lagartos se digladiam, ocupando o espaço com pessoas do bem. Não é mais possível tolerar uma situação dessas. A população está simplesmente financiando: campanhas milionárias, mordomias e o enriquecimento ilícito de milhares de ladrões, ao custo das desigualdades sociais, da miséria e da fome de milhares de pessoas.

Segundo estimativa de diversos órgãos, todos os anos são desviados dos cofres públicos, algo em torno de 82 bilhões de reais, que significa 2,3% do PIB nacional. Essa soma coloca o Brasil entre os países mais corruptos do mundo.

Só para se ter uma ideia, entre 2001 e 2011, a CGU - Controladoria-Geral da União fez auditorias em 15.000 contratos da União com estados, municípios e ONGs, tendo encontrado irregularidades em 80% deles. Nesses contratos, a CGU detectou desvios de R$ 7 bilhões. Vale ressaltar que muito desse dinheiro foram para o tal do terceiro setor. Algo criado para substituir o Estado em suas funções sociais e trocar o militante pelo volutário.
                                                              
Segundo levantamento da Entidade Transparência Internacional o Brasil, em 2013, ficou na 72ª posição (42 pontos), numa escala que vai de zero (mais corrupto) a 100 (menos corrupto). Ficamos empatados com a África do Sul, Bósnia Herzegovina, Sérvia e São Tomé e Príncipe. Subimos 3 pontos em relação a 2012.

O ranking é baseado em opiniões de especialistas e pesquisas de 13 entidades internacionais de acordo com o nível de percepção percebida nos governos de cada um desses países. O Brasil continua atrás dos seus vizinhos sul-americanos, como o Uruguai (19º lugar) e o Chile (22º), e de outros emergentes, como Arábia Saudita e Gana (ambos na 63ª posição).

De acordo com Transparência Internacional, 70% dos 177 países que compõem o ranking tiveram avaliação inferior a 50 pontos, o que indica a dificuldade no combate à corrupção. Ainda segundo a entidade, 25% das pessoas subornou algum órgão público no último ano.

É principalmente por esse fator que a maioria dos prefeitos, prefeitas, governadores e governadoras, querem o povo muito longe do palácio do poder. Uma espécie de “casa grande” e “senzala”

O que fazer para mudar essa situação? Uma das alternativas é investir na população, com educação e capacitação para que as pessoas saibam de seus direitos de participação e de controle social, outra medida urgente é capacitar os gestores, técnicos e servidores, no sentido de criar novas expectativas, porém a meu ver a medida mais eficiente é a população aprender que quanto mais distante da política, elegendo representantes sem conhecê-los, mais fácil dos ladrões de plantão ocuparem o espaço e em nome da democracia.

Em resumo: só a participação garante uma mudança de fato e de direito.

Antonio Lopes Cordeiro
Pesquisador em Gestão Pública e Social
Laboratório de Gestão e Políticas Públicas - Fundação Perseu Abramo

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