Que
guerra seria essa? Uma guerra de palavras, de informações distorcidas, de
frases prontas e principalmente de conceitos. Diariamente milhares de pessoas
se alimentam de informações banais. Essas (des)informações, com a desculpa de
estarem a serviço da população, são usadas para manter o pensamento econômico global
que mantém o sistema capitalista vivo, ao alimentarem principalmente o consumo,
além de nutrir a teoria da conspiração contra seus adversários.
Não
estou me referindo nem a guerra de fato, aquela que extermina milhares de
jovens negros e pessoas da periferia, muitos sem a menor necessidade e inocentes,
além das mulheres consumidas pelo machismo, além de outras formas de eliminação
dos seres humanos e sim de uma guerra psicológica e ideológica, aquela que
nasce do enfrentamento ao modelo de sociedade que se quer para o futuro. Uma
sociedade justa, fraterna e igual para todos e todas.
Ao
ligar a televisão aberta, em quase todos os canais, a impressão que se dá é a
de que não existe mais volta. Não tem mais solução. Com isso, ou se vende a
ideia de uma sociedade surreal sem problemas ou ainda de uma sociedade totalmente
violenta que só a pena de morte resolveria a situação, como se a pena de morte já
não existisse para as pessoas que tem quer descartadas. Essa justificativa tem
como pano de fundo o enfrentamento contra os direitos humanos e contra os
direitos sociais da sociedade excluída, em contrapartida a um modelo de
sociedade inventado para poucos.
Fica
evidente que essa violência é forjada todos os dias no movimento de reação dos
setores marginalizados da sociedade, que age e reage ao preconceito e a
discriminação, além da indústria da miséria, das drogas e da corrupção. A
polícia prende, mas justiça solta e os condenados são mantidos apenas afastados
do convívio social, porém sem nenhuma política de recuperação de fato. Ao
contrário, essas indústrias do mal necessitam de muitas dessas pessoas como
seus agentes.
Não
é atoa que somente nos governos de Lula e Dilma a população pobre começa a ser
tratada de forma diferenciada, com políticas inclusivas em todas as áreas como jamais
tinha ocorrido. Na história mais recente, desde João Goulart que tinha um Plano
de Reformas para o Brasil e por isso sofreu um golpe militar e foi assassinado,
que o Brasil dos ricos sucumbia o país dos pobres.
Coisas
como, ter uma casa própria, filho de pobre e pessoas negras fazendo faculdade,
ou ainda em cursos elitizados; emprego com carteira assinada; população pobre comprando
carro novo; diferentes programas sociais em várias áreas governamentais; capacitação
técnica para os jovens da classe C e D; programa de desenvolvimento econômico
para os pequenos empresários e para os empreendedores individuais e tantas
outras ações de inclusão econômica e social que estão acontecendo, jamais seria
dessa forma se o Brasil não estivesse sendo governado por pessoas que conseguem
entender e falar a língua do povo.
A
elite brasileira e seus representantes ditam as regras, seja através dos
valores construídos nos guetos burgueses, que vai da educação aos instrumentos
culturais elitistas, até o conteúdo disseminado diariamente através dos
veículos de comunicação, vendendo uma sociedade ilusória e produzindo cada vez
mais setores homofóbicos, separatistas e discriminatórios, seja racial ou econômico.
Tudo
isso junto, aliado ao problema das drogas que virou um problema de saúde
pública, alimentado pelos usuários da elite; a falta de preparo da polícia, que
existe principalmente para manter o Estado capitalista e sem preparo no trato
com as questões sociais; a falta de uma política de recuperação prisional e a
falta de opção de cultura e lazer para os jovens brasileiros, entre outros,
fazem do país um dos mais violentos do mundo.
Somente
uma mudança radical na forma de governar, no trato com a coisa pública e a
participação efetiva da sociedade na construção das políticas públicas, principalmente
nos municípios, mas também nos estados, poderá conter a explosão dessa bomba
relógio que está armada na sociedade.
A
própria sociedade está prestes a explodir. A prova disso foram às manifestações
de junho de 2012, que tirando a manipulação da velha mídia a serviço de seus
agentes, com a nítida impressão de atingir o governo federal e a Presidenta
Dilma, como querem também agora com as manifestações contra a copa, revelaram a
existência de um mar de problemas represados e que as ruas representaram um
grito parado no ar.
A
meu ver uma das únicas alternativas para uma mudança efetiva nesse estado de
abandono proposital, imposto nas diversas partes do país pelos representantes da
elite econômica e da direita raivosa, é ensinar a população, principalmente a
mais pobre, a participar da vida política e a exigir seus direitos.
Só
a participação efetiva da sociedade possibilitará, entre outras mudanças, a
eleição de melhores políticos e de uma limpeza nos milhares de corruptos que
trafegam diariamente nas entranhas do poder, que até são criticados pela mídia,
porém mantidos por ela mesma e a quem ela representa, na medida em que se vende
o senso comum de que política é uma coisa ruim e que todos os políticos roubam
e por isso não haverá solução. E esse pensamento golpista na democracia se
transforma no responsável por grande parte dessa violência e dos valores
banais.
Três
perguntas para reflexão:
1.
Como fazer isso se uma grande parte de prefeitos e prefeitas, ou boicotam a
população em seus direitos de participar ou tem medo dela?
2.
Será que é por isso que não querem conselhos deliberativos, muitas conferências
e nenhum fórum participativo, com a desculpa do povo não estar preparado?
Antonio Lopes Cordeiro
Pesquisador em Gestão Pública e Social
Coordenador do Programa de Capacitação Continuada em Gestão Pública
Fundação Perseu Abramo
Uma guerra velada. Nos cabe, como cidadãos conscientes, conhecer todos os meandros, segredos e distorções da informação veiculada pelos canais de comunicação. Aceitar o que nos é imposto como única e concreta verdade, disfarçada de matéria jornalística, chega a ser um insulto a inteligência coletiva.
ResponderExcluirQuem realmente acredita que o tão reiterado "compromisso com a verdade", é honesto e veraz como nos anunciam?
Uma lógica simples para ser analisada e repensada: "a informação é mais importante que os patrocinadores?"
O diretor de um jornal (leia-se tv e outros) presta contas à boa-fé?
Elder Cruz
Depoimento: Antônio Lopes Cordeiro, para mim, simplesmente Toni, meu irmão, meu amigo, meu professor, mentor, parceiro e tantos outros adjetivos poderia citar. Juntos já rimos, choramos, sofremos, comemoramos, discutimos - do mesmo lado e em lados opostos - criamos, destruímos (rs), batemos, apanhamos. Juntos já ganhamos e perdemos, mas ainda estamos de pé!
Durante os anos que estivemos lado a lado, aprendemos muito, um com o outro. Confesso que aprendi mais com ele, que ele comigo!
A experiência do Grupo Gestor de Planejamento e Integração, merece um livro. Obrigado meu irmão por insistir comigo, brigar para que entendesse!
Três cursos de extensão universitária, em um ano e meio, foi um feito incrível! Você é testemunha do quanto eu me esforcei! Obrigado, amo você meu irmão!